Discurso durante a Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro da participação de S.Exa., hoje, em Sessão Solene da Câmara dos Deputados para homenagear aos 80 anos da Festa Nacional da Uva, convidando os Srs. Senadores para participar do evento na cidade de Caxias do Sul, Rio Grande do Sul; e outros assuntos.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Registro da participação de S.Exa., hoje, em Sessão Solene da Câmara dos Deputados para homenagear aos 80 anos da Festa Nacional da Uva, convidando os Srs. Senadores para participar do evento na cidade de Caxias do Sul, Rio Grande do Sul; e outros assuntos.
Aparteantes
Casildo Maldaner.
Publicação
Publicação no DSF de 08/02/2012 - Página 1045
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • COMENTARIO, ELOGIO, REALIZAÇÃO, FESTA, UVA, MUNICIPIO, CAXIAS DO SUL (RS), ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), EXPOSIÇÃO, DESENVOLVIMENTO, VITICULTURA, VITIVINICULTURA, EXPECTATIVA, PRESENÇA, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • REGISTRO, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, SESSÃO SOLENE, CAMARA DOS DEPUTADOS, EXPOSIÇÃO, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO, FESTA, UVA.
  • REGISTRO, COMEMORAÇÃO, DIA NACIONAL, LUTA, POVO, INDIO, COMENTARIO, LEGISLAÇÃO, AUTORIA, ORADOR, REFERENCIA, IMPORTANCIA, RESPEITO, VALORIZAÇÃO, CULTURA, GRUPO INDIGENA, NECESSIDADE, APLICAÇÃO, POLITICA INDIGENISTA.

            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senadora Marta Suplicy, eu tive a alegria de participar, hoje pela manhã, na Câmara dos Deputados, de uma sessão de homenagem à Festa da Uva 2012, lá da minha cidade natal, Caxias do Sul.

            Srª Presidente, o parque Mário Bernardino Ramos, mais uma vez, abre seus braços para receber brasileiros e não brasileiros de todo o Planeta à Festa da Uva de Caxias do Sul.

            Caxias do Sul é a minha cidade natal. Todos os anos em que há a festa, eu venho a esta tribuna e faço um convite a todos: “Visitem Caxias do Sul, participem da Festa da Uva!”. É, no meu entendimento, a maior festa do sul da América. Eu repito esse convite sempre, com muita alegria, com muito orgulho, porque é, de fato, uma grande festa.

            Começando pelo parque onde ela acontece: é de uma beleza incrível, ímpar; um dos maiores e mais completos espaços para eventos do País. Ele fica numa região elevada, é cercado por uma grande área verde e oferece uma visão panorâmica da nossa cidade. Quando você olha Caxias do Sul lá do alto, é uma visão apaixonante, e quando você a conhece, percebe o quanto é acolhedora e convidativa. Uma cidade que abraça todos, independente da raça, da cor, da origem, da procedência, da etnia. Faço lá sempre uma grande votação e sou o único Senador negro da República, numa cidade tipicamente italiana.

            A cidade de Caxias, que eu amo tanto, se prepara para receber pessoas, como eu dizia, do mundo todo, e o faz de coração aberto, com muita alegria.

            Não é à toa que o tema escolhido este ano é “Uva, Cor, Ação! A Safra da Vida na Magia das Cores”.

            A gastronomia da cidade, da região, por exemplo, é impecável, de todas as origens, mas, principalmente, a italiana, que predomina naquele pedaço do Brasil. Lá se come - e sei que muitos que estão assistindo conhecem - o tortéi, a polenta, os risotos, as massas, a sopa de agnolini, acompanhada de um bom crem, e carnes de todos os tipos. Eu prefiro, particularmente, confesso, a carne Lessa e com crem! Sem falar das deliciosas uvas e vinhos e das sobremesas, que são maravilhosas.

            O café colonial é imperdível, com formai, linguiças, salames, grostolis, a famosa polenta na chapa com queijo ou com formai.

            Temos depois o desfile - desfile a que assisti desde moleque, desde menino -, por exemplo, que é impressionante! Todos querem ver aquela magia de cores e de alegria! É um espetáculo de emoções, com uma gama de ícones da história e da cultura regional. São milhares de pessoas que ficam ao longo da rua Sinimbu. No meu tempo, ao longo da rua Júlio de Castilhos. Lá eu desfilei. Entre os figurantes, estão sempre idosos, famílias, crianças e jovens que desfilam a pé ou nos carros alegóricos, com a convicção de estarem apresentando ao País e ao mundo a sua história, a história de seus antepassados. A história é vista ali por milhares de visitantes.

            Hoje, pela manhã, Senadora Marta Suplicy, a Festa Nacional da Uva recebeu, no Plenário Ulysses Guimarães, na Câmara dos Deputados, uma homenagem inédita para a festa: uma sessão solene lembrando os seus 80 anos. Essa homenagem foi proposta pelos Deputados Assis Melo e Pepe Vargas.

