Discurso durante a 88ª Sessão de Premiações e Condecorações, no Senado Federal

Entrega do Diploma José Ermírio de Moraes aos agraciados, Senhores José Alencar Gomes da Silva, Jorge Gerdau Johannpeter, João Claudino Fernandes e, em memória, Senhor José Ephim Mindlin.

Autor
Cristovam Buarque (PDT - Partido Democrático Trabalhista/DF)
Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. EDUCAÇÃO.:
  • Entrega do Diploma José Ermírio de Moraes aos agraciados, Senhores José Alencar Gomes da Silva, Jorge Gerdau Johannpeter, João Claudino Fernandes e, em memória, Senhor José Ephim Mindlin.
Publicação
Publicação no DSF de 02/06/2010 - Página 25247
Assunto
Outros > HOMENAGEM. EDUCAÇÃO.
Indexação
  • HOMENAGEM, EMPRESARIO, INDUSTRIA, CONTRIBUIÇÃO, REGIÃO NORDESTE, COLECIONADOR, LIVRO, OBRA RARA, APOIO, EDUCAÇÃO, REPRESENTAÇÃO, PATRIOTISMO, LUTA, VICE-PRESIDENTE DA REPUBLICA, COMBATE, CANCER, HOMENAGEM POSTUMA, JOSE ERMIRIO DE MORAES, EX SENADOR, ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), PATRONO, PREMIO, SENADO, AUXILIO, INICIO, VIDA PUBLICA, ORADOR.
  • CRITICA, CENTRALIZAÇÃO, MINISTERIO DA EDUCAÇÃO (MEC), GESTÃO, SISTEMA DE EDUCAÇÃO, EFEITO, IMPEDIMENTO, PROGRESSO, ENSINO DE PRIMEIRO GRAU, NECESSIDADE, CRIAÇÃO, MINISTERIO, EXCLUSIVIDADE, ATENDIMENTO, EDUCAÇÃO BASICA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. CRISTOVAM BUARQUE (PDT - DF. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Marconi Perillo, Exmº Sr. João Tenório, que fez esta manhã possível graças a seu trabalho no comitê de escolha dos homenageados; meu caro amigo Heráclito Fortes; senhores homenageados - José Alencar Gomes da Silva, Jorge Gerdau Johannpeter, João Claudino Fernandes e o Sr. José Mindlin, representado aqui por seu neto Rodrigo Mindlin Loeb -; quero cumprimentar o Deputado Federal Cícero Nogueira; o meu amigo Carlos Fernando Mathias de Souza, que está aqui; o Brigadeiro Sérgio Luiz de Oliveira Freitas; Dona Mariza Gomes da Silva, esposa do Vice-Presidente; o Sr. Marcus Vinícius Furtado Coelho; Sr. Samuel de Almeida Lima; Sr. Pedro Rogério de Melo Nogueira; Sr. Newton Gibson; Sr. Tiago de Moraes Vicente; Srs. Senadores; Srªs Senadoras; senhores amigos dos homenageados; familiares; meus senhores e minhas senhoras, eu quero começar homenageando José Ermírio de Moraes, que conheci, o conheci, por isso tenho uma dívida.

            Eu, jovem estudante de engenharia, e ele, Senador da República, e lá, em Pernambuco, do alto da sua altura, do alto de ser naquele momento, provavelmente, o mais importante empresário brasileiro, ele me recebia, eu estudante, para conversarmos de política e juntos fundamos o MDB. Minha assinatura está ao lado da assinatura de José Ermírio de Moraes, que me ajudou numa coisa: conseguiu-me um estágio na usina Tiúma, de propriedade dele, eu, como estudante, para trabalhar ali por um tempo. Eu não esqueço essa figura magnífica que foi José Ermírio de Moraes.

            Quero cumprimentar cada um dos empresários que aqui estão, dizendo, senhores empresários homenageados, que toda vez que me encontro diante de um grupo de empresários eu pergunto: quanto por cento do PIB está aqui, na minha frente? Quero dizer que, no caso dos quatro que aqui estão, eu não tenho a menor preocupação quanto ao por cento do PIB, mas quanto por cento do caráter, do compromisso, do patriotismo que vocês representam.

