Discurso durante a 95ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Destaque para a realização do Congresso Internacional da Carne, em Campo Grande, Estado do Mato Grosso do Sul, que tem a ideia, segundo S.Exa., de fortalecer as relações e consolidar conceitos a respeito de todos os aspectos relacionados à produção e ao consumo de carne.

Autor
Waldemir Moka (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MS)
Nome completo: Waldemir Moka Miranda de Britto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
PECUARIA.:
  • Destaque para a realização do Congresso Internacional da Carne, em Campo Grande, Estado do Mato Grosso do Sul, que tem a ideia, segundo S.Exa., de fortalecer as relações e consolidar conceitos a respeito de todos os aspectos relacionados à produção e ao consumo de carne.
Publicação
Publicação no DSF de 10/06/2011 - Página 22956
Assunto
Outros > PECUARIA.
Indexação
  • REGISTRO, CONGRESSO INTERNACIONAL, CARNE, REALIZAÇÃO, MUNICIPIO, CAMPO GRANDE (MS), ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL (MS), DEBATE, SITUAÇÃO, PECUARIA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. WALDEMIR MOKA (Bloco/PMDB - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ocupo esta tribuna, Sr. Presidente, para falar do Congresso Internacional da Carne, que está sendo realizada desde ontem, quarta-feira, em Campo Grande, capital do meu querido Estado do Mato Grosso do Sul. 

            Como sabem os senhores, Mato Grosso do Sul é um dos grandes produtores exportadores de carne bovina do Brasil; o Estado tem o terceiro maior rebanho de corte e é também um dos maiores produtores de grãos deste País.

            Tudo isso é motivo de muito orgulho para a nossa classe produtora. Orgulho esse que se vê fortalecido com o Congresso Internacional da Carne, organizado pela Federação da Agricultura de Mato Grosso do Sul, a Famasul.

            Esse congresso, sem dúvida nenhuma, dá ao Mato Grosso do Sul a oportunidade para que nós possamos mostrar ao mundo a qualidade da carne do nosso Estado, além da forma como essa carne é produzida.

            O encontro em Campo Grande reúne mais de 1,5 mil pessoas interessadas em conhecer os segredos do Brasil na produção da carne bovina.

            Como bem lembrou ontem o Presidente da Federação da Agricultura do meu Estado, o Dr. Eduardo Riedel, o evento é a concretização de um projeto idealizado pelo conjunto que faz da pecuária brasileira a força que ela é.

            Estão reunidos em Campo Grande representantes de diversos segmentos da cadeia produtiva da carne: de insumos, de produção industrial, comercial e também do setor público.

            A idéia da Famasul nesses dois dias de Congresso é fortalecer relações e consolidar conceitos a respeito de todos os aspectos relacionados à produção e também ao consumo de carne.

            Os importantes atores da cadeia mundial têm oportunidade de conhecer a realidade da pecuária brasileira. O Brasil tem um grande parque industrial frigorífico e experiência em produção e exportação para mais de 150 países, alguns com elevado grau de exigência.

            Pelo congresso já passaram grandes e importantes representantes do setor. Cito como exemplo o ex-Ministro da Agricultura Pratini de Moraes, que, aliás, quando Ministro da Agricultura, notabilizou-se pela abertura de espaços comerciais para a carne brasileira. Ontem nos deu muita satisfação, falou no nosso congresso a Presidenta da Confederação Nacional da Agricultura, CNA, nossa amiga, a Senadora Kátia Abreu. E lá também esteve, representando o Ministro da Agricultura, o Dr. Francisco Jardim, que também proferiu uma palestra importante para os produtores rurais do Mato Grosso do Sul e para os produtores praticamente de todos os recantos do nosso País e de países outros, que lá estão querendo conhecer a realidade da pecuária brasileira.

            Mato Grosso do Sul recebe esse grandioso evento porque os produtores locais colaboram, de maneira decisiva, para o sucesso do agronegócio nacional. O País é o maior exportador e o segundo maior produtor mundial de carne bovina. Há pouco tempo, éramos apenas o sétimo ou o sexto exportador de carne bovina e, hoje, o Brasil ocupa o primeiro lugar nesse ranking. Além de liderar a exportação de carne bovina, o Brasil começa a ganhar mercados com a carne ovina e a suína e, em breve, o nosso País estará no topo de muitos outros produtos agrícolas, o que manterá a regularidade de nossa balança comercial, cujo superávit deve-se ao agronegócio.

            Aqui devemos fazer um parêntese. Presidente, meu caro representante do Piauí, Senador Ciro Nogueira, a nossa balança comercial só é positiva em função do agronegócio. O agronegócio representa R$60 bilhões. Todos os outros segmentos dão um superávit negativo de aproximadamente R$40 bilhões, ou seja, pagamos todo o superávit negativo dos outros segmentos e ainda ajudamos com o superávit positivo de R$20 bilhões.

