Discurso durante a 181ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas à proposta de recriação da CPMF.

Autor
Mão Santa (PSC - Partido Social Cristão/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
TRIBUTOS.:
  • Críticas à proposta de recriação da CPMF.
Aparteantes
José Bezerra.
Publicação
Publicação no DSF de 12/11/2010 - Página 50276
Assunto
Outros > TRIBUTOS.
Indexação
  • CRITICA, PROPOSTA, RETORNO, COBRANÇA, CONTRIBUIÇÃO PROVISORIA SOBRE A MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA (CPMF), POSIÇÃO, GOVERNADOR, ESTADOS, DESRESPEITO, CIDADÃO, COMENTARIO, FAVORECIMENTO, GOVERNO FEDERAL, ATENDIMENTO, INTERESSE, BANQUEIRO, PROTESTO, CORRUPÇÃO, UTILIZAÇÃO, FUNDOS PUBLICOS, ARRECADAÇÃO, IMPOSTOS, INEFICACIA, GESTÃO, SAUDE PUBLICA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Presidente Leomar Quintanilha, brasileiras e brasileiros que nos assistem pelo sistema de comunicação do Senado e Parlamentares na Casa, esse negócio de voltar com a CPMF a gente tem que ver, tem que buscar a Bíblia para o povo entender.

            Atentai bem, Senador José Bezerra, esse negócio de imposto não é bom mesmo não, ninguém gosta, ninguém sabe. É até bíblico. Todo o mundo sabe da história de Cristo e da população tentando colocá-lo em dificuldade diante dos governantes e indagaram ele sobre o imposto, se era justo. César está tributando. Então Cristo disse: “O que é que tem nessa moeda aí? O que está cunhado aí? É César? Então dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”.

            E se saiu aí... porque é imposto para defender um negócio complicado.

            Mas, já que nós estamos em Cristo, eu queria ensinar a Luiz Inácio, e que ele não contamine a Dilma, que não tem nada a ver com isso. É outro Governo. Rei morto, rei posto. Ele tem que se acostumar a isso. Eu não votei nela, eu acreditava no José Serra.

            Mas apesar de afirmar que foi, José Bezerra, a eleição de maior corrupção na história deste País, o Getúlio adentrou no Governo, Leomar Quintanilha, porque disse que, na época, foi uma eleição cheia de corrupção. Washington Luiz quis eleger o seu paulista - não é? - Júlio Prestes, que era ex-Governador de São Paulo. Foi uma corrupção grande, e o Getúlio saiu, e tomou mesmo o Governo e fez... Mas eu quero dizer, José Bezerra, que eu sei História. E sei... Essa corrupção que está no Brasil é um descalabro. Mas está aí Ulysses Guimarães, que está encantado no fundo do mar. Ele disse que a “corrupção é o que corrói a democracia”.

            Mas estamos envolvidos todos na corrupção, mas “temos que ser otimista”, como disse Juscelino. Temos que esperar aperfeiçoar. Não vou dizer... De qualquer jeito, ela ganhou as eleições.

            E começou-se na mentira. O Presidente, instruído por alguém, adotou a filosofia do Hitler, do seu chefe de comunicação Goebbels, que dizia “uma mentira repetida se torna uma verdade”. Mentir, mentir que acabam... Esse negócio que ele tem... O Hitler dizia isso, e tinha 98%. A rádio ela dele, só tinha uma imprensa, ele dizia e estava aí. E deu no que deu.

            Agora, mentira tem pernas curtas. Está aí o resultado eleitoral. Um quadro vale por dez mil palavras. Até baixou a mídia. Ela é paga pelo dinheiro. Quem ganha dinheiro hoje no Brasil são os banqueiros. Nunca antes, V. Exª que foi bancário... Nunca na história do mundo os banqueiros ganharam tanto!

            Eu vi o Primeiro-Ministro da Inglaterra cair porque ajudou os bancos que estavam falidos. O pobre do Barack Obama está enlouquecido porque tentou ajudar os banqueiros. Eu estava na Espanha com Adalgisa e, quando eu vi, foi o Santander de lá falindo, fechando agência, dando prejuízo. Aqui tem um Santander pinoteando de lucro. Todos os bancos têm lucros. Dão os pulos deles. Agora mesmo nós vimos um banco aí...

