Discurso durante a 56ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Registro do 51º aniversário de Brasília e reflexões sobre as mudanças promovidas no País com a vinda da capital para o Centro-Oeste. (como Líder)

Autor
Cristovam Buarque (PDT - Partido Democrático Trabalhista/DF)
Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Registro do 51º aniversário de Brasília e reflexões sobre as mudanças promovidas no País com a vinda da capital para o Centro-Oeste. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 26/04/2011 - Página 12269
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF), ANALISE, DIFERENÇA, BRASIL, TRANSFERENCIA, CAPITAL FEDERAL, IMPORTANCIA, POVOAMENTO, REGIÃO CENTRO OESTE, NECESSIDADE, INVESTIMENTO, EDUCAÇÃO, INTEGRAÇÃO, PERIFERIA URBANA, TRANSFORMAÇÃO, CIDADE, POLO DE DESENVOLVIMENTO, TECNOLOGIA, SUSTENTABILIDADE, MEIO AMBIENTE.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco/PDT - DF. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, quero apenas fazer aqui o registro de que, antes de ontem, Brasília, capital de todos os brasileiros, completou 51 anos. E esse é o momento de se fazer uma reflexão sobre o passado e sobre o futuro do Brasil e de Brasília.

            Do Brasil, a gente pode começar, Senador, lembrando como seria este País, hoje, se não tivesse havido, há 51 anos, a transferência da capital para a região Centro-Oeste. Como seria o Brasil, se tivéssemos, até hoje, concentrado população, produção, tudo isso numa pequena faixa no litoral brasileiro, como ocorreu durante quase 500 anos? Por 450 anos, fomos um País litorâneo.

            A vinda da capital para cá, permitiu, em primeiro lugar, atrair a população que para cá veio. Se não, teria toda ela ido para os grandes centros do litoral. Imaginem qual seria a população, hoje, de São Paulo, do Rio de Janeiro, se nós, brasileiros, não tivéssemos tido a ousadia de construir esta capital no Centro-Oeste?

            Segundo, uma reflexão sobre o potencial do nosso País, que, em quatro anos, fez surgir, em um quase deserto, do ponto de vista populacional, uma metrópole, como é Brasília hoje. Em quatro anos, construímos uma cidade em condições de virar capital, de maneira irreversível, porque, depois de inaugurada, não se voltou atrás.

            Se vocês querem imaginar, fazendo comparações, vejam que, hoje, para fazer a Copa do Mundo,

            O Brasil está sofrendo de uma maneira incrível, e há dúvidas se os aeroportos estarão em condições, há dúvidas se teremos hotéis, há dúvidas se os estádios estarão prontos. E uma capital inteira foi feita em quatro anos.

            Isso mostra que nós, brasileiros, podemos nos orgulhar de termos feito a epopeia, certamente a maior de todas deste País, do porte da ocupação do oeste, nos Estados Unidos, de transferir a capital do litoral para o interior, fazendo um desenvolvimento econômico no Centro-Oeste que dificilmente aconteceria se a capital ainda fosse no litoral.

            Ao mesmo tempo, vale a pena fazer reflexões sobre o futuro, para o Brasil e para Brasília. Para o Brasil, é preciso lembrar que um país que foi capaz de construir uma capital em quatro anos, de transformar essa pequena capital do início em um monumento histórico mundial, em uma metrópole, colocando em torno de três milhões de habitantes, um país que foi capaz disso tem de ter outra Brasília adiante. Temos de ter outras Brasílias até, adiante, e a Brasília que o Brasil precisa chama-se educação de qualidade igual para todos.

            Nós fizemos uma capital aqui, onde não nada havia. Como é que não somos capazes de fazer com que a escola de qualquer cidade deste País seja de igual qualidade, com uma carreira nacional do magistério, com um programa federal de qualidade escolar em horário integral, como propõe um projeto que corre nesta Casa?

            A nossa Brasília de hoje é a educação.

            Se nós nos orgulhamos, como brasileiros, mas lembrando aqueles que trabalharam para fazer esta cidade, hoje, somos nós, os que estamos vivos, que podemos construir esta nova capital do Brasil - obviamente, no sentido metafórico -, “esta nova capital”, esta nova epopeia: 50 milhões de crianças em escolas, todas elas com a mesma qualidade, com professores bem-remunerados, bem-dedicados, bem-preparados e, ao mesmo tempo, em escolas bonitas e bem-equipadas, tudo isso em horário integral.

            Precisamos refletir, também, sobre Brasília. Eu, como Senador do Distrito Federal, vejo dois grandes problemas que nós temos adiante.

            O primeiro é fazer com que Brasília seja mais do que a capital do Brasil. Durante os primeiros 50 anos, era possível ter Brasília como apenas capital da República, uma cidade onde viviam e trabalhavam aqueles que serviam para administrar o País a partir daqui.

            Não é mais possível. Com a população que nós temos, temos de ser maiores que a capital e, para isso, é preciso desenvolver, aqui, atividades econômicas. Brasília tem tudo para ser o centro da produção da nova economia, a economia baseada no conhecimento e com respeito ecológico. Esse é um desafio nosso, dos moradores de Brasília. Brasília foi feita pelos brasileiros de fora. Chegou a hora de nós, aqui de dentro, fazermos a reinauguração da Brasília maior do que a capital, com um setor industrial potente na área de alta tecnologia, respeitando o meio ambiente.

            O segundo problema é como incorporar a Brasília a população que vive em torno, que tem estado nos jornais e televisões desses últimos dias como a região mais violenta de todo o País, uma região das mais pobres de todo o País.

            Não é possível que queiramos manter o Distrito Federal...

(Interrupção do som.)

            O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco/PDT - DF) - ... como um ilha isolada da realidade ao redor. Nosso desafio, além de fazer Brasília maior do que capital, é fazer com que essa população que vive aqui, ao redor de nós, tão pertinho, como uma só cidade, seja incorporada aos benefícios de que Brasília, hoje, já dispõe, nos seus 51 anos.

            Nós todos, os brasileiros, estamos de parabéns, e nós, os que moramos aqui, estamos orgulhosos da nossa cidade, apesar de alguns erros que aconteceram num passado recente, sobretudo na política. Nós temos um grande desafio à frente: reinaugurar Brasília e fazê-la incorporar, aos nossos benefícios, a população que mora ao nosso redor.

            Parabéns, Brasília.

            Parabéns, Brasil, por ter Brasília.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/04/2011 - Página 12269