Discurso durante a 130ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Elogio à conduta da Presidente Dilma Rousseff diante do momento de instabilidade e crise internacional, que tem feito as bolsas caírem e criado uma onda de atenção quanto ao futuro da economia mundial.

Autor
Cyro Miranda (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/GO)
Nome completo: Cyro Miranda Gifford Júnior
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ECONOMIA INTERNACIONAL. POLITICA INDUSTRIAL.:
  • Elogio à conduta da Presidente Dilma Rousseff diante do momento de instabilidade e crise internacional, que tem feito as bolsas caírem e criado uma onda de atenção quanto ao futuro da economia mundial.
Publicação
Publicação no DSF de 10/08/2011 - Página 31967
Assunto
Outros > ECONOMIA INTERNACIONAL. POLITICA INDUSTRIAL.
Indexação
  • ELOGIO, CONDUTA, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, COMBATE, CRISE, ECONOMIA INTERNACIONAL.
  • DEFESA, AUMENTO, INTEGRAÇÃO, AMERICA LATINA, AFRICA, ASIA, DESONERAÇÃO TRIBUTARIA, INVESTIMENTO, INFRAESTRUTURA, NECESSIDADE, AJUSTE, POLITICA CAMBIAL, BRASIL, OBJETIVO, GARANTIA, CAPACIDADE, CONCORRENCIA, INDUSTRIA, PAIS, MERCADO INTERNACIONAL.

            O SR. CYRO MIRANDA (Bloco/PSDB - GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, gostaria de elogiar a conduta da Presidenta Dilma Rousseff diante deste momento de instabilidade e crise internacional, que tem feito as bolsas caírem e criado uma onda de atenção quanto ao futuro da economia mundial.

            As palavras da Presidente estabelecem uma fronteira entre o comportamento deste Governo, ao menos no discurso, quando comparado ao governo anterior.

            A crise mundial de 2008 não se tratava de uma “marolinha” como dizia o Presidente Lula, porque, como bem observa a Presidenta Dilma, “o Brasil não é uma ilha isolada do mundo” e não está “imune” à crise internacional.

            O cenário realmente não é para brincadeira e, se de um lado pode contribuir para frear a inflação, de outro pode reduzir as expectativas de crescimento econômico.

            Sem dúvida, num mundo globalizado, a economia está completamente interligada, e as intempéries em qualquer parte do mundo causam abalos sísmicos em todos os continentes. Quando isso ocorre nos Estados Unidos, a maior economia do mundo, o impacto é inevitável.

            Mas, Srª Presidente, as palavras da Presidenta Dilma não podem nos servir, em hipótese alguma, como calmante. Não podem nos causar uma sensação de alívio, sobretudo quando ela critica o rebaixamento do grau de confiabilidade da economia americana para a Agência Standard & Poors.

            É verdade que a agencia já cometeu equívocos no passado, mas isso não quer dizer que podemos ignorar o significado da avaliação para a economia mundial.

            É verdade também que o aumento do endividamento público americano se revela mais como uma guerra política entre democratas e republicanos pela Casa Branca. Porém, sinaliza dificuldades à frente da maior economia do mundo e do maior mercado consumidor.

            Por isso o Brasil precisa tirar lições importantes dessa conjuntura mundial tanto para fazer o dever de casa no plano interno como para intensificar novas parcerias regionais em particular nos contextos da América Latina, da África e da Ásia.

            Por quê? Porque a crise desencadeada pelo subprime no mercado americano foi absorvida sobretudo pelos Estados Unidos, que se endividou para evitar o pior. Agora, o que os investidores parecem questionar é até onde irá a capacidade de endividamento das economias desenvolvidas se até mesmo os Estados Unidos podem encontrar dificuldades em honrar os seus compromissos.

            Ora, Srªs e Srs. Senadores, todos nós sabemos, igualmente, que a situação da Grécia, da Espanha e de Portugal não pode ser reduzida à mera dificuldade de países com uma participação menor no PIB mundial.

            A crise do Sul da Europa sinaliza futuro nebuloso para a União Européia, que dificilmente conseguirá socorrer a Itália, também com nítidos sinais de dificuldades.

            Exatamente por isso a avaliação da economia brasileira precisa considerar cenários futuros no curto, no médio e no longo prazo, e o impacto sobre nós de uma crise de grande proporções, que, decerto, atingirá o comércio de commodities, base das nossas exportações.

            É preciso proteger a nossa economia!

            É preciso proteger a nossa indústria!

            É preciso proteger o nosso mercado de trabalho!

            Se não tomarmos medidas severas nesse sentido, acabaremos por pagar boa parte da conta da crise mundial.

            Isso não é justo e não pode ser aceito pelo povo brasileiro, independentemente da convicção política e ideológica de cada cidadão.

            O fato, Srª Presidente, é que o jogo econômico mundial alterou-se de forma substancial e já não podemos agir da mesma forma que agimos antes de 2008.

            Os Estados Unidos emitem moeda sem parar; a China cria um câmbio artificial para garantir o crescimento constante; a União Europeia segue com suas costumeiras barreiras tarifárias e sanitárias. Nós não podemos ficar parados, inertes, diante desse rolo compressor que está moendo a indústria brasileira e pode esmagar o comércio de commodities.

            A competitividade dos produtos brasileiros, portanto, precisa ser garantida em duas frentes: uma, sem dúvida, é a desoneração fiscal como forma de incentivar as indústrias.

            Mas a tarefa maior do Brasil é no campo da infraestrutura para o escoamento da produção, ainda centrada no modal rodoviário e em portos lentos no embarque e dispendiosos nos desembaraçamentos alfandegários.

            Uma rede multimodal de transporte, capaz de integrar rodovias, ferrovias e hidrovias, teria maior efeito sobre a competitividade de nossos produtos que o câmbio ou a própria desoneração fiscal.

            Não podemos nos esquecer de que tem sido mais barato trazer um produto da China para o Brasil do que do interior do nosso País para os portos do Sul, do Norte ou do Nordeste.

            Da mesma forma, senhoras e senhores, é preciso analisar melhor os números oferecidos pelo Governo para sustentar o discurso da suposta condição favorável do Brasil em termos macroeconômicos.

            As manobras contábeis do Governo e o déficit nominal da dívida pública, somados ao endividamento das empresas brasileiras, precisam ser avaliados com maior cautela.

            Essas variáveis macroeconômicas indicam um panorama que não bate com o otimismo da equipe capitaneada pelo Ministro Mantega.

            Precisamos reconhecer que estamos entre os quatro países em crescimento - Rússia, China, Índia e Brasil.

            O Brasil não pode perder essa oportunidade, mas, para isso, precisamos desonerar os produtos, precisamos que a infraestrutura esteja adequada e precisamos, acima de tudo, ter o nosso câmbio e a parte tributária de acordo com a realidade dos outros países.

            Muito obrigado, Srª Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/08/2011 - Página 31967