Discurso durante a 89ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro do transcurso, no dia 24 de maio, do Dia do Café e destaque para a necessidade de mais investimentos na indústria de processamento desse produto; e outros assuntos.

Autor
Valdir Raupp (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RO)
Nome completo: Valdir Raupp de Matos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PROGRAMA DE GOVERNO. HOMENAGEM. COMERCIO EXTERIOR.:
  • Registro do transcurso, no dia 24 de maio, do Dia do Café e destaque para a necessidade de mais investimentos na indústria de processamento desse produto; e outros assuntos.
Publicação
Publicação no DSF de 03/06/2011 - Página 20945
Assunto
Outros > PROGRAMA DE GOVERNO. HOMENAGEM. COMERCIO EXTERIOR.
Indexação
  • ELOGIO, LANÇAMENTO, GOVERNO FEDERAL, PLANO DE GOVERNO, BRASIL, ELIMINAÇÃO, MISERIA.
  • SUGESTÃO, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CRIAÇÃO, PROGRAMA DE GOVERNO, APERFEIÇOAMENTO, RODOVIA, COMPETENCIA, UNIÃO FEDERAL, OBJETIVO, MELHORIA, QUALIDADE, TRAFEGO RODOVIARIO, ECONOMIA, PREVENÇÃO, ACIDENTE DE TRANSITO.
  • REGISTRO, VISITA, DISTRITO FEDERAL (DF), DIRETOR GERAL, DEPARTAMENTO DE ESTRADAS DE RODAGEM (DER), CONFUCIO MOURA, GOVERNADOR, ESTADO DE RONDONIA (RO), PARTICIPAÇÃO, CERIMONIA, AUDIENCIA, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.
  • HOMENAGEM, DIA NACIONAL, CAFE, COMENTARIO, IMPORTANCIA, PRODUTO, HISTORIA, ECONOMIA, CULTURA, PAIS.
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ASSUNTO, DESEQUILIBRIO, COMERCIO EXTERIOR, CAFE, PAIS, REFERENCIA, EXPORTAÇÃO, PRODUTO IN NATURA, IMPORTAÇÃO, PRODUTO INDUSTRIALIZADO, DEFESA, ORADOR, NECESSIDADE, INVESTIMENTO, INDUSTRIALIZAÇÃO, PRODUTO PRIMARIO, SOLICITAÇÃO, PROVIDENCIA, AUTORIDADE PUBLICA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. VALDIR RAUPP (Bloco/PMDB - RO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Paulo Paim, que ora passa a Presidência para o Senador Vicentinho, que acaba de fazer seu pronunciamento, Srªs e Srs. Senadores, podemos dizer que hoje foi um dia memorável, com o lançamento, no Palácio do Planalto, do programa Brasil sem Miséria, pela Presidente Dilma, pela Ministra Tereza Campello e diversos outros Ministros, Senadores, Deputados Federais e a sociedade organizada lá representada.

            Eu diria que foi um dos lançamentos de programa mais bonitos da história do nosso País. Eu acompanhei quase que todos os programas lançados pelo Presidente Lula, mas este, hoje, eu diria que bateu o recorde em emoção, em eficiência. Não quero dizer que não o foram todos os outros programas, como Minha Casa Minha Vida; Fome Zero; Bolsa Família; Programa de Aceleração do Crescimento; e Luz para Todos. Espero que muitos outros programas venham a ser lançados ainda neste ano. Ontem, na reunião do conselho, no Palácio do Planalto, eu até sugeri alguns programas à Presidente Dilma, entre eles o programa de duplicação das nossas rodovias federais.

            É uma vergonha que um País que é a sétima economia do mundo e que tem mais de 60 mil quilômetros de rodovias pavimentadas - a maioria mal pavimentada e esburacada -, tenha menos de cinco mil quilômetros de rodovias duplicadas. Menos de cinco mil quilômetros. E observem que R$10 bilhões dariam para duplicar cinco mil quilômetros de rodovias federais - mais do que dobraria a malha de hoje, com economia, evitando acidentes trágicos, com mortes fatais, que acontecem quase todos os dias nas nossas rodovias, nas nossas BR.

