Discurso durante a 82ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem ao ex-Senador Abdias do Nascimento, falecido ontem; e outros assuntos.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem ao ex-Senador Abdias do Nascimento, falecido ontem; e outros assuntos.
Publicação
Publicação no DSF de 26/05/2011 - Página 18654
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, ABDIAS NASCIMENTO, EX SENADOR.
  • REGISTRO, PRESENÇA, SENADO, CENTRAL SINDICAL, MANIFESTAÇÃO, APOIO, PROPOSTA, EMENDA CONSTITUCIONAL, AUTORIA, ORADOR, INACIO ARRUDA, SENADOR, REDUÇÃO, JORNADA DE TRABALHO.
  • HOMENAGEM, DIA, ADOÇÃO.
  • HOMENAGEM, CENTENARIO, INDUSTRIA, FABRICAÇÃO, APARELHO ELETRODOMESTICO, ORIGEM, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS).

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. SENADOR PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Senadoras e Senadores, uso a palavra, Senadora Marta Suplicy, para fazer alguns registros. Primeiro, quero dizer que, esta semana, perdemos - comentei isso ontem, desta tribuna, num pronunciamento que fiz de dez minutos - um ícone da luta contra os preconceitos, o Líder Abdias Nascimento, que está sendo velado hoje, no Rio de Janeiro, e será enterrado na sexta-feira. O velório está ocorrendo na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro.

            Como homenagem a Abdias, Srª Presidenta, eu gostaria de encaminhar a esta Mesa três ofícios. Um deles é a cópia de um outro que encaminhei ao Sr. Wagner Pinheiro de Oliveira, Presidente da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, com o seguinte teor:

Ao cumprimentá-lo cordialmente, parabenizo Vossa Excelência pelo trabalho que vem realizando junto a essa Empresa.

Solicito a elaboração de um selo em homenagem a Abdias Nascimento, um dos maiores expoentes do país da luta contra a discriminação racial e pela valorização da cultura negra [e contra todos os preconceitos]. Abdias Nascimento dedicou sua vida à luta contra o preconceito. O selo comemorativo [com certeza] será um símbolo contra a discriminação racial.

            Essa é a síntese do requerimento.

            O segundo requerimento, Srª Presidenta, encaminho ao Presidente José Sarney:

Sr. Presidente, solicitamos a gentileza de Vossa Excelência apreciar a possibilidade do Conselho Editorial do Senado Federal editar os principais discursos do ex-Senador Abdias Nascimento, compilando-os em um livro [cujo título até sugiro: “O Pensamento Vivo de Abdias do Nascimento”].

            Desejamos que essa publicação resgate e mantenham acesas as ideias presentes que, consequentemente, serão instrumento para o futuro desse homem, que é um ícone, como eu dizia, na luta contra todo o tipo de preconceito e discriminação.

            Por fim, Srª Presidenta, tomei também a liberdade de apresentar um projeto de resolução para que a Comissão de Direitos Humanos possa levar o nome do nosso querido e sempre Líder Abdias Nascimento. Claro que vamos ver junto à Casa se o melhor caminho seria um projeto de resolução.

            Ainda, Srª Presidente, Abdias Nascimento era do quadro do PDT.

            Vou combinar com os Líderes do PDT para que, no dia 21 de novembro - eu já tenho um requerimento aprovado na mesa -, quando teremos uma sessão de homenagem ao grande e inesquecível Zumbi dos Palmares, a gente faça uma grande homenagem, nesta Casa, com a presença dos principais líderes não só do País, mas também de fora do Brasil. Como eu já disse, Abdias era um líder nessa luta não só do Brasil, mas de toda a Humanidade. Que a gente faça uma sessão de homenagem no dia 21 de novembro. Já foi encaminhado à Mesa, há quatro meses, requerimento para homenagem a Zumbi. Nós dividiríamos esse espaço, homenageando Abdias Nascimento e, ao mesmo tempo, o grande Zumbi dos Palmares.

            Srª Presidenta, eu quero deixar registrado que hoje, aqui em Brasília, no Salão Negro, as centrais sindicais fazem um grande movimento pela aprovação de uma proposta de emenda constitucional de minha autoria e também do Senador Inácio Arruda, que é a campanha nacional das centrais sindicais por 40 horas semanais. Ambos apresentamos esse projeto quando Deputados, eu e o Senador Inácio Arruda, para que a jornada de trabalho seja reduzida para 40 horas semanais.

