Discurso durante a 152ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas ao Governo do Pará pelos altos índices de violência registrados no Estado. (como Líder)

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESTADO DO PARA (PA), GOVERNO ESTADUAL.:
  • Críticas ao Governo do Pará pelos altos índices de violência registrados no Estado. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 01/09/2010 - Página 43767
Assunto
Outros > ESTADO DO PARA (PA), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • REITERAÇÃO, CRITICA, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DO PARA (PA), OMISSÃO, SUPERIORIDADE, VIOLENCIA, ESPECIFICAÇÃO, CAPITAL DE ESTADO, COMENTARIO, LEVANTAMENTO, IMPRENSA, REPUDIO, AUMENTO, NUMERO, HOMICIDIO, ACUSAÇÃO, INCOMPETENCIA, GOVERNADOR, DIVERSIDADE, IRREGULARIDADE, GESTÃO, AUSENCIA, LICITAÇÃO, ALUGUEL, VEICULO AUTOMOTOR, UTILIZAÇÃO, POLICIA, INSUFICIENCIA, POLICIAL, HABILITAÇÃO, MOTORISTA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA. Pela Liderança da Minoria. Sem revisão do orador.) - Srª Presidenta, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, venho a esta tribuna, nesta tarde de terça-feira, mais uma vez, para defender os interesses da minha terra, do meu querido Estado do Pará. Tenho certeza de que já o fiz por muitas vezes. Aqui já estive, principalmente para abordar o assunto de que vou tratar hoje, durante três anos. Há três anos seguidos este Senador fala do assunto que abordará hoje desta tribuna, sem nossa Governadora tomar qualquer providência para evitar.

            Paraenses, homens e mulheres tombam a cada dia, assassinados a bala ou a faca. Batemos o recorde na história daquele Estado. Fomos classificados, recentemente, pela imprensa brasileira, como o Estado mais violento do Brasil. Perdíamos apenas para o Rio de Janeiro. Todavia, se compararmos a população do Pará com a do Rio, disparadamente o Pará é o Estado mais violento desta Nação. Arriscaria eu dizer, brasileiros e brasileiras, que Belém, a capital do Estado, é a cidade mais violenta do mundo, sem aqui estar exagerando em nada.

            Tenho dados, Srª Presidenta, que comprovam isso. Um Pará que crescia; um Pará que era o sexto Estado exportador desta Nação; um Estado rico; um Estado de paraenses ordeiros, trabalhadores; o Estado da Santa milagrosa Nossa Senhora de Nazaré vive, hoje, à mercê de bandidos, nas mãos de bandidos, sem que as autoridades façam nada, absolutamente nada. Não tomam nenhuma providência! E pior, Srª Presidenta: a violência chegou às escolas; a violência entrou nas escolas. Nossos jovens não têm mais condições de permanecer nas escolas, na grande cidade de Belém.

            Vi, há poucos dias - e vou mostrá-las ao Brasil, por intermédio da TV Senado -, cenas... Meu nobre Senador Cristovam, V. Exª que, neste Senado, tanto luta pela nossa educação, vai ficar estarrecido, Senador! V. Exª vai ficar indignado, Senador, como este Senador fica ao ver, a cada dia, a violência atingir, inclusive, a educação do meu Estado.

            A educação já ia se arrastando, como mostrei aqui, Senador. Nos bebedouros das escolas do Estado do Pará, a Governadora mandava colocar umas panelas. É verdade, Brasil! Não falo aqui desta tribuna e nunca falarei sem provas e sem documentos. Aliás, nosso Regimento é muito claro: Senador que mentir aqui terá seus direitos burlados. As panelas amassadas, com canecos de alumínio dentro, serviam de bebedouros. Cada aluno ia ali, bebia no caneco e jogava o caneco lá dentro para o outro beber depois.

            E agora? E agora, TV Senado? Se a TV Senado pudesse registrar, se a TV Senado pudesse mostrar! Vejam as manchetes dos jornais da capital.

            Será que em algum Estado deste País os jornais estampam tanta violência dentro das escolas?! Como se não bastasse, a morte de quatro paraenses por dia na grande capital. Aulas de violência.

            Essa é a segunda ou a terceira vez, paraenses, que mostro aqui, por meio da TV Senado, ao Brasil e ao Pará a violência dentro das escolas.

            Essa menina que está aqui foi esfaqueada sete vezes! Essa menina que está aqui foi esfaqueada sete vezes dentro de uma sala de aula! Essa outra foi espancada violentamente.

            Ô Pará, como sofres neste momento, Pará!

            Vou mostrar mais; vou mostrar mais ao Brasil. Belém teve 35 mortes por latrocínio em três meses. Vou mostrar mais violência.

            Essa aqui é estarrecedora! Essa aqui mostra o quanto os paraenses estão dominados pelos ladrões, estão dominados pelos bandidos, sem que se tome nenhuma providência, minha Presidenta!

            Doze, Presidenta! Doze são executados em 48 horas. A média subiu. Comecei falando aqui em dois por dia; passou para três, passou para cinco, está em seis agora. São seis pessoas que morrem por dia, assassinados a bala, só na capital do Estado do Pará. E a Governadora, Presidenta, quando falo isso, manda me perseguir. Ela tenta me intimidar, ela tenta calar minha voz. Mal ela sabe que esta voz jamais se vai calar. E não adianta dizer que é perseguição política, porque não sou candidato absolutamente a nada, nem sei se serei mais candidato na minha vida.

