Discurso durante a 54ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Relato sobre o crescimento do Partido Social Cristão - PSC e manifestação sobre as próximas eleições presidenciais. (como Líder)

Autor
Mão Santa (PSC - Partido Social Cristão/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA.:
  • Relato sobre o crescimento do Partido Social Cristão - PSC e manifestação sobre as próximas eleições presidenciais. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 20/04/2010 - Página 15120
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • REGISTRO, HISTORIA, EVOLUÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO SOCIAL CRISTÃO (PSC), CRESCIMENTO, FILIAÇÃO PARTIDARIA, ESPECIFICAÇÃO, REGIÃO NORDESTE, COMENTARIO, VISITA, DIRETORIO REGIONAL, ESTADO DA PARAIBA (PB), LANÇAMENTO, MARCONDES GADELHA, CANDIDATO, SENADO, ELOGIO, IDEOLOGIA, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, DIRETRIZ, ETICA, DEFESA, MEIO AMBIENTE.
  • EXPECTATIVA, ELEIÇÕES, OPORTUNIDADE, REVEZAMENTO, PODER, APOIO, JOSE SERRA, CANDIDATO, SUCESSÃO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, ELOGIO, ENTREVISTA, PERIODICO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), RECOMENDAÇÃO, LEITURA, ESPECIFICAÇÃO, DEPOIMENTO, FAMILIA, VALORIZAÇÃO, TRABALHO, ESTUDO, CONFIANÇA, ORADOR, VITORIA.
  • ANALISE, HISTORIA, BRASIL, DEFESA, DEMOCRACIA, REVEZAMENTO, PODER.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Senador Eduardo Suplicy, que preside esta reunião de segunda-feira, parlamentares presentes no plenário do Senado, brasileiras e brasileiros que nos acompanham pelo sistema de comunicação do Senado, o Partido Social Cristão é o que mais cresce no Brasil.

            Primeiro, Valdir Raupp, era tempo de dar uma esperança. O partido foi criado, há algumas décadas, por Pedro Aleixo, mineiro que, como Tancredo Neves, devia ter chegado à Presidência da República, mas não chegou. O caso de Tancredo Neves foi recente; com Pedro Aleixo foi antes. Ele era Vice-Presidente, Eduardo Suplicy, de Costa e Silva, que abruptamente teve um derrame. Os três ministros militares - naquele tempo havia Ministro do Exército, da Aeronáutica e da Marinha - acharam que ele não devia tomar posse, porque havia se negado a assinar os atos institucionais. Então, deixou, por sua firmeza... Ele se recolheu à sua tradição de advocacia. Quando surgiu a possibilidade do pluripartidarismo, ele fez brotar o Partido Social Cristão. Suas raízes são mineiras, como as do Presidente Vítor Nósseis.

            Veio à tona essa questão porque, recentemente, fomos à Paraíba, a convite do Deputado Federal Marcondes Gadelha. A Paraíba tem grandes nomes na política - nós conhecemos -, como Epitácio Pessoa, João Pessoa, José Américo, o Superintendente da Sudene, Celso Furtado. Marcondes Gadelha é médico como eu, cirurgião como eu, e da nossa idade, mais ou menos. Dentre os grande paraibanos, ninguém o excede em cultura. Ele tem uma liderança extraordinária e assumiu - como eu, no Piauí - a mesma atividade, expandindo o partido.

            Eu quero dizer ao Brasil que esse partido já é o sétimo em filiações partidárias. O Brasil tem uns trinta partidos. O Secretário-Executivo, que estava lá, é o ex-Deputado Federal Gilberto Nascimento. Foi várias vezes. Ele é pastor, religioso. O Gilberto Nascimento deu esse dado: ele é o sétimo em filiações e, com esse movimento, vai crescendo. No Piauí, nós tínhamos cinquenta diretórios e, hoje, estamos em 160 cidades. No fim desta semana, estarei no sul, em Cristino Castro, onde jorra água, com o ex-prefeito João Falcão. Vamos criar mais uns dez diretórios. E, com toda a certeza, com a ajuda de Deus, não enfrentarei dificuldades para fazer isso, porque as 78 últimas cidades do Piauí foram criadas no meu governo, por mim. Então, ele estará, nessas eleições, em todo o Estado do Piauí. Sem dúvida nenhuma, vai ser um dos partidos com maior força política. Vamos ter uma reunião em Cristino Castro.

