Discurso durante a 73ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração ao centésimo vigésimo aniversário do Jornal do Brasil.

Autor
Cristovam Buarque (PDT - Partido Democrático Trabalhista/DF)
Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração ao centésimo vigésimo aniversário do Jornal do Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 17/05/2011 - Página 16320
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, SESSÃO SOLENE, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, JORNAL, JORNAL DO BRASIL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), COMENTARIO, RELEVANCIA, LEITURA, PUBLICAÇÃO, ARTIGO DE IMPRENSA, PERIODO, JUVENTUDE.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco/PDT - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Bom-dia a cada uma e a cada um.

            Quero cumprimentar o Senador Wilson Santiago, Presidente da Mesa; o Senador Marcelo Crivella, que tomou a iniciativa desta sessão; a Srª Ângela Moreira; o Sr. Reinaldo Paes; Marcelo Migliaccio; o Sr. Humberto Tanure, a quem eu cumprimento com muito respeito; e o meu amigo e mestre Mauro Santayana, que orgulha esta Casa quando senta nessa cadeira.

            Eu não poderia deixar de estar aqui hoje para pagar uma dívida que tenho com o Jornal do Brasil. Não apenas por ter sido, em alguns momentos, articulista. Não. É que, a meu ver - e eu sempre digo isso -, nós aprendemos a ler soletrando nas escolas, mas nós aprendemos a ler realmente nos jornais. E eu aprendi a ler no Jornal do Commercio e no Diário de Pernambuco, mas virei brasileiro lendo o Jornal do Brasil, que meu pai comprava - e não era um homem de posses, só tinha até a quarta série primária -, e nós líamos em casa, tanto eu como meus irmãos e minhas irmãs.

            E foi aí que nós começamos a descobrir que existia um mundo muito além daquele que nos rodeava, e que existiam grandes pessoas - não vou dizer maiores, porque eu estaria fazendo uma comparação com jornalistas tão importantes do meu Estado, Pernambuco - como Otto Lara Resende, Barbosa Lima Sobrinho, Odylo Costa Filho, Antônio Callado, Carlos Castello Branco - uma das boas coisas que me aconteceram ao chegar a Brasília foi conhecer e conviver com ele -, Josué Montelo, Arnaldo Niskier, que é meu amigo, Sérgio Paulo Rouanet, que é meu amigo. E hoje a gente sabe que tem o nosso querido Mauro Santayana, tem o Villas-Bôas Corrêa, Luís Orlando Carneiro, que está ali, Wilson Figueiredo.

           Foi com vocês, foi com essas pessoas que eu adquiri uma dimensão que foi além da minha província. E se a gente faz algo ao respeitar a província - e Tancredo era um dos exemplos disso, porque a província, para ele, era a sua raiz -, nós nos fazemos grandes e maiores quando a cabeça se abre e nós vamos além da província.

            Foi o Jornal do Brasil que me fez brasileiro. Além disso, o Jornal do Brasil, junto com um concorrente a que faço referência, o Correio da Manhã, era, naqueles momentos de grande dificuldade que vivíamos para saber o que acontecia, o farol. O farol não só do ponto de vista da notícia política. Eu tinha fascínio pelo Caderno de Cultura do Jornal do Brasil. E esse farol iluminou, através da minha passagem de adolescente e de jovem, para aquele salto seguinte que a gente dá quando, pode-se dizer assim, está entendendo o que é a sua formação pessoal.

            Hoje, tenho mais uma visão e um agradecimento ao Jornal do Brasil. É a prova de que a resistência vale a pena, de que a resistência é uma das principais características dos seres humanos e das instituições que têm grandeza. E, ao mesmo tempo, tenho a certeza, como falou o Senador Lindbergh, de que o Jornal do Brasil não deixou a importância que ele tinha para aqueles que o acompanham, não importa em que tipo de mídia e de que tem tudo, pelo seu esforço, pela sua existência, pela sua história, para continuar sendo o farol que eu tive quando jovem, o balão de oxigênio que eu tive durante o período do regime militar, em que sofríamos censura.

            Eu vim aqui para dizer da minha gratidão ao Jornal do Brasil e do meu desejo, como brasileiro, de que os jovens de hoje possam ter o que eu tive, acompanhando aquilo que vocês fazem, com seus jornalistas, com seus repórteres e, sobretudo, hoje, com a resistência que vocês fazem para manter uma instituição centenária, o que é tão raro no Brasil. Uma instituição de 120 anos no Brasil, qualquer que seja, é um milagre. Basta dizer que universidade não temos nenhuma com essa idade. Um jornal, tirando o meu, talvez pela pretensiosidade constante dos pernambucanos, o Diário de Pernambuco, que nós costumamos dizer que é o mais antigo em circulação na América Latina, porque não queremos que os europeus venham reclamar de nós, se não a gente diria que era o mais antigo em circulação do mundo, até desde antes de Gutenberg. Eu espero que os jovens de hoje possam contar com o Jornal do Brasil, com essa figura como Mauro Santayana e todos esses outros desse grande elenco da seleção que vocês têm no mundo do jornalismo.

            Muito obrigado pelo que fizeram por mim, muito obrigado por existirem e muito obrigado por tudo o que vocês ainda vão fazer pelas ideias no Brasil.

            Um grande abraço, parabéns e obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/05/2011 - Página 16320