            Estive no evento. Foi um belíssimo evento. À mesa estavam: o Ministro de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, meu amigo Deputado Jorge Alberto Portanova Mendes Ribeiro Filho; o Embaixador da Itália no Brasil, Sr. Gherardo La Francesca; a Secretária de Turismo do Rio Grande, Abgail Pereira, representando o Governador Tarso Genro; José Ivo Sartori, Prefeito de Caxias do Sul, também meu amigo; a Rainha da Festa, Roberta Veber Toscan, representando as Soberanas da Festa da 
Uva, que me presenteou com este bottom que estou usando com muito orgulho; o Sr. Gelson Palavro, Presidente da Comissão Comunitária da Festa da Uva.

            Estiveram lá também outras autoridades: a Srª Heloísa Pereira de Melo Amboni, Chefe de Divisão da Assessoria Parlamentar, representando a Ministra de Estado da Cultura, Anna Maria Buarque de Hollanda; o Senador Eduardo Suplicy; o Senador Simon; a Senadora Ana Amélia não estava presente, mas conversei com ela e sua assessoria, porque estava num evento fora da Casa, mas ela mandou também o seu abraço.

            Estavam lá os deputados estaduais e federais de todos os partidos. Mas lembro aqui os estaduais: Alceu Barbosa Velho, Deputado Estadual do Rio Grande; Maria Helena Sartori, Deputada Estadual do Rio Grande; Marisa Formolo, Deputada Estadual do Rio Grande. Lembro aqui do Valter Gomes Pinto, Vice-Presidente da Comissão Comunitária da Festa da Uva; o casal Milton Corlatti e Zuleika Corlatti, Vice-Presidente da Comissão Comunitária da Festa da Uva; os diretores da Comissão Comunitária de Agricultura, Sr. Nestor Pistorello; de Captação, Sr. Carlos Búrigo; de Cultura, Sr. Antônio Feldmann; e de Hospitalidade, Sr. Jailson Barbosa. O Vereador Renato Oliveira, representando a Câmara de Vereadores, junto com a Vereadora Geni Peteffi. E ainda as Princesas da Festa. Quero aqui destacar, além da Roberta, que é a rainha, as princesas da festa, Aline Casagrande e Kely Zaneti.

            Srª Presidenta, na continuidade do evento, houve também um Ato de Exposição dos 80 Anos da Festa, no Hall da Taquigrafia da Câmara. A exposição fica aberta para visitação até o dia 10 de fevereiro e painéis mostram imagens da cidade e da festa. Vale a pena ver.

            Quero cumprimentar, enfim, mais uma vez, os Deputados Assis Melo e Pepe Vargas por essa iniciativa e a todos os Deputados Federais da Bancada do Rio Grande que lá se fizeram presentes.

            Meus parabéns à Rainha da Festa da Uva, Roberta Veber Toscan, e às Princesas Aline Casagrande e Kely Zaneti.

            Srª Presidente, a Festa da Uva 2012 será realizada entre os dias 16 de fevereiro e 4 de março. Portanto, convido a todos para se fazerem presentes naquele evento.

            Eu pretendo estar lá, na abertura. Pelas informações que recebi, a Presidenta Dilma também poderá estar na festa da abertura. Para nós, caxienses, será um orgulho muito grande se a Presidenta Dilma, como fez o Presidente Lula em outras oportunidades, se fizer presente.

            Àqueles que me escutam no Brasil todo, em suas casas, enfim, e no local de trabalho, e que assistem à TV Senado e escutam a Rádio Senado, mais uma vez, faço o convite para esse passeio na Festa da Uva, em Caxias do Sul, Rio Grande. Vale a pena!

            Espero que a minha cidade natal receba nesse dia a primeira Presidenta eleita neste País.

            Vai ser uma bela festa, de encher o coração e a alma de alegria.

            Eu disse hoje pela manhã, e repito: a Festa da Uva é internacional, é de um povo obreiro, trabalhador, que me ensinou desde menino, porque eu nasci lá, no Hospital Pompeia, que o segredo do sucesso - e vou dividir com vocês - é: honestidade, saber economizar, estudar e trabalhar. Repito: honestidade, saber economizar, estudar e trabalhar.

            Lembro-me, Senadora, que morei, quando cheguei a Brasília, com o Presidente - não presidente à época, mas deputado constituinte - Luiz Inácio Lula da Silva e com Olívio Dutra, e as pessoas perguntavam qual dos três era o mais pão-duro. Segundo eles, eu ganhei o prêmio. Talvez eu tenha aprendido a economizar e isso para mim é um orgulho, porque sei que o Lula também sabe economizar e o Olívio também. Ambos são bem econômicos. É uma disputa entre os três. Mas, enfim, que bom que o Brasil festeja, com a nossa gente, a Festa da Uva. Que bom, que bom será se a Presidenta Dilma estiver lá no dia 16.

