Pela ordem durante a 47ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Leitura de requerimento do Senador Antonio Carlos Valadares de voto de pesar pelo falecimento do escritor carioca Millôr Fernandes.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela ordem
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Leitura de requerimento do Senador Antonio Carlos Valadares de voto de pesar pelo falecimento do escritor carioca Millôr Fernandes.
Publicação
Publicação no DSF de 29/03/2012 - Página 8621
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • LEITURA, REQUERIMENTO, AUTORIA, ANTONIO CARLOS VALADARES, SENADOR, ESTADO DE SERGIPE (SE), ASSUNTO, HOMENAGEM, ESCRITOR, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), MOTIVO, MORTE, SOLICITAÇÃO, VOTO DE PESAR.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Presidente Cícero Lucena, eu também me solidarizo com a indicação do Senador Cássio Cunha Lima, para que Ariano Suassuna possa ser considerado Prêmio Nobel da Literatura.

            Gostaria, Sr. Presidente, que fosse considerado como leitura o requerimento do Senador Antonio Carlos Valadares, pois ele precisou sair por uma necessidade urgente e pediu-me que justificasse o requerimento dele próprio e da Bancada do Partido Socialista Brasileiro, solicitando que seja realizado um Requerimento de Homenagem e de Condolências pelo falecimento do escritor carioca Millôr Fernandes, que faleceu ontem, às 21 horas, em Ipanema, no Rio de Janeiro, em sua residência.

            Ivan Fernandes, filho do escritor, indicou que ele teve falência múltipla dos órgãos e parada cardíaca.

            Ivan e Paula eram seus filhos, e um neto Gabriel. Foi casado com Wanda Rubino Fernandes.

            Ele nasceu em 1924. Segundo ele, em 16 de agosto do ano anterior, em 1923.

            O velório está marcado para amanhã, das 10 horas às 15 horas, no cemitério Memorial do Carmo, no Caju.

            Em 2011 ele já fora internado duas vezes.

            Nascido no bairro do Méier, Millôr sempre fez piada em relação ao seu registro de nascimento. Costumava brincar que percebeu somente aos 17 anos que seu nome havia sido escrito errado na certidão. Onde deveria estar Milton leu Millôr. O corte da letra “t” confundia-se com o acento circunflexo e o “n” com o “r”. Mas, seja como for, gostou do novo nome e o adotaria a partir de então. Milton nunca foi uma boa escolha, comentaria mais tarde. Também a data de nascimento correta era 16 de agosto do ano de 1923.

            Desenhista, tradutor, jornalista, roteirista de cinema e dramaturgo, foi um raro artista, de enorme sucesso de crítica e público em todas as áreas em que trabalhou; autodefinia-se como escritor sem estilo.

            Como jornalista aos 15 anos, em 1938, começou contínuo e repaginador de O Cruzeiro, em uma pequena revista, então.

            Ele retornou à publicação em 1943, ao lado de Frederico Chateaubriand e se tornou um grande sucesso. Criou a famosa coluna Pif-Paf, que também teria seus desenhos.

            Em 1948 foi aos Estados Unidos, onde conheceu Walt Disney. “Nessa época ainda acreditava que Disney sabia desenhar. Só mais tarde, lendo sua biografia, aprendi que aquela assinatura bacana, com que ele autentica os desenhos, é criação de equipe”.

            Millôr assinou o seu primeiro roteiro cinematográfico Modelo 19 e foi logo agraciado com o Prêmio Governador de São Paulo, criado na década seguinte.

            O início dos anos 50 seria importante na vida do autor pessoal quanto profissionalmente, pois na companhia de Fernando Sabino, também escritor, fez uma viagem de carro pelo Brasil - 45 dias.

            Em 1962 seria a vez da Europa, por onde permaneceria por quatro meses. E um ano depois viria a estreia de sua primeira peça de teatro, Uma Mulher em Três Atos, no Teatro Brasileiro de Comédia.

            Como roteirista, escreveu mais de uma dezena de textos, entre eles Terra Estrangeira, Memórias de um Sargento de Milícias, adaptação da obra de José Manuel de Macedo, produzida pela Rede Globo. Roteirizou espetáculos musicais como: “Liberdade, Liberdade”, escrito em parceria com Flávio Rangel - de enorme repercussão e sucesso; “Do Fundo do Azul do Mundo”, ao lado de Elizeth Cardoso e do Zimbo Trio.

            No carnaval carioca de 1983, foi samba enredo da Escola de Samba Acadêmicos do Sossego de Niterói, Millôr inclusive compareceu ao desfile. E tantos foram os jornais, revistas que colaborou, o Correio Braziliense, Jornal do Brasil, O Estado de S.Paulo, Diário Popular, Correio da Manhã, O Dia, Folha da Manhã, Diário da Noite.

            Criou na Internet Millôr Online, como roteirista, ainda escreveria sobre a sua própria vida: Meu destino não passa pelo poder, pela religião, por qualquer dessas entidades idiotas, meu script é original, fui eu quem fez. Por isso não morro no fim.

            Pois bem, ele foi um grande filósofo brasileiro, disse Ziraldo a seu respeito. Jamais se deixou levar pelo culto à celebridade, diz filho de Millôr.

            A nossa homenagem, Senador Cícero Lucena, a este grande escritor, humorista, literato, dramaturgo. 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/03/2012 - Página 8621