Discurso durante a Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Celebração pelo transcurso, hoje, dos 32 anos de fundação do Partido dos Trabalhadores.

Autor
Humberto Costa (PT - Partido dos Trabalhadores/PE)
Nome completo: Humberto Sérgio Costa Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Celebração pelo transcurso, hoje, dos 32 anos de fundação do Partido dos Trabalhadores.
Aparteantes
Wellington Dias.
Publicação
Publicação no DSF de 11/02/2012 - Página 2162
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), REFERENCIA, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, REGISTRO, RELAÇÃO, HISTORIA, REALIZAÇÃO, ENTIDADE, POLITICA.

            O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco/PT - PE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, espectadores da TV Senado e da Rádio Senado, tenho a alegria de subir à tribuna, hoje, para celebrar o aniversário de 32 anos do Partido dos Trabalhadores.

            No dia 10 de fevereiro de 1980, no Colégio Sion, era lançado um manifesto, assinado por diversos militantes políticos, sindicalistas, operários, personalidades da vida pública brasileira. Todos nós, egressos da luta popular, propúnhamos um partido comprometido com os trabalhadores, um partido de esquerda, combativo e democrático.

            É preciso lembrar que, naquela quadra da vida política nacional, o País vivia debaixo de uma ditadura militar. O movimento pró-PT vinha da acumulação de forças populares, forjadas na resistência democrática e no movimento operário. No ABC paulista, as grandes greves de 1978 a 1980 permitiram aos principais líderes do movimento adquirir experiência para fortalecer a luta política. Naquela ocasião, diversos companheiros da esquerda brasileira voltavam do exílio, por conta da anistia conquistada em 1979; ao mesmo tempo, havia o movimento de base da Igreja Católica.

            No manifesto de fundação do nosso partido, apontava-se como caminho a necessidade de promovermos uma intervenção na vida política e social do País para transformá-la. Dizia o manifesto:

A mais importante lição que o trabalhador brasileiro aprendeu em suas lutas é a de que a democracia é uma conquista que, finalmente, ou se constrói pelas suas mãos ou não virá.

            Apontava, ainda, o manifesto:

A grande maioria de nossa população trabalhadora, das cidades e dos campos, tem sido sempre relegada à condição de brasileiros de segunda classe. Agora, as vozes do povo começam a se fazer ouvir por meio de suas lutas. As grandes maiorias que constroem a riqueza da Nação querem falar por si próprias. Não esperam mais que a conquista de seus interesses econômicos, sociais e políticos venha das elites dominantes. Organizam-se elas mesmas, para que a situação social e política seja a ferramenta da construção de uma sociedade que responda aos interesses dos trabalhadores e dos demais setores explorados pelo capitalismo.

            Até chegarmos à Presidência da República, em 2002, com a eleição do operário Luiz Inácio Lula da Silva, acumulamos derrotas e vitórias. Mais vitórtias que derrotas. Vitórias políticas. Vitórias eleitorais. Valeu a pena.

            Hoje, 32 anos depois, o país mudou. E o Partido dos Trabalhadores é um dos artífices dessa mudança. Ao longo dos anos, ganhamos maturidade e experiência. Acumulamos força. Erramos. Mas acertamos muito mais. Somos um partido de massa, com mais de 1,3 milhão de filiados, que ajudou a transformar o Brasil.

            Provamos que é possível governar - em cidades, em estados e no governo central da República -, olhando para a maioria do povo brasileiro, promovendo a inclusão social, resgatando a dignidade a cidadãos que passaram anos relegados a um segundo plano na nossa sociedade; ampliando os níveis de emprego, com uma economia robusta e que garante um novo espaço para o Brasil no plano internacional.

            Em apenas nove anos, desde a eleição do Presidente Lula até a chegada da Presidenta Dilma Rousseff, a primeira mulher a chegar à Chefia do Estado Brasileiro, o PT foi um dos pilares da força popular que promoveu essas mudanças significativas.

            Lembrem-se que, antes de o País ter na Presidência da República um operário, a economia brasileira patinava. O país parou e quebrou duas vezes. Tivemos de ir de pires na mão pedir mais empréstimos ao FMI. Investia-se pouco em infraestrutura. A fome era uma chaga que envergonhava a todos os brasileiros.

            Isso mudou. O acesso ao trabalho e à renda melhoraram muito. Estudo do Ipea aponta que o avanço na qualidade de vida foi superior a 10% entre 2003 e 2009. Em média, o País registrou melhoria de 14,3% no mesmo período. Nos últimos anos, 28 milhões de brasileiros saíram da pobreza absoluta e 36 milhões entraram na classe média. Temos de continuar avançando, incluindo mais brasileiros à cidadania. Por isso, é bom celebrarmos esses 32 anos.