            Eu falo e falo, Presidenta, pelos paraenses! Falo por sete milhões de paraenses que queriam estar aqui, neste Senado; que queriam estar aqui, nesta tribuna, falando e denunciando, mostrando que não se consegue mais andar nas ruas do Estado do Pará.

            Quem é que ousa andar nas ruas do Estado do Pará depois das dez horas da noite? Tirou-se aquilo de mais precioso que se dá a um cidadão brasileiro, que está na Constituição Federal, que está na Carta Magna, que é o direito de ir e vir das pessoas. Tiraram os direitos dos paraenses, não só o direito à saúde, que não se tem, o direito à educação, que não se tem, mas até um dos principais direitos que a Constituição estabelece, paraense, que é o direito de andar, de ir e vir. Tiraram! Não se pode mais andar no Pará depois das dez da noite!

            Aí, a Governadora tenta intimidar este Senador. Governadora Ana Júlia Carepa, eu vim aqui, Governadora, eu fui eleito por 1,5 milhão de votos no meu Estado, eu vim aqui exatamente para defender o povo desse Estado. Eu vou fazer isso até o último dia do meu mandato, Governadora! Eu espero em Deus, Governadora, que V. Exª não volte a governar esse Estado. Seria para mim, seria para o Estado do Pará, seria para o Estado que eu amo e de que eu gosto o maior desastre da história, seria a falência do meu Estado, por sua incompetência, Governadora, por sua incompetência! Eu não tenho dúvida: V. Exª foi eleita a pior Governadora de todos os tempos no Estado do Pará!

            E, como não bastasse, Presidenta, a Governadora, próximo às eleições, candidata à reeleição... Primeiro, o cinismo... Primeiro, o cinismo e a coragem de ter enganado todos os paraenses e ainda se candidatar. Isto é a primeira coisa a que se tem de atentar: é ao cinismo dessa senhora, que ainda tem a coragem de se candidatar ao governo, para mostrar, para tentar enganar o povo. Ela quis fazer uma ação de impacto para melhorar ou para tentar melhorar a segurança, agora, em cima da campanha, como se isso viesse a segurar os bandidos, para que eles poupassem a vida dos meus irmãos paraenses.

            Contratou, fora do Estado, sem licitação, 450 veículos! E olha a grande façanha dessa mulher irresponsável, olha a grande façanha dessa mulher incompetente, meu Senador querido: sem licitação! A Delta, uma empresa de engenharia, foi contratada para locar 450 carros para a polícia do Estado do Pará, sem licitação. A Assembleia pulou, a Assembleia paraense gritou, a Assembleia paraense, a Assembleia Legislativa, imediatamente, abriu ou está abrindo uma CPI.

            Mas a Governadora é incompetente, minha Presidenta. Sabe o que ela fez? Recebeu os 450 carros, mesmo de forma irregular. E sabe o que aconteceu, Presidenta? Os carros não têm motorista! Os carros estão parados porque não há quem os dirija! Os jornais, então, dizem... Isso parece história; isso não parece real, Senador Valter! Isso parece brincadeira, Senador Valter! Apesar de ter contratado irregularmente os veículos, ela não conseguiu colocar os veículos para funcionar. A PM não tem quem dirija 450 carros alugados. “Falta de planejamento faz a PM caçar soldados com habilitação de trânsito, mesmo sem especialização”. É uma falta de capacidade muito grande, minha Presidenta! Isso é o que vivemos no Estado do Pará hoje.

            Aliás, Presidenta, já estão dizendo, no Pará, que a nossa Governadora é chamada de abelha. Eu fui outro dia aqui... Tenho certeza absoluta de que as mulheres do meu Estado estão decepcionadas com essa senhora. Não tenho dúvida de que a maioria das senhoras mulheres e jovens mulheres votaram nessa senhora, e hoje estão arrependidas.

            E aí, minha Presidenta, hoje a população, por onde passo, pergunta-me: “Onde está a Governadora abelha?” E por que Governadora abelha? Eu não pergunto o porquê de governadora abelha. Para mim, é porque a abelha é bonitinha, e a Governadora também é bonitinha. Para mim é isso. Mas, mesmo não perguntando, passou um rapaz perto de mim ontem e disse assim: “Você já viu como está a saúde, a educação, a segurança no nosso Estado? O que faz essa Governadora? Será que ela não trabalha?” Olhou para mim e disse: “É, Senador Mário Couto, é verdade mesmo: essa senhora é uma Governadora abelha!” Eu quis segurar, mais uma vez, a minha curiosidade, mas não segurei, infelizmente não segurei. Se eu tivesse segurado, eu não diria aqui hoje, neste microfone, o que vou ter de dizer. Governadora abelha: quando não está voando, está fazendo cera; e, enquanto está fazendo cera, está bebendo o “mé”!

            É assim que os paraenses, hoje, estão classificando a Governadora do Estado do Pará.

            Muito obrigado, minha Presidenta.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/09/2010 - Página 43767