Discurso durante a 26ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Encaminhamento de requerimentos de voto de pesar e solidariedade às famílias pelo falecimento do ex-Deputado Federal Eduardo Valverde e do boxeador Tairone Silva; e outros assuntos.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. EDUCAÇÃO.:
  • Encaminhamento de requerimentos de voto de pesar e solidariedade às famílias pelo falecimento do ex-Deputado Federal Eduardo Valverde e do boxeador Tairone Silva; e outros assuntos.
Aparteantes
Cristovam Buarque, Vanessa Grazziotin.
Publicação
Publicação no DSF de 15/03/2011 - Página 6726
Assunto
Outros > HOMENAGEM. EDUCAÇÃO.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, EX-DEPUTADO, PRESIDENTE, DIRETORIO REGIONAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), ELOGIO, VIDA PUBLICA, DEFESA, DIREITOS HUMANOS, FLORESTA AMAZONICA, DIREITOS, TRABALHADOR.
  • HOMENAGEM POSTUMA, ATLETA PROFISSIONAL, NEGRO, VITIMA, HOMICIDIO, REGISTRO, ANTERIORIDADE, AMEAÇA, AUTORIA, POLICIAL.
  • ANUNCIO, JULGAMENTO, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), AÇÃO DIRETA, INCONSTITUCIONALIDADE, LEGISLAÇÃO, PISO SALARIAL, PROFESSOR, DEFESA, ORADOR, VALORIZAÇÃO, CATEGORIA PROFISSIONAL, ELOGIO, TARSO GENRO, GOVERNADOR, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), INICIATIVA, RETIRADA, ASSINATURA, AÇÃO JUDICIAL.
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO, ABDIAS DO NASCIMENTO, EX SENADOR, ELOGIO, VIDA PUBLICA, COMBATE, DISCRIMINAÇÃO.
  • HOMENAGEM POSTUMA, MARIO COVAS, EX SENADOR, APRESENTAÇÃO, SOLIDARIEDADE, FAMILIA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidenta Vanessa Grazziotin, venho à tribuna no dia de hoje primeiro dizendo que encaminhei à Mesa dois votos de pesar e solidariedade às respectivas famílias.

            O primeiro voto, Srª. Presidenta Vanessa Grazziotin, refere-se ao nosso colega e amigo ex-Deputado Eduardo Valverde, líder com certeza do nosso povo, da nossa gente, que, infelizmente, faleceu neste fim de semana.

            Srª Presidenta, a cena política brasileira, com certeza, nesta semana está mais triste. Faleceu, na última sexta feira, vítima de acidente automobilístico, na BR-364, em Rondônia, o Presidente Regional do PT e ex-Deputado Federal Eduardo Valverde, com quem eu dialogava muito, conversava muito. Ele tinha posições muito firmes, muito claras em defesa do Governo Lula e, consequentemente, em defesa da nossa Presidenta Dilma.

            No mesmo acidente, também morreu o radialista Ely Bezerra, Secretário de Organização do Partido dos Trabalhadores e Secretário-Adjunto da Semdestur, em Porto Velho.

            Todos, Srª Presidenta, com certeza estamos chocados e externamos aqui as nossas condolências e sentimento de solidariedade não somente ao PT, como também a todos os seus familiares.

            Valverde eu aprendi a respeitar. Era um defensor dos direitos humanos e da floresta amazônica, um lutador cotidiano e incondicional em favor dos direitos e conquistas de todos os trabalhadores e trabalhadoras do nosso País. Aprendi a respeitá-lo, Srª Presidente, porque, em inúmeros momentos, tive a satisfação de dialogar e debater com ele e sempre percebi nele muita convicção naquilo que defendia e naquilo em que acreditava.

            Recebi dos companheiros do PT lá de Rondônia, ainda no fim de semana, o comunicado. Eles não me pediram, mas fiz questão de vir à tribuna encaminhar este voto de solidariedade a esse grande líder que nós perdemos. O voto já foi encaminhado à Mesa; V. Exª terá oportunidade de encaminhar e já se propõe a assinar junto.

            Srª Presidenta, é com tristeza que também registro neste momento um falecimento, lá no meu Rio Grande, mais precisamente, em Osório, cidade do meu litoral. No sábado, foi assassinado o jovem Tairone Silva, de 17 anos. Tairone levou dois tiros, um deles a queima roupa, dados por um policial.

