O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, primeiro quero agradecer ao Senador Marco Maciel...

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Permuta.

            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - ...pela gentileza de ter me cedido seu horário nesta tarde de hoje. Depois, quero dizer a V. Exª da nossa expectativa para a votação do projeto dos aposentados na tarde de hoje.

            Esperamos que possamos ter hoje, aqui neste Senado, a certeza de que o Senado Federal tira um peso muito grande das costas dos aposentados brasileiros, que é o seu sofrimento, que já vem há muitos anos. A nossa luta também perdura por muitos anos, Senador Paulo Paim. Vamos aguardar essa expectativa daqui a pouco.

            Quero, então, dissertar hoje sobre a minha viagem ao Pará, Senador Mozarildo. Senador Mozarildo, quase todas as semanas vou ao Pará viajar. Gosto de estar no interior do Estado. Mas V. Exª vê que é difícil eu vir aqui falar das minhas viagens. Mas dessa, Senador Mozarildo, eu não posso deixar de falar. Aliás, eu acho que até sob pena de crime de omissão. Quer ver? Analise. Veja o que vou falar e analise. Veja V. Exª. Se o Mário Couto não falasse nada, será que ele pecaria por crime de omissão? Eu acho que eu pecaria. Quer ver? Depois, V. Exª me aparteie e diga: “Eu acho, ou eu não acho”. Faça essa avaliação para mim, por favor.

            Vou eu, Senador César Borges, numa viagem a um Município do Pará, um município rico, rico em minério de níquel, Canaã dos Carajás. Canaã dos Carajás produz o níquel através da Companhia Vale do Rio Doce, uma cidade próspera, uma cidade que a Vale ajuda bastante.

            Lá, tomou conta da cidade o prefeito da cidade. O prefeito da cidade se intitula o dono da cidade. São coisas, Senador, que ninguém pode deixar de falar. O Sr. Anuar, se é assim o nome, acha que é o dono daquela cidade. Ele está confundindo administrar com ser dono. Eu acho que não disseram ao prefeito quais são as atribuições legais do prefeito. Ou, então, ele se faz de besta para passar. Ou, então, ele se faz de besta para passar, Senador Mozarildo, porque ele é o dono da cidade.

            Veja, além de dono, ele pratica, ele faz a coisa propositalmente. Vejamos. No seu aniversário, Senador.... E é bom isto que conste nas notas taquigráficas deste Senado Federal, porque eu vou fazer a denúncia ao Ministério Público, eu vou fazer a denúncia à Polícia Federal, eu vou fazer a denúncia à OAB, até porque tenho as fitas do que vou falar gravadas, filmadas. Não só gravadas em celular, não. Filmadas. A televisão local filmou o que vou falar aqui hoje à tarde.

            Mas só para mostrar a conduta do prefeito, Senador Paulo Paim. O prefeito fez aniversário, e veja como funcionam determinadas Prefeituras em nosso Brasil. Há prefeito sério, e a maioria deles são sérios, mas existe prefeito que devia estar na cadeia. As leis brasileiras precisam entrar em vigor com força. Um prefeito deste nível não deveria estar administrando uma cidade, um prefeito deste nível devia estar na cadeia: um prefeito que pega o dinheiro público, compra quarenta passagens para ir de Canaã dos Carajás a Uberlândia, em Minas Gerais, comemorar o seu aniversário; um prefeito que tem um filho que, no seu aniversário, vai ao Araguaia, compra trinta mil litros de chope, toma banho de chope!

            Senador Mozarildo, parecem coisas que não são verdadeiras. Daí, vou a Canaã, Senador Mozarildo. Chego lá - não sei nem de que partido é o prefeito, e nem quero saber; poderia ser até do meu Partido; se cometesse crime desse naipe, eu estaria aqui nesta tribuna denunciando, como estou agora. Dia das Mães, Senador! No Dia das Mães, o prefeito vai à praça, pensando ele que era querido pela população da sua cidade. Como pode ser querido, se rouba a população? Aquele dinheiro com que ele tomou chope, com que ele tomou banho de chope; aquelas quarenta passagens... Eu tenho um relatório, Senador, que vou entregar à Mesa Diretora, por meio de um ofício. Vou entregar ao Tribunal de Contas, à Polícia Federal, OAB, enfim. Tenho um relatório de 12 associações. Eu gastaria minha tarde inteira, lendo corrupções aqui desta tribuna.

            Dia das Mães. O prefeito vai à praça: “Eu sou o rei de Canaã dos Carajás” - pensando ele. Subiu no palanque, para começar a comemorar o Dia das Mães. Mais ou menos mil pessoas deram, então, as saudações ao prefeito. Vaiaram o prefeito. Lá estava a televisão local, filmando as cenas dos acontecimentos. Bom, prefeito sendo vaiado em praça pública, ele só deve ganhar da Governadora Ana Júlia, porque a Governadora Ana Júlia, em toda reunião pública que vai, é vaiada. Em toda reunião!

            Falando em Ana Júlia, o Pará está em crise. Vamos falar a semana toda do Pará em crise. Eu sempre disse aqui: não é por nada que um Senador vem toda semana se preocupando com seu Estado querido. Toda semana eu estava aqui, denunciando as mazelas da Governadora do Estado do Pará, preocupado com o meu querido Estado. E agora tudo veio à tona. Eu estava certo, Mozarildo. Tem mais de cem quilos de papel com denúncias que a própria auditora do Estado fez contra Ana Júlia Carepa. Auditora que foi colocada pela Ana Júlia entregou as caixas e se demitiu na hora.