            Os banqueiros estão aí. Nunca se ganhou tanto. Que o Luiz Inácio fez ajuda social fez. Ninguém vai dizer... Mas eu acho que a justiça social é mais importante que a ajuda social. Eu sei as coisas, eu entendo as coisas.

            Está vendo José Bezerra? Ele fez ajuda social, uma caridade; ninguém é contra.

            Mas foi a mãe mesmo dos banqueiros. Pode ter ajudado os pobres, principalmente os do Nordeste - não vou dizer o contrário -, com uma ajuda social. Mas ele foi mãe mesmo, e boa, dos banqueiros. Os banqueiros é que pagam a imprensa, a mídia, que vem e diz que ele tem 90%. O resultado está aí. Um quadro vale por dez mil palavras. Primeiro: 30 milhões de brasileiros deixaram de ir às urnas. Isso é grave! Ou anularam, ou não foram, ou não votaram. Isso é grave, porque não acreditam em política, na democracia, em nada. Isso é um fato a meditar. Nunca antes - ele viu o galo cantar e repetiu “nunca dantes” de Camões -, houve um absurdo de descrença. Um terço dos brasileiros ou não foi às urnas, ou votou erradamente, ou impugnou, ou houve abstenção. Isso é grave e mostra a descrença, viu Leomar?

            Além disso, dos que votaram mesmo, 44% disseram que não estavam de acordo com ele, com a candidata dele. Ele assumiu a candidatura. São 44%. A outra teve 56%. Que ele é majoritário, é. Ele é o Presidente da República. Até eu votei nele na primeira eleição, mas, depois,... Ele é majoritário? É. Tem mais voto do que eu. Hoje, ele tem. Amanhã, acho que não vai ter, porque vou ter mais do que ele. Entendeu, José Bezerra? Política é assim mesmo. E a gente vê.

            Há esse negócio de ele colocar a mocinha que ele escolheu. Só em ser mulher já tem um bocado de virtudes.

            As mulheres são melhores do que os homens. A Bíblia nos ensina. Na crucifixão de Cristo, todos os homens falharam: Anás, Caifás, políticos, Pilatos. Está ouvindo, Leomar Quintanilha? Pilatos, bom governante: “Tenho de servir a Herodes - o Lula do dia - e vou ficar.” E a mulherzinha dele: “Não faça isso. O homem era bom.” “Que nada, tenho de servir ao presidente de plantão.” Então, foram todos. O que é dos companheiros de Cristo? Todos os homens falharam, aqueles que tomavam vinho com ele, que banqueteavam e discursavam. Todos. Todos. Todos. Anás, Caifás, Pedro, o forte. Homem é assim, Bezerra. As mulheres, não. A de Pilatos, Verônica, que enxugou o rosto de Cristo, as três Marias chorando lá na hora da crucifixão. No túmulo, só mulheres foram visitá-lo. Homem nenhum foi. Nem aqueles leprosos que ele curou, os aleijados e os cegos. Ninguém foi, mas as mulheres foram. Por isso, acreditamos. “Não, ele não está mais aqui.”

            Valdeque, foi bom. Quem deu o túmulo a ele foi um Senador, José de Arimateia. Ouviu, Leomar Quintanilha? Esse Senador de sensibilidade foi quem deu o túmulo. E os outros? Ninguém, nem os amigos. Foi esse Senador lá: “Tenho um túmulo. Bote o homem bom.” E estamos aqui, mas quero dizer o seguinte: Cristo ressuscitou.

            Agora, ressuscitar uma porcaria, Valdeque? Um imposto imoral, indecente, nojento, sem sentido, que criou aloprado, que desviou, que fez os caminhos da corrupção. Ressuscitar um negócio desse, Luiz Inácio? Só quem ressuscitou foi Cristo: “Sou a verdade, o caminho e a vida.” Um imposto desse é nojento.