            O crime comoveu a cidade. Ele foi velado na Câmara de Vereadores, e o Prefeito Romildo Bolzan, do PDT, decretou luto oficial de três dias, Senador Cristovam.

            Infelizmente, Srª Presidenta, fatos como esse ocorrem diariamente no Brasil. Tairone Silva era negro. Conforme dados do Mapa da Violência 2011, em cada três assassinatos no Brasil, dois são de jovens negros. Em 2008, morreram 103% mais negros do que jovens que não são negros. Dez anos antes, essa diferença já existia, mas era de 20%. De 2005 para 2008, as taxas de assassinatos entre os negros subiram 12,1%.

            O cenário é muito pior entre os jovens de 15 a 24 anos. Os assassinatos entre os jovens negros passaram de 11.308 para 12.749 - um aumento de 13%.

            Esse jovem era lutador de boxe, destacou-se nacionalmente, era uma referência do esporte e, no dia anterior do seu assassinato, já falava para sua mãe que um policial tinha colocado um revólver na sua boca e ameaçado matá-lo. Infelizmente, foi o que veio a acontecer no dia posterior.

            Por isso, Srª Presidente, de forma muito respeitosa, peço à Casa que aprove os dois requerimentos, o do jovem pugilista e o desse líder, não só do nosso Partido, mas também um líder que tinha conquistado o carinho e a credibilidade, tenho certeza, de todos os Deputados Federais e do povo de Rondônia.

            Srª Presidenta, ainda quero fazer um registro, neste momento, do julgamento que teremos no Supremo Tribunal Federal referente ao piso nacional dos professores.

            O Supremo Tribunal Federal (STF) deverá julgar, na próxima quinta, dia 17, a Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) nº 4.167, que contesta alguns pontos da Lei Nacional do Piso dos Professores, sancionada em 2008 pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os professores estão desejosos de que essa ação seja votada e têm certeza de que será favorável à categoria. Já defendi a matéria aqui várias vezes e acompanhei também a defesa aqui feita pelo Senador Cristovam diversas vezes.

            Srª Presidente, necessitamos que o Estado brasileiro reconheça o valor e o trabalho dos nossos professores. O piso nacional foi o primeiro passo dado. Foi aprovado por unanimidade nesta Casa - lembro-me, um trabalho brilhante do Senador Cristovam e também da Senadora Ideli Salvatti.

            É importante destacar que o Governador do meu Estado, o Rio Grande do Sul, Tarso Genro, apresentou, no dia 20 de janeiro, requerimento ao Ministro Joaquim Barbosa demonstrando o seu desinteresse pelo objetivo dessa ação. Explico.

            A Governadora anterior tinha entrado com uma ação no Supremo, junto com outros quatro Governadores, para considerar inconstitucional o piso dos professores. O Governador eleito, Tarso Genro, apresentou, no dia 20 agora, a sua posição, deixando claro que ele não é contra; pelo contrário, é a favor do piso dos professores.

            A posição do Centro dos Professores do Rio Grande do Sul - CPERGS, é a de que a implantação do piso nacional deve acontecer rapidamente.

            No meu entendimento, é fundamental que todos os Estados reconheçam, Senador Cristovam - tenho insistido em falar no seu nome, porque sei dessa sua luta -, o piso nacional como vencimento básico da carreira de professor e que tanto a União como os Estados federados criem as condições financeiras para seu pagamento.

            O Governo Federal vem implantando, nos últimos anos, uma série de medidas e ações públicas que colocam a educação como um dos eixos básicos para o avanço e o desenvolvimento tanto regional como nacional - foi essa a fala, inclusive, da Presidenta Dilma a todo o País em rede de televisão.

            Se a educação é ponto de convergência para a nação que sonhamos e buscamos, é inadmissível que seus trabalhadores, ou seja, seus mestres, os professores, aqueles que ensinam, não sejam reconhecidos como tais, por um piso mínimo, que, eu diria, fica em torno aí de dois salários mínimos.

            A remuneração é apenas um ponto dessa questão. Sobre isso, nosso País está avançando. Não tenho dúvida alguma de que a não aplicação da lei federal que cria o piso nacional dos professores seria um enorme retrocesso. Reitero aqui todo o apoio ao pleito dos professores brasileiros.