            Aqui, faço um pronunciamento nesse sentido.

            Por fim, Srª Presidente, eu não poderia deixar de registrar a importância do dia de hoje, o Dia Nacional da Adoção.

            No meu pronunciamento, faço uma homenagem a todos aqueles que são pais de verdade, pais mesmo! Pai e mãe, para mim, não são somente aqueles que geram, mas os que dão amor, acompanham e ensinam a criança a tocar a sua vida.

            Quero fazer hoje, neste pronunciamento, uma grande homenagem a todos aqueles que adotaram crianças e a todos aqueles que poderão adotá-las, ainda, ao longo de suas vidas.

            O dia 25 de maio foi escolhido por associações e grupos de todo o País para ser, oficialmente, o Dia da Adoção no Brasil.

            Ainda, Srª Presidente, aproveitando os últimos cinco minutos, eu gostaria de fazer uma pequena homenagem à empresa onde trabalhei durante praticamente toda a minha vida.

            Srª Presidente, faço uma homenagem aos 100 anos da Tramontina e uma saudação especial a uma das mais importantes empresas brasileiras, que completou, no dia 1º de maio, o seu centésimo ano de existência.

            A Tramontina tem sede no Rio Grande do Sul, em Carlos Barbosa e em Canoas, na serra gaúcha, e foi fundada por Valentin Tramontina e Elisa De Cecco. Hoje, a presidência é ocupada pelo Sr. Clóvis Tramontina.

            Nesses 100 anos de existência, a Tramontina, com certeza, alargou horizontes: 6.200 funcionários, dez fábricas, cinco centros de distribuição no Brasil, cinco escritórios de vendas no exterior, 11 unidades no exterior, 82 mil clientes no Brasil, cinco mil clientes no exterior, 18 países importadores, quase 17 mil produtos das mais variadas concepções.

            A Tramontina é uma empresa nacional, um orgulho, no meu entendimento, para o povo gaúcho e para o povo brasileiro. O detalhe é que nunca perdeu o seu caráter familiar. Creio que um dos motivos do seu sucesso é a visão macro da economia, sem perder o foco nas pessoas, nos seus funcionários.

            Eu, que trabalhei por anos no Grupo Tramontina, fui Presidente da Cipa e fiz, lá, um papel como o que faço no Senado, na linha dos direitos humanos. A minha homenagem a esse importante grupo empresarial deve-se ao fato de eu ter trabalhado lá.

            Já formado no Senai, lembro-me de que, como profissional da Tramontina, fui convidado, Srª Presidente, para ser candidato à presidência do Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas. Dirigi-me, na época, em 1978, ao Presidente da empresa. Em 1979, logo após ter sido eleito presidente da Cipa, quando meu nome foi indicado para ser candidato a presidente do sindicato, fui ao Sr. Manfrói e disse-lhe: “Sr. Manfrói, estou saindo da empresa porque vou me candidatar à presidência do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Canoas”.

            Ouçam o que respondeu o diretor dessa empresa: “Paim, eu não quero você de volta como um derrotado, como um perdedor. Aqui, na empresa, você já é um vitorioso. Vá, mas volte com a vitória”. Ele acertou. Ele, com mais de 80 anos, deve estar me ouvindo.

            Isso foi verdadeiro. Fui e elegi-me. A partir daquele momento, fui dirigente da Central Sindical dos Trabalhadores; da Central Única em âmbito nacional; presidi a Central Estadual do Rio Grande; por quatro mandatos fui Deputado Federal e estou no segundo aqui, no Senado Federal.

            Termino, Srª Presidente, cumprimentando todos os funcionários da Tramontina e da Forjasul, de todo o grupo. Tenho orgulho de ter trabalhado com essa gente, com esse povo, com os trabalhadores, do mais simples ao diretor mais graduado.

            Encerro e faço uma referência ao jornal Contexto, da cidade de Carlos Barbosa, pelo brilhante trabalho desenvolvido. Fez um encarte especial, que recebi, em que colocou opiniões de 100 personalidades com que a Tramontina conviveu no Brasil e no mundo. Fui incluído porque virei Senador da República, graças a esse trabalho que faço com os senhores aqui, nesta Casa.

