O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA. Pela Liderança. Sem revisão do orador) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o País, Presidente...

            Presidente, é com muita honra que falo hoje, nesta tribuna, tendo na Presidência da Mesa, um paraense chamado José Nery.

            Eu aconselhei José Nery a se candidatar a Senador da República por várias vezes na minha Mesa. Se tivesse ele sido candidato a Senador, estaria reeleito. Escolheu uma fase mais dura e mais concorrida, mas é uma honra muito grande...

            O SR. PRESIDENTE (José Nery. PSOL - PA) - Obrigado, Senador Mário Couto.

            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB -PA) - Sr. Presidente, o País, os jornais, a Imprensa, assistiram essa semana, Senador Mozarildo, a guerra contra o tráfico no Rio de Janeiro.

            A população brasileira assistiu a tudo estarrecida. Sei que era necessário. Aqui parabenizo a Polícia do Rio de Janeiro, a Polícia Federal, os militares das Forças Armadas, especialmente os da Marinha do Brasil, mas aqui fica uma pergunta ao Presidente do País e ao Governador do Rio de Janeiro: por que só agora, meu Senador Presidente José Nery, por que só agora tomaram a posição de combater os traficantes duramente? Por que não fizeram isso antes? Por que o Poder Público não tomou essas devidas providências antes?

            Tantas pessoas perderam a vida - jornalistas, crianças, idosos. Confira, Brasil, confiram quantas pessoas perderam a vida nas favelas, ceifadas por traficantes. As maiores barbaridades aconteceram no Rio de Janeiro. Mas não é só no Rio. O País todo vive nesse momento uma intranquilidade.

            No meu Estado, por exemplo, os paraenses sabem que os bandidos tomaram conta daquele Estado. O Governador eleito já esteve aqui em Brasília pedindo a força nacional para combater os criminosos no Estado do Pará. Será, Presidente, que o Poder Público vai agir só no Rio de Janeiro? Será que ele pensa que a violência é só no Rio de Janeiro? O País inteiro sofre uma violência bárbara. As pessoas, brasileiros e brasileiras, temem andar nas ruas deste País. O meu Estado, tenho certeza, está entre os mais violentos deste País. As estatísticas mostram, Presidente Lula, que no meu Estado morrem por dia, assassinados à faca e bala - só homicídios -, seis pessoas por dia só na Grande Belém, dezesseis em cada final de semana, só na Grande Belém, sem falar no interior do Estado. Por que só agora? Por que não combater o tráfico? Há anos, anos e anos que esse tráfico toma conta do Rio de Janeiro. Agora, Mozarildo, porque os cineastas começaram a fazer um filme atrás do outro mostrando a cara dos políticos, mostrando a cara dos governantes envolvidos em corrupção com os traficantes do Rio de Janeiro... Tropa de Elite 2 mostra a verdade deste País. E quantos filmes estão sendo lançados agora mostrando esta realidade, que incomodaram os políticos que participaram junto com os traficantes? Tomaram providências porque, se continuasse a barbaridade no Rio de Janeiro, a Copa do Mundo não seria no Brasil. Eliminados esses dois temas, os traficantes estariam livres até hoje. Parabenizar a polícia sim. Vamos parabenizá-la, mas foi tarde. A ação foi tardia e só veio porque havia políticos no meio.

            Aliás, Brasil querido, aqui, só quem sofre são os pobres; os poderosos não sofrem. Os poderosos, apesar de serem ladrões... E eu aqui me nego a dizer desvio de dinheiro ou corrupção. Aqui eu chamo de ladrão, sem medo, sem nenhum medo.

            Na semana passada, eu disse que Ricardo Teixeira é ladrão. Torno a afirmar que Ricardo Teixeira é ladrão. Já disse várias vezes que o Pagot, Diretor do Dnit, é ladrão. O Diretor do Dnit, Pagot, é ladrão!

            Mandem questionar contra mim, Presidente! Mandem entrar no Tribunal contra mim, Presidente! Eu quero, no Tribunal, provar que são.

            Na semana passada, eu denunciei Ricardo Teixeira. Parece que meu santo é forte. No dia seguinte, o mundo inteiro, o mundo inteiro mostrava a cara do Ricardo Teixeira. E este aqui é especial. Este aqui não é só ladrão nacional. Este aqui é ladrão internacional: rouba no Brasil e no mundo inteiro. Ganhaste a todos, Ricardo Teixeira! Ganhaste a todos!