            Mas lá, na Paraíba, estava o Presidente Vítor Nósseis, que é mineiro, é da linha política de Pedro Aleixo; o Vice-Presidente da Executiva Nacional, o Pastor Everaldo Dias; o Segundo Vice-Presidente, Ronaldo Azaro; o Tesoureiro Nacional, Luis Rogério Vargas; e o Primeiro Secretário, Gilberto Nascimento.

            Marcondes Gadelha mostrou muita pujança e muita força. Foi, realmente, um dia de grandeza. Foram lançados vários candidatos a Deputado Federal e a Deputado Estadual. E o Presidente do partido: “Marcondes Gadelha anuncia sua candidatura ao Senado da República”. Ele, que tem perspectivas invejáveis por sua cultura, por seu currículo - um dos mais brilhantes que conheço na Paraíba e no Brasil. Eu, orgulhosamente, já me encontrei com ele e fiquei orgulhoso por ver a maneira como representou este País já no mundo.

            O partido tem uma base cristã. Seu símbolo é um peixe, que lembra Cristo alimentando os companheiros famintos, e lembra Juscelino Kubitschek, porque Juscelino, com aquele seu sorriso, com sua alegria, tinha associada a seu nome a música “Peixe Vivo”. É um partido cujo slogan é “Ética na política”.

            Eduardo Suplicy, ética, se a gente for estudar Max Weber, é um livro, mas quem definiu bem ética foi a nossa Heloísa Helena. Você lembra, Suplicy? Ela disse: “Ética é vergonha na cara e bondade no coração”.

            E é um partido que tem um programa a que muito estou ligado, porque fui professor de Biologia e de Fisiologia e sou médico. Então, Raupp, a gente vê agora esse povo falando em meio ambiente, em natureza, mas tudo começou na Grécia, com aqueles homens que estudavam, como Sócrates, que abraçou a sabedoria; como Hipócrates, o Pai da Medicina; como Galeno... Naquela geração da política, Aristóteles e Platão, teve um que foi o pai, vamos dizer, dos estudos da natureza, da proteção da natureza: foi Sófocles, que disse que muitas eram as maravilhas da natureza, mas a mais maravilhosa era o ser humano. Atentai bem, Suplicy! E esse partido tem em seu programa o ser humano em primeiro lugar. Quer dizer, é uma obediência, é um programa...

            E a doutrina, eu acho atual. Eu sempre achei, Eduardo Suplicy, esse negócio de esquerda e direita ridículo, totalmente ridículo. Tenho 67 anos, muita luta política e estudantil, mas nunca disse que era da esquerda ou da direita. Acho isso ridículo, sem razão de ser. Isso foi lá no parlamento britânico, monárquico, democrático. Lá, os que queriam a reforma sentavam-se do lado esquerdo; os conservadores, à direita. Nós não temos nada a ver com isso, nada, nada. Rui Barbosa foi lá, buscou o modelo democrático, bicameral, plagiou o filhote da Inglaterra, os Estados Unidos, mas não tem nada... Ele não se referiu à esquerda e à direita.

            A ignorância é audaciosa. Ficam repetindo, sou da esquerda, sou da... São bobões, para mim são todos bobões. Não tem nada a ver. A doutrina mesmo que tem a ver é a de Cristo, é a nossa. É um País cristão. Por isso é que este partido cresce no seio do País, agiganta-se. Mesmo com essa lei que impede Deputados e Senadores de saírem, ele cresceu. Cresceu nesse final de ano 89%, mesmo com as dificuldades da lei.

            Então, encanta a todos porque a doutrina é a de Cristo. E o que é que o Cristo ensinou, ô Suplicy? Se você não estiver bem no PT, eu vou levá-lo para este partido. O que Cristo fez? Alimentava os famintos. Isso eu fiz. Eu construí o primeiro restaurante popular neste País, o Sopa na Mão. Depois largaram. Deu água aos sedentos, vestiu os nus, assistiu os doentes, foi solidário com os presos, com o sofrimento. Essa é que é a doutrina cristã.