            Um detalhe só, Srª Presidente, de que nunca mais vou me esquecer. Eu não posso também deixar de lembrar que eu ganhava, como profissional, em torno de dez salários mínimos, mas essa não é a questão. Todo dia, quando saíamos da fábrica, nós recebíamos uma cesta de verduras, com todas as hortaliças que vocês podem imaginar, porque, no fundo da empresa, havia um tipo de horta comunitária. Eu me lembro: eu levava para casa, religiosamente, batata, cebola, alface, repolho. Conto, com o maior orgulho, o quanto aquilo me fez bem. Até hoje eu tenho uma hortinha na minha casa.

            Parabéns, Grupo Tramontina, Forjasul, Manfrói, 100 anos! Que o sucesso continue para todos: para os dirigentes,...

(Interrupção do som.)

            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Fora do microfone.) - ... para toda a empresa e, naturalmente, para os seus milhares e milhares de funcionários e clientes.

            Era isso, Srª Presidente.

 

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SEGUEM, NA ÍNTEGRA, PRONUNCIAMENTOS DO SR. SENADOR PAULO PAIM.

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           O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, falei na semana passada sobre os primeiros 100 dias de meu mandato e, podem me acreditar, essa nova Legislatura está “a mil” como dizem por aí.

           Tenho idéias novas, que já coloquei no papel, e que sei que irão beneficiar nossa gente, mas não posso deixar de olhar para idéias que já estavam postas e que não vou cansar de defender até ver que foram implementadas.

           É engraçado, porque muitas vezes viemos a esta tribuna para repetir temas sobre os quais já havíamos falado, mas o teor deles é tão significativo para a vida das pessoas, que nós repetimos e repetimos, até que a idéia se transforme finalmente em Lei.

           Por exemplo, não vou deixar que a idéia da redução da jornada de trabalho caia no esquecimento e, o mais incrível de tudo é que eu sei que todos concordam comigo: reduzir a jornada de trabalho é proporcionar uma vida melhor.

           Além disso, quantas vezes já frisei aqui que, aplicando a redução, teremos a modernização das relações trabalhistas e a criação de novos postos de empregos formais.

           Quando me perguntam, por que reduzir a jornada de trabalho? Eu respondo: Simples, porque ela irá gerar num primeiro momento, 3 milhões de novos empregos, isso confirmado por Estudo do Departamento Intersindical de Estudos Sócio Econômicos (Dieese).

           Em um segundo momento, com a redução de uma hora por ano, até chegarmos a 36 horas semanais, seriam criados aproximadamente sete milhões de empregos.

           A redução da jornada, sem redução salarial, é teor da PEC 75/03, de minha autoria e do Senador Inácio Arruda.

           Esse projeto irá gerar mais empregos, mais empregos irão gerar maior possibilidade de consumo, mais investimentos e aumento da produção. Isso é crescimento econômico!

           Inclusive os estudos relativos à redução da jornada de trabalho têm mostrado que ela é de interesse tanto dos empregadores, quanto dos empregados. No caso dos empregadores, ela é vista como um meio de reduzir custos, já que torna possível ajustar a utilização da mão-de-obra às necessidades de produção das empresas, evitando o uso de horas extras.

           O empresariado brasileiro necessita de incentivos para a produção e redução de custos, como, por exemplo, a transferência de parte dos encargos sobre a folha para o faturamento. Com isso toda a sociedade assumiria a sua responsabilidade com o social e os empreendedores não teriam ônus por estarem gerando novos empregos.

           Já os empregados, que são a força viva do trabalho, necessitam de uma participação maior no sistema para ter uma vida digna.

           Neste sentido entendo importante também, a aprovação da Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho que proíbe a demissão desmotivada.

           A existência de jornadas menores representará também, no caso dos trabalhadores, melhor qualidade de vida, colaborando inclusive para evitar problemas de saúde como estresse, depressão e lesão por esforço repetitivo.

           Li, há algum tempo, uma reportagem sobre o assunto e quero transcrever um trecho dela:

A busca pela qualidade de vida reacende o debate sobre a redução das jornadas laborais. Mas esse não é o único motivo que leva a um contrato de meio período. A vontade de estudar, aprimorar-se ou estar com a família também é determinante.