            O SR. PRESIDENTE (Ciro Nogueira. Bloco/PP - PI) - O senhor está totalmente certo.

            O SR. WALDEMIR MOKA (Bloco/PMDB - MS) - Esse é o parêntese que quero fazer porque não é possível que, em um País em que o agronegócio é exatamente a força motriz da nossa economia, a gente ainda encontre tantos obstáculos que penalizam os nossos produtores.

            Ao fazer a abertura do Congresso Internacional da Carne, o Presidente da Federação da Agricultura de Mato Grosso do Sul, Dr. Eduardo Riedel, destacou o processo de evolução da cadeia de carne brasileira.

            Sr. Presidente, a pecuária, segundo Eduardo Riedel, desempenhou papel chave no processo de colonização e ocupação do território brasileiro. Isso é uma realidade. Posso testemunhar que, no início do século passado, meu avô - Dom Osório nós o chamávamos - saiu do Rio Grande do Sul e foi a Bela Vista, passando pela Argentina. A viagem da família levou três anos, eles foram de carreta, ocupando esse espaço; na verdade fazendo com que o limite do território brasileiro fosse respeitado. Mas foi nas últimas décadas que a pecuária brasileira passou a ocupar lugar de destaque a partir do desenvolvimento de tecnologias para o setor e de ganhos em produtividade.

            Em 20 anos, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Brasil deixou de depender de importação de carne bovina - olhem como isso é importante! Há 20 anos o Brasil, este País continente, importava carne para abastecer o mercado interno. Apesar de ser tão pouco tempo os últimos 20 anos, nós nos tornamos, como já disse, o maior exportador mundial de carne.

            A pecuária brasileira também tem obtido consideráveis progressos em direção ao uso mais eficiente dos recursos naturais. Em 10 anos, de 1996 a 2006, houve redução - quero insistir neste ponto, de 1996 a 2006, houve redução - de 10 pontos percentuais ou 19 milhões de hectares nas áreas ocupadas com pastagem no Brasil. Em 10 anos nós deixamos de ocupar 19 milhões de hectares para pastagem. Quem diz isso é um documento oficial, é o Censo Agropecuário do IBGE. Esta área, 19 milhões de hectares, representa mais da metade ou 53% do Estado de Mato Grosso do Sul.

            A despeito da redução da área, foi possível ampliar o rebanho bovino brasileiro em cerca de 1/3, o que representa, aproximadamente, 50 milhões de cabeça.

            Ou seja, nós reduzimos em 10% a área ocupada e ampliamos em 1/3 o nosso rebanho - 50 milhões de cabeças. Quer dizer, o pecuarista está colocando mais animais por hectare, e o aumento da produtividade nós devemos à tecnologia.

            Temos potencial para avançar em produtividade...

            (Interrupção do som.)

            O SR. WALDEMIR MOKA (Bloco/PMDB - MS) - ...praticando uma pecuária mais extensiva (Intervenção fora do microfone.) e melhorando a capacidade de lotação em nossas pastagens - isso é importante que a gente diga aqui. Para ter um exemplo, tivemos uma audiência pública em que o pessoal do Ministério da Agricultura dizia ser possível você recuperar, só em pastagens degradadas, qualquer coisa em torno de 40 milhões de hectares. E é importante dizer que, quando formos recuperar as pastagens degradadas, vamos plantar o que chamamos de gramínea; essa planta nova captura o carbono. Então, temos condição. Por isso, não estamos nem um pouco preocupados. E alguém nos acusa de desmatamento. O produtor rural não quer desmatar. Ele quer, sim, em especial a pecuária, que tenha fonte de financiamento, para que a gente possa recuperar essas pastagens degradadas.

            O setor está ciente da importância que ocupa no cenário internacional. A demanda por esse alimento de grande valor nutritivo será da ordem de 20% nos próximos dez anos, segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO.

            No seu discurso, o representante dos produtores rurais defendeu legislação condizente que garanta sustentabilidade e, ao mesmo tempo, permita ao produtor atender à necessidade de aumento na oferta de alimento, numa referência ao Código Florestal.

            Segundo o Presidente da Famasul, com o apoio de uma legislação justa e transparente, estaremos aptos a sustentar o aumento de consumo resultante do crescimento populacional e da melhoria do poder aquisitivo das populações, com a responsabilidade social e ambiental que o mercado exige.

            Enfim, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu teria muito mais coisa para ser dita aqui sobre esse produto de importância fundamental para o mundo, mas o tempo não me permite, razão pela qual concluo, Sr. Presidente, dizendo que o Brasil será maior ainda na produção de alimentos se as autoridades governamentais voltarem seus olhos para esse setor, com aumento de oferta de crédito e redução dos juros e também da burocracia.

            Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/06/2011 - Página 22956