            Volto ao assunto de Canaã dos Carajás. Sobre o Pará, vou falar a semana toda. Está lá o cinegrafista, Mozarildo, filmando a festa. Eis que surge o todo-poderoso filho do prefeito, o tomador de banho de chope. O cara tomou banho de chope. O cara abria as torneiras do caminhão de chope e tomava banho de chope com dinheiro público. Banho de chope! Calcule um maluco tomando banho de chope. Aonde já chegamos? Aonde nós chegamos, meu Brasil? Está lá o repórter da televisão filmando, e, de repente, eis que surge o filho do prefeito. E aí a televisão filmando, ele, depois de falar várias pornografias para o repórter, disse a ele: “Ou tu paras, ou vais ver o que acontece contigo. Eu te mato”. A indireta foi essa, Senador. Ameaçado de morte! Tenho o filme na minha mão, Senador. E vou remetê-lo à Polícia Federal.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Temos que acabar neste País, de uma vez por todas, com gente dessa qualidade, com gente que assume o poder para ficar rico, com gente que só assume o poder para se fazer. Não pensa em nada, só pensa em si. “Que se lixe a população” - é assim que eles pensam, é assim que eles falam, é assim que eles dizem. Na hora de pedir os votos, são uns cordeirinhos, oferecem tudo, dão tudo, se submetem a tudo. Na hora em que assumem o poder, ficam tomando banho de chope, ficam ameaçando as pessoas de morte! A Polícia Federal tem que prender esse prefeito. Esses vereadores de Canaã dos Carajás têm que abrir uma CPI e cassar o prefeito! A não ser que eles todos estejam fazendo parte da mesma panelinha desgraçada da corrupção.

            Já ouvi, Presidente, muitas pessoas me dizerem: “Senador Mário, V. Exª não pode ficar chamando de ladrão as pessoas, da tribuna do Senado”. E do que é que vou chamar? Vou chamar de corrupto? Corrupto virou cultura neste País. Você pode falar em corrupção aqui a tarde inteira, não pega nada com nada, nada com ninguém. E me aponte um - um! - que tenha cometido corrupção, do Partido dos Trabalhadores, do lado do Governo, e que esteja preso. Um! O Arruda. O Arruda foi preso, mas era do DEM.

            A Governadora do Pará... Eu vou mostrar aqui, Pará - eu tenho em mão -, toda a corrupção, comprovada, que a Governadora do Pará, através das suas Secretarias, está cometendo no Estado do Pará. Comprovada! E vou comparar com a do Arruda para ver qual é a maior. Eu vou comparar a do Arruda com a da Ana Júlia. Ana Júlia ganha de mil a zero, mas não vai acontecer nada com Ana Júlia. Com o Arruda aconteceu, porque é do DEM. Com a Ana Júlia não acontece, porque é do PT. Não vai acontecer absolutamente nada com a Governadora do Estado do Pará.

            Está aqui na minha mão um documento. Só um. Sabem o que é isso? Um pagamento de duas vezes uma obra: R$9 milhões, companheiro! Nove milhões!

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Está igual à história do português, Mozarildo: pagou R$9 milhões, uma vez, numa obra - você nunca tinha visto isso, meu Colega. Nove milhões foram pagos numa obra. É a história do português - com todo o respeito aos portugueses -, mas sabem os portugueses que, de vez em quando, a gente brinca com eles. Aí chamaram e disseram: “Vem cá, você já pagou essa obra?” “Já paguei”. “Mas pague de novo para não esquecer”. Foram pagos duas vezes R$9 milhões numa mesma obra no Estado do Pará, Brasil. Nove milhões numa mesma obra! História de português, piada de português: “Já pagou?” “Já”. “Quanto foi?” “Nove milhões”. “Pague mais uma vez, para não esquecer”. Duas vezes pagaram uma mesma obra. É só um exemplo.

         São cem quilos de documentos de corrupção, fato jamais visto em todo o País. Repito: jamais visto em todo o País. E nada vai acontecer com a Governadora do Estado do Pará.

         Será que acontece alguma coisa com o Anuar? Tem que ver de que partido tu és, Anuar. Se for do PT, não acontece nada. Pode tornar a tomar banho de chope, pode tornar a comprar quarenta... Segure os teus vereadores aí. Sempre é assim, não é, Prefeito? Sempre é assim, Prefeito. Segure os vereadores que nada acontece. Pode roubar neste País. É o País da impunidade, Prefeito. Ameace de morte, mate.

         O Pará já tem fama. Irmã Dorothy e tantos outros foram ameaçados e acabaram morrendo. E esse repórter? Se a Polícia Federal não tomar providência, esse repórter pode morrer de uma hora para a outra. Esse repórter pode morrer de uma hora para a outra! Por isso, Mozarildo - já vou descer, Presidente -, se eu não falo nada, iam dizer assim: “Olhe, o Senador Mário Couto esteve aqui. Ele viu o vídeo. Ele sabe de tudo. Foi para o Senado e não falou nada. Mataram o rapaz. E o Senador sabia.” E aí, o que é isso?

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - O que é isso, Senador? É um crime de omissão. Eu omiti o que eu sabia.

            Prefeito, V. Exª está me ouvindo, está me vendo. Eu vou dizer uma coisa a V. Exª: para V. Exª parar a minha voz agora, tem que fazer uma ameaça para mim, porque eu não vou parar, Prefeito! Eu vou denunciá-lo. Eu vou mostrar à sociedade de Canaã dos Carajás que V. Exª é ladrão, Prefeito!

            Muito obrigado, Srª Presidente.

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