            Sr. Presidente, ainda no meu tempo, aproveitando a presença do ex-Senador Ulisses Riedel de Resende, que está aqui conosco, quero fazer um registro, de que o nosso amigo Ulisses Riedel de Resende, diretor técnico do Diap e presidente da União Planetária, vai lançar amanhã, dia 15 de março - para quem não sabe, é a data do meu aniversário e todo mundo tem de me cumprimentar amanhã; eu já avisei outro dia e estou avisando hoje: no mínimo, um cumprimento! -, data do meu aniversário, às 18 horas e 30 minutos, na Biblioteca do Senado Federal, um livro muito, muito interessante que revela as suas reflexões sobre as causas da miséria e sua superação. Nesse livro, que eu li porque recebi de forma antecipada - não o li todo, mas já li partes, Ulisses; senão, quando eu descer, ele me pergunta página por página -, ele viaja por questões sempre atuais, resgatando o valor delas para a nossa sociedade. São pontos cruciais, como a importância da solidariedade.

            Ele não para aí: propõe ações concretas para resolver o problema da miséria em nosso País. Ele sugere, por exemplo - eu encontrei Ulisses quando entrei aqui; eu disse que ia falar aqui, ele me disse para dar o destaque a esta parte e estou dando destaque, estava escrito aqui -, a criação da Autoridade Pública para a inclusão social e o estímulo à organização em cooperativas especiais protegidas pelo Estado.

            Sabemos que a superação da miséria não se dará, segundo ele e eu também concordo, por obra de um único governo, mas pelo produto do esforço do Estado e de toda a sociedade. Precisamos, a exemplo do que já vem fazendo a Presidenta Dilma, engajar-nos nessa luta, que deve ser de todos os Poderes da República e, naturalmente, de toda a sociedade brasileira.

            Ulisses Riedel é advogado trabalhista, humanista e militante social. Foi também Senador da República, ainda que por um curto período, concluindo o mandato do inesquecível, já falecido, Senador Lauro Campos.

            Faço questão de estar presente, Ulisses, no lançamento do seu livro, que vai ser amanhã, dia 15, às 18 horas e 30 minutos, na Biblioteca Acadêmico Luiz Viana Filho, aqui, no Senado Federal. Parabéns, Ulisses, pelo seu livro!

            Por fim, Sr. Presidente, eu só quero registrar que a Federação das Associações da Síndrome de Down enviou convite para participarmos dos eventos relativos ao Dia Internacional da Síndrome de Down, que será dia 21 de março. Dia 21 de março é também o Dia Internacional da Luta Contra os Preconceitos. Dia 21 de março foi escolhido por ser também o Dia Internacional da Síndrome de Down.

            A síndrome é causada pela trissomia do cromossomo 21. Ou seja, o cromossomo 21, em vez de se dividir em dois, divide-se em três. O Senador Mozarildo está entendendo o que estou dizendo; eu estou lendo, mas não estou entendendo muito, porque é uma questão mais da sua área, a área médica.

            No entanto, mais do que explicar o porquê da escolha, essa data marca o Dia Internacional da Síndrome de Down e foca naquilo que diferencia os seres humanos.

            Quero neste momento focar no que nos torna iguais: todos somos capazes de sentir, de aprender e de desenvolver-nos. A deficiência, seja ela qual for, não traz em si a sentença do fracasso pessoal ou individual, do insucesso na vida. Sempre digo que temos de dar oportunidade àqueles que têm algum tipo de deficiência, porque eles mostrarão toda a sua capacidade nas outras áreas. No relato de muitos pais de crianças com síndrome de Down, é comum o sentimento de que a notícia de que seu filho é uma criança com Down é impactante. Muitas vezes, essa notícia é passada pelos médicos e fica marcada, como se a criança não soubesse e não pudesse desenvolver-se em outras áreas.

            Quero aqui destacar que ouvi muito os pais e familiares de pessoas com deficiência e repito muito isto: as deficiências nessa ou naquela área ou uma deficiência física não querem dizer que essa criança - ou esse adulto - não possa desenvolver sua atividade em outra área.

            Sr. Presidente, quero ainda permitir, no meu tempo, um aparte ao Senador Cristovam e pedir que V. Exª considere, na íntegra, esta minha fala.

