Discurso durante a 103ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Leitura de matéria do jornal Diário do Povo, do jornalista Zózimo Tavares, sobre a indicação de S.Exa. como representante do Partido Social Cristão à vice-presidência da República na chapa de José Serra, agradecendo ao Partido a lembrança de seu nome.

Autor
Mão Santa (PSC - Partido Social Cristão/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA. ELEIÇÕES.:
  • Leitura de matéria do jornal Diário do Povo, do jornalista Zózimo Tavares, sobre a indicação de S.Exa. como representante do Partido Social Cristão à vice-presidência da República na chapa de José Serra, agradecendo ao Partido a lembrança de seu nome.
Publicação
Publicação no DSF de 22/06/2010 - Página 30466
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA. ELEIÇÕES.
Indexação
  • AGRADECIMENTO, INDICAÇÃO, CONVENÇÃO NACIONAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO SOCIAL CRISTÃO (PSC), NOME, ORADOR, CONCORRENCIA, VAGA, VICE PRESIDENCIA, CHAPA, JOSE SERRA, CANDIDATO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), ELOGIO, PROGRAMA DE GOVERNO, ESPECIFICAÇÃO, AMBITO, DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
  • LEITURA, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, DIARIO DO POVO, ESTADO DO PIAUI (PI), IMPORTANCIA, INDICAÇÃO, ORADOR, VICE PRESIDENCIA, APROXIMAÇÃO, JOSE SERRA, CANDIDATO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, ELEITORADO, REGIÃO NORDESTE.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Paulo Paim, que preside esta reunião de segunda-feira, iniciada às 14 horas - são 19h34 -, Parlamentares na Casa, brasileiras e brasileiros aqui, no Parlamento do Senado, ou que nos acompanham pelo sistema de comunicação, em junho - sei que 12 de junho foi o Dia dos Namorados -, mas agora, é confusão muita: eleição e Copa. E nós todos, todos os partidos estão realizando e preparando suas convenções.

            Paulo Paim, eu viajei quarta à noite. Um pouco antes de viajar, recebi os dirigentes do Partido Social Cristão, o Presidente Vítor Nósseis, Everaldo Pereira, o grande líder evangélico, forte, do Rio de Janeiro, Antônio Oliboni, Secretário Geral, e outras lideranças.

            Esse partido é muito mineiro e muito carioca. Ele tem três deputados federais do Rio de Janeiro. O Hugo Leal, que é o líder, o Filipe Pereira, que é um deputado federal dos mais novos, e o Deley do Fluminense, o grande jogador. Tem três. Em Minas também, porque o seu fundador é o Pedro Aleixo, aquele líder que deixou de assumir a Presidência da República porque se negara a assinar os atos institucionais.

            Mas, Paulo Paim, eles me mostraram uma ata ali. Em geral, esse negócio de ler ata... V. Exª, Senador Paulo Paim, deve ter feito muita ata na sua liderança operária. E eu, nas estudantis, desde o Grêmio Tiradentes do São Luiz Gonzaga, no ginásio. Eu participei de muito movimento.

            Ata ninguém lê, porque é aquilo ali, tal, tal, e eu ali no cafezinho. E ele: Não, leia, leia, leia. Enfim, a ata, e eu li. Reunido o Partido Social Cristão, com suas lideranças maiores, eu entrei há pouco, não sou do diretório nem estadual.

            Então, eles confirmaram o apoio ao candidato a Presidente da República José Serra, na convenção. E leio, li ali, e ele disse: “Leia adiante”. E eu tinha, porque aprendi com a minha mãe que a gratidão é a mãe de todas as virtudes, pelo menos, de agradecer ao Partido, ao Diretório do Partido Social Cristão, reunido no Rio de Janeiro, em 14 de junho, segunda-feira. Eles sugeriam, o PSC, que, em seus quadros, tem muitos nomes que podem compartilhar de uma chapa, o meu nome foi. O meu nome, vamos dizer, foi o indicado por essa Convenção. O Partido reconhecia que havia muitos outros nomes, mas, diante informações, diante pesquisa, diante acompanhamento... Então, pelo menos, tenho de agradecer a eles. Isso seria deselegante.