            José Bezerra, eu, como Senador, busquei e pesquisei que este País tem 76 impostos e os li aqui - a maioria criada ou aumentada pelo PT. São 76! Li aqui num pronunciamento. Podem ver nos Anais. A Globo, depois, na semana... E eu disse: “Eu fui o primeiro! Eu, o Senador!” Valdeque, o brasileiro pagava cinco meses durante todo o ano para o Governo. O primeiro que disse isso fui eu. A Globo tem tudo, é poderosa, fez a reportagem bonita e disse: “O brasileiro paga 150 dias” -eu disse cinco meses - para não copiar. Fui eu aqui o primeiro que dissequei, busquei na economia as taxas e mostrei que este Governo estava errado, pior do que o do Presidente... Esse negócio de atacar Collor é ignorância. Collor obedecia à Constituição. A ignorância é audaciosa. Está lá na Constituição, e eu sei.

            Leomar Quintanilha, atentai bem! Há a divisão das riquezas. Aqueles homens não eram imbecis, não. Eram 513 Deputados: Ulysses, Fernando Henrique Cardoso, Afonso Arinos. Você era Constituinte? (Pausa.) Mas viu.

            E aí Pedro Simon. Então, eles dividiram a riqueza. Está lá: 22,5% para os municípios brasileiros; 21,5% para os governos e o Distrito Federal; 3% para os fundos constitucionais. José Bezerra, sobram 53%, que é muito, e era a parte, a fatia do Governo Federal - 53%. Foram garfando, garfando. Quem mais garfou foi o Luiz Inácio em oito anos. Um apetite voraz, criando taxas. Os prefeitinhos andam aí feito esmoleres. Há dois dias andavam aqui. De 22,5%, eles estão ganhando 14%.

            Então, o que é essa má distribuição! CPMF eu sei e ninguém sabe mais do que eu, Bezerra, eu aqui. Vou lhe contar o porquê.

            Essa tribuna, antes de ser Senador, eu a usei. Fui convidado, José Bezerra, como Governador do Estado do Piauí, para me manifestar aqui neste salão. Ali estão os aloprados que o Luiz Inácio disse. E aumentaram. Eu fui Governador do Estado do Piauí... José Alencar contribuiu muito, foi sensível, por isso ele é Vice-Presidente. E falava-se já - estou completando oito anos de Senado - sobre a Emenda 29. Nada mais belo. Esta Casa foi soberana. E aí João Calmon, Pedro Calmon, Darcy Ribeiro fizeram que nós fixássemos um teto para a educação: 25%. O prefeito que não gasta 25% em educação está morto, está cassado, está preso, é federal.

            Então, a saúde é uma necessidade muito importante. Aliás, sem saúde não tem educação, o sujeito vai morrer logo. Não é verdade, José? Então, nada mais justo do que se ter fixado isso. E fixaram aí, fizeram essa Medida 29. E eu vim aqui, com a verdade. “Eu sou a verdade, o caminho e a vida”. Eu falo como Cristo: de verdade em verdade, vos digo. Aqui, aqui. Aí pediram a minha opinião, e eu digo a verdade. Eu, governador do Estado do Piauí, eu só gastava 8%, e disse, e dei o aconselhamento. Este não é um País sério, esta Câmara continua de aloprados e está aumentando. Eu disse: “Olhe, está tudo certo. A Medida 29 é que regula isso, os prefeitos têm que entrar com 15%, e, se eles não botam, cassam o prefeito, e o pau só quebra no mais fraco. Os governadores de Estado têm que gastar 12%”. Não é muito não, José Bezerra, é menos da metade da educação. Não tem governo sério que gaste 30% na educação. Aí eu disse: “Olhe, eu gasto 8%. Isso deve ser feito, mas não deve ser de chofre, porque há outros compromissos”.

