Discurso durante a 21ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Alegria pelo anúncio do valor do Produto Interno Bruto brasileiro relativo ao ano de 2010, que revelou crescimento de 7,5% em relação ao ano anterior.

Autor
Vanessa Grazziotin (PC DO B - Partido Comunista do Brasil/AM)
Nome completo: Vanessa Grazziotin
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ECONOMIA NACIONAL.:
  • Alegria pelo anúncio do valor do Produto Interno Bruto brasileiro relativo ao ano de 2010, que revelou crescimento de 7,5% em relação ao ano anterior.
Publicação
Publicação no DSF de 04/03/2011 - Página 6041
Assunto
Outros > ECONOMIA NACIONAL.
Indexação
  • COMEMORAÇÃO, CRESCIMENTO, PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB), BRASIL, AUMENTO, POSIÇÃO, COMPARAÇÃO, ECONOMIA, PAIS, MUNDO.
  • CRITICA, AUMENTO, TAXAS, JUROS, DEMONSTRAÇÃO, PREJUIZO, ECONOMIA NACIONAL, CONTRIBUIÇÃO, DESIGUALDADE SOCIAL, CONCENTRAÇÃO DE RENDA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Muito obrigada, Sr. Presidente.

            Srªs Senadoras, Srs. Senadores, Sr. Presidente, hoje no final da manhã, por volta das 12 horas, o Ministro da Fazenda do Brasil, Guido Mantega, anunciou um dado que todos nós esperávamos, não apenas o mercado, mas a população brasileira esperava. Anunciou o valor do PIB, Produto Interno Bruto brasileiro, relativo ao ano de 2010.

            Como nós esperávamos, Sr. Presidente, houve um crescimento significativo na economia. O nosso PIB cresceu 7,5% em relação ao ano anterior, o que significa dizer, Senador Aloysio Nunes, Senadora Gleisi, que o Brasil não é mais a oitava economia do mundo. Nós somos, a partir desse anúncio, considerados a 7ª economia do mundo, ultrapassando França e Reino Unido.

            Sem dúvida nenhuma, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, essa é uma notícia importante, que tem de ser analisada com toda a cautela. São números que nos remetem a uma reflexão, uma análise, um estudo não apenas sobre o que se passou com a economia brasileira, mas sobretudo e principalmente sobre o que se passa e sobre o que deverá vir nesse próximo período, nesses próximos meses.

            Essa é uma notícia alvissareira, uma notícia importante, uma notícia que traz alegria para todos nós. Entretanto, penso que este grande momento tem a sua comemoração um pouco nublada, Sr. Presidente, por outra decisão tomada no dia de ontem, desta vez pelo Copom, pelo Comitê de Política Monetária do nosso País, que, em decisão adotada, fez com que a taxa básica de juros do Brasil, a Selic, subisse 0,5 ponto percentual, ou seja, de 11,25% para 11,75%.

            O que significa isso? Significa que o Banco Central continua a pôr em prática a sua intenção de frear o crescimento da economia brasileira, de frear o crescimento da economia. No nosso entendimento, isso não é bom. O próprio Ministro Mantega, quando deu a notícia hoje do crescimento de 7,5% em 2010, fez questão de deixar claro que, primeiro, a economia brasileira não está superaquecida, esses dados são relativos ao ano anterior, 2010, um ano em que o mundo e o Brasil acabavam de sair de uma crise. Obviamente, a economia, por conta disso, por conta da queda nos anos anteriores - quando tivemos não uma queda, mas um crescimento nulo do PIB -, teve um crescimento maior. Mas, segundo o próprio Ministro Mantega, hoje a economia anda num ritmo de crescimento de 5% a 5,5%.

            Eu quero dizer que, para nós, brasileiras e brasileiros, seria muito bom que continuássemos com os percentuais, com os índices alcançados em 2010, 7,5%. Isso seria muito importante, primeiro, para possibilitar a recuperação dos salários dos trabalhadores e, assim, melhorar a qualidade de vida de todos e de todas; segundo, Sr. Presidente, para gerar mais empregos.