            Logo de imediato, eles me mostraram a ata do Partido, e eles iriam entregar essa ata ao Presidente do PSDB, o Senador, nosso companheiro aqui, Sérgio Guerra. E eu fui porque o candidato a Presidente José Serra ia ao Piauí. Então, fui para recebê-lo no dia seguinte.

            Eu acho isso tudo muito bom. Democracia é isso.

            Acho que isso aí é uma grande vitória, e nós participamos dessa vitória. Só ela existia, a democracia, aperfeiçoando-se, aprimorando-se. É lógico que existe erro de todo lado, e muitos acertos. A contribuição do Partido dos Trabalhadores ninguém nega. Eu votei nele em 1994.

            São quantos anos? Trinta anos, o Partido dos Trabalhadores. O Partido Social Cristão tem 25. Todos contribuem. Mas a democracia é o povo, foi o aperfeiçoamento que veio desde Péricles, na praça, quando conseguiu fazer uma constituição, depois passou a ser representativa.

            Mas o próprio Partido dos Trabalhadores tem muitos acertos. Eu acho que vai ficar para o futuro. A grande marca deve ao Paim, com valorização do trabalho e do trabalhador, salário mínimo. Há outras conquistas, mas essa para mim, no meu entender, acho a mais importante, porque o trabalho é que faz a riqueza. O próprio Deus disse: com o trabalho, comerás. O próprio Rui Barbosa, a primazia do trabalho. A medicina, terapêutica ocupacional. Voltaire, na França, na democracia, já dizia que pelo menos três coisas o trabalho afasta: o tédio, a preguiça e a pobreza.

            Então, acho que foi um avanço, Paim, para todos nós. Sei que V. Exª saiu à frente. O Luiz Inácio foi muito importante, mas eu também participei, eu fui desse exército, sempre pedindo mais para os trabalhadores.

            Sempre estava a seu lado, em todas as lutas. No começo, confesso, igual a São Tomé, que não acreditava que a gente iria conseguir, não acreditava, meu jeito é esse, tanto em tão pouco tempo. Olhe que fui deputado estadual, e esse negócio era menos do que 70. Lembro-me que era menos que 70 dólares. Era deputado estadual, depois prefeito, salário mínimo. E foi ligeiro para minha expectativa. Podemos comemorar, viu, Senador Paulo Paim?

            E V. Exª conseguiu e foi mais adiante. Cem dólares a gente achava que seria muito, porque tem outros países desgraçados aí... Falam da China. Milagre da China é uma ova! Milagre é do Paim, é do Mão Santa e do Luiz Inácio! Na China, o pobre coitado ganha uma miséria, dorme no chão, num cubículo, são 25 dólares. Cuba, que conversa fiada! Conheço Cuba, médico que veio para cá. Assinei contrato de professor. O Governo lá, Paim, contrata por dois mil dólares, mas o governo fica com 70%. O profissional ganha...

            Então, nós avançamos muito. Essas sociedades que estou dizendo: China, China, China... Mas o povo está é sofrendo, e não é pouco, pois o salário é esse lá.

            Então, foi a grande vitória. Mas eu queria agradecer ao Partido Social Cristão isso e, mais ainda, aplaudir quando ele escolhe nomes como Paulo Paim, na sua liberdade. E acompanhamos o José Serra. Foram todos... O próprio PT. Acho e entendo, é um direito, eles me criticam, a análise, tem muito avanço, mas tem muito erro.

            Acho que a maneira de escolha do candidato foi um retrocesso. Um retrocesso, rapaz! Não se tira candidato mais do bolso não. Os candidatos deveriam ir para as primárias. Eu saí do PMDB por isso. Nós fizemos uma primária lá, da vez anterior, e acabou não havendo candidato, não é? Quer dizer, os Estados Unidos avançaram, deram um exemplo bem recente. O candidato da cúpula - e vai entrando o mais entendido da história da evolução -, já definitivo, era a Hillary Clinton, a esposa do Bill Clinton, mas eis que o partido se aproximou do povo, e o povo alimentou uma esperança nova, uma mudança, uma renovação, que foi o Barack Obama.