            Naquele tempo também, porque isso era uma zorra, ninguém sabia a quem dividir as coisas. O maior estadista deste País, eu nunca votei nele, é Fernando Henrique Cardoso. Quem fala dele é com inveja. Ninguém sabia o que era... Isso era uma zorra, isso era uma molecagem, isso era uma sem-vergonhice. Eu estou falando porque eu era prefeito. O prefeito perdia a eleição, José Bezerra, corria lá num banco e tinha uma ARO. Sabe o que é ARO? É Antecipação de Receita Orçamentária. O sujeito perdia a eleição, aí ia lá no banco. No Ceará, tinha um BIC. O sujeito perdia a eleição, ia lá e tirava logo cinco milhões, dez milhões, e deixava aí. Como é que podia dar certo um negócio desses? Isso era uma sem-vergonhice.

            Então, todo mundo tirava, todo mundo devia. Todo município. Hoje, Valdeque, tem 5.560. Você já pensou? ARO. Não precisava não, você assina aqui que compromete a receita: Antecipação de Receita Orçamentária. Era o nome da desgraça.

            Fernando Henrique acabou com isso. É muita coragem. É um estadista. E aí foi saber o que se devia e tivemos que pagar. Eu não gostei não, que pagar não é bom não, não vou dizer que é bom. Mas eu passei sacrifício, governo difícil, mas era necessário. A Lei de Responsabilidade Fiscal. Isso era uma zorra! Isso era uma zorra, uma zorra! Eu era prefeito, governei o Estado. Ô meu amigo. A lei de antecipação. Ninguém sabia. Aí esse Malan, um herói, somava, noves fora, não sei o quê, entra, e tal.

            Eu sei que ele me chama lá para assinar, e eu tinha que pagar 13% da receita. Mas antes tinha saído o de São Paulo, 11. Eu digo: “Eu não assino, não assino, não assino, não assino”. “Não, mas está devendo mais.” Eu digo: “Mas isso vocês só sabem de dinheiro, de economia, isso é coisa do cão, tem que ter amor. Isso aqui o Governo Federal tem que ser um pai afamiliado. Como é que o Piauí vai pagar 13%, e São Paulo, 11% da receita? É ou não? Não é. Vocês são ou não?”

            A minha mãe, ao filho que estava doente ela dava gemadinha. Eu mesmo tive. Quando entrei na faculdade de Medicina, apareceram umas manchas. Está tuberculoso, está não-sei-quê, e a minha mãe não deixou mais jogar futebol, não podia sair de noite.

            Eu disse: “Tenha mais carinho. Como é que, com o Piauí lascado, nós vamos pagar 13%? E não assinei. Veio o Pedro Malan, veio o Pedro Parente, que é filho de um piauiense. O cara lá se zangou, o técnico, e nós acabamos assinando 11%. Mas tinha de pagar. E era um governo sério.

            Ô José, não eram esses aloprados, não. Deus me livre de ganhar com esses aloprados, com esses irresponsáveis, com esses ridículos. Eu sei a história, eu sou a história, eu faço a história.

            José Bezerra, você sabe, eu vi o de Alagoas, Divaldo Suruagy, o que ganhou melhor, competente e decente, naufragar. Eu disse: “O próximo sou eu, do Piauí.” O lá-lá-lá, Divaldo Suruagy, de Alagoas, se afundou. Eu disse: “Virgem Maria! Agora sou eu que vou afundar e naufragar”, Valdeque. O governador anterior tinha deixado sete meses de atrasado - um rolo doido! -, quarenta mil causas trabalhistas. Eu disse: “Eu vou morrer afogado aqui.” E, às vezes, não dava, José Bezerra, não dava para pagar. Eu ia lá no Secretário de Fazenda, Pedro Parente e Murilo Portugal e Malan. Ô homem sério! Eu nunca mais os vi. Estou dizendo... Pedro Malan merece uma estátua, Pedro Parente e Murilo Portugal. Eles chegavam: “Doutor.” Eu dizia:“Estão aqui as contas. Não dá para pagar. Tem as professoras, tem as dívidas.” Aí sabem o que ele fazia? Ô governo sério.

