O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é uma honra e satisfação renovada participar da Sessão em homenagem à Maçonaria Brasileira pelo transcurso do Dia do Maçom. Saúdo o Senador Mozarildo Cavalcanti pela iniciativa de requerer a presente sessão.

            As palavras pronunciadas pelos oradores que me antecederam dessa tribuna do Senado Federal merecem ser repetidas e amplificadas para ressaltar a essência da Maçonaria, que é uma instituição essencialmente iniciática, filosófica, filantrópica, progressista e evolucionista.

            Como já destaquei numa homenagem anterior, a Maçonaria é vista por diversos ângulos em contextos diferenciados. Alguém escreveu e dissertou muito bem que Maçonaria é gentileza em casa, honestidade nos negócios, lealdade no trabalho, cortesia na sociedade, compaixão e inquietação pelos doentes e infelizes, resistência às adversidades, ajuda aos fracos, perdão aos arrependidos, amor ao próximo e, acima de tudo, reverência e amor a Deus.

            Insisto em afirmar que a Maçonaria é tudo isso e muito mais. A Maçonaria é uma filosofia de vida. Os ensinamentos da Maçonaria estão baseados em princípios éticos que são aceitáveis por todos os homens de bem. Entre seus preceitos figuram o entendimento e a caridade para toda a humanidade. Apesar de perseguida muitas vezes por monarcas e ditadores, a Ordem Maçônica tem perseverado e preservado a sua obra.

            A Maçonaria proclama que é composta por homens que estão comprometidos a estender amor fraternal e afeição a todos, em qualquer lugar, sem interferir nas crenças de qualquer homem, sejam religiosas ou leigas, e sem buscar obter vantagens para seus membros, do ponto de vista profissional ou político.

            A Maçonaria é uma ordem universal formada por homens de todas as raças, credos, nacionalidades, acolhidos por iniciação e congregação em lojas e que, por métodos ou meios racionais, auxiliados por símbolos e alegorias, estudam e trabalham para a construção da sociedade humana.

            A Maçonaria é fundada no amor fraternal, na esperança de que com o amor a Deus, à pátria, à família e ao próximo, com tolerância, virtude e sabedoria, com a constante livre investigação da verdade, com o progresso do conhecimento humano, das ciências e das artes, sob a tríade liberdade, igualdade e fraternidade, dentro dos princípios da razão e da justiça, o mundo alcance a felicidade geral e a paz universal.

            Nesse contexto, não podemos perder de vista que o egoísmo é a fonte de todos os vícios, assim como a fraternidade é a fonte de todas as virtudes. A propósito, Santo Agostinho dizia que “quem é bom, é livre, ainda que seja escravo. Quem é mau, é escravo, ainda que livre”.

            Nunca é demasiado repetir alguns postulados proclamados pela Maçonaria, que devem nortear a sociedade, principalmente os governos e os governantes: lutar pelo princípio da eqüidade, dando a cada um o que for justo, de acordo com sua capacidade, suas obras e méritos; defender os direitos e as garantias individuais; considerar o trabalho lícito e digno como dever primordial do homem; exigir tolerância para com toda forma de manifestação de consciência, de religião ou de filosofia, cujos objetivos sejam os de conquistar a verdade, a moral, a paz e a ordem social.

            Os princípios basilares da Maçonaria, quais sejam verdade, tolerância e amor fraternal, têm sido trançados no tecido das sociedades, das culturas e da própria humanidade. Líderes poderosos e benevolentes têm construído seus avanços sociais e políticos sobre as pedras fundamentais das virtudes e filosofia maçônicas.

            No dia consagrado à Maçonaria, à luz das virtudes e da filosofia maçônicas, os governantes deveriam refletir sobre o desvirtuamento das teses, das idéias, dos ideais, dos dogmas e dos postulados historicamente defendidos e muitas vezes ignorados assim que assumem o poder. Refiro-me especialmente àqueles que, embriagados pelo fascínio do poder, são levados a arroubos autoritários. Certamente a Maçonaria será sempre resistência a qualquer tentativa de escalada autoritária, a qualquer manifestação de vocação autoritária por parte dos governantes.

            Para concluir, Sr. Presidente, é imperiosa a restauração ética no exercício da atividade política por parte de todos aqueles investidos de mandato popular . É necessário banir a corrupção e o relacionamento promíscuo que se estabeleceu, em passado recente, entre esferas do poder público e privado, em nosso País. A filosofia maçonica deve nortear essa mudança.

            Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.