O SR. CYRO MIRANDA (Bloco/PSDB - GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente desta sessão, Ex^mo Senador Pedro Simon, Sr. Augusto Franco, Sr. ex-Ministro Henrique Hargreaves, familiares, filhas do ex-Presidente Itamar, amigos, Srªs e Srs. Senadores, como cristão, jamais ousaria questionar a determinação de Deus sobre a hora em que cada um de nós deve partir para ir ao Seu encontro. Mas creio que todos nós, neste plenário, sentimos uma extrema frustração diante da repentina ausência de Itamar Franco, uma das figuras mais importantes do cenário brasileiro.

            Itamar Franco faz falta, muita falta, porque sua trajetória de vida se confundia com a história da redemocratização brasileira e da modernização do Brasil contemporâneo. Sem Itamar Franco, perdemos um conselheiro. Bastava uma breve conversa com o saudoso Senador para perceber a vibração de um brasileiro que acreditava na construção de um País grandioso, voltado ao desenvolvimento sustentável e à inclusão.

            Nosso querido homenageado era dono de senso crítico invejável e sempre manteve um perfil independente. Dizia o que pensava e não tinha medo do confronto das ideias.

            Por esses atributos, a passagem de Itamar Franco pela Presidência da República representou um período de grandes realizações. Poucos Presidentes fizeram tanto em tão pouco tempo.

            Como bem observa a socióloga Aspásia Camargo, com apenas dois anos de mandato, Itamar, o breve, escapou de ter sido tragado pelos seus sucessores e projetou o Brasil a um novo patamar.

            Nas circunstâncias em que se encontrou na Presidência do Brasil, soube reafirmar o ideário do MDB autêntico e nacionalista e se aproximou dos partidos ascendentes de esquerda.

            No PSDB, buscou os professores e os quadros, e, no PT, as lideranças sociais. Assim é que entregou o Itamaraty a Fernando Henrique e convidou Luiza Erundina, do PT, para a pasta de Administração.

            Foi pela mão de Itamar Franco que Fernando Henrique chegava ao Ministério da Economia e implantava o Plano Real.

            Valho-me ainda das palavras da professora Aspásia Camargo para dizer que, com a sua personalidade austera, mas mercurial, Itamar Franco mineiramente cicatrizou as feridas e restaurou a dignidade do Estado e de órgãos ameaçados, como o Ipea, então à beira do colapso.

            Devolveu também a confiança nas instituições corroídas pela inflação e pela corrupção.

            Não temos dúvida de que Itamar Franco foi um dos artífices da modernidade do Brasil e merece nossa admiração como figura proeminente da história brasileira.

            Quero aqui, em meu nome e em nome do Governador do meu Estado, Marconi Perillo, e de todos os goianos, render, portanto, nossa homenagem a um grande brasileiro, um homem voltado às aspirações de nosso povo e de nossa gente.

            Muito obrigado. (Palmas.)