            Luiz Inácio, seu governo não é sério, seu governo é ridículo, é de aloprados, é de roubalheira, é de concussão, é de sem-vergonhice. Eu vi isso, sou testemunha. Não votei nessa gente, não. Nunca votei em Fernando Henrique Cardoso. O senhor é do PMDB, e eu era daquele MDB que tinha moral. Votei no Quércia, e está aí ele, doidinho por mim. Aí ele não foi para o 2º turno, me deu a estrutura, e eu me tornei governador. E, no outro, o PMDB não teve candidato, votei no Ciro, porque ele era de Sobral, e eu sou de Parnaíba, e é vizinho ali, votei. Quer dizer, não votei em Fernando Henrique Cardoso, mas é um grande estadista. Quem sabe sou eu. Não sabem nada, eu é que sei, eu que faço história e eu que sou Senador da República hoje. Amanhã, Deus saberá.

            E aí não dava para pagar. Eu ia lá... Sabe o que ele pegava? Pedro Malan, Pedro Parente. “Quanto é que dá?” Aí ele pegava a canetinha, José Bezerra: “Está certo, Mão Santa. O Piauí não paga agora em novembro, tem o 13º mesmo em dezembro, mas, em fevereiro, você vai me pagar isso”. Jogava para adiante. Eu dizia: “Rapaz, pensei, e você só me deu uma Novalgina aqui para eu não morrer, ter uma convulsão, uma febre”. Nunca dispensou! Ô governo sério!

            Estão fazendo história, isso é molecagem. Estão todos devendo a todo mundo, está uma zorra.

            O Piauí, eu tenho é pena do governador, de todo mundo. Foi a maior corrupção que existiu na história. Todo mundo sabe, o governo sabe, isso não tem moral. Eu prefiro ter perdido com o candidato que perdeu.

            E era assim. E aí se foi. Quem equilibrou isso? Quem deu essa estabilidade? A moeda? Era uma molecagem, era uma zorra. Eu fui Prefeitinho. A moeda, ela pode fazer a folha de pagamento aqui, Bezerra. Eu passava a noite e todo mês tinha aumento, porque era 80% ao mês, 90% ao mês, 70%. Era o monstro da inflação. Quem acabou isso? Vocês estão esquecidos? Esses bichinhos do PSDB são fracos. Graças a Deus, não estou nesse partido, porque o melhor mesmo é o Fernando Henrique Cardoso. Eles têm que dizer como São João disse: não, eu não dou nem para amarrar a sandália. Nenhum deles. Quem fez isso, quem teve a coragem, quem teve a visão foi o Fernando Henrique. Eles deviam dizer como São João. Eu não. Eu não tenho nem condição de amarrar a sandália daqueles. É. Daí a fraqueza. Isso aqui era uma zorra. Este País era uma zorra. Foi o Fernando. E eu não sou do partido deles, não votei neles. Estou fazendo história. Saí. Bezerra.

            O Sr. José Bezerra (DEM - RN) - Senador, V. Exª me concede um aparte, por favor?

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Pois não. V. Exª vai enriquecer este pronunciamento, porque eu quero contar a história e estou contando a história de CPMF.