Carga horária menor, salário mantido e uma maior produtividade como resultado. Especialistas em recursos humanos garantem que essa fórmula funciona e explicam: o grande responsável é o aumento da qualidade de vida e da satisfação dos funcionários, consequências do maior tempo livre.

Tendência na Europa e nos Estados Unidos, a redução da jornada pode chegar ao Brasil caso seja aprovado o polêmico projeto de emenda à Constituição que estipula jornada máxima de 40 horas semanais àqueles cujos contratos são regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e aos trabalhadores do campo...

Estamos no auge do estresse. As pessoas estão muito cansadas, temos muito afastamento de pessoal por questões médicas. Essa mudança é necessária”, comenta a diretora da empresa Partner de Recursos Humanos, Lígia Coqueiro, que completa: “Se as empresas conseguirem se organizar, também só vão ter vantagens.

           A reportagem também mostra dados relativos à realidade de países como a Holanda, onde 75% das mulheres e 23% dos homens trabalham apenas em um período do dia, segundo o Netherlands Institute of Social Research (Instituto de Pesquisa Social dos Países Baixos).

           Na União Europeia, a parcela de mulheres que reduziram o tempo de estadia no emprego alcançou os 41% -- essa porcentagem é de 10% no caso dos homens. Nos Estados Unidos, os números chegam a 23% e 10%, respectivamente.

           O que se percebe na Europa é que muitas pessoas procuram reduzir a permanência no trabalho para aproveitar mais a família e investir em saúde e lazer. No Brasil, não é bem assim que se pensa. O motivo porque alguns optam pelo meio expediente são os estudos: seja alguma preparação para concursos públicos, uma graduação ou uma especialização.

           Sr. Presidente, quero voltar à frase que a diretora Ligia Coqueiro disse: “Estamos no auge do estresse”. Quando pensamos em redução de jornada de trabalho, talvez esse seja um fator sobre o qual a gente menos pense, mas já faz tempo que me incomoda o fato dos trabalhadores estarem adoecendo em decorrência de uma carga de horário de trabalho excessiva.

           E, não só isso, mas o fato de estarem colocando suas vidas pessoais de lado, esgotando toda sua energia em trabalho, trabalho, trabalho.

           À medida que venho envelhecendo isso tem me incomodado sempre mais. Vejo que as relações familiares tem se reduzido a um bom dia e um boa noite. Nos finais de semana as pessoas estão tão esgotadas que só querem ficar atiradas em frente à TV e dê preferência, sem precisar trocar uma palavra.

           Pensando nisso, lembro da reportagem que li no Le Monde Diplomatique Brasil que leva o título “Por um mundo mais feliz”. É, a reportagem trata da PEC da Felicidade, do nosso Senador Cristovam Buarque.

           Esse olhar para “aquilo que o Estado pode fazer para melhorar a vida das pessoas, não focando apenas em índices de crescimento econômico”, é simplesmente demais! Acho isso perfeito!

           A reportagem revelou, por exemplo, que, se nos últimos 35 anos a renda média nos Estados Unidos cresceu e as casas dobraram de tamanho, isso não resultou em uma população mais feliz.

           O Presidente da França, Nicolas Sarkozy, encomendou um estudo a dois economistas Nobel de Economia, propondo algo que possa substituir o Produto Interno Bruto, que não seria mais o ideal para avaliar o desenvolvimento de uma Nação.

           No Butão, que fica situado nos Himalaias orientais, já se falou também do índice de Felicidade Interna Bruta (FIB).

           Enfim, estamos falando de uma tendência mundial sobre um tema que, ao contrário do que alguns julgam ingênuo, abrange muito mais do que se possa imaginar.

           Por exemplo, o Brasil consta nas pesquisas sobre felicidade no mesmo patamar de países como Canadá e Suíça, ocupando o 12º lugar entre os países mais felizes do mundo, isso segundo estudo feito pelo Instituto Gallup.

           O publicitário Mauro Motoryn, idealizador do Movimento Mais Feliz, afirma que “existe uma má interpretação da palavra felicidade, que no Brasil é confundida com alegria”. Ele diz que humor, alegria e descontração fazem parte do brasileiro.