            Estou fazendo essa introdução porque houve o lançamento, hoje, desse programa no Palácio do Planalto, mas eu quero falar sobre o café, sobre essa cultura que gerou riquezas e edificou cidades como São Paulo e Belo Horizonte, e, por que não dizer, Estados como São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e tantos outros que tiveram, principalmente no século passado, a sua economia baseada no café.

            O meu Estado, que é novo, também já produz muito café, por isso eu quero falar sobre o café.

            Como falei de estradas, não posso deixar de agradecer a presença do Diretor-Geral do DER do meu Estado, Rondônia, Dr. Lúcio Mosquini.

            Antes ser Governador do meu Estado, eu também ocupei esse cargo de diretor-geral do DER. Fiz muitas estradas, construí muitas pontes e continuo, ainda, construindo muitas pontes hoje, mas na articulação política, porque nós temos de construir pontes todos os dias, articulando como líder da bancada que fui aqui e, agora, como Presidente Nacional do PMDB. Mesmo como Senadores, temos de construir uma ponte por dia, as pontes dos entendimentos.

            Então, agradeço as presenças do Lúcio Mosquini e do nosso Governador, Confúcio Moura, que está em Brasília. Esteve no lançamento no Palácio do Planalto pela manhã e, à tarde, esteve em audiência, às 15 horas, com a Presidente Dilma Rousseff. Então, obrigado ao nosso Governador.

            O SR. PRESIDENTE (Vicentinho Alves. Bloco/PR - TO) - Senador Raupp.

            O SR. VALDIR RAUPP (Bloco/PMDB - RO) - Pois não.

            O SR. PRESIDENTE (Vicentinho Alves. Bloco/PR -TO) - O Governador Confúcio é um tocantinense.

            O SR. VALDIR RAUPP (Bloco/PMDB - RO) - É, nasceu no Estado do Tocantins.

            O SR. PRESIDENTE (Vicentinho Alves. Bloco/PR - TO) - É muito amigo nosso. Nós temos orgulho de tê-lo lá. Os tocantinenses, todos nós temos orgulho de tê-lo como Governador do Estado de Rondônia.

            O SR. VALDIR RAUPP (Bloco/PMDB - RO) - E foi Deputado Federal também. Acho que conviveu com V. Exª, lá na Câmara, como Deputado Federal, por três mandatos, e com a Deputada Marinha Raupp, minha esposa, que já está no quinto mandato. O Confúcio foi um grande Deputado, um grande prefeito da cidade de Ariquemes por dois mandatos e, sem dúvida, será um grande governador.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, no dia 24 de maio comemoramos o Dia do Café, a bebida mais popular do Brasil. Trata-se de um produto de grande importância econômica, cultural e social para o País.

            Ao ler recente matéria divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo, em seu caderno de Economia, fui tomado por um sentimento misto de estranheza e indignação. De fato, a notícia é de deixar todos estupefatos.

            A despeito de sermos os maiores produtores mundiais de café in natura, somos grande importador do produto beneficiado e industrializado. Para os senhores e senhoras terem uma ideia, estamos comprando o grão torrado e moído até mesmo da China! A China está exportando café para o Brasil.

            Enquanto o quilo de café arábica verde, de ótima qualidade, está valendo US$4 no mercado mundial, o valor médio do café industrializado que importamos da Suíça, com pompa e circunstância, é de US$78! Olhem só: de US$4 para US$78. Exportamos por US$4 o grão in natura e compramos, importamos a US$78. Vejam o quanto estamos perdendo nessa escala de valor agregado!

            O cafezinho , Sr. Presidente - que o Zezinho e seus colegas nos servem todos os dias aqui -, é uma instituição nacional e está visceralmente inserido no cotidiano das casas, escritórios e restaurantes em todo o Brasil. Tornou-se, até mesmo, poderosa ferramenta de agregação familiar e social.