            Ele mesmo - eu li o livro dele, ô nosso Paulo Duque - entrou. Entrou, Paim, e não pensou em ganhar não. Ele entrou, e por que é que ele entrou? Primeiro, ele se destacou na eleição anterior. Naquelas convenções, nas primárias, ele foi o melhor orador. De tantas primárias, ele foi convidado para discursar na convenção final. Então, foi um destaque. E ele, aproveitando o embalo, com um mandato de Senador, propôs o seu nome, mas ele entrou confiado na sua luta, no seu estudo, duas formaturas, de Ciências Políticas e depois Direito. Então, confiado, ele se inscreveu. Ele sabia que tinha liderança. Liderança, vamos dizer, ele tem. Ele se destaca. Tem que ter uma proeminência, que ele iria ter, mas ele não pensou que ganharia. Ele pensou que perderia, a Hillary ganharia, alternância do poder, seriam oito anos. Aí ele é novo, não é? Ora, pois ele foi logo da primeira vez, porque o povo, o povo, o povo o alimentou.

            Aqui, o Partido dos Trabalhadores não teve essa chance. E eu digo, e não é porque está na sua frente, não: como vai a eleição? Eu digo: eu tenho convicção que o José Serra é o próximo presidente. Convicção. Eu só faço política, eu nunca recebi dinheiro, também nunca dei para ninguém, eu nunca fiz um título, também nunca comprei um voto, também nunca vendi meus apoios. Quem me conhece é essa a história, porque sou o que sou.

            E eu li o Erasmo de Roterdã, o “Elogio da Loucura”. Eu sou meio louco... Só entra nas coisas apaixonado, loucamente apaixonado. Então, eu tenho a convicção... Tenho, não sou dono da verdade, não sou profeta, mas porque isso eu tenho dito lá. Eu tenho... Olhe, se ele tivesse feito a primária, se tivesse surgido um Paulo Paim nessas alturas dos acontecimentos, o homem já estava lá com os seus 70%. Com o apoio de uma máquina dessas, do Partido, com a popularidade do Presidente, o homem já estaria lá era com os seus 70% ou 80%. E eu estaria no meio!

            Eu digo isso. Aí, apareceu um que tem um currículo muito - não vamos ter inveja - invejável! Um currículo de luta, de competência. O currículo do José Serra é... E eu queria era eu... Se ele não fosse bom, eu já estava aí disputando, porque já me ofereceram no PSC. Antes de me darem o nome de Vice, eles me ofereceram para disputar. E outros Partidos menores!

            Sabe o que ele disse, Paim? “Olha, isso vai ser a terceira guerra mundial. Está polarizado, está polarizado”. Porque, de um lado, a liderança carismática do Presidente Luiz Inácio. Ninguém contesta, eu nunca contestei. Eu aprendi com Petrônio, que dizia: “Não agredir os fatos, não agredir os fatos”.

            Paim, quando o homem dizia isso, eu ficava pensando no que o homem estava querendo dizer. Eu não entendia. Mas hoje ele foi me formando. Eu ouvia o Petrônio repetir: “Não agredir os fatos”. E eu ficava pensando. O que esse homem quer dizer com isso, Paim? Eu não entendia. Mas hoje eu entendo o sábio. É o fato. O fato é que tem mesmo.

            Mas vai ser essa terceira guerra mundial, porque a campanha está polarizada mesmo, polarizada, e quando polariza é isso mesmo. Mas é bom! O povo, a chamada, a participação, a reflexão.

            As coisas nascem! Nenhuma instituição deu uma contribuição melhor para o aperfeiçoamento da democracia do que ouvir o Papaléo. Eu fico aí ouvindo muitos oradores e aprendendo. Então, hoje sou mais do que era, porque ouvir dá mais...