            Vocês são empresários de grande sucesso. Todos aqui fizeram seus empreendimentos, nenhum simplesmente herdou, mas, muito mais do que isso, cada um de vocês tem um adjetivo ao lado do nome, e um adjetivo que não quer dizer riqueza, não quer dizer fortuna, não quer dizer negócios.

            O Sr. João Claudino, por exemplo, para mim, significa o Nordeste resistente, o Nordeste que dali, daquela terra, passando do Rio Grande do Norte, pelo Maranhão, pelo Piauí, constrói um patrimônio empresarial do nível dos maiores do Brasil inteiro.

            A minha homenagem não é ao empresário; é ao nordestino resistente e empreendedor.

            O Mindlin, todos nós sabemos, é um nome que dentro de alguns anos mais vai ser sinônimo de livro. As pessoas vão dizer “eu comprei um Mindlin”, como se diz “eu comprei um Picasso”, como se diz “eu comprei uma obra de arte” em nome de pessoas.

            E eu lembro, na última vez que estive com ele na casa dele, a maneira como ele, já com aqueles seus noventa e tantos anos, conversava sobre o primeiro livro que comprou e, depois, sobre cada um de outros livros importantes que ele tinha comprado.

            Mindlin é muito mais do que um empresário, como eu disse, e muito mais do que o PIB, do que a percentagem de PIB que ele representava.

            No caso dessa figura maravilhosa que é José Alencar, eu quero dizer que o seu nome vai significar muito mais do que qualquer coisa relacionada com indústria têxtil; vai representar o patriotismo que o senhor demonstrou na sua luta, vai demonstrar sua competência política, mas vai demonstrar, sobretudo, a sua resistência.

            Um desses dias eu estava conversando com um amigo que falava que um outro amigo nosso tinha enfrentado uma grande dificuldade de saúde. E eu ali, de repente, sem pensar, disse: ele “alencou”? E o meu amigo perguntou: o que é “alencou”? Eu disse: “alencou” é do verbo “Alencar”, é enfrentar até o último momento as dificuldades de saúde, como o senhor fez. Eu acho que, mais dia menos dia, do jeito que se fala “jatenou” para fazer uma ponte de safena, vai-se dizer “alencou”, para quem não desiste nunca da luta pela sua vida. É por isso que o senhor está aqui, muito mais do que por ser empresário.

            E no caso do meu amigo, posso dizer assim, Jorge, eu creio que o seu nome é educação. O senhor não apenas é um empresário de grande sucesso, o senhor é um empresário que foi capaz de dizer ao Brasil inteiro que o futuro deste País, que a riqueza deste País está mais na sala de aula do que no chão da fábrica, porque o chão da fábrica é consequência da sala de aula. E dedica seu esforço para isso.

            Eu lembro que meu primeiro gesto, ou segundo, ou terceiro - logo nos primeiros dias como Ministro da Educação - foi procurá-lo e o senhor não se negou. Eu pedi que me ajudasse a reformar o Ministério da Educação, porque aquela máquina jamais iria fazer as transformações. E o senhor colocou o Falconi a minha disposição, que veio, fez palestra, reuni, tentei, mas a máquina foi mais forte do que as ideias boas do Falconi, e terminamos ficando com a máquina burocratizada, que continua.

            Por isso que eu insisto que a revolução que a gente precisa fazer na educação não virá enquanto não tivermos o ministério novinho, dedicado apenas à educação de base. Em vez de ter esse velhinho, misturando educação de base, ensino superior e sendo dominado pelas corporações das universidades, que não deixam a gente avançar na educação de base.

            Por isso, e eu quero concluir, nós estamos aqui diante de pessoas que são muito mais do que empresários; são brasileiros, são patriotas, são pessoas capazes de superar dificuldades.

            Eu lembro, meu caro José Alencar, que um que “alencou” foi o maestro Martins, homem que era pianista e perdeu os movimentos dos dedos e continua como maestro, continua tocando com esse dedo aqui (mostra) e com essa mão (mostra) e toca melhor, como eu vi um dia desses, o Hino Nacional com esses seus seis dedos do que os oitocentos dedos de uma sinfônica. Ele “alencou” como o senhor também vem alencando neste Brasil, sendo exemplo para todos nós.

            Vocês são exemplos. Por isso, essa homenagem é do Senado mas, na verdade, como um dos senadores eu agradeço, porque vocês é que estão homenageando o Senado.

            Muito obrigado por estarem aqui. (Palmas)


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