Pela Liderança durante a 111ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Solidariedade ao povo paraguaio diante da destituição do Presidente Fernando Lugo; e outros assuntos. (como Líder)

Autor
Inácio Arruda (PC DO B - Partido Comunista do Brasil/CE)
Nome completo: Inácio Francisco de Assis Nunes Arruda
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
POLITICA EXTERNA, ELEIÇÕES, GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO, DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • Solidariedade ao povo paraguaio diante da destituição do Presidente Fernando Lugo; e outros assuntos. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 27/06/2012 - Página 28074
Assunto
Outros > POLITICA EXTERNA, ELEIÇÕES, GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO, DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • REGISTRO, GRAVIDADE, SITUAÇÃO, POLITICA, IMPEACHMENT, PRESIDENTE, PAIS ESTRANGEIRO, PARAGUAI, IMPORTANCIA, MANUTENÇÃO, DEMOCRACIA, NECESSIDADE, APOIO, PAIS ALIADO.
  • COMENTARIO, CANDIDATURA, ORADOR, PREFEITURA, CIDADE, ESTADO DO CEARA (CE), CRITICA, DESEQUILIBRIO, ELEIÇÕES.
  • COMENTARIO, ASSUNTO, PROJETO, GOVERNO FEDERAL, IMPLEMENTAÇÃO, REFINARIA, PETROLEO, REGIÃO NORDESTE, DENUNCIA, POSSIBILIDADE, EXCLUSÃO, ESTADO, ESTADO DO CEARA (CE), REGISTRO, IMPORTANCIA, PROPOSTA, DESENVOLVIMENTO, AREA, SOLICITAÇÃO, DEPOIMENTO, REPRESENTANTE, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), COMISSÃO, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, REFERENCIA, EFICACIA, PRODUÇÃO AGRICOLA, PROCESSO, INDUSTRIALIZAÇÃO, REGIÃO, MELHORIA, CONSTRUÇÃO, FERROVIA.
  • APRESENTAÇÃO, CANDIDATO, ELEIÇÃO MUNICIPAL, PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL (PC DO B), EXPOSIÇÃO, PROJETO, DESENVOLVIMENTO, SAUDE, MANDATO, ANTECEDENTES, PARTIDO POLITICO, ORADOR.

            O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB - CE. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, primeiro, a minha solidariedade e também a do meu Partido, o PCdoB, ao povo paraguaio, que viveu um momento democrático muito importante na eleição de Fernando Lugo, uma conquista para o povo paraguaio, e ver, de repente, numa discussão sumária, seu Presidente ser destituído do posto em que foi colocado pela população. Quer dizer, o eleitor, a população, num momento importante, inclusive da América do Sul, em conjunto, assistir, sem explicação, porque não há uma explicação sequer da razão pela qual o Sr. Fernando Lugo está sendo destituído do seu posto de Presidente da República.

            Essa é uma situação que precisa de muito zelo, muito cuidado e a firme condenação por parte dos democratas, dos lutadores pela liberdade, que buscam assentar na América do Sul um período longo de democracia, do voto como o soberano nas decisões do povo sobre seus dirigentes. Isso tem tido um significado muito importante para nós na América do Sul. Eu tenho a opinião, assim como o meu Partido, de que devemos trabalhar no sentido de que o Paraguai volte à normalidade. Não é normal o que está acontecendo. Não é aceitável que, de forma sumária, se destitua o Presidente, mesmo porque percebi, no ato ali golpista, a ideia de que se fosse dado mais tempo para o debate, para a discussão com a sociedade, o povo se levantaria em defesa do Presidente da República. Então, é uma situação que o Mercosul, que a Unasul, que os países da América do Sul devem examinar com o máximo de zelo e o máximo de cuidado. 

            Então, Sr. Presidente, nossa solidariedade ao povo paraguaio.

            Em segundo lugar, Sr. Presidente, uma causa nossa, dos cearenses, e posso dizer mesmo dos fortalezenses, da capital do nosso Estado, onde disputarei uma eleição daquelas mais duras. Um dos maiores desafios, talvez, de toda a minha vida parlamentar e pública é disputar a eleição na capital, Fortaleza. Não vai ser daquelas paradas fáceis, vai ser uma eleição instigante, porque vamos ter um grande aparato televisivo dividido entre as candidaturas que têm o apoio das duas grandes máquinas administrativas, uma com o Governador Cid Gomes e outra com a Prefeita Luizianne Lins.

            E é exatamente nesse meio que vamos travar uma batalha sem ter o tempo de rádio e de televisão, que estará distribuído, nessa nossa democracia brasileira, que precisa avançar mais ainda, entre essas duas candidaturas. Mas aí é que está o desafio. Aí é que está a arte e a beleza da política: enfrentar a eleição numa situação de absoluta desigualdade. Isso que é bom no processo político brasileiro.

            E digo isso, Sr. Presidente, para emendar com o debate que estamos travando agora, que não é exatamente o da eleição, mas o da discussão sobre o projeto talvez mais importante do Estado do Ceará.

            Há pouco, vi passando aqui o Deputado Chico Lopes, também do PCdoB do Ceará, que ganhou o apelido de Chico Petróleo porque discutia, quase todo dia, na Assembleia Legislativa, o projeto da refinaria de petróleo no Estado do Ceará.

            Veio o Presidente Lula e disse: “Vamos levar as refinarias para o Nordeste. Uma para Pernambuco, uma para o Ceará e outra para o Maranhão”. Por qual razão? Pela necessidade de desenvolvimento. O Brasil precisa refinar mais. Vai ter que refinar mais petróleo. Onde fará o refino? No Nordeste brasileiro. Numa boa parte no Nordeste brasileiro. Por quê? Para ajudar a desenvolver, para fortalecer o projeto de integração das regiões; fortalecer as regiões do nosso País como um todo. Então, esse é o projeto que está em curso.