            Papaléo foi de uma firmeza. Ele disse: esse negócio de ficha suja, ficha limpa, de justiça, não sei o quê, não vai julgar. Isso não quer dizer nada, porque vou dizer. O político melhor que eu vi, mais puro, porque eu não conheço outro, o que eu vi foi Mário Covas. Você sabe que ele morreu com 56 processos em cima dele? Adversário bota, fica aí e não acaba nunca, não é? Um negócio desses.

            Mas o Papaléo advertiu: não, quem tem é o povo. O povo é que tem a obrigação; tem que ter o dever, tem que ter a dignidade, tem que ter a decência, tem que ter o civismo de conhecer a história de vida de cada candidato. Não venham com desculpa, não. O povo tem o governo que merece. É o povo soberano que é o poder. Tem de saber a história. Como é que vai votar? Nós é que somos votados, não é, não? Como é que não sabe um gaúcho a história de vida de Paulo Paim? E não sabe a dos outros, a dos milionários, a dos que estão comprando votos, hein? A dos que não querem representar o povo, querem representar as suas empresas, os seus interesses? A história. Então, é você! O dono da democracia é o povo. Governo do povo, pelo povo, para o povo. O único responsável é o povo. Então, você não tem desculpa, não. Tem de saber. Não tem perdão, não! Tem é culpa. A história de vida de cada candidato. Dizem: Na minha cidade, a história de vida lá, o que fez o Chico do Joá. E chamavam é o nome do meu pai. O que fez como estudante, como médico, na Teresina, como Deputado, como Governador? Como aqui...

            A história de vida do Paulo Paim. O Paulo Paim de Caxias, o Paulo Paim que lutou pela vida, o Paulo Paim do Senai, o Paulo Paim, aí, secretário dessas CUTs, o Paulo Paim Deputado. Ora, tem que saber, gaúcho, o que ele está defendendo aqui? Liso, mas rico, rico de ideal, de grandeza, de repartição, de satisfação do cumprimento da missão. Não tem maior riqueza do que essa. Estou falando diante de um símbolo só: Paulo Duque, que ajudou a construir essas dificuldades da democracia. 

            Então, nós estivemos lá...E eu vou dizer. E é um grande candidato. Ele tem apoio lá do Prefeito, ex-Prefeito da Capital. O PSDB é um Partido muito, muito forte na capital, começou com Wall Ferraz. Eu sou Governador porque esse Wall Ferraz tentou ser e me convidou para vice. Mas aí ele não teve a coragem de largar a Prefeitura e esteve numa situação... O Wall largou e eu peguei a bandeira dele e o povo... Não é? E estamos aqui. Então... E Senadores da República, dois, que eu acho que representamos muito bem: eu e Heráclito Fortes. Isso é normal. Se o povo baiano pegou ali o Rui Barbosa liso - pode ler, ele não tinha dinheiro, não - liso, deu a ele 32 anos de mandato, por que esse povo dos gaúchos não pode dar para o Paulo Paim? O Piauí, não pode renovar o meu e o de Heráclito? Rui Barbosa viveu a época dele, sofrimento dele. Nós também estamos fazendo a nossa época e a nossa história. 

            O mesmo amor, a mesma dignidade, altruísmo. As épocas são outras. Se deram. Olha que não foi mole, não. Rui Barbosa saía daqui ia para a Bahia. Teve um mandato de que ele quase desistiu, quando ele foi perseguido pelo Marechal de Ferro, Floriano Peixoto. Ele fugiu para a Argentina e lá passou dois anos. Aí saiu. O outro presidente era melhor. Aí os Senadores o convenceram de que ele devia voltar, mas ele estava até com medo do Marechal de Ferro, porque era difícil. Aí voltou, pouco conviveu, foi para a Bahia, e o povo da Bahia reconheceu a grandeza dele, sem dinheiro e sem nada, passou aqueles 32 anos. Então, Paim, eu acho que nós temos crédito. Como V. Exª representou com amor, com altruísmo o Rio Grande do Sul e o Brasil, as grandes causas, nós também, o Piauí. Isso não é anomalia, não.

