O SR. JAYME CAMPOS (Bloco/DEM - MT. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente Marta Suplicy, Srªs e Srs. Senadores, o assunto que me traz hoje à tribuna desta Casa diz respeito ao Pantanal Mato-Grossense, ambos pantanais, do Mato Grosso do Sul e do Mato Grosso, nosso santuário ecológico que guarda em sua exuberante geografia, além de belas e inigualáveis paisagens, instigante diversidade cultural sustentada por uma economia secular e ativa.

            Uma atividade que contribui com a defesa deste ecossistema, pois, tão eloquente quanto a fauna e a flora pantaneira é o estilo de vida das pessoas que convivem harmonicamente com esse habitat complexo e frágil.

            Elas são verdadeiras defensoras da preservação desse bioma, porque ele dá sentido aos próprios costumes e hábitos dessa população, que aprendeu a subtrair dos ciclos da natureza os meios necessários para sua sobrevivência.

            Os pantaneiros, ao longo da história, têm sido os maiores aliados do ecossistema tanto na sábia exploração racional de seus mananciais, como na intransigente manutenção dos modelos de integração social entre o ser humano e o meio ambiente.

            Um dos principais símbolos dessa comunhão de interesses, que alia, ao mesmo tempo, idéias aparentemente tão diversas como preservação ambiental e exploração econômica, a rodovia Transpantaneira tem ajudado a desvendar para o mundo esse ecossistema que consegue manter seu perfeito equilíbrio, mesmo acolhendo o homem pantaneiro em seu universo, pois, como disse, Sr.ª Presidente, o Pantanal não é um espaço de águas, animais, aves e peixes, mas, sim, uma pátria de almas brasileiras que habitam e conservam um ecossistema singular no Planeta. Aliás, elas são parte desse ecossistema e conseguem desenvolver ali uma cultura rica em hábitos e manifestações artísticas.

            Agora mesmo, neste próximo final de semana, acontece, no Município de Poconé, Senador Pedro Taques, uma festa de larga tradição histórica, a Cavalhada. Trata-se de uma representação cenográfica e esportiva que resgata a luta entre mouros e cristãos na disputa pela Península Ibérica nos idos do século XII.

            Pois bem, em pleno Pantanal, cavaleiros cruzam lanças e espadas para recontar a história da fundação de Portugal. Comum no passado, essa encenação cultural se perdeu no tempo em outras localidades do País, mas mantém-se intacta e original em Poconé.

            Agora, este bicentenário município mato-grossense, repleto de lendas e tradições, reivindica a federalização da rodovia Transpantaneira e o prolongamento de seu traçado até a cidade de Corumbá, no Mato Grosso do Sul. Pois, embora muito unidas afetiva e culturalmente, as duas localidades são divididas pelo Pantanal.

            Meus caros Senadores, por mais paradoxal que pareça, povos são tão iguais, de linguajar comum e corações irmãos, vivem tão distantes do ponto de vista político e econômico. A continuação dessa rodovia, que hoje se extingue em Porto Jofre, do lado mato-grossense, até Corumbá, integraria a bacia pantaneira e ajudaria a unir sociedades que comungam do mesmo ideal de preservação desse ecossistema, que não se limita à fauna e à flora, mas sim à própria essência humana dos pantaneiros.

            Com a federalização e a conclusão das obras dessa estrada ligando os dois Estados, a Transpantaneira se converteria em estrada parque em sua total extensão, visto que do lado mato-grossense ela já adotou o modelo de rodovia ecológica. Além do interesse turístico e ambiental, o novo traçado pode dar vazão à atividade pastoril, presente na região há mais de 200 anos.

            Vale ressaltar que o traçado original dessa estrada foi concebido quando Mato Grosso ainda era um Estado uno, e significa, então, um sonho de muitas gerações de poconeanos e corumbaenses de ver a ligação rodoviária entre os dois municípios. A divisão geopolítica de nosso Estado culminou com a paralisação da obra na localidade de Porto Jofre, mas não arrefeceu o desejo dos pantaneiros de abraçar a integração desses dois povos.

            Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, nestes últimos dias, venho mantendo conversações com os Senadores Delcídio do Amaral, Waldemir Moka, Blairo Maggi e, desta feita, também com o ilustre Senador Pedro Taques sobre esse tema; e, como eu, eles também compreenderam que chegou a hora de o Senado Federal abrir discussão sobre a interligação de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, através da rodovia Transpantaneira.

            Inclusive, Srª Presidente, tivemos a oportunidade de debater o assunto com o Prefeito de Poconé, Arlindo Márcio de Moraes, na tarde de ontem, eu, Senador Moka e Senador Delcídio do Amaral, que fizeram questão também de manifestar e fazer observações.

            O Governador, que fez uma visita a esta Casa no início desta semana, procurou esclarecer os efeitos positivos, tanto para a economia, quanto para o esforço de preservação do ecossistema, da conclusão da Transpantaneira.

            O Nobre Senador Delcídio do Amaral, corumbaense, informou que já existe investimento do Ministério do Turismo na construção dessa rodovia, do lado do Mato Grosso do Sul. O foco também é o mesmo, ou seja, o de que a estrada seja um instrumento para o turismo e a conservação ambiental.

            Srª. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu gostaria de reafirmar minha crença de que ninguém tem maior interesse na perpetuação do bioma pantaneiro do que o próprio homem que lá vive; pois ele aprendeu a domar os ciclos da natureza de tal forma que hoje é parte integrante dessa paisagem.

            Srª Presidente, concluindo, quero, nesta oportunidade, do mesmo modo que participamos da reunião com o Senador Waldemir Moka, Delcídio do Amaral, Blairo Maggi, e, desta feita, também chamamos para participar desse diálogo e entendimento o Senador Pedro Taques, envolver os dois Governadores, Senador Waldemir Moka, André Puccinelli e Sinval Barbosa, diante da importância que essa rodovia é para os Estado de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

            Não tenho dúvidas de que transformaremos aquela vasta região dos nossos Estados em uma grande área turística, uma estrada turística, que vai permitir não só melhorar a renda das famílias de fazendeiros daquela região, mas, sobretudo, criar um novo modelo turístico do Brasil, que é o turismo autossustentável, um turismo que certamente milhões e milhões de brasileiros ainda não tiveram a oportunidade de conhecer em nosso País.

            De tal forma, Srª Presidente, agradeço a V. Exª o tempo e a paciência, na certeza de que este meu pronunciamento não vai ficar em vão, diante da importância que representa a integração dos Estados, através da rodovia Transpantaneira, de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

            Obrigado.

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