O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Srª Presidenta, Senadora Serys, Senadores que estão presentes nesta sessão de terça-feira, sobre os aposentados, já é uma religião minha vir a esta tribuna quase todas as semanas para falar. Vamos aguardar o que vai acontecer nesta semana. Não quero fazer previsões. Vamos aguardar, Senador Mozarildo, para que possamos nos pronunciar no decorrer da semana.

            Vou falar, então, do meu Estado, como sempre.

            O meu Estado me mandou para cá, para representá-lo - o povo do meu querido Estado do Pará.

            Senador Mozarildo, fiz um comentário, na semana passada - eu gosto de conversar com V. Exª da tribuna -, a respeito da nossa Governadora. Tenho de falar no nome dela, não posso falar do Pará sem falar da Governadora Ana Júlia Carepa. Eu comentei que a Governadora manchava o nome do meu Estado.

            Fui para a minha casa e comecei a ler alguns jornais, como a Folha de S. Paulo. Fiquei impressionado com o que li. Repeti a leitura pela segunda vez. Não acreditei no que eu estava lendo. Repeti a leitura pela terceira vez. Chamei o filho e pedi para o filho ler em voz alta. Chamei a mulher, pedi para que a mulher lesse em voz alta e deixei o recorte da Folha de lado. Não acreditei. Comecei a procurar em outros órgãos da imprensa e, aí, comecei a ver que aquilo que estava escrito na Folha era verdade. “Congresso em Foco”, a mesma notícia. Fui a um blog do Rio Grande do Sul, o blog de Reinaldo Azevedo, e estava lá a mesma notícia.

            E qual é a notícia? Pasmem, senhoras e senhores! Depois de ter contratado uma cabeleireira como assessora especial, depois de ter contratado uma esteticista - nome até difícil de se pronunciar -, depois de ter contratado hoje o ex-namorado como assessor especial, para dirigir o aeroclube do Pará, com convênio sem licitação, de 3,5 milhões, para beneficiar o namorado, a notícia que acabamos de ler, na semana passada, é de que a Governadora, agora, contrata uma senhora especializada, ou uma moça, melhor dizendo, especializada em strip tease, uma moça especializada em cenas eróticas com cobra.

            Meu Deus do céu, onde nós estamos, Pará?

            Está aqui a moça numa cena, TV Senado.

            Nada contra essa moça! Nada contra essa moça! Uma moça bonita! Agora, para que a Governadora quer uma assessora que faz strip tease com cobra? Para que a Governadora do Pará contrata uma moça especializada em strip tease com cobras?

            Olha aqui, Brasil. Olha aqui, Pará.

            Sabem quanto ela gasta em assessoramento, a Governadora do meu querido Estado do Pará? Isso é deplorável! Isso depõe contra o meu Estado. É um Estado rico, um Estado de gente trabalhadora, o Estado de Nossa Senhora de Nazaré, a nossa Santa milagrosa, e não pode ser olhado pelo Brasil inteiro como está sendo olhado hoje! A Governadora mancha o nome do meu Estado! Sabem quanto, Brasil, sabem quanto a Governadora gasta de assessoramento especial? Sabem quantos assessores especiais têm a Governadora do Estado do Pará? Eu duvido que alguém aqui acredite no que eu vou falar agora. Eu duvido! Nem os países mais ricos têm na sua gestão - aqueles lá da Arábia, aqueles do petróleo, aqueles que mandam e desmandam no petróleo do mundo não devem ter o que a Governadora do Pará tem de assessores. Sabe quantos assessores a Governadora do Pará tem? Duvido que alguém acerte: 2.100 assessores! Dois mil e cem assessores! São R$48 milhões por ano! Quarenta e oito milhões por ano gasta a Governadora com assessores! Dois mil e cem assessores!

            A imprensa publicou, a imprensa colocou, aí ela veio novamente dizendo que foi um “equívoco administrativo”.

            Ana Júlia Carepa, tu vieste de encomenda! Encomendaram uma Ana Júlia Carepa para administrar o Estado do Pará! E as nossas delegacias? E a nossa saúde? E a nossa educação, quando a senhora gasta R$48 milhões com assessoramento; quando a senhora contrata uma striper, quando a senhora contrata uma striper e foi buscar uma especialista em cenas eróticas com uma cobra, Governadora? Quanto ganha um policial em Belém, Governadora? Quanto ganha um policial no meu Estado, Governadora? Não ganha nem R$1.000,00, Governadora! Quanto ganha um médico no interior? Como estão as delegacias? Como está a segurança do meu Estado? Vinte e sete pessoas morrem por dia Governadora. Em 72 horas, Governadora, são assassinadas à bala, assassinadas à bala outras tantas. Quanto ganha um professor no Estado?

            Obras sem licitação, no Pará, não se faz mais. Isso está impregnando o Estado inteiro.

(Interrupção do som.)

            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Já vou descer.

            Na cidade onde nasci, na ilha de Marajó, o Prefeito também não faz licitação.

            É igual aqui no Senado, meus caros Senadores. Olha como isso está minando o Brasil inteiro, Senador César Borges! Na minha cidade natal de Salvaterra, na Ilha do Marajó, o Prefeito não deixa os Vereadores fazerem CPI; o Prefeito não faz licitação para contratar uma obra. Ora, se o Prefeito vê que o Lula não deixa fazer CPI aqui, que a Governadora não faz licitação lá, ele também se acha no direito de não deixar os Vereadores fazerem CPI, e ele não faz licitação para contratar as obras, Senadores!

            Esse é o reflexo da administração federal e estadual deste País. Está chegando lá no interior, está minando, está tomando conta como se fosse uma peste. O Prefeito de Salvaterra agora pode roubar à vontade. Aliás, meus Senadores, quem for do PT pode roubar à vontade. Senador, V. Exª olha para mim e sorri. Diga-me, Senador, quem do PT foi punido ou está preso? Se o senhor me disser um, eu não volto mais a este Senado. Um, eu só quero um. Está certo que o Prefeito de Salvaterra não é do PT, mas se acha todo poderoso, se acha dono da bola.

            Moeda de troca. São poucos aqueles que não se deixam trocar. Aqui mesmo, aqui mesmo, não tenho nenhum receio de falar, aqui mesmo tem moeda de troca por cargos públicos; lá na Câmara, muito mais. Os Poderes são submissos, assim como a Câmara da minha terra - estou descendo, Srª Presidente -, assim como a Câmara da minha terra. Mas há Vereadores dignos. Há Vereadores que não se vendem. Há Senadores dignos; há Senadores que não se vendem e têm Deputados dignos, Deputados que não se vendem. Infelizmente, Brasil, infelizmente, são minoria.

            Muito obrigado.

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