            E mais, Senador Jefferson Praia, não foi só conversa. Não foi só pelos discurso que seguimos Cristo, mas porque ele fez obras, fez os milagres. Então, essa é a grandeza do nosso partido, que vai aumentar. Está aí e vamos crescer no Piauí.

            Mas, Senador Arthur Virgílio, em homenagem a V. Exª, que eu considero o ícone disso tudo, o ícone, vamos dizer, desse sonho que o brasileiro tem, que é a esperança de alternância de poder... Tudo faz crer que o brasileiro vai utilizar essa grande possibilidade, essa sua esperança de alternância de poder, elegendo - e isto faz bem à democracia - o candidato das oposições, que é o José Serra.

            Eu aproveito isso para dizer que o Brasil todo tem de ler a reportagem da Veja: “Com a casa em ordem, Serra vai à luta”.

            Um quadro vale por dez mil palavras, está ouvindo, Arthur Virgílio? Só esta fotografia dele mostra a tranqüilidade: na sua biblioteca, ele lendo. E ele já ganhou... Só Deus, uma força de Deus pode mudar, Eduardo Suplicy. Eu tenho 67 anos e já vi muito esse jogo. Olha, ele ganhou a eleição - está ouvindo, Eduardo Suplicy? - quando ele passou, com muita simplicidade, sua vida, a emoção. A austeridade de seu pai. Quando ele disse: “Eu, meu pai... Eu o conheci trabalhando todos os dias de sua vida. Só um dia que meu pai não trabalhava. É porque o mercado público...” Está ouvindo, Eduardo Suplicy? Você sabe disto, não é? O mercado público de São Paulo é fechado no dia 1º de janeiro. “Todos os dias de minha vida vi meu pai trabalhando 10 horas por dia, carregando caixões de frutas e verduras na cabeça e no ombro. Todos os dias de minha vida!” Está vendo que emoção, Arthur? “Aos sábados, ele trabalhava seis horas; e, aos domingos, cinco horas. Eu vi, durante a minha infância, a minha mocidade, meu pai carregando na sua cabeça caixas de frutas e verdura; às vezes eu ajudava. Mas isso possibilitou... O trabalho de meu pai, a austeridade de meu pai possibilitou que eu carregasse caixas de livros na cabeça e nos ombros.”

            E hoje está aqui o quadro. É um homem... E eu que sou do Partido Social Cristão, está ouvindo, Arthur, seu líder, o que é que diz o livro de Deus? Atentai bem, Arthur! Sabedoria vale mais que ouro e prata. Então, foi um homem que buscou a sabedoria. Pronto, acabou! Está no livro de Deus: a sabedoria vale mais do que o ouro.

            E ganhou as eleições, só Deus... Já está decidido, o jogo vai ser de goleada... Ô Arthur, não tem negócio de segundo turno, não! Agora, não foi isso não, há muitas coisas, ele fez a parte dele, ele se preparou para ser Presidente da República, estudando, estudando. E queria dizer o seguinte: quando ele, na sua simplicidade, mostrou que está preparado para ser Presidente da República, pela sua luta, pelo seu currículo, pela sua biografia. E sintetizou tudo isso que aqui nós dissemos. Nós dissemos isso dezenas de vezes.

            A História do Brasil, a sua grandeza, passando pelas Capitanias Hereditárias, os três Governadores-Gerais, os reis extraordinários que tivemos, cada um marcando o seu papel: D. João VI, que aqui trouxe 30 mil portugueses, a burocracia administrativa que aqui ele implantou em pouco tempo. Quer dizer, ele chegou em 1808 e em 1821 saiu. Em 13 anos houve um desenvolvimento louco, quando aqui implantou o seu reinado. Deixou o seu filho, que fez a independência e deixou um outro preparadíssimo, um homem de um cultura ímpar, Pedro II, que garantiu a este País a unidade, falarmos a mesma língua, entendermo-nos - a América espanhola era toda dividida em vários países. A mulher, a sua filha, a princesa, que em poucos dias de governo escreveu uma das páginas mais lindas, a liberdade dos negros.

