Discurso durante a 130ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro da realização de ato público por prefeitos mato-grossenses, em Cuiabá, reivindicando mais segurança para que possam exercer com dignidade e independência seus mandatos populares. (como Líder)

Autor
Jayme Campos (DEM - Democratas/MT)
Nome completo: Jayme Veríssimo de Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MANIFESTAÇÃO COLETIVA. SEGURANÇA PUBLICA.:
  • Registro da realização de ato público por prefeitos mato-grossenses, em Cuiabá, reivindicando mais segurança para que possam exercer com dignidade e independência seus mandatos populares. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 10/08/2011 - Página 31957
Assunto
Outros > MANIFESTAÇÃO COLETIVA. SEGURANÇA PUBLICA.
Indexação
  • REGISTRO, REALIZAÇÃO, PREFEITO, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), MOBILIZAÇÃO, REIVINDICAÇÃO, SEGURANÇA, EXERCICIO, MANDATO ELETIVO, MOTIVO, HOMICIDIO, AUTORIDADE PUBLICA, JORNALISTA, NECESSIDADE, INVESTIGAÇÃO, CRIME, PUNIÇÃO, CRIMINOSO.
  • VOTO DE PESAR, FAMILIA, PREFEITO, JORNALISTA, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), VITIMA, HOMICIDIO.

            O SR. JAYME CAMPOS (Bloco/DEM - MT. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, no dia de hoje, Prefeitos mato-grossenses realizaram um ato público em Cuiabá. Não reivindicaram obras ou investimentos para seus Municípios, pediram segurança, salvaguarda para eles próprios exercerem, com dignidade, independência e segurança pessoal, os seus mandatos populares.

            Essa mobilização extrema e quase teatral justifica-se, Srªs e Srs. Senadores, porque, em menos de 15 dias, dois Prefeitos e um jornalista foram barbaramente assassinados em Mato Grosso, alvejados por pistoleiros profissionais que executaram suas vítimas com covardia e crueldade. Abatidos também pela inércia do Estado, que não é capaz de proteger sequer seus representantes escolhidos legitimamente pelo povo.

            Ao perpetrarem seus atos infames, esses bandidos atingiram a soberania da nossa sociedade, ferindo a nossa autodeterminação, nossa confiança e nossa imagem perante a Nação. Lançaram nossa região a um estado profundo de tristeza e de luto. Junto com essa mágoa também desce sobre nossos corações um sentimento de revolta, calcinado pela vergonha.

            Tais crimes traumatizaram a todos e causaram uma onda de inconformismo e indignação que atingiu até o mais recôndito núcleo de nossa sociedade.

            Somos uma gente soberana e pacífica. Mato Grosso é uma comunidade altiva e honrada, reconhecida pela devoção de seus filhos ao trabalho árduo e aos valores morais de seus antepassados. São insígnias de nosso povo a esperança e o pioneirismo. Por isso, não podemos admitir que crimes dessa natureza sejam praticados e fiquem escondidos pelo manto obscuro da impunidade.

            Não! Precisamos reagir... E reagir de forma dura e exemplar, para que tragédias como essas não se repitam. Apenas a punição, o castigo e a repressão poderão purgar os malefícios sociais desses assassinatos, pois esses atos deliberados, minha cara Presidente, sacrificaram nossa sociedade como um todo. Macularam nossa confiança no Estado como organismo promotor da segurança e do direito e subtraíram nossa liberdade, aprisionando-nos na masmorra do medo e da incerteza.

            Neste momento de grande apreensão, de uma nítida sensação de insegurança, a Polícia Civil de Mato Grosso encontra-se em greve. Investigadores, agentes e escrivães reivindicam melhores salários e condições mais efetivas de trabalho. Esse movimento, embora legítimo, contribui para o sentimento de desamparo de nossa comunidade. Faço, nesse sentido, um apelo aos líderes classistas e ao Governo estadual, para que retomem o diálogo e coloquem um termo final à paralisação da categoria, devolvendo ao povo a tranquilidade e a paz tão almejadas.

            Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, como já disse, os assassinatos causaram profundo e doloroso impacto em nossa comunidade. Foram tiros certeiros em nossa autoconfiança, principalmente porque as vítimas eram personagens de nossa cena política e social.

            O jornalista Auro Ida, repórter com quase trinta anos de vida profissional na região, sempre foi admirado por sua inteligência, coragem e correção. Morreu aos 53 anos de idade, executado com seis tiros e sem qualquer chance de defesa. Seu assassinato ainda não foi elucidado pela polícia.

            O Prefeito Valdemir Antonio da Silva, do Município de Novo Santo Antônio, foi cruelmente assassinado em sua própria residência, na frente de dois filhos menores de idade. Até agora sua cidade está traumatizada, procurando explicações...

(Interrupção do som.)

            O SR. JAYME CAMPOS (Bloco/DEM - MT. Fora do microfone.) - ... para tamanha barbaridade. Suspeita-se de motivação política para o crime. Ontem a polícia prendeu dois suspeitos, e um deles teria confessado a participação no homicídio.

            Na sexta-feira, nosso companheiro democrata, o Prefeito de Nova Canaã do Norte, Antonio Luiz Cesar de Castro, o Luizão, também foi vítima de balas assassinas. Político hábil e excelente gestor público, a morte prematura ceifou uma carreira em ascensão: duas vezes eleito prefeito, Luizão caminhava agora para disputar uma vaga na Assembleia Legislativa de Mato Grosso. Nosso partido está de luto pela perda irreparável desta liderança emergente em nossa comunidade.

            Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ao falar desses três personagens abatidos pela insegurança...

(Interrupção do som.)

            A SRª PRESIDENTE (Marta Suplicy. Bloco/PT - SP) - Vou pedir para V. Exª encerrar, mas estamos todos estarrecidos com o relato.

            O SR. JAYME CAMPOS (Bloco/DEM - MT. Fora do microfone.) - Estarei concluindo já, Srª Presidente.

            Abatido pela insegurança em nosso Estado, não poderia deixar de mencionar alguns alarmantes índices da criminalidade em Mato Grosso. Somente na Grande Cuiabá, do início do ano até agora, Senador Clésio, foram cometidos 203 assassinatos, com predominância na faixa dos 18 aos 24 anos.

            São vitimas anônimas, sem rosto, sem biografia, que apenas alimentam as estatísticas. Elas apontam um crescimento de 16% nos casos de homicídios na Baixada Cuiabana do ano anterior para 2011.

            Vou concluir, Senadora Marta, permita-me, pois é um pronunciamento muito importante para o povo do Mato Grosso, que vive um momento de insegurança total, e algo tem que ser feito ou por meio do Governo do Estado ou com a participação da Força Nacional ou da própria Polícia Federal.

(Interrupção do som.)

(A Srª Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. JAYME CAMPOS (Bloco/DEM - MT) - Estou concluindo.

            É preciso combater o crime em todas as suas esferas. O sangue de qualquer vítima da violência mancha nossa soberania. E, no caso de Mato Grosso, três assassinatos estão tingindo nossa bandeira com as cores da impunidade, da insegurança e da vergonha.

            A cada dia sem elucidação, as mortes de Auro, Valdemir e Luizão aumentam nossa desconfiança em relação à capacidade do Governo e de seus gestores de recuperar a estabilidade moral do Estado como protetor da vida e do futuro dos nossos cidadãos.

            Para finalizar, Srª Presidente, gostaria de manifestar meus sinceros sentimentos aos familiares dos Prefeitos Valdemir Antonio da Silva e Antônio Luiz de Castro, bem como aos do jornalista Auro Ida, desejando que Deus lhes dê conforto e paz nesta hora tão difícil.

(Interrupção do som.)

(A Srª Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. JAYME CAMPOS (Bloco/DEM - MT) - Concluindo, Srª Presidente, também rogo para que o Estado faça justiça punindo de forma exemplar os autores desses crimes.

            Era o que eu tinha a dizer, Srª Presidente.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/08/2011 - Página 31957