            O Sr. Cristovam Buarque (Bloco/PDT - DF) - Senador Paim, quero, em primeiro lugar, dizer que seu discurso me ajuda a corrigir uma declaração que dei, há algumas semanas, exatamente sobre a posição do Governo do Rio Grande do Sul em relação ao pedido de declaração de inconstitucionalidade do piso salarial. Naquela época, eu ainda não sabia que o Governador Tarso Genro tinha tirado a assinatura do Governador. Quero aqui parabenizá-lo e dizer que isso faz com que o Estado do Rio Grande do Sul assuma uma posição muito melhor do que aquela que via enquanto estava ao lado de quatro Governadores que pediram a inconstitucionalidade de uma lei tão óbvia como é o piso salarial do professor. Se fosse pelo argumento de que não tinha dinheiro - esse, primeiramente, não é um argumento suficiente para justificar a inconstitucionalidade -, era preciso vir aqui buscar dinheiro do Governo Federal, como, aliás, a própria lei do piso salarial já prevê. Ou, então, como eu disse, que o Governador incapaz de pagar um piso tão pequeno entregue suas escolas para o Governo Federal e comecemos aquilo que acho que é a única saída para a educação brasileira: a federalização da educação de base. Fazer toda escola do Brasil igual ao Colégio Pedro II, que é federal; às escolas técnicas, que são federais; aos colégios de aplicação, que são federais e que têm como média a melhor entre todas do Brasil. As escolas federais têm uma média melhor, pelo Ideb, do que as particulares - não que a melhor particular seja pior do que a melhor federal, mas, na média, as federais têm uma média melhor. Então, quero aqui parabenizar o Governador Tarso Genro e dizer que espero que agora os juízes entendam que, de todos os 27 Governadores, apenas quatro entraram com isso - e não os mais pobres, como o próprio Rio Grande do Sul não é dos mais pobres. E, se o argumento da inconstitucionalidade é o fato de que o Governo Federal não pode interferir, faz pouco tempo que a gente decidiu qual é o salário mínimo. Nenhum Governador disse que era inconstitucional. Aliás, 123 anos atrás, a Princesa Isabel declarou a abolição dos escravos em todas as províncias brasileiras. Nenhuma alegou inconstitucionalidade. Ainda bem que não foi agora que a Lei Áurea saiu, senão alguns Governadores iam dizer que era inconstitucional, porque ia atrapalhar as finanças e a produção agrícola dos seus Estados. Então, eu quero deixar aqui os meus cumprimentos ao Governador Tarso Genro e espero que os outros quatro Governadores, que substituíram os que antes estavam, façam o mesmo, que retirem as suas assinaturas, que desfaçam esse pedido de inconstitucionalidade de uma lei tão importante quanto foi a Lei do Piso Salarial do Professor.

            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Muito obrigado, Senador Cristovam.

            Senadora Vanessa.

            A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco/PCdoB - AM) - V. Exª me permite? Serei muito breve.

            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Pois não.

            A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco/PCdoB - AM) - Também gostaria de cumprimentá-lo não como Senadora somente, mas como professora integrante da direção que fui da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, CNTE hoje - na minha época, CPB, Confederação de Professores do Brasil. E dizer que talvez essa tenha sido uma das maiores conquistas da categoria, primeiro com a criação do Fundef e agora do Fundeb. São medidas que vão fazendo avançar a qualidade da educação brasileira e promovem a inclusão não só de jovens, mas de adultos também no processo educacional. Quero dizer, Senador Paulo Paim, que nós poderíamos ir lá acompanhar o julgamento da sessão no Supremo, no dia em que for votado, porque compartilho com sua opinião, com a opinião do Senador Cristovam Buarque, a respeito do assunto. Não há inconstitucionalidade a ser declarada diante dessa lei. Não há. Tantas outras regras nacionais foram aprovadas e continuam vigorando até hoje. Portanto, parabenizo V. Exª e também transmito em meu nome... Salvo engano, o Governador Tarso Genro retirou o Estado do Rio Grande do Sul ...

            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Exatamente. Foi esse o destaque que eu...

            A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco/PCdoB - AM) - ... daqueles Estados proponentes da Ação Direta de Inconstitucionalidade, da Adin. Parabéns a V. Exª que vem do Rio Grande do Sul, ao Governador Tarso Genro. Era isso mesmo que os professores, que o Magistério do Brasil inteiro esperava de um Governador comprometido com o País, comprometido com a educação.