            O Sr. José Bezerra (DEM - RN) - Senador Mão Santa, nós sabemos o que ocorreu com o Nordeste nesta recente eleição. E esta Casa - e o Piauí também - vai sentir muita falta de V. Exª, por um período curto - creio eu -, pelos próximos quatro anos, pelo menos, porque V. Exª aqui, nestes oito anos, como Senador, além de ter cumprido sua missão de Senador, V. Exª combateu o bom combate, como V. Exª gosta de dizer. Combateu de maneira sincera, num linguajar correto, que o povo entende, apesar de o senhor ser um homem de uma cultura exacerbada, e a população do Piauí, a população brasileira, com certeza, sentirá muita falta disso. Durante esses dois dias, o meu gabinete recebeu a presença de cerca de mais de 60 dos 167 Prefeitos que tem o nosso Estado, todos aqui mendigando, como V. Exª estava dizendo, atrás de recursos. O Governo do Sr. Presidente Lula pouco ou nada está ligando para esses Prefeitos e para o Nordeste brasileiro. Não houve sequer um programa para tentar ajudar a tirar o Nordeste da miséria. Não houve um programa governamental de infraestrutura, um programa governamental de industrialização, um programa governamental de dinamizar as potencialidades naturais que a nossa região tem. Ele acha hoje que detém o monopólio do Nordeste por conta do Bolsa Família, uma esmola que é dada ao nosso povo. Lamentavelmente, no meu Estado, um Estado com 2,8 milhões de habitantes, 321 mil famílias recebem Bolsa Família, o que equivale, praticamente, a metade da população do Rio Grande do Norte. Para você ver como esse Governo castigou o meu Estado, mesmo assim conseguimos fazer o grande Líder José Agripino voltar para esta Casa e conseguimos fazer a Senadora Rosalba Ciarlini Governadora do Estado. Isto para você ver como o Rio Grande do Norte foi castigado. E veja só que, para manter esse núcleo duro do poder, isentou de IPI as indústrias automobilísticas e as indústrias de metalurgia, da linha branca, da Grande São Paulo, fazendo benesses com o dinheiro alheio, um dinheiro que faz parte dessas prefeituras. Quebrou as prefeituras nordestinas, porque a maioria dessas prefeituras que vivem da arrecadação do FPM está em situação falimentar. E nada foi feito, nada foi cumprido até agora para fazer uma compensação dessa retirada do IPI. Enquanto isso, o emprego e a atividade econômica na Grande São Paulo foram mantidos, em detrimento da falência da maioria dos Municípios do Nordeste que vivem do Fundo de Participação dos Municípios. Essa é a situação, que é falimentar, desses Municípios, e não entendi por que não houve um movimento, durante a eleição, para ir de encontro a essas autoridades, à situação falimentar em que se encontra os Municípios, para poder mostrar à Nação a realidade do que esse Governo do PT está fazendo com os Municípios nordestinos. Meus parabéns, Mão Santa. Vamos, se Deus quiser, daqui a quatro anos, revê-lo aqui nesta Casa para o bem e a felicidade do grande Estado do Piauí e do nosso Nordeste brasileiro.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Eu peço para incluir todas as palavras do líder Senador José Bezerra. E quero dizer o seguinte: houve erros - o resultado está aí -, mas vamos ter acertos.

            Realmente, eu sou um dos que fizeram uma reflexão. Evidentemente, eu não esperava isso, mas o número de bolsas família no Piauí, no Ceará e no Maranhão ainda é maior.

            Mas ponderou-se aqui, então, que, para haver esse equilíbrio, o Vice seria do Nordeste.

            O Mozarildo Cavalcanti era um do PTB que indicava o meu nome. Mas tive o cuidado de ver quem seria o melhor nome do Nordeste. O melhor era José Agripino. Eu tive um diálogo com ele bem aí. “José Agripino, você, que está bem...” Até o meu Partido, o Partido Social Cristão, estava com José Serra. Chegou aí. E começaram a fazer pesquisas. O meu nome saiu muito forte. Isso porque o nosso Mozarildo levantou a bandeira, assim como o Jayme Campos e outros. Meu nome saiu muito forte. Nas pesquisas eu estava. Mas eu tive com o José Agripino. Aí, sabe o que o José Agripino disse, bem aí? “Mão Santa, continue. Eu acho que é você. Não posso sair porque o Rio Grande do Norte, se eu sair, degringola a chapa. E não quero de jeito nenhum. Não vou por essa situação”.

            Mas são águas passadas. O que temos que dizer é a verdade para o Luiz Inácio. Primeiro, Mozarildo, este Brasil está aí por nós.

            O salário mínimo... Todo mundo sabe que sempre pedimos mais. Todo mundo sabe que, no primeiro ano do nosso mandato, colocamos R$10,00 a mais. Ele vetou. Era US$70.00. O Paulo Paim à frente e nós todos aqui. Aí ele foi subindo. Isso é que deu o mercado interno. O trabalhador ganhou mais. Essa foi a grande obra do Governo Luiz Inácio, feita por influência nossa.

            O Rui Barbosa já dizia que a valorização tem que ser do trabalho e do trabalhador, porque ele vem antes, ele é que faz a riqueza. Então, nós valorizamos o trabalho e o trabalhador.

            O trabalhador ganhou mais, de US$70.00 para US$300.00, sei lá! Então, ele consumiu mais, pagou mais imposto, o dinheiro circulou e a indústria funcionou.

            E mais! Aprenda Luiz Inácio!.Mas foi muita besteira, foram oito anos!

            Leomar, olhe para cá! Eu sou preparado. Eu digo isso não é com soberba, mas com gratidão aos meus pais, pelos meus professores, por onde passei. O Piauí e o Brasil sabem.

            Então, foi o mercado interno... No momento em que enterramos esse imposto nojento, retiramos aquele dinheiro dos aloprados, dos governos, das mordomias, da irresponsabilidade, da farra, da corrupção, para ficar com cada um que emitia um cheque. Ficou em minhas mãos, nas suas, nas mãos de quem trabalha! Então, esse dinheiro nós tiramos dos aloprados do Ali Babá e entregamos para o povo. Ficou nas mãos santas, honradas, do homem e da mulher, da família. Foi esse dinheiro que garantiu o mercado interno, um maior poder de compra. É essa a diferença.

            Isso aqui, com todo respeito aos Governadores que venceram, atentai bem! Malandros! Malandros! Malandros! Eu os conheço! Ganhar eleição não significa bom futuro, não.

            Malandros! Malandros! Malandros! Canalhas!

            Vocês me mostrem um desses candidatos a Governador que falou, nas suas proposições, nas suas propostas, na sua campanha, que ia ressuscitar a nojenta, a fedorenta, a imoral, a corrupta CPMF!

            Vagabundos! Agora, depois de ganhar...

            Eu sou o povo, eu represento o povo. Vai terminar o meu mandato, eu sou povo. Mas o povo do Brasil que eu vou ser no dia 2 de fevereiro é o povo de vergonha, o povo de dignidade, o povo de coragem, aquele povo que foi às ruas e gritou por liberdade, igualdade e fraternidade, afrontando os reis, o absolutismo. Esse povo eu vou ser no dia 2 de fevereiro.

            Mas não vai... Malandros! Vagabundos! Canalhas! Como é que vocês vão enganar o povo? Ganharam o governo...

            Mostrem-me um desses! Eu os conheço todos.

            Tenham vergonha!

            Qual foi o que falou que ia botar imposto, que ia aumentar a carga tributária?

            Ganharam e agora dão no povo?

            O SR. PRESIDENTE (Leomar Quintanilha. PMDB - TO) - Senador Mão Santa.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Diga.

            O SR. PRESIDENTE (Leomar Quintanilha. PMDB - TO) - Permita-me interromper o pronunciamento de V. Exª para prorrogar esta sessão por mais vinte minutos, para que V.Exª possa concluir o seu pronunciamento.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Eu fiquei até satisfeito porque você não defendeu.

            Mas, rapaz, onde é que está esse negócio de democracia? Tem que ter coerência, tem que ter verdade, tem que ter proposta...

            Bezerra, me mostre um desses...

            E agora estão se juntando, estão se associando para ir à Presidência para votar um imposto desses, que está se sabendo. Que negocio é esse? Estão pensando o quê? É diferente. Eu sou do time de Rui Barbosa, que perdeu eleições; eu sou do time de Joaquim Nabuco, que defendeu os escravos aqui e que perdeu as eleições para o poder, para os poderosos; de Gilberto Freire, que mostrou as riquezas e os desníveis sociais; de Paulo Brossard. Mas sou povo. Agora povo, povo de coragem, povo de vergonha, povo de dignidade, povo que tem coragem de afrontar esses governadorezinhos. Olha, Mozarildo, mas agora ganharam, se juntaram. Qual desses vigaristas teve coragem de, na campanha, dizer que ia aumentar imposto? Então, estão enganando o povo. Que negócio é esse? A democracia é um governo do povo, pelo povo, para o povo. Entraram numa plutocracia, compraram os eleitores. Isso não é democracia, não. Nós vamos continuar a fazer com que a democracia fortaleza se engrandeça. Não abdiquei da política, que é abdicar da luta. E abdicar da luta é abdicar da vida.

            Atentai bem! Aqui temos ensinamentos. Esse negócio de perder... A gente não pode perder a vergonha e a dignidade, como perderam agora os governadores que ganharam e todos eles que falam em ressuscitar... Nós somos como Rui Barbosa, como Paulo Brossard, como Joaquim Nabuco. Isso não quer dizer nosso fim, não. E vamos sempre, está ouvindo, Mozarildo? No dia... Mas o povo na rua, o povo, aquele povo que eu vi gritando liberdade, igualdade, fraternidade...

            Então, essa reflexão... Tenham vergonha. Não é assim que se engana o povo. Isso é um estelionato, um assalto; é um governo com mentiras. Estiveram aí todos, um ano de campanha, seis meses, quatro meses. Qual desses vigaristas eleitos disse que ia aumentar imposto? Que ia ressuscitar a CPMF? Agora, ganha, e pau.

            A democracia é feita com divisão de poder. Enquanto eu estive aqui, Leomar Quintanilha, eu mostrei que esse poder tem que ser potente, frear um e frear outro. E é isso. E eu entendo, e entendo bem. No meu entender, isso não é nem poder. No meu entender, que entendo, não é Montesquieu que vai, porque... Montesquieu é que colocou esse nome de poder, e a vaidade... O Poder Judiciário, o Poder Executivo e o Poder Legislativo.

            Eu entendo. Isso aqui deve ser chamado de instrumentos da democracia. Poder é o povo que trabalha, é o povo que paga imposto, é o povo que constrói e que nos paga. E esse povo, de que sou orgulhoso, não vai ser enganado por governador fuleiro, mentiroso, que, antes de assumir o Governo, já está atraiçoando o povo. Há 76 impostos. Cinco meses.

            Por que não se fala em diminuir o custeio? Por que não se fala em diminuir a corrupção, a ladroeira, o desgaste, o despotismo e o desperdício? Fala-se em ressuscitar... E não venham, não.

            Eu sou médico há 44 anos. Ninguém... Esse imposto surgiu por um médico de vergonha, como eu: Adib Jatene. Já operei com ele. Minha história é longa. Convivi com Christian Barnard; é outra história. Zerbini e Jatene. Então, ele ganhou a confiança e pediu aquilo para melhorar a saúde. O Congresso e o povo deram, mas não melhorou. Foi desviado. Nós provamos. Não ia dar nada para a saúde. O dinheiro ia para os aloprados. Essa é a verdade.

            Então, esse é um desserviço, principalmente à Presidenta. Ela não tem nada a ver com isso. Pela primeira vez, ela entrou aí, virgem, pura no negócio dessa democracia, que se chama plutocracia. Nem é mais plutocracia, porque a plutocracia pode ser dos que ganharam dinheiro trabalhando. Mas há outros aí que ganharam dinheiro roubando do Governo. Isso é o mais grave. Está ouvindo, Mozarildo? Então, estamos aqui para dar essa colaboração para a Presidenta eleita.

            Não faça isso, não, Presidenta. Presidenta, elevo as minhas últimas palavras aos céus e a Deus: abençoe e dê coragem a ela, à Presidenta, assim como deu à mulher de Pilatos, à Verônica, às Três Marias. Que ela governe este País com firmeza e entenda que o poder é o povo, que é soberano, que trabalha e é quem decide. E democracia é alternância.

            Meu povo, olhai para esses governadores farsantes, que não falaram um instante em aumentar imposto e agora já se estão dando as mãos para exigir a volta da CPMF, traindo o povo.

            Então, estas são nossas palavras: Ó Deus, Ó Deus! Falo como Castro Alves: ó, Deus, ó, Deus, onde estais? Ajudai-nos a melhorar a democracia, a maior construção do bravo povo a que pertenço.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/11/2010 - Página 50276