            Veja, população brasileira: US$9 milhões! É uma pequena propina que deram para o Ricardo Teixeira. Nove milhões de dólares. Uma pequena propina dada ao Ricardo Teixeira.

            E aqui, no Brasil, ele vai ficar com o lucro da Copa do Mundo. Ele formou uma empresa para administrar a Copa do Mundo. A empresa é dele e de mais uma sócio. Todo lucro que ele tiver na Copa do Mundo será do Ricardo Teixeira. Pode, Brasil? Pode um negócio desses, Brasil? É muito descaramento!

            Na semana passada, eu denunciei aqui, Presidente, a máfia do seguro defeso. Olha como o meu santo é forte, Presidente.

            TV Senado, mostre ao País!

            As revistas começaram a mostrar minuciosamente os esquemas de como funciona do seguro defeso neste País, dinheiro destinado aos pobres pescadores artesanais que nunca tiveram ganho, que nunca tiveram ganho. Pela primeira vez o pescador artesanal tem um ganho com o seguro defeso e os ladrões entraram em ação.

            No meu Estado, esse dinheiro roubado dos pescadores fez dois Deputados Estaduais e um Federal. Agora me diga uma coisa... Parabéns! Aplausos! Aplausos à ação no Rio de Janeiro! Mas por que não prendem os corruptos deste País, meu Deus do Céu? Digam-me: por que não prendem? Quantos são, Mozarildo? Quantos são? Quem é que fabrica este monte de corruptos neste País? O País perde R$3 bilhões por ano em corrupção, Mozarildo!

            O pescador artesanal, coitado, que, pela primeira vez, teve um ganho, durante toda a sua vida teve o seu dinheiro desviado para fazer campanha política do PT.

            Para te dar uma idéia, Mozarildo, do que é a roubalheira, eu vou te mostrar uma estatística. Preste atenção, Brasil! Quando foi criado, em 2003, o Governo gastava R$81 milhões com o seguro defeso. Aí eu vou pular pra 2008, quando começa o ano da política, quando se começa a fazer política: passou de R$81 milhões pra R$547 milhões. Em 2009, o ano da campanha, foi a R$934 milhões. Em 2010, foi a mais de R$1 bilhão.

            Como é que cresceu tanto pescador assim? Foram fabricados, foram criados. Vou repetir desta tribuna: tem gente que nunca pegou num anzol e está recebendo dinheiro de pescador. Tem gente que nunca foi ao mar e está recebendo dinheiro de pescador. Tem gente que nunca entrou num barco, que nunca pegou numa rede, são milhares que estão recebendo dinheiro de pescador. O cara vai na rua, pega qualquer um: “Você quer ser pescador?” “Quero”. “Vai lá na colônia e faz o teu cadastro”. O cara vai e faz. “Quanto é?” “Mil reais.” “Toma quinhentos e eu fico com quinhentos”. Esta é a máfia.

            E por que esses caras não são presos? Eu já cansei de perguntar aqui. Eu já cansei de perguntar aqui. Eu renuncio ao meu mandato... Vou dizer de novo, vou falar de novo, Brasil: eu renuncio ao meu mandato se alguém me apontar alguém do PT que já foi preso por corrupção no Governo Lula. Apontem, que eu renuncio ao meu mandato. Ricardo Teixeira, corrupção no Brasil é normal. Não fica preocupado, não. Você não vai preso, não, Ricardo Teixeira. Aqui pode, Ricardo Teixeira. Pagot, pode. Mas se não for do PT, vai preso. O Arruda, aqui em Brasília, foi preso, porque é do DEM. Mas se fosse do PT... Tranquilo, Mozarildo!

            Polícia Federal, Polícia do Estado do Rio de Janeiro, Marinha do Brasil, estão de parabéns! Eu quero saber por que não fizeram isto antes. Só fizeram isto agora porque começaram a colocar em filme as bandalheiras que aconteciam no Rio de Janeiro, a associação dos traficantes com políticos. Os filmes começaram a mostrar. Hoje sem nenhum problema, meu caro Senador Mozarildo. E tem pessoas que dizem para mim: “Cuidado, hein! Cuidado!” Mas eu não tenho nenhum receio. Eu preciso lavar a minha alma. Eu preciso dizer a mim mesmo, Mozarildo, que vim para cá para cumprir minha obrigação de Senador da República, de denunciar, de não ser covarde, de não ter medo de encarar de frente a frente. Não devo nada a ninguém.