(Interrupção do som.)

            A Srª Vanessa Grazziotin (Bloco/PCdoB - AM) - Senador Paim, então, ficam os meus cumprimentos a V. Exª e aqui a ideia de que possamos fazer uma comitiva, para que, no dia do julgamento, possamos acompanhar de perto uma votação, que não é importante para o Magistério, mas para a educação, para o Brasil como um todo. Parabéns, Senador.

            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Sr. Presidente, Senador Humberto Costa, nosso Líder, eu quero só registrar nos Anais da Casa este pronunciamento - porque naturalmente eu não vou ler, sei que o meu tempo terminou -, em que eu faço uma homenagem ao grande ex-Senador Abdias do Nascimento, que hoje completa 97 anos. Abdias dedicou a sua vida na luta contra todo tipo de preconceito. Então, eu queria pedir a V. Exª esse registro.

            E, quanto ao outro, se V. Exª permitir, vou ler só a introdução, são duas linhas: Nos termos do art. 222 do Regimento Interno do Senado, requeiro voto de solidariedade aos familiares do ex-Governador e ex-Senador Mário Covas Júnior, pelos 10 anos da sua morte.

            Era isso e obrigado.

            Peço que V. Exª considere na íntegra os meus pronunciamentos.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR PAULO PAIM EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno)

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Matéria referida:

Requerimento nº..., de 2011. Voto de Solidariedade aos familiares de Mario Covas Júnior.

 

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SEGUEM, NA ÍNTEGRA, DISCURSOS DO SR. SENADOR PAULO PAIM.

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            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) -Sr Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a cena política brasileira está triste. Faleceu na última sexta-feira, vítima de acidente automobilístico, na BR 364, em Rondônia, o presidente regional do PT, ex-deputado federal Eduardo Valverde. 

            No mesmo acidente também morreu o radialista Ely Bezerra, secretário de organização do Partido dos Trabalhadores e secretário adjunto da Semdestur, em Porto Velho.

            Todos nós estamos chocados e externamos aqui nossas condolências e sentimentos de solidariedade aos seus familiares. Valverde era um defensor dos direitos humanos da floresta amazônica, e um lutador cotidiano e incondicional dos direitos e conquistas de todos os trabalhadores e trabalhadoras brasileiros.

            Sr. Presidente, foi com tristeza que recebi no sábado a notícia do assassinato do jovem Tairone Silva, de 17 anos, ocorrido na cidade litorânea de Osório, Rio Grande do Sul.

            Tairone levou dois tiros, um deles à queima-roupa. O crime comoveu a cidade. Ele foi velado na Câmara de Vereadores e o prefeito Romildo Bolzan decretou luto oficial de três dias.

            Infelizmente, fatos como este ocorrem diariamente no Brasil. Tairone Silva era negro.

            Conforme dados do Mapa Violência 2011, no Brasil, em cada três assassinatos, dois são de negros.

            Em 2008, morreram 103% mais negros que brancos. Dez anos antes, essa diferença já existia, mas era de 20%.

            De 2005 para 2008, as taxas de assassinatos entre os negros, subiram 12,1%. O cenário é ainda pior entre os jovens (15 a 24 anos).

            Os assassinatos entre os jovens negros passaram de 11.308 para 12.749 - aumento de 13%.

            Srªs e Srs. Senadores, peço, respeitosamente, que esta Casa aprove requerimentos de minha autoria com o objetivo de levar voto de pesar e solidariedade aos familiares das vítimas que aqui citei.

            Era o que tinha a dizer.

 

            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Supremo Tribunal Federal (STF) deverá julgar na próxima quinta-feira, dia 17, a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN) Nº 4167 que contesta alguns pontos da Lei Nacional do Piso dos Professores, sancionada em 2008, pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

            Os professores estão desejosos de que essa ação seja votada favoravelmente à categoria. O que eu concordo.

            Necessitamos que o Estado brasileiro reconheça o valor e o trabalho dos nossos professores. O Piso Nacional foi o primeiro passo dado. 

            Importante destacar que o governador do estado do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, apresentou, no dia 20 de janeiro, requerimento ao ministro Joaquim Barbosa, demonstrando seu desinteresse pelo objetivo dessa ação.