            São 32 anos de luta, de uma luta muito importante e da qual muitos de nós participamos. Eu, por exemplo, Senador Wellington, Presidenta Angela, tive oportunidade de participar, desde o movimento pró-PT, do processo de criação deste partido. Ainda como estudante, nós assumimos a responsabilidade, a tarefa de construir essa agremiação que de fato mudou o Brasil.

            Lembro-me quantas e quantas vezes, no Dia das Mães, na Semana Santa, no carnaval, viajávamos para o interior para formar comissões provisórias, para filiar novos eleitores, para consolidar legalmente o nosso partido. Inúmeras vezes tive oportunidade de dormir no carro, dentro do canavial, ou dormir nos lupanares mais esquisitos que já tive oportunidade de ver na minha vida porque não tínhamos dinheiro sequer para pagar um hotel decente.

            Mas tivemos oportunidade de ver este partido crescer, ser construído, e com ele crescermos também. Foi o PT que me deu a oportunidade de ser Secretário de Saúde de Recife, Ministro da Saúde, Secretário de Cidades do Governo de Pernambuco, Vereador mais votado da história de Recife, Deputado estadual, Deputado Federal e agora Senador.

            E me sinto muito orgulhoso por ter podido contribuir para a boa parte desse sucesso, tanto nas funções parlamentares quanto nas funções executivas, especialmente como Ministro da Saúde.

            O sucesso do Governo Lula também é para mim uma pontinha, numa pontinha, o meu sucesso, a minha realização política. Espero que o PT continue a ser o que ele é, um partido comprometido com os mais pobres, os mais humildes, um partido que não é formado só por boas pessoas porque nenhuma instituição no mundo, nem a própria Igreja, é formada apenas pelos bons. Temos bons, temos maus, temos defeitos, temos problemas, mas nossas virtudes são muito maiores do que esses defeitos e nossos acertos são muito maiores do que esses problemas que enfrentamos.

            Portanto, valeu PT, valeu Brasil! Vamos continuar avançando para transformar a vida das pessoas, como cantava Raul Seixas, citando, não ipsis litteris, mas citando Lênin: sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade. E o PT é um desses sonhos que todos nós sonhamos juntos.

            Eu peço licença à Presidenta para dar um rápido aparte ao Senador Wellington Dias. Quer dizer, a rapidez depende só dele, que tem toda a liberdade.

            O Sr. Wellington Dias (Bloco/PT - PI) - Serei muito breve. Não posso deixar, também, de homenagear V. Exª por toda a sua história. V. Exª lembrava duas coisas que são importantes no nosso partido. Primeiro, é preciso reconhecer que não somos um partido perfeito, como disse V. Exª. Somos um partido, uma entidade que tem aproximadamente 1,5 milhão de pessoas filiadas em todo o Brasil. Não sei se já é mais que isso, é possível que sim. No meu Estado, lembro-me, chegamos agora aos 30, 35 mil filiados. Há algum tempo só tínhamos 20 mil, quando já havia mais de 1 milhão de filiados no Brasil. Quero dizer que também, da mesma forma, é um partido que tem muitas pessoas que foram vítimas de sua ousadia e, muitas vezes, do espírito de revanche, de vingança, de ódio enfim, porque, muitas vezes, ao tomarmos medidas especialmente em favor dos mais pobres, redistribuindo riquezas, tivemos muitas pessoas que, de alguma forma, se sentiram atingidas, principalmente grandes, ou pessoas que praticavam ilegalidades em muitos lugares. Sei que, no meio disso, muitos foram vítimas. Conheço V. Exª, que é uma pessoa que muitas vezes foi atacada, e quero dizer-lhe do orgulho que tenho pela forma altiva com que V. Exª defendeu. Eu o conheço e com V. Exª convivi, não apenas neste mandato, mas muito antes, e quero ressaltar o orgulho que tenho de ser parte de um partido que tem pessoas como V. Exª, que tem em seu coração, em sua mente, em seu trabalho, o tempo inteiro, a busca da defesa de causas que são do interesse real do povo, especialmente dos sem voz, dos sem vez do nosso País. Parabéns, meu querido Humberto! Parabéns ao Partido dos Trabalhadores! Muito obrigado.

            O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco/PT - PE) - Agradeço o aparte de V. Exª.

            Concluo dizendo que nós, que fazemos parte desse partido e desse sonho, vamos continuar lutando para que o Brasil seja, cada vez mais, um País melhor, mais justo, mais livre, mais democrático.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/02/2012 - Página 2162