            O Sr. Casildo Maldaner (Bloco/PMDB - SC) - Senador Paim, só para complementar que V. Exª aprendeu a economizar, conforme disse, e é verdade. Mas aprendeu também a estudar, a trabalhar, e a harmonizar, aprendeu essa questão fundamental da parte social, principalmente, de mexer com o Brasil. Parabéns à cidade de V. Exª pela Festa da Uva. Nós catarinenses estamos aprendendo também com vocês, com V. Exªs e com o Rio Grande. A extensão da uva na serra catarinense, em vários lugares do nosso Estado, já está vindo. Quer dizer, o pessoal está trazendo a tecnologia e estamos aprendendo também nessa grande festa que se comemora. Caxias é um modelo para todos nós.

            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Muito obrigado, Senador. Com certeza, nós aprendemos juntos. No convívio de V. Exª eu aprendi muito aqui na Casa. Tanto o povo de Santa Catarina como o do Paraná, do Rio Grande, de São Paulo, do Norte, do Nordeste... Nós vamos interagindo e vamos aprendendo juntos. Por isso somos hoje uma potência no mundo. Todos já dizem que nós somos hoje a quinta economia mundial.

            Srª Presidenta, só quero que considere na íntegra porque respeitarei a precisão de V. Exª, e isso é bom. E sou tolerante de forma exagerada quando presido, mas V. Exª bota ordem, e isso é bom. Isso é bom e quero cumprimentar V. Exª. Que considere como lido este meu pronunciamento, em que lembro que hoje é o Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas, 7 de fevereiro, uma lei de minha autoria e que foi sancionada pelo Presidente Lula.

            Obrigado, Presidenta.

 

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SEGUE, NA ÍNTEGRA, PRONUNCIAMENTO DO SR. SENADOR PAULO PAIM

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            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é importante registrar que hoje é o Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas. Essa data é oficialmente reconhecida através da Lei Federal 11.133 de 2005 que se originou de projeto de nossa autoria, sugestionado pelo movimento indígena, como forma de perpetuar o martírio do cacique Sepé Tiarajú.

            Ele tombou em defesa da vida, da terra e do seu povo. Era o dia 7 de fevereiro de 1756, no sul do Brasil. Três dias depois, as tropas coloniais (Portugal e Espanha), formada por um exército de 3700 soldados, dizimam cerca de 1300 indígenas, o que ficou conhecido como Batalha de Caiboaté. 

            Srªs e Srs. Senadores, a história está nos proporcionando este momento aqui no Senado. Além de relembrarmos o nosso passado, debatemos o presente e miramos o futuro. 

            Portanto, hoje é um dia de reflexão.

            A nossa Constituição, à qual tive a honra de participar da elaboração, garante direitos da cidadania para esses brasileiros - cerca de 800 mil, segundo o Censo 2010, do IBGE.

            O artigo 231 reconhece sua organização social, costumes, línguas, crenças, tradições, e os direitos originários sobre as terras tradicionalmente ocupadas.

            Mas, afinal, será que efetivamente os poderes da República e a nossa sociedade respeitam esses primeiros brasileiros? Será que nós parlamentares estamos fazendo a nossa parte como representantes do povo?

            Eu não tenho dúvida alguma de que a discriminação é muito grande. Precisamos percorrer um longo caminho até conseguirmos colocar o trem nos trilhos.

            O processo é longo, é árduo, é de direitos humanos, é de consciência, é cultural. Requer empenho de todos junto com o poder público para alcançarmos um equilíbrio necessário.

            É claro que nos últimos nove anos as políticas públicas estabelecidas tiveram grandes avanços, por exemplo números da Educação Escolar: 2.638 escolas indígenas em todo o País; 196 mil alunos indígenas nos níveis fundamental e médio; 12 mil professores (95% são indígenas). 

            Mas, é óbvio, também, que na política macro, estamos muito aquém do necessário.

            Não podemos tapar os olhos para assassinatos, privação do uso da terra, mortes de crianças por falta de atendimento médico, suicídios, uso de álcool e drogas, entre outros.

            O movimento indígena espera ansiosamente que o Congresso Nacional volte a debater o Estatuto dos Povos Indígenas,... vote e aprove!

            Sr. Presidente, a Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa, dentro da sua programação para o ano de 2012, tem espaço reservado para o debate deste tema.

            Como já fizemos no ano passado, e, quando assumimos pela primeira vez este colegiado, estamos dando palco para que esses brasileiros possam externar seus problemas e aflições.

            Viva Ângelo Kretã Kaingang, Marçal Tupã-i, Xicão Xucuru, Galdino Pataxó, e tantos outros que tombaram.

            Como bradou Sepé Tiarajú há mais de 250 anos: “Co Ivi Ogueraco Iara”... “Esta terra tem dono”.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/02/2012 - Página 1045