            A posição do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul - CPERS/Sindicato - é de que a implantação do piso nacional deve acontecer independentemente do resultado do julgamento do STF. 

            No meu entendimento é fundamental que todos os estados reconheçam o Piso Nacional como vencimento básico da carreira de professor. E que tanto a União como os estado federados criem condições financeiras para o pagamento do mesmo. 

            Sr. Presidente, o governo federal vem implantando nos últimos anos uma série de medidas e ações públicas que colocam a educação como um dos eixos básicos para o avanço e o desenvolvimento tanto regional como nacional. 

            Se a Educação é ponto de convergência para a nação que sonhamos e buscamos é inadmissível, que os seus trabalhadores, ou seja, os mestres, os professores, aqueles que ensinam, não sejam reconhecidos como tal.

            A remuneração é apenas um ponto desta questão. E sobre isso o nosso País está avançando. Eu não tenho dúvida alguma. 

            A não aplicação da Lei Federal que cria o Piso Nacional dos Professores é um retrocesso.

            Reitero aqui o total apoio ao pleito dos professores brasileiros.

            Era o que tinha a dizer.

 

            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr Presidente, Srªs e Srs. Senadores, gostaria de registrar que o meu amigo, Ulisses Riedel de Resende, diretor Técnico do DIAP e presidente da União Planetária, irá lançar amanhã, dia 15 de março, às 18h30, na Biblioteca do Senado Federal, um livro muito importante, em que revela suas reflexões sobre “As Causas da Miséria e Sua Superação”.

            Nesse livro ele viaja por questões sempre atuais, resgatando o valor das mesmas para nossa sociedade. São pontos cruciais como a importância da solidariedade, por exemplo. Mas, ele não pára por aí, ele propõe ações concretas para resolver o problema da Miséria em nosso País.

            Ele sugere, por exemplo, a criação da Autoridade Pública para Inclusão Social e o estímulo a organização em cooperativas especiais protegidas pelo Estado.

            Sabemos que a superação da Miséria não será obra de um único Governo, mas produto do esforço do Estado. Precisamos, a exemplo do que já vem fazendo a presidente Dilma Rousseff, nos engajar nessa luta, que deve ser de todos os poderes da República e da sociedade Brasileira.

            Ulisses Riedel é advogado trabalhista, humanista e militante social. Foi também senador da República, ainda que por um curto período, concluindo o mandato do falecido senador Lauro Campos.

            Faço questão de estar presente no lançamento do seu livro e gostaria de convidar a todos para prestigiar esse evento cultural, que acontecerá amanhã, as 18h30, na Biblioteca Acadêmico Luiz Viana Filho, aqui no Senado Federal.

            Parabéns Ulisses Riedel pela iniciativa e conte com nosso apoio.

            Era o que tinha a dizer.

 

            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a FEDERAÇÃO DAS ASSOCIAÇÕES SÍNDROME DE DOWN enviou convite para participar dos eventos relativos ao Dia Internacional da Síndrome de Down, que será dia 21 de março.

            O dia 21 de março foi escolhido para ser o dia internacional da síndrome de down porque a síndrome é causada pela trissomia do cromossomo 21, ou seja, o cromossomo 21 ao invés de se dividir em dois, divide-se em 3. No entanto, mais do que explicar o porquê da escolha dessa data para marcar o dia internacional da síndrome de down e focar naquilo que diferencia os seres humanos, quero neste momento focar no que nos torna iguais.

            Todos somos capazes de sentir, de aprender e de desenvolver-nos. A deficiência, seja ela qual for, não traz em si a sentença de fracasso pessoal, de insucesso na vida.

            No relato de muitos pais de crianças com síndrome de down é comum o sentimento de que a notícia de que seu filho é uma criança com down é algo impactante, e que muitas vezes essa notícia é passada pelos médicos de forma a estigmatizar essa criança, colocando-a como alguém que nunca terá uma vida independente. 

            A primeira sensação é de pessimismo, de impotência diante do inesperado. Depois, através do amor e do carinho por seu filho, os relatos, quase que unanimemente, são de que eles passaram a aprender com seu filho, com a sensibilidade que essas crianças demonstram, com a capacidade de autonomia delas, com a capacidade para o estudo e para o trabalho. 