            Nós vivemos, é certo, ano passado, um declínio do desemprego no Brasil. Isso é importante. Mas esse ritmo de declínio do desemprego, de recorde na geração de novos empregos tem que continuar, porque o nosso País é um país em processo de desenvolvimento, um país que precisa melhorar a qualidade de vida da sua gente. Nós não podemos dizer que a distribuição de renda aqui seja igual à que acontece nos países considerados desenvolvidos; pelo contrário, amargamos índices extremamente negativos de concentração de renda e de desigualdade regional, que precisam efetivamente ser combatidos.

            Mas eu quero, Sr. Presidente, dizer que, diante de todos esses dados, eu não poderia vir aqui falar e comemorar o crescimento do produto interno brasileiro e deixar de falar a respeito da nossa proposta, da nossa ideia para o futuro da economia brasileira. Nós achamos que não há necessidade de tanta precaução, porque, por um lado, aumentam as taxas básicas de juros e, pela expectativa de mercado, nas duas próximas reuniões, no mês de abril e no mês de junho, deverá haver dois novos aumentos das taxas básicas de juros, até que feche o ano em 12,5%. Isso nos manterá na posição do país que tem as mais elevadas taxas de juros do mundo. Se, por um lado, tem isso; por outro lado, tem também o corte recente anunciado no Orçamento da União: R$ 50 bilhões.

            Então, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, de nossa parte, do PCdoB, temos uma convicção muito clara, claríssima: precisamos fazer com que a condução da política econômica no Brasil nos dê condições de continuar crescendo nos mesmos patamares que crescemos no ano de 2010. É a favor disso que advogamos...

(Interrupção do som.)

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM) - Eu já concluo, Sr. Presidente.

            Nós advogamos a favor disso, Sr. Presidente, por uma questão de opção, porque, quando aumentamos a taxa de juros, o recurso público é canalizado para onde? Para a especulação, para os especuladores. Quando diminuímos a taxa de juros, permitimos um maior crescimento da economia, mais produção e, portanto, mais empregos, mais salários, mais consumo, o tal círculo virtuoso.

            Então, o trabalhador só tem a perder com os juros altos. Juro alto significa aumentar a desigualdade, significa aumentar a concentração da renda. Então, advogamos, em todo momento, que é preciso fazer com que o trabalhador tenha mais oportunidade, que o trabalhador tenha mais renda.

            Nós fomos o quinto país que mais cresceu no ano passado, Sr. Presidente.

(Interrupção do som.)

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM) - Muito obrigada, Sr. Presidente.

            Nós só perdemos para a China, para a Índia, para a Argentina e para a Turquia.

            Precisamos continuar nesse mesmo nível. E olha que não foi tão aberta, não foi tão frouxa - posso assim dizer - a política econômica adotada durante o ano de 2010! Não foi tão dura quanto parece que será este ano de 2011, não houve cortes tão significativos, as taxas de juros não aumentaram por conta da saída da crise, mas é isso que precisamos continuar. Inflação? Vamos debater a composição da inflação. Não há um consenso que diga que o Brasil vive o perigo iminente de escalada inflacionária. O crescimento da inflação que, de fato, ultrapassou a média no início do ano...

(Interrupção do som.)

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM) - Efetivamente, concluo, Sr. Presidente.

            ...foi muito por conta de taxas, como o de transporte coletivo, que são preços que reajustam uma vez por ano e exatamente naquele período. Então, não há um consenso, uma preocupação consensual de que o Brasil viva a iminência de crescimento da taxa de juros.

            Mas quero aqui concluir meu pronunciamento e dizer que é com muita satisfação que lemos esses números, com muita satisfação. Sete e meio por cento, Senadora Gleisi, é muita coisa. É muita coisa. Eu só não acho que houve gastança, não. Gastar com o povo não é gastança. Gastar com o povo é ter responsabilidade social. E está na hora de falarmos em responsabilidade social. Não só responsabilidade fiscal, mas responsabilidade social. Então, vamos lutar para que, neste ano, possamos ultrapassar 5% ou 5,5% e, quem sabe, repetir esse belo número de 7,5% de crescimento.

            Obrigada.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/03/2011 - Página 6041