Fala da Presidência durante a 73ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração ao centésimo vigésimo aniversário do Jornal do Brasil.

Autor
Wilson Santiago (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: José Wilson Santiago
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração ao centésimo vigésimo aniversário do Jornal do Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 17/05/2011 - Página 16309
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, SESSÃO ESPECIAL, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, JORNAL, JORNAL DO BRASIL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ).

            O SR. PRESIDENTE (Wilson Santiago. Bloco/PMDB - PB) - Declaro aberta a sessão.

            Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos.

            A presente sessão especial destina-se a comemorar o 120º aniversário do Jornal do Brasil, nos termos do Requerimento nº 410, de 2011, do Senador Marcelo Crivella e outros Senadores.

            Convido para compor a Mesa o autor do requerimento, Senador Marcelo Crivella; a Drª Ângela Moreira, Presidente do Jornal do Brasil; o Diretor Institucional Reinaldo Paes Barreto; o Editor Executivo Marcelo Migliaccio; o Editor Humberto Tanure; e o Sr. Mauro Santayana, jornalista conhecido por todos.

            O Senado Federal não poderia deixar passar a oportunidade de prestar merecida homenagem aos 120 anos de existência do Jornal do Brasil. Não há qualquer exagero em afirmar que a história do periódico se confunde com a própria história do jornalismo nacional, razão pela qual saúdo o Senador Marcelo Crivella, autor do Requerimento que possibilitou a realização desta Sessão Especial.

            O Jornal do Brasil foi fundado no dia 9 de abril de 1891 por Rodolfo de Souza Dantas, ex-Ministro do Império, menos de dois anos após o advento da República. Nasceu, portanto, em período conturbado - e seus primeiros anos refletiram um comportamento dual, ora em defesa da Monarquia, ora transigindo com a nascente República.

            Desde o início, o Jornal do Brasil se destacou por, pelo menos, três fatores. Primeiro, uma postura empresarial avançada, com forte capitalização e abertura para as modernas técnicas empresariais em curso na Europa e nos Estados Unidos.

            Segundo, pelo rol de destacados colaboradores, gente como o crítico literário José Veríssimo, autor de uma bela história da literatura brasileira, o gramático Said Ali, grande conhecedor da língua portuguesa ou, ainda, ninguém menos do que o ilustre Barão do Rio Branco. Um pouco mais tarde, contou com Joaquim Nabuco e o grande Rui Barbosa.

            Terceiro, pelo esforço de inovação tecnológica, com a compra de modernos equipamentos importados, a constituição de um parque gráfico sem similar no País e as constantes inovações de apresentação gráfica.

            Nesse quesito, aliás, o JB protagonizou duas das mais importantes reformas inovadoras de que se tem notícia em todo o Brasil. Em 1907, com novos equipamentos, o JB trouxe a cor e a predominância das caricaturas, a qual veio a se tornar uma espécie de marca registrada do jornal. A outra, já na era do comando da Condessa Pereira Carneiro, coordenada por Nascimento Brito e por uma equipe notável de jornalistas e artistas, consumou-se no ano de 1959 - e veio a se tornar a mais influente reforma da história do jornalismo brasileiro.

            Como reflexo desse trinômio, a qualidade editorial atingida fez-se refletir nas tiragens do jornal. De acordo com o professor Muniz Sodré, da Escola de Comunicação Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o JB alcançou, em 1902, a extraordinária tiragem de 62 mil exemplares. À mesma época, o argentino La Prensa, o maior jornal da Argentina, considerado o maior diário da América do Sul, não ultrapassava os 50 mil exemplares.

            Para nossa alegria, Srª Presidente, no nosso Estado, a Paraíba, ainda criança, na era de 1980, já testemunhávamos, mesmo chegando à tarde, após o expediente, que o Jornal do Brasil era um dos mais lidos à época.

            Obviamente, nem só de sucessos tem vivido o mais que centenário periódico. Várias crises econômicas o vitimaram, e sua fase de ouro, entre os anos 50 e 80 do século passado, já não perdura nos dias atuais, como é do conhecimento de todos nós. Porém, não é impossível que o Jornal do Brasil retome o antigo vigor, pois a sua história está repleta de recuperações.

            Srªs e Srs. Senadores, demais integrantes da Mesa, eu ousaria dizer que a maior característica do Jornal do Brasil não se resume ao tripé há pouco mencionado. O dinamismo, a influência, o sucesso editorial, tudo isso deriva de um capital imaterial que o JB soube consolidar ao longo de generosas décadas: a sua credibilidade. Ela nasceu de sua postura independente, liberal, crítica, capaz de dar azo aos mais diversos debates, sob quaisquer ideologias, desde que democráticas, como é do conhecimento de todos nós.

            Os próximos oradores têm muito a dizer sobre o percurso do Jornal do Brasil nestes 120 anos e, quem sabe, sobre o futuro que aguarda, com certeza, não só o Jornal do Brasil, como também toda a imprensa nacional, por meio dos seus próprios meios de comunicação.

            Era só. No mais, quero parabenizar o Jornal do Brasil por esta data marcante na história da imprensa brasileira. O próprio Presidente Sarney, que, por outras razões, aqui não pôde estar, pediu-me que transmitisse a vocês, a todos que fazem o Jornal do Brasil, a sua alegria, o seu desejo de aqui estar e também de, ao lado de vocês, comemorarmos esta grande data, data histórica, com certeza marcante, não só na história do Jornal, como também na história do próprio jornalismo nacional. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/05/2011 - Página 16309