            Sr. Presidente, nós temos, nesta Casa, exemplos de que essas pessoas estão perfeitamente aptas a viver sua capacidade laboral. No setor de higienização de livros da Biblioteca do Senado, por exemplo, trabalham oito jovens com deficiência intelectual, sendo dois deles com síndrome de down. 

            Na minha visão, mais importante do que cair no erro das visões estereotipadas, é acreditar que vale a pena investir na educação de uma criança com síndrome de down, que vale a pena crer no seu futuro, que ela pode ser uma criança e um adulto com autonomia, uma pessoa feliz.

            Desejo sucesso a todos que estão empenhados nessa contínua luta em defesa da plena cidadania das pessoas com síndrome de down!

            Era o que tinha a dizer.

 

            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, gostaria de registrar junto aos Srs. E Srªs Senadoras e a todos que nos escutam e nos vêem em suas casas ou em seu trabalho, que no dia de hoje, o nosso ex-Senador Abdias do Nascimento, está completando 97 anos.

             Todos sabem que o nosso Senador Abdias, é um dos maiores defensores da cultura e da igualdade para as populações afrodescendentes no Brasil. Trata-se de um intelectual de grande importância para a reflexão e atividade sobre a questão do negro na sociedade brasileira.

            Abdias registra uma trajetória longa e produtiva, indo desde o movimento integralista, passando por atividade de poeta (com a Hermandad, grupo com o qual viajou de forma boêmia pela América do Sul), até ativista do Movimento Negro, ator (criou em 1944 o Teatro Experimental do Negro) e escultor.

            Após a volta do exílio (1968-1978), ele ingressou na vida política (foi deputado federal e senador da República), além de colaborar fortemente para a criação do Movimento Negro Unificado (1978). Em 2006, em São Paulo, criou o dia 20 de novembro como o Dia Oficial da Consciência Negra.

            Recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Brasília. Escreveu vários livros, entre eles: Sortilégio e O Negro revoltado.

            Abdias foi também, professor benemérito da Universidade do estado de Nova York e Doutor Honoris Causa pelo estado do Rio de Janeiro.

            Sr. Presidente, gostaria de finalizar dizendo que num dos aniversários de Abdias, em uma das muitas homenagens que já fizemos a ele, declamei uma poesia, de minha autoria, que diz:

            Abdias, tua vida, Abdias, foi dedicada a essa causa, a nossa causa, à causa da nação negra.

            Abdias, meu velho e querido Abdias, o nosso povo há de contar em versos e prosa a tua história. A história de um guerreiro, a história de um lutador.

            Os poetas vão lembrar de Abdias, falando de paz, rebeldia e, tenho certeza, a emoção será tão forte como é hoje o que sentimos quando ouvimos a batida do tambor.

            Falarão de um homem negro, de cabelos brancos e barba prateada, que, independentemente do tempo, nunca parou.

            Fez da sua guerra a nossa batalha, como ninguém. Nunca tombou. Foi dele e é nossa a bandeira da igualdade, da justiça e da liberdade.

            Abdias, tu és exemplo para todos nós.

            Tu és um homem que viveu à frente do teu tempo.

            Que as gotas de sofrimento arrancadas do teu corpo se tornem pérolas, luzes a iluminar a jornada do nosso povo, da nossa gente.

            Tu nos deixas uma lição de vida.

            Viverás para sempre junto de nós.

            A rebeldia de tuas palavras, que somente os guerreiros ousam, estão cravadas na história da humanidade, nos nossos corações e mentes.

            Sei que não estás preocupado em agradar a todos, mas sei que a mensagem é: jamais, jamais deixem de lutar e sonhar.

            Sonhem, não aquele sonho bonito que tu gostarias que acontecesse num passe de mágica, mas, sim, o sonho que com nossa luta haveremos de tornar realidade.

            Esse, sim, será o fruto da tua, da nossa vitória.

            Viva a Nação Negra,

            Viva Zumbi dos Palmares,

            Viva o gigante Abdias do Nascimento!

            Vida longa para ti, Abdias!

            Parabéns meu nobre amigo, Abdias do Nascimento, e que seu aniversário de 97 anos celebre esse grande homem guerreiro que você sempre foi e, tenho certeza, continua sendo!!!

            Era o que tinha a dizer.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/03/2011 - Página 6726