            Mas S. Exª lá o candidato... Hoje a política se faz diferente. Naquele tempo, era carreata, era comício. Hoje, não. Hoje se vai às estações de televisão, participa-se de debate. Ele foi para o canal 10 na Cidade Verdade. Ele foi à Globo e a uma radiodifusora do Líder Paulo Rogério.

            E tem certas coisas. Eu tive muita manifestação de apoio e solidariedade que a gente tem que agradecer. Este jornalista aqui... Eu acho que ele é tão inteligente que ele fez... Eu vou por gratidão. Zózimo Tavares não é qualquer um. O Piauí tem essa tradição cultural. Está aí o nosso Paulo Duque. O melhor jornalista político deste País foi Carlos Castelo Branco, Castelinho. Esse é um Carlos Castelo Branco, intelectual, da Academia de Letras, professor, já foi Secretário do Estado.

            Diário do Povo: “Vice por exclusão” Eu digo...Não vou fazer isso, mas pelo menos eu... Isso não tem nada... Eu estou fazendo é minha campanha de Senador da República do Piauí. Eu sou a cara do Piauí! O Piauí é meu tudo! Só saí do Piauí para buscar ciência com consciência, para voltar a servir meu povo. Se saí de lá, foi porque os piauienses mandaram. Eles me tiraram da minha cidade, onde eu dirigia uma Santa Casa da Misericórdia, com estas mãos guiadas por Deus, salvando um pobre aqui, outro acolá, e o povo me fez Deputado, me fez Governador do Estado e me mandou para cá.

            “Vice por exclusão”. Zózimo Tavares. Eu faço isso em gratidão, porque ele não é qualquer um, não. O Zózimo é um símbolo do jornalista decente, culto, honrado e honesto.

Vice por exclusão

O Senador Mão Santa ainda não está definitivamente excluído da corrida presidencial. O ex-Governador paulista José Serra foi escolhido no sábado como candidato do PSDB à Presidência da República ainda com a vaga de candidato a vice em aberto. Os que têm mais cacife eleitoral não querem correr o risco de ser candidato a vice na chapa de Serra. O ex-Governador Aécio Neves, o primeiro nome cotado para a vaga, preferiu concorrer ao Senado. Seu gesto foi avaliado como o de quem não acredita na vitória do correligionário. Apesar da grande ansiedade, especialmente de seus aliados, a orientação do comando da campanha tucana é deixar o assunto de vice para depois.

Além de examinar a hipótese de escolher o Senador tucano Alvaro Dias, do Paraná, como candidato a vice-presidente, o PSDB também avalia a possibilidade de encontrar um nome que atinja sobretudo o Nordeste, onde Serra está em maior desvantagem diante da petista Dilma Rousseff. Diversos nomes estão sendo analisados. Um deles é o do Senador Mão Santa, hoje inegavelmente um político de projeção nacional, pelas suas aparições na TV Senado.

            E eu devo muito a Paulo Duque. Paulo Duque foi o primeiro a escrever no seu livro isto, esta ocorrência e esta manifestação do Rio de Janeiro, de simpatia daquele povo ao nosso comportamento.

“O PSDB não quer cutucar onça com vara curta. Por isso, faz oposição a Lula quase pedindo desculpa. Também não sabe como encontrar um discurso com apelo popular. Sua oratória é muito fria, tecnicista, distante da realidade e acuada. Nesse ponto, Mão Santa ajuda. O senador piauiense não é propriamente um anti-Lula, mas é indisfarçadamente um anti-PT. Seu discurso chega ao eleitorado que os tucanos não conseguem atingir.

Também conta a favor de Mão Santa o seu partido. O PSC é uma sigla de pouca expressão nacional. Em caso de vitória, o PSDB não teria dificuldade em agasalhá-la no governo, como Lula fez com o vice, José Alencar, e com o seu partido. Além disso, Mão Santa na vice seria a cara do Nordeste na chapa tucana, o que aliviaria a pecha de que o PSDB é paulista e tem preconceito contra nordestino. No momento, atarantados diante do crescimento vertiginoso da ex-Ministra Dilma Rousseff, os tucanos não estão enxergando isso. Mas podem acordar a tempo e sacramentar Mão Santa como vice”.

