Discurso durante a 166ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem aos 86 anos de fundação do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo.

Autor
Sergio Souza (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PR)
Nome completo: Sergio de Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem aos 86 anos de fundação do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo.
Publicação
Publicação no DSF de 23/09/2011 - Página 38679
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, INSTITUIÇÃO ARTISTICA, ENSINO SUPERIOR, MUNICIPIO, SÃO PAULO (SP), ESTADO DE SÃO PAULO (SP).

            O SR. SÉRGIO SOUZA (Bloco/PMDB - PR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Srª Presidente.

            Primeiramente, eu gostaria de agradecer à Senadora Vanessa Grazziotin pela deferência, até porque, daqui a alguns minutos, tenho uma entrevista na TV Senado.

            Srª 1ª Vice-Presidente do Senado Federal em exercício da Presidência, Senadora Marta Suplicy; Magnífico Reitor do Centro Universitário de Belas Artes de São Paulo, Exmo Sr. Prof. Paulo Gomes Cardim; Diretora Financeira do Centro Universitário de Belas Artes de São Paulo, Srª Maria Lúcia Gomes Cardim; Diretora Administrativa do Centro Universitário de Belas Artes de São Paulo, Srª Priscila Gomes Cardim Avena; Diretora de Planejamento do Centro Universitário de Belas Artes de São Paulo, Srª Patrícia Gomes Cardim, demais convidados, Senadores e Senadoras presente, estamos reunidos em Plenário, hoje, para comemorar os 86 anos do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Fundado com o nome Academia de Belas Artes de São Paulo e mantido pela Fundação Escola de Belas Artes do Estado de São Paulo, a Febasp, integra o rol das instituições tradicionais que referenciam a identidade cultural paulista.

            A Academia de Belas Artes surgiu em ano emblemático, 1925. Nesse período, São Paulo foi palco das primeiras contestações à República Velha e ao sistema político que aferrava o País ao domínio da tradição e do atraso.

            Em 1924, em episódio central das revoltas tenentistas, os rebeldes dominaram a cidade por mais de 20 dias. Desbaratados pelas forças legalistas, encontraram-se com a Coluna Prestes no Sul do País, em 1925, dando início ao périplo belicoso que se estenderia até 1927.

            O mundo das poderosas oligarquias que se revezavam no Poder, no esquema conhecido como Política do Café com Leite, sofria os primeiros revezes que anunciavam à derrocada final, consagrada na Revolução de 30. Descortinava-se novo momento em nossa história, marcado pela participação política mais abrangente dos setores médios e populares. Ampliação da participação política também de gênero, pois despontavam mobilizações mais consequentes da luta pelos direitos políticos das mulheres, como a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, liderada por Bertha Lutz.

            A década de 1920 registrou modificações intensas na fisionomia de São Paulo, que passou a assumir ares cosmopolitas, perdendo a atmosfera interiorana. A cidade respirava a modernidade, traduzida no fluxo contínuo de mercadorias e pessoas. Bairros surgiam e novos equipamentos públicos, como os bondes, somavam-se a realizações de vulto no domínio da arquitetura. O casario colonial dava lugar aos palacetes e às fábricas. Fluxos de imigração intensos acrescentavam idiomas desconhecidos à metrópole nascente, intensificando as trocas culturais e a formação de públicos para as experiências artísticas.

            O Modernismo, principal movimento de arte moderna brasileira, com profundas ramificações na Literatura, nas Artes Plásticas, na Música e nas Artes Cênicas, repercutia, na área cultural, as contestações ao domínio da letargia e da tradição.

            São Paulo estava no olho do furacão. A Academia de Belas Artes nasceu nesse ambiente de intensa efervescência política e cultural. O fundador da escola, Pedro Augusto Gomes Cardim, contou, nessa iniciativa, com o apoio de muitos intelectuais e artistas dos movimentos renovadores, como Mário de Andrade, Menotti Del Picchia, Antônio de Alcântara Machado e Amadeu Zani.

            Esse era um período em que membros da elite paulista assumiam o papel de mecenas, patrocinando grandes empreendimentos artísticos. O Teatro Santana foi construído pelo Conde Álvares Penteado; o Teatro São José pertencia à família Prado e o Boa Vista foi obra dos Mesquita, proprietários do jornal Estado de São Paulo. Impossível pensar a experiência do movimento modernista fora dos salões da aristocracia paulista.

            Pedro Augusto Gomes Cardim, filho do músico e dramaturgo português João Pedro Gomes Cardim, cresceu em ambiente que respirava arte. Todavia, concluiu sua formação em Direito, na Faculdade do Largo de São Francisco, em São Paulo. Enveredando pelos caminhos da política, exerceu os cargos de Vereador e de Intendente de Obras de São Paulo, sendo responsável pelos primeiros esboços de planejamento urbano da cidade. Jornalista, colaborou em vários periódicos, como o Correio Paulistano, A Gazeta e a Província de São Paulo. Também autor dramático, escreveu operetas, vaudevilles, sainetes, monólogos e comédias. Como teatrólogo, organizou e dirigiu uma das mais importantes companhias teatrais brasileiras de princípios do século XX, a Companhia Dramática de São Paulo.

            Ativista cultural extremamente dinâmico, Cardim tomou parte do movimento de construção do Teatro Municipal de São Paulo, foi fundador da Academia Paulista de Letras e do Conservatório Dramático e Musical de São Paulo, primeira escola de arte dramática brasileira. A experiência com o Conservatório conduziu-o a pensar as associações entre o fazer artístico e sua dimensão pedagógica. Assim, refletia: "Em São Paulo, capital artística, não podia continuar faltando o estabelecimento de arte que servisse, a um só tempo, ao professorado especializado, ao virtuosismo e, com igual importância, à arte dramática".

            O ensino das artes como dimensão estrutural do fazer artístico constava, portanto, dos fundamentos da Academia de Belas Artes, como seu criador argüia: “Uma academia não é fábrica de produtos cerebrais, morais ou artísticos, nem de aptidões e talentos. É o centro cultivador das aptidões naturais, onde são desenvolvidas e se tornam aptas para frutificar”.

            Em toda a sua história, a Belas Artes soube responder a esses desafios. Atualmente mantém duas unidades em São Paulo, onde oferece dez curós de graduação e doze de Pós-Graduação lato sensu. A criação permanente permanece como referência central, não se deixando seduzir pelas tentações mercadológicas, mas conciliou a inovação e a arte como vetores da economia e da cultura. Preservou e potencializou os cursos tradicionais que construíram a sua reputação. Incorporou, porém, áreas com perfis mais associados à produção industrial, como design de modas, design de interiores, design gráfico, design de produto, publicidade, propaganda, rádio e TV.

            Sª Presidenta, Srªs e Srs. Senadores, o Senado Federal, portanto, não poderia perder a oportunidade de render homenagens a essa prestigiosa instituição que tanto honra a iniciativa privada e o ensino superior no Brasil.

            Por isso, nobre Presidenta Marta Suplicy, quero parabenizá-la pela iniciativa de dedicar o expediente desta sessão a homenagear essa grande obra que é Belas Artes de São Paulo.

            Muito obrigado. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/09/2011 - Página 38679