            Surgiu uma discussão em torno do plano de negócios da Petrobras. Espalhou-se, no meu Estado, a notícia de que a refinaria do Ceará estava fora. Eu não quero nem pensar nisso. Não quero nem pensar na hipótese de que a Petrobras tenha retirado do seu plano de negócios a refinaria do Ceará. E fui buscar nos meandros. Na verdade, não retirou, mas colocou como que em observação o nosso projeto do Ceará.

            Eu quero reafirmar aqui que o nosso Estado e a sua bancada, independentemente de cor partidária, governadores, prefeitos, independente de partido, não vão aceitar essa hipótese. Não aceitaremos. Discutimos esse projeto intensamente com o Presidente Lula. Discutimos com a Presidente Dilma Rousseff. Discutimos com a Presidência da Petrobras, antes, com Gabrielli, e já voltamos a discutir com a nossa nova Presidenta Graça Foster.

            Esse é um projeto muito, muito, muito importante para os cearenses. Não é um projeto do Governador, não é um projeto da Prefeita de Fortaleza, não é do Senador Inácio, nem do Senador Eunício, nem do Senador Pimentel, não é de nenhum partido da nossa base na Câmara dos Deputados. É um projeto do nosso Estado, é um projeto do Ceará. É assim que tem que ser entendido, é assim que foi discutido e é assim que, com a sua argúcia, o Presidente Lula defendeu que o Ceará tinha direito a uma refinaria de petróleo, para estar mais integrado no projeto de desenvolvimento nacional.

            A Petrobras deverá vir à Comissão de Desenvolvimento Econômico, por meio da sua Presidente, atendendo a convite da Comissão, para discutir exatamente o plano de negócios da Petrobras. Tenho certeza de que a nossa Presidente Graça Foster vai reafirmar esse nosso projeto. Não acredito que a Petrobras possa dar um passo atrás em relação a esse grande investimento em nosso Estado, o Estado do Ceará, assim como fez e está fazendo em Pernambuco e no Estado do Maranhão, como uma necessidade nacional.

            Desenvolver o Nordeste é desenvolver o Brasil. O Nordeste tem um grande potencial. Nosso Estado tem um grande potencial e oferece esse potencial ao nosso País como algo importante, para que cada vez mais possamos receber ali, em nosso Estado, o nosso povo para trabalhar. Que nosso povo não tenha que migrar permanentemente para o Norte, o Sul, o Sudeste, o Centro-Oeste e para o mundo afora. Queremos os cearenses trabalhando conosco. Oferecemos a nossa capacidade, a nossa inteligência para o Brasil inteiro. Temos técnicos de alta qualidade em todos os lugares, partindo do Ceará. Ajudamos a construir regiões imensas do Brasil, como Brasília e muitos Estados do Norte. No Rio de Janeiro, se V. Exª for candidato a governador, Presidente Lindbergh, peça o voto dos cearenses do Rio de Janeiro. Tem muitos cearenses.

            O SR. PRESIDENTE (Lindbergh Farias. Bloco/PT - RJ) - Há 1 milhão de cearenses no Rio de Janeiro. Mais do que paraibanos.

            O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB - CE) - É muito cearense. Peça o voto dos paraibanos, mas peça também o dos cearenses.

            Em São Paulo...

            O SR. PRESIDENTE (Lindbergh Farias. Bloco/PT - RJ) - Melhor seria se V. Exª pedisse para mim.

            O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB - CE) - Já peço daqui.

            Em São Paulo, a mesma coisa. Ajudamos a construir este País imenso, este Brasil imenso. Nós oferecemos as nossas mãos, a nossa inteligência, o nosso trabalho, a nossa dedicação para construir o Brasil. O que nós estamos pedindo para ser feito no Ceará é pouco. Em português, podemos dizer que é muito pouco, que é pouquíssimo o que estamos requerendo para o nosso Estado. Essa é uma exigência do nosso Estado, da nossa região. É uma busca pelo progresso da nossa região. Isso vai ajudar a minha cidade, Fortaleza, vai ajudar o povo de Fortaleza, vai ajudar aqueles que estão estudando, pois receberam as novas escolas técnicas que estão espalhadas pelo interior do Ceará, que receberam os novos investimentos em educação e em profissionalização.

            Com tudo isso, queremos receber os empreendimentos, queremos a refinaria. Estamos construindo uma siderúrgica, estamos buscando outros empreendimentos industriais. Lá, mais de 80% do nosso Estado, do nosso território, forma um cristalino, é um semiárido com um cristalino que aflora. A agricultura é feita em pequenos bolsões dentro do nosso Estado, com grande empenho do povo que trabalha na roça, na agricultura, que tem lá umas vaquinhas, umas cabrinhas, uns carneirinhos, cria uns pintos para desenvolver a atividade econômica em seus Municípios, mas sabe dos limites. Fizemos, no Estado do Ceará, uma floresta de cajueiros, que substituiu o chamado ouro branco, que era o algodão. Pela produtividade do Centro-Oeste, do Sudeste, perdemos aquela atividade.

            Nosso caminho é o processo da industrialização. Industrialização significa empreendimentos de porte do Governo Federal, significa ferrovias, significa a Transnordestina, significa a integração através das águas do São Francisco, chegando às bacias hidrográficas do nosso Estado, para dar garantia hídrica à nossa região, ao nosso Estado. A integração é com vários Estados, não apenas com o Ceará, mas com Pernambuco, com o Rio Grande do Norte, com a Paraíba, com Alagoas.

            Todos estão envolvidos nesse projeto de integração do rio São Francisco. É a garantia hídