Discurso durante a 188ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Apelo ao Governo da Bahia no sentido de que alavanque recursos para fomentar a infraestrutura, visando atrair projetos de investimentos e ativar a economia do Estado.

Autor
Antonio Carlos Júnior (DEM - Democratas/BA)
Nome completo: Antonio Carlos Peixoto de Magalhães Júnior
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • Apelo ao Governo da Bahia no sentido de que alavanque recursos para fomentar a infraestrutura, visando atrair projetos de investimentos e ativar a economia do Estado.
Publicação
Publicação no DSF de 24/11/2010 - Página 51786
Assunto
Outros > DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • REITERAÇÃO, DENUNCIA, NEGLIGENCIA, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DA BAHIA (BA), ATRAÇÃO, INVESTIMENTO, INFRAESTRUTURA, ESPECIFICAÇÃO, PORTO, EFEITO, PERDA, CLASSIFICAÇÃO, ECONOMIA, COMPARAÇÃO, ESTADOS, FEDERAÇÃO.
  • PROTESTO, PARALISAÇÃO, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, ESTADO DA BAHIA (BA), PERDA, ESFORÇO, EX GOVERNADOR, REGISTRO, HISTORIA, INDUSTRIALIZAÇÃO, EVOLUÇÃO, TURISMO, COBRANÇA, PROVIDENCIA, RETOMADA, ECONOMIA.

                          SENADO FEDERAL SF -

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            O SR. ANTONIO CARLOS JÚNIOR (DEM - BA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, já há algum tempo, eu advertia desta tribuna a condução do Governo do Estado da Bahia em relação à atração de investimentos no Estado, a começar da infraestrutura oferecida, principalmente em relação a portos; ou seja, enquanto Pernambuco e Ceará se estruturaram no sentido de oferecer serviços portuários modernos, o Estado da Bahia continuou com serviços portuários extremamente precários, e o Porto de Salvador é considerado o pior porto do Brasil.

            Bom, isso, obviamente, passados quatro anos, traria consequências inevitáveis. E acabou agora de chegar a informação que veio comprovar tudo isso: a Bahia perdeu o sexto lugar de economia mais forte do País. A Bahia foi ultrapassada por Santa Catarina.

            Ora, não se pode dizer que foi por motivos de preços de commodities, porque a Bahia é exportadora de commodities. Não é por aí. A Bahia hoje tem uma economia diversificada, porque produz não só commodities, mas tem também uma indústria automobilística, de papel e celulose, indústria petroquímica, tem um turismo forte. Mas poderíamos ter captado mais projetos de investimentos, atraído mais investimentos para o Estado. Isso não foi feito, porque não se cuidou da infraestrutura. Nós temos rodovias carentes; nós não temos, digamos, uma operação ferroviária que tenha expressão; e os portos, obviamente, como já falei aqui, são caóticos, principalmente o Porto de Salvador. Ora, isso fatalmente traria uma conseqüência, que veio a se confirmar: perdemos o sexto lugar de maior economia entre os Estados do País.

            Não foi por pouco aviso. Nós vínhamos batendo nessa tecla, inclusive por sabermos da amizade, de intimidade do Governador do Estado com o Presidente Lula. Ou seja, seria mais uma razão para que nós tivéssemos condição de reivindicar e conseguir para o Estado da Bahia obras na área de infraestrutura que pudessem dar suporte à captação de novos investimentos. Mas isso, infelizmente, não ocorreu. E aí nós começamos a perder projetos de investimentos, porque todo mundo sabe que a logística é fundamental para a decisão de se alocarem indústrias em determinadas regiões. E os portos são pontos básicos da logística.

            Nós estamos exportando através dos Portos de Suape, no Recife, e de Pecém, no Ceará - isso é inadmissível -, porque nosso porto é vergonhoso! Sobre a situação do porto, já falamos várias vezes desta tribuna, e nada foi feito. Agora é que o Governo Federal começou a se mexer em relação ao porto, mas o Governo do Estado não cobrou. Cadê a amizade do Presidente Jaques Wagner com o Presidente Lula? Por que isso não valeu para a captação de projetos de infraestrutura para o Estado da Bahia?

            A Bahia é líder no Nordeste, fruto de conquistas obtidas nos últimos quarenta anos. Mas, se a Bahia começa a perder espaço, essa liderança pode ficar ameaçada.

            E a Bahia, que vinha querendo se ombrear com o Estado do Paraná, agora foi ultrapassada por Santa Catarina. Essa é a verdade. Esses são fatos irrefutáveis e não vamos querer justificar, como fez o órgão governamental responsável pelas informações econômicas do Estado, a SEI, dizendo que isso ocorreu em virtude dos preços do mercado internacional.

            Não. Gente, não é assim, não é isso. A Bahia deixou de captar projetos de investimentos de grande importância nos últimos anos e, obviamente, isso veio refletir na sua perda relativa de participação no PIB nacional. A Bahia sempre cresceu acima do PIB nacional, e muito mais. A Bahia nos últimos quarenta anos se transformou. Até o início dos anos 70, a Bahia era um Estado absolutamente agrícola, e o turismo era feito de forma ainda amadora. Porém, nos últimos quarenta anos, nós vimos a transformação do Estado: primeiro, com a indústria petroquímica; depois, com a duplicação do pólo petroquímico; depois, vieram a indústria automobilística e a indústria de papel e celulose, e o turismo tomou uma dimensão bastante forte à medida que empreendimentos hoteleiros e eventos turísticos começaram a acontecer no Estado. E o desenvolvimento da economia baiana chegou a um nível bem acima do nível apresentado pela economia brasileira.

            Porém, na medida em que a infraestrutura vai esgotando a sua capacidade, começa a perda de atratividade dos investimentos, porque a logística é fundamental. Aí está o grande problema que nós enfrentamos. Paramos de incrementar a nossa infraestrutura e, obviamente, começamos a perder projetos de investimentos que não perderíamos se a situação fosse outra.

            Então, a última informação do IBGE em relação ao PIB foi uma clara demonstração de que a Bahia estagnou nesse período. A Bahia deu um freio em relação ao desempenho que ela teve nos últimos 40 anos, quando a Bahia se transformou completamente: era um Estado agrícola limitado, que vivia do cacau, que representava 65% da arrecadação de ICMS em 1971 e hoje não representa 5%. Então, houve uma mudança muito grande no perfil econômico do Estado nos últimos 40 anos. Nós assumimos a liderança, passando a ter 1/3 do PIB do Nordeste, mas começamos a ter perdas relativas. Ainda somos líderes no Nordeste, mas já começamos a ter perdas relativas. Pernambuco e Ceará crescem mais do que nós, porque seus governadores se empenham na busca de investimentos em infraestrutura para que possam alavancar novos projetos de investimento para a consolidação da economia. Isso está nos faltando.

            É preciso que o Governo da Bahia acorde e use o seu prestígio. Diz ter prestígio político, ele é para ser usado em favor do Estado da Bahia. Isso é que falta. Então, o Governo da Bahia precisa ficar atento a essas situações, para que nós não percamos mais posições no ranking da economia brasileira. É preciso que haja conscientização de que as coisas precisam voltar aos períodos anteriores, quando, em 40 anos, o Estado da Bahia se transformou completamente, tornando-se um dos grandes Estados em relação à economia brasileira.

            Portanto, não só é uma colocação que faço, mas também uma advertência: nós precisamos mudar esse quadro, precisamos ativar a economia do Estado para voltar a ter a sua posição de destaque no cenário nacional. Para isso a infraestrutura é necessária.

            E não podemos ficar esperando muito tempo. Existem projetos que estão aí no papel e que, até agora, não há nem sinal de que vão ser iniciados. É preciso que o Governador do Estado use o seu prestígio junto ao Governo Federal, que eu suponho que ele tenha, para conquistar posições para o Estado da Bahia. Isso é fundamental, porque nós não podemos perder mais espaço. Vamos mudar de atitude em relação à Bahia. A Bahia precisa...

            Nós precisamos voltar a ter orgulho de ser baianos, buscar e efetivamente lutar pelos interesses da Bahia de forma dura e de forma absoluta. A Bahia tem que estar em primeiro lugar. Não importam os interesses partidários ou interesses nacionais que venham se sobrepor ao interesse do Estado. O interesse do Estado é maior do que tudo. Então, o Governador de Estado deve ter a Bahia como o seu foco principal. As questões políticas e as questões nacionais são secundárias em relação àquilo que a Bahia precisa e que tem que ter. A Bahia não pode mais perder posições. O Governo do Estado tem que se preocupar, porque, a partir de agora, a cobrança será grande em relação a essa situação.

            Portanto, o Governador Jaques Wagner precisa mudar de atitude, precisar partir para uma efetiva atuação, buscando fazer com que a Bahia retome o caminho que sempre, nos últimos anos, vinha tendo na economia brasileira.

            Muito obrigado, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/11/2010 - Página 51786