            Isso foi dito lá por um jornalista.

            Também, durante essas entrevistas, eu estive acompanhando o jornalista Tomaz Teixeira. Não é qualquer um, não. Tomaz Teixeira era o Líder de Alberto Silva. Foi Tomaz Teixeira, vamos dizer, um cirineu de Alberto Silva em todos os embates. Ele foi Presidente do PMDB, foi Deputado Estadual e foi um dos que entrevistou José Serra. Ele colocou uma exigência, mas o José Serra foi muito fino e disse: “Não. Ele não é só forte aqui, não. Não é no Nordeste, não. Os Senadores do PSDB gostam muito do Mão Santa”.

            O próprio Tasso Jereissati, em conversa comigo, disse: “José Serra, quando você for ao Nordeste procure andar com o Mão Santa”.

            Então, estamos agradecidos porque...

            Sei que no Rio de Janeiro eu me tornei um cirurgião de verdade. Cirurgião! Fui porque quis dirigir uma Santa Casa na minha cidade. Não foi por falta de opção. Eu podia ter ficado no Rio de Janeiro ou aqui em Brasília. Fui porque quis. Era o Pelé fazendo gol, Roberto Carlos cantando, e eu operando os pobres na minha cidade. Não foi por necessidade, não! Foi por amor à minha cidade, à Santa Casa, à minha gente, à minha mulher, que é da Parnaíba, aos meus filhos, que lá nasceram, aos meus netos e à classe médica, que engrandece a medicina no Brasil e no Piauí.

            Sair de uma santa casa, estar aqui e vencer a indicação numa convenção à qual nem fui e da qual não participei é motivo para agradecer a Deus, a meus pais, que me educaram, a meus professores e ao Piauí, que sempre confiou na nossa presença. Tomaz Teixeira incutiu mesmo e...

            Empolgante foi o comportamento de José Serra. O ponto culminante seria um conclave dele com novos empreendedores. O congresso era no Piauí, mas havia no Brasil todo esses empreendedores jovens. E ele fez sua palestra, se viu e se sentiu ali.

            Primeiramente, o PT não foi elegante, porque tinha sido convidada a Ministra. Ela evidentemente não fez. Então, fizeram - que a gente sabe -, de última hora, um discurso escrito, que o ex-Governador leu. O Governador do Estado é um rapaz muito decente e correto: Wilson Martins. Quando terminaram, saíram como boiada: o ex-Governador saiu, e o Governador o acompanhou. Ficou deselegante, porque, afinal de contas, é um desrespeito aos organizadores e aos empreendedores, porque havia lideranças de outro Estado e do meu Estado. A juventude viu um mau exemplo. Eu acho que eles deviam ter assistido. De qualquer maneira, José Serra significa muito. Pode não ser o candidato deles, mas significa muito na luta, na história, na grandeza, foi líder da UNE. O homem foi exilado para o Chile, do Chile foi exilado, passou catorze anos fora, estudando, e sua vida aqui foi uma vida de realizações.

            Quem não conhece o Deputado federal que fez o FAT? Quem não conhece o deputado federal que fez... Bastaria isso para se respeitar. O auxílio desemprego é uma lei do Serra. Está ouvindo, Paim? Paim, o auxílio que você estava lá... Isso leva mais da metade do que o bolsa família lá para o Piauí. Então, o Senador José Serra, o Ministro do Planejamento, o Ministro da Saúde fabuloso, extraordinário.

            Então, aí saíram todos. Com Paim não ocorreria isso. Mas ele foi muito convincente. E o que me admirou... Admirou não, o que se sentiu foi a crença que ele tem na educação, nessas escolas técnicas profissionalizantes. Dar bolsa...

            E disse que o Bolsa Família é uma necessidade, que ele vai ampliar e fortalecer com bolsas, para que estudem. Isso ele disse.

            Mas o que nos causou grande contentamento sabe o que foi, Paim? Eu sempre disse aqui. Juscelino foi grande por quê? Você falou em otimismo. Está aqui o livro: A Solução Otimista. Juscelino fala em otimismo. Ele disse: “É melhor ser otimista. O otimista pode errar, mas o pessimista já nasce errado e continua errando”.

            Mas ele... Então Juscelino colocou no sul o parque industrial, culminando até com a indústria aérea, a Embraer, o ITA - Instituto Tecnológico de Aeronáutica - e o parque da indústria automobilística. Colocou no centro do País Brasília, que integrou. E colocou a Sudene para tirar - o que diz a Constituição, que é a nossa obrigação, Paim, no art. 3º - a desigualdade de riqueza, que está aumentando. Era quatro; quando eu era Deputado Estadual, era oito e, agora, está dez. A diferença entre a renda per capta de Brasília - esta ilha aqui de riqueza e fantasia - e a das cidades pequenas do meu Piauí e do Maranhão é dez vezes.

            Então, o que ele disse... Muito sintomático para o nordeste - porque ele não conhecia. Aí ele não precisava nem ter vício de nordeste. Nem eu e nem outro qualquer não precisa.

            Ele foi muito contundente ao realçar a criação da Sudene. Celso Furtado disse: “A Sudene”... Olha aí, Paim! Só isso dispensa, ele pode ter qualquer... Ele disse: “ A Sudene eu vou assumir. Eu vou ser Presidente da Sudene seis meses, vai ficar ligada ao meu... Eu é que vou dirigir a Sudene por seis meses, porque ela é que tem que planejar”... Era como o Juscelino... O Celso Furtado não é... Ele tinha audiência, era diretamente ligado à Sudene.

            Aí colocaram Ministro, não sei quê, sub - está entendendo? - para chegar à presidência e nunca chegou. 

            A Sudene hoje... Então, isto é uma certeza de que aquilo vimos na história. Quem não se lembra? O Paulo Duque sabe tudo ou quase tudo. Quem não se lembra quando estava lá uma seca, aí vieram aqui, no Império, D. Pedro II: “Eu venderei o último milhão da minha Coroa, mas não deixarei mais o povo do Nordeste sofrer”. Olha que faz tempo. Não foi essa frase?

            Quem não se lembra do Presidente Médici, militar. Ele chegou lá diante de uma seca, já na nossa década -1960 e tantos... Mas ele foi franco, usou a franqueza de um militar. Ele disse: “ O Governo vai bem, mas o povo ainda vai mal”. Esse negócio de dizer que o PIB o “PIBão”... Eu quero saber é o povo, tem a franqueza. E agora o José Serra reconhece. Para mim foi o ponto alto dele.

            E tenho um irmão que é alucinado, Paulo de Tasso, que só fala em Sudene. Ele gosta mais da Sudene do que da mulher dele. Ele entrou por concurso, então acreditava nisso, porque só fizeram a mídia, não deram o oxigênio, os recursos, não derrubamos o veto, advertimos muitas vezes, Paim. Um dos vetos que gostaríamos,... O primeiro aquele do negócio que mexeram no fator, mas o segundo era... E o Presidente da República, depois de mostrar a sua crença na educação, no ensino técnico - foi no ensino técnico que se formou o Luiz Inácio, o Paulo Paim -, que é necessário, ele diz que vai dar é mais, vai dar bolsa de estudo para a pessoa poder, em um ano e pouco, em oito meses, com esses cursos rápidos, profissionalizantes que ele mostrou, com a experiência de São Paulo, que é a quinta maior cidade do mundo, ter condições... e falou também da Sudene.

            E nós do Nordeste, que ouvimos aquela história de D .Pedro II... Mas agora nasceu uma esperança, que ele disse que eu vou dirigir a Sudene por 6 meses, eu vou para lá por 6 meses; depois vou arrumar uma pessoa qualificada, porque tem que haver um planejamento e investir dinheiro de acordo com o retorno das suas riquezas. E salientava que, no Piauí, os governos são devedores. Era sempre o que eu gritava aqui, Senador Paim.