            Eu já disse que esse problema do seguro defeso eu levarei com muita insistência. Não vou parar de falar...

(Interrupção do som.)

            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Mozarildo, é bom se começar - eu vou descer, Presidente -, é bom se começar a pensar numa CPI. Eu, não adianta pedir, porque estou marcado. A CPI que eu pedi aqui não veio à tona. Eu já pedi duas: uma do Dnit e uma da Previdência Social. Consegui as 37 assinaturas, até mais, mas não abrem, não abrem porque é do Mário Couto, não podem abrir. Eu espero com paciência. Eu espero com paciência. A CBF, é preciso saber que existe um Senado no Brasil. A CBF, com o Sr. Ricardo Teixeira, é preciso respeitar os Senadores da República, já que ele não respeita o Presidente deste País.

(Interrupção do som.)

            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - Concedo a palavra ao Senador Mozarildo, para encerrar. (Fora do microfone).

            O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB - RR) - Senador Nery. Apenas uma observação, Senador Mário Couto. V. Exª disse aí que talvez essa operação que aconteceu no Rio de Janeiro tenha sido motivada pelos filmes. É bem verdade, é um grande motivo, mas foi publicado no dia 27 no The New York Times uma coisa que me preocupa, porque eu já tinha ouvido esse comentário. Está lá no jornal - só vou ler um pedaço - que o que está acontecendo no Rio é uma resposta à recente erupção de violência de gangues que começou no domingo - preste atenção nesta parte -, bem como um esforço por parte das autoridades brasileiras para mostrar que eles podem proteger a cidade antes da Copa de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016. Portanto, é bem verdade que eu aprendi na medicina que não interessa por que a pessoa resolveu tomar o remédio, desde que tome. Mas se...

(Interrupção do som.)

            O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB - RR) - ...os motivos forem os filmes ou a Copa do Mundo e as Olimpíadas, eu fico realmente preocupado porque aí não está se levando em conta as três décadas que o povo dessas comunidades no Rio sofriam. E pior ainda: se vão cuidar só dessa parte, não vão resolver nada, pois no principal, que é a entrada das drogas e das armas que se faz pelas nossas fronteiras, desde lá do seu Pará, passando pelo meu Estado de Roraima até o sul do Brasil, não é feito policiamento. Ontem, eu ouvi o Ministro da Justiça dizer que, mesmo que ele coloque um policial de mão dada com outro na fronteira, não há como evitar. Então, é muito pouco caso para com Estados como o Pará, como o Amapá, como o Amazonas, como todo Estado fronteiriço, mais de 14 mil km de fronteira seca na parte terrestre e outro tanto na parte marítima. Então, se o Brasil não cuidar da prevenção vai ter que estar fazendo esses remédios. E pior é se esses estiverem dados só por causa dos filmes ou por causa da Copa e das Olimpíadas.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - É preocupante. Já vou terminar, Senador José Nery. Agradeço a sua tolerância, já estou descendo.

            Senador Mozarildo, olhe para mim. Primeiro, uma ação desta aqui, nós devíamos perguntar a nós e ao povo brasileiro. A ação está correta, mas me responda: a educação, no Brasil, é de qualidade? A educação no Brasil vai bem? Se não dermos educação para o povo brasileiro, como é que a gente vai combater a criminalidade. Essa ação está correta. Ninguém pode deixar de fazer. Aplausos. Já aplaudi aqui. Já bati palmas. Agora, eu pergunto:...

(Interrupção do som.)

            O SR. MÁRIO COUTO (PSDB - PA) - ...como está a educação no nosso País? Como está a geração de emprego no nosso País? Para combater a criminalidade, esse é o principal remédio, Senador Mozarildo. Não se vai acabar nunca com a criminalidade se não se fizer uma boa educação e não se fizer um país gerando emprego para os seus filhos. Quero, mais uma vez, antes de descer da tribuna, parabenizar a Polícia do Rio, a Marinha, mas dizer que o Brasil seria outro país, população brasileira, se conseguíssemos a moralidade de colocar os corruptos feito Ricardo Teixeira na cadeia.

            Muito obrigado.

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