            O cultivo do seu grão, historicamente, comandou as nossas exportações por décadas, desde o final do século XIX. As lavouras cafeeiras, e seus barões, comandaram a cena política e econômica brasileira até engrenarmos um vertiginoso e audacioso processo industrialização, iniciado por Getúlio Vargas e que teve continuidade por todo o século XX.

            Sr. Presidente, tenho orgulho de pertencer ao maior produtor de café da Região Norte, o segundo maior produtor de café Conilon e o sexto maior produtor do Brasil. Em meu Estado, o grão é produzido principalmente nas cidades de Cacoal, Rolim de Moura, Ouro Preto do Oeste, Jaru, Machadinho, Nova Brasilândia, Alta Floresta, Alto Alegre, São Miguel, Espigão d’Oeste - poderia, aqui, citar, talvez, 30 ou 40 Municípios do Estado de Rondônia, onde se produz muito café.

            Ressalto que, no ano de 2010, tivemos a maior safra já produzida: 140 milhões de toneladas - o Estado de Rondônia já produz em torno de 140 milhões de toneladas de café.

            Pois bem, meus nobres colegas, Senadoras, Senadores, senhoras e senhores ouvintes da Rádio Senado e telespectadores da TV Senado, a nossa atual condição no mercado internacional de café parece ser um retrato na parede. Paramos na história, Sr. Presidente. Produzimos um grão de altíssima qualidade e baixo valor agregado, vendemos por preço vil e compramos adiante os caros produtos cafeinados de grandes multinacionais europeias e americanas.

            Acondicionados em vistosas embalagens e ostentando rótulos de grandes marcas publicitárias, o café processado suíço, italiano, alemão ou inglês está nas melhores prateleiras de nossos supermercados e lojas especializadas. Sem produzir um único grão, esses países vêm auferindo importantes ganhos comerciais com o negócio cafeeiro internacional.

            Até quando, Sr. Presidente, engordaremos os lucros dessas multinacionais estrangeiras à custa do nosso produtor, à custa do suor do nosso produtor

            Ora, se somos os maiores cultivadores de café, por que não investir maciçamente na construção de marcas e padrões de beneficiamento do grão? O Brasil, que e a sétima economia do mundo, que tem energia em abundância, que tem o produto, não industrializa esse produto para agregar valor.

            Pela importância e grandeza do nosso País, Srªs e Srs. Senadores, não basta sermos o celeiro do mundo. Temos que desenvolver nossos modelos produtivos e, cada vez mais, agregar valor às nossas commodities, sob pena de padecermos no degrau mais baixo do mercado internacional.

            Essa situação relacionada ao café, portanto, se reveste de contornos bastante paradigmáticos. Exportar matérias primas é importante e nos ajudou a retomar a toada do crescimento econômico. O próximo salto, fundamental e decisivo, é dotarmos a nossa indústria de processamento desses produtos primários de competitividade internacional e passarmos a rivalizar, com renome equivalente, com os melhores produtos beneficiados de nossos clientes internacionais.

            Sr. Presidente, se o Brasil já é grande, se a nossa economia está crescendo, exportando commodities, imagine se estivéssemos exportando matéria prima, produto de valor agregado.

            Queremos tomar um legítimo e genuíno café brasileiro, plantado, colhido, torrado e moído por mãos e indústrias brasileiras!

            É esse o apelo Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, que faço às nossas autoridades, ao Ministério da Indústria e Comércio, a todos os organismos federais ou estaduais que possam ajudar, tais como os bancos de fomento, o BNDES, o Banco da Amazônia, a Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil, para que possam financiar empreendedores na construção de indústrias, para agregar valor aos nossos produtos, não só o café, mas tantos outros produtos que estamos exportando in natura, como commodities, que poderiam ter valor agregado muito maior, ajudando a nossa economia a crescer, com certeza, cada vez mais.

            Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

            Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/06/2011 - Página 20945