            O maior investimento de grande vulto: pedi o porto, pedi as ZPEs, e acho - se ele me ouvir - a refinaria em Paulistana, que é equidistante. E o raciocínio dele foi esse. Comungamos por isso. Ele disse: tem que ter um investimento grande. O Ceará teve o Pecem, já está com dois portos; o Maranhão já está com outro porto. O Piauí não teve nada, por isso me afastei, Senador Paim. Tem que ter um investimento, e ele analisa, grande, para virem os capitais privados que acompanham isso.

            Então, foi muito feliz. E, para terminar mesmo, Paim, seguindo você, que não se pode dizer: primeiro, duas coisas bonitas que eu vi. Olha, Senador Paulo Duque, desculpe-me, mas quantos anos V. Exª tem? Desculpe-me por eu perguntar aqui. (Pausa.) Oitenta e três.

            Olha, eu fui a uma festa bonita de Amadeu Matias, em Valença, a terra do Petrônio Portella: ele tem 88 anos, ô, coisa bonita! Com a Adalgisinha dele, com a velhinha, com bons 60 anos de casado, com filho padre, com filho médico, com filho não-sei-o-quê, com netos. E, aí, ele tem um filho padre e eu disse: “Agora, nós vamos ver aqui, vamos ver quem é que discursa melhor.” Aí, botou o padre para falar, eu puxei a Bíblia e eu acho que empatei com o padre na Bíblia lá. Eu terminei: “Você, que é amigo de Deus, está escrito que aqueles que Deus ama, de que Deus gosta, aos bem aventurados dá uma longa vida.” Ô, festa bonita!

            E outra coisa que eu estou vendo aqui: olha aqui um artigo bonito, porque eu gosto de negócio de família. Aliás, só me acusam porque eu gosto da minha família. Eu não sei, é a única acusação que fazem: “A mulher dele é suplente; não-sei-o-quê é o filho dele; o irmão dele é não-sei-o-quê.” Rapaz, eu não sei como é que esse pessoal é contra a família. O próprio Deus, Deus pegou e disse: “Está aí, meu filho, vai lá e ajeita esse mundo, que ninguém ajeitou, e eu já fiz toda tentativa!” Botou Ele numa família. E lá o que me dizem, a acusação é: “Ah, a mulher dele é isso; o irmão dele é não-sei-o-quê; o sobrinho, é só a família; o irmão dele era o Secretário de Fazenda...” Graças a Deus, porque, se fosse outro, eu estaria era preso, porque tem muita gente que quer é roubar, e ele não roubou nada, mas zelou foi pelo meu nome!

            Sim, mas está aqui. Ô, coisa bonita que eu achei: Papai, feliz aniversário! Lavonério Francisco de Lima, humanista. É uma homenagem que ele faz a um médico, primeiro anestesista, é Newton Nunes.

            Então eu quero, em nome do Piauí e da classe médica, abraçar o Newton Nunes, o primeiro anestesista do Piauí, que tem a grande felicidade, o seu filho Lavonério Francisco de Lima.

            Outro dia vi o Paim falando sobre o pai dele, num artigo...

            Então essas são as nossas palavras e agradecemos a Deus ter visitado várias cidades do Piauí e eu me apresento no Piauí como o Paim do Rio Grande do Sul: a cara da luta, da vergonha, eu sou. Lá, você é a cara dos Lanceiros Negros. Os Lanceiros Negros foram os heróis que aguentaram a Guerra dos Farrapos, que antecedeu a liberdade dos negros, antecedeu a República. E eu sou a cara do Piauí de luta, dos tremembés, dos parnaibanos que foram a Campo Maior, numa batalha sangrenta, expulsar os portugueses e garantir a este Brasil, a unidade e a grandeza.

            Então nós estamos fazendo, eu que sou do Partido Cristão, Paim, posso dizer, como o Apóstolo Paulo, estou percorrendo os meus caminhos, que são os caminhos do Piauí, pregando a minha fé, que é no homem e na mulher e na gente do Piauí, e combatendo o bom combate.


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