           Isso faz sentido porque, quando os brasileiros são perguntados sobre o dia a dia, sobre transporte, educação, saúde, eles fazem sérias críticas. E, como eu disse antes, felicidade abrange muita coisa e passa, certamente, por esses itens.

           E faço questão de frisar que felicidade passa também por um salário mínimo que expresse respeito à dignidade e à labuta do trabalhador. Salário digno no bolso, além de ser direito de todo trabalhador, é o reconhecimento de que seu trabalho é valorizado, é importante. 

           Vocês sabiam que entre os fatores apontados em um Manifesto, feito por finlandeses, sobre o que faz uma pessoa feliz, estão: “Tempo livre com mais qualidade” e “Investir mais em amigos, vizinhos e familiares”?

           Tempo livre, qualidade de vida, felicidade!!! É isso que a redução da jornada de trabalho busca e é por isso que vou continuar insistindo.

           Esse projeto precisa ser olhado com toda seriedade que merece.

           Srªs e Srs. Senadores, hoje, ou melhor, neste momento, está acontecendo no Salão Negro do Congresso uma campanha nacional das Centrais Sindicais pedindo a redução da jornada para 40 horas semanais sem redução salarial.

           Vocês não imaginam como fico feliz vendo essa mobilização em favor do projeto apresentado por mim e pelo Senador Inácio Arruda. Esse projeto vai melhorar a qualidade de vida dos brasileiros.

           Temos pela nossa frente grandes possibilidades de construir condições para tornar nosso povo mais feliz. Vamos centrar nossos esforços em alcançar esse objetivo.

           Obrigado e vamos à luta!!!

           Era o que tinha a dizer.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR PAULO PAIM EM SEU PRONUNCIAMENTO

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

- Campanha nacional das centrais sindicais - 40 horas semanas sem redução salarial;

- Carta aos parlamentares em defesa da redução da jornada de trabalho sem redução de salários.

 

           O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o dia 25 de maio foi escolhido por associações e grupos de todo o país para ser oficializado como o Dia da Adoção no Brasil.

           Esta data foi escolhida porque em 1996 aconteceu, em Rio Claro-SP, o primeiro Encontro Nacional da Adoção e em 09 de maio de 2002, a Lei 10.447, instituía o Dia nacional da Adoção.

           Esse, na minha visão, é um assunto muito sério, delicado, que envolve uma grande capacidade de amar.

           Essa data, passados 8 anos de comemoração, pode e deve ser usada como possibilidade de reflexão e discussões.

           Ela serve para nos lembrar a importância da adoção, para discutir o assunto e para perceber que temos a nossa frente uma forma de ter um filho por um novo caminho.

           Dados do Conselho Nacional de Justiça, dão conta de que há cerca de 4.000 crianças aptas a serem adotadas no país.

           Por outro lado, mais de 50 mil estão em abrigos e simplesmente não conseguem encontrar um lar.

           Eu imagino o que deve passar pela cabeça dessas crianças. A gente vê em filmes, em novelas, em reportagens, cenas que mostram as crianças nas instituições de acolhimento esperando alguém que as acolha.

           Acho que o sentimento que a gente tem vendo essas cenas, não representa nem metade do sofrimento que as crianças devem sentir.

           Isso acontece por várias razões, mas há quem afirme que uma delas, e talvez a principal, para estes bebês, crianças e até adolescentes não se encaixarem em famílias estruturadas é que existe uma lentidão no processo de adoção brasileiro.

           Pessoas que tentam a adoção contam que o processo é demorado e cheio de meandros.

           Por exemplo, para preencher a ficha do cadastro nacional é preciso tirar cópia de dezenas de documentos, além de passar por entrevista com psicóloga e assistente social.

           O presidente da Comissão Especial de Direito à Adoção, Carlos Berlini, afirma que outro problema encontrado é que os pais adotivos querem uma criança que tenha o mesmo perfil que eles.

           Segundo ele:

No Brasil a lista de pessoas que querem adotar uma criança é longa e o processo é lento, mas isso acontece também porque as pessoas têm preferências por idade, cor ou sexo. Criança não falta, mas as pessoas demoram muito para escolher.

           Ele explica também que existem hoje no país, mais de 25 mil pessoas que pretendem adotar e que esse número supera o de crianças aptas à adoção.