            Aí se sucedeu o nascer da república, com todas as suas evoluções, com suas passagens, com dois períodos de exceção, uma de civil... Mas, mesmo numa ditadura, o civil era bom, era um estadista, era Getúlio Vargas. O homem é o homem e suas circunstâncias... Nós sabemos que ele enfrentou três guerras: uma guerra para entrar; os paulistas quiseram tirá-lo do governo, outra guerra; e, no fim, a Segunda Guerra Mundial. Aí, depois tivemos um período de liberdades democráticas. Veio o período militar que também não foi bom, que nós acompanhamos - e, para quem não o acompanhou, há os livros de Elio Gaspari falando dos malefícios da ditadura. Como na Era Vargas, um período de grande desenvolvimento, mas os malefícios são explicados no livro Memórias do Cárcere, de Graciliano Ramos.

            Nesses 25 anos, vimos o renascer da democracia: Sarney, com a sua transição... Todos eles contribuindo. E Fernando Henrique escrevendo a página mais bela desses 25 anos. Não adianta tingir, a inveja e a mágoa corrompem os corações. Fernando Henrique combateu o maior monstro que eu já vi e vivi, porque eu era prefeitinho: a inflação. Eu não acreditava que aquilo acabasse, eu sofri, eu era prefeito, e ele domou a inflação e botou este País nos eixos. E o Luiz Inácio, que está governando, é o nosso Presidente, teve acertos e erros. Eu digo que a página mais bela - está ouvindo, Eduardo Suplicy? - do Luiz Inácio foi a valorização do trabalho e do trabalhador, a valorização do salário mínimo, obedecendo ao que Rui Barbosa pregara: a primazia do trabalho e do trabalhador, porque ele vem antes, ele é quem faz a riqueza.

            E, agora, nós aqui demos a nossa contribuição, este Senado da República. Nós evitamos que isto aqui fosse um país como Cuba; fosse uma Venezuela do Chávez; fosse um Equador do Correa; uma Bolívia do índio; um Paraguai, mas que tivéssemos e oferecêssemos ao povo a divisão de poder, com os três poderes funcionando.

            É lógico que temos aqui ou ali uma falha, um confronto, porque essas instituições, Senador Arthur Virgílio, são muito novas, as instituições republicanas do Brasil, Senador Eduardo Suplicy. Na França, foram instituídas 100 anos antes das nossas. E lá rolaram cabeças. Aqui, fomos mais hábeis e mais inteligentes. Graças ao Senado da República, não rolaram cabeças. Nós resistimos e oferecemos ao Brasil o que o que há de mais perfeito na democracia: a alternância de poder. Se não houver a alternância... Em Cuba, não há democracia. São 50 anos, o poder foi passado para o irmão... Na democracia tem que haver divisão e alternância de poder.

            O povo do Brasil, graças às nossas ações aqui - nós oferecemos isso -, viveu dessa esperança da alternância do poder. No Piauí, já houve. Graças a Deus, o governador saiu. Nós nos livramos. Há essa grande esperança que está aqui. Eu convido todos os brasileiros a lerem a reportagem da revisa Veja...

(Interrupção do som)

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - ...que se aprende muito. Só, Arthur Virgílio, aquela festa; só o pronunciamento do José Serra já enriqueceu o País. Eu aprendi muito, quanto mais a nossa juventude! O que é a sabedoria, a força da sabedoria! Quando ele disse: “Tudo que sou aprendi na escola pública”.

            Atentai bem! Ô Arthur Virgílio, ele dizia da grandeza dos governos anteriores. E, na vida pública, ele não fez riqueza, essas materiais. A sua riqueza é a sabedoria que ele tem para levar uma luz para este Brasil. E, juntos, poderemos fazê-lo mais rico e feliz.

            Era o que tinha a dizer.


Modelo1 6/21/241:14



Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/04/2010 - Página 15120