           Nos últimos meses a questão da adoção tem sido muito divulgada na mídia. Por exemplo, foram expostos casos que revoltaram a sociedade.

           Foi assim com uma ex-procuradora acusada de maus tratos contra uma garota de dois anos que ela adotou. Essa menina foi, por diversas vezes, humilhada e espancada pela aposentada.

           Isso é um absurdo. Essas crianças querem tanto ter um lar, querem tanto fazer parte de uma família, querem formar laços, querem poder dizer aos outros “eu faço parte” e, não merecem ficar expostas a pessoas incapazes de amar.

           Srªs e Srs. Senadores, essa é a questão, o amor. A escolha de trazer para o seio familiar uma criança desconhecida requer, em primeiro lugar, amor desprendido.

           Esse gesto é tão grande, é tão incrível e ao mesmo tempo deveria ser tão comum. É, deveria ser comum.

           De um lado existe uma criança abandonada, ou órfã, que precisa de alguém que cuide dela e, de outro lado, existe um casal, que pelas mais variadas razões, não pode ter filhos.

           Uma boa dose de amor resolve isso e, se for o amor quem move essa ação, ela só poderá dar certo.

           O que nós precisamos é que esse processo seja facilitado, por todos os envolvidos.

           No caso das pessoas que adotam, por exemplo, penso que quando se faz isso, é preciso que haja amor o suficiente para que, características físicas da criança diferentes das nossas não sirvam de desistência.

           É muito importante que a sociedade entenda que a filiação adotiva é só uma outra maneira de construir uma família e ser feliz.

           Vamos pensar nessas coisas. O Dia Nacional da Adoção nos convida a isso.

           E, para além disso, ele nos convida a parabenizar os pais adotivos na sua fertilidade emocional; os filhos por adoção na sua filiação afetiva; a Vara da Infância e seu corpo técnico pelo bonito trabalho de encontrar pais para uma criança.

           Era o que tinha a dizer.

 

           O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, gostaria de fazer uma saudação especial a uma das mais importantes empresas brasileiras, que completou no dia 1º de Maio o seu centésimo ano de existência. 

           A Tramontina tem sede em Carlos Barbosa, na serra gaúcha, e foi fundada por Valentin Tramontina e Elisa De Cecco. Hoje a presidência é ocupada por Clóvis Tramontina. 

           Nesses 100 anos de existência a Tramontina alargou horizontes: Seis mil e duzentos funcionários, dez fábricas, cinco centros de distribuição no Brasil, cinco escritórios de vendas no exterior, onze unidades no exterior, oitenta e dois mil clientes no Brasil, cinco mil clientes no exterior, dezoito países importadores, são quase dezessete mil produtos dos mais variados.

           A Tramontina é uma empresa nacional, que é orgulho de todos dos brasileiros. Detalhe é que nunca perdeu o caráter familiar. Creio que um dos motivos do seu sucesso é a visão macro da economia sem perder o foco nas pessoas, nos seus funcionários.

           Eu que trabalho com direitos humanos e com as pessoas sei dessa importância.

           A minha homenagem a este importante grupo empresarial é devido ao fato de ter trabalhado em uma das suas unidades. Já formado no SENAI, o senhor Cláudio Manfrói, me ofereceu uma oportunidade na FORJASUL Canoas. Isso foi pelos idos de 1978. A minha função era de modelista.

           Em 1979 fui eleito presidente da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) e comecei a participar de assembléias sindicais.

           Quando o meu nome foi escolhido para ser candidato a presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, o senhor Manfrói, que aqui eu citei, me disse: “Paim, eu não quero que volte para a fábrica como um perdedor. Aqui dentro você tem história. Vá e volte com a vitória”.

           Sr. Presidente, ao parabenizar os diretores, os funcionários e os descendentes dos fundadores da Tramontina, quero dizer que tenho orgulho de ter trabalhado neste grupo empresarial.

           Para encerrar, faço referência ao jornal Contexto, da cidade de Carlos Barbosa, pelo brilhante trabalho desenvolvido, em encarte especial, com textos, opiniões e lembranças de 100 personalidades sobre a Tramontina. 

           Era o que tinha a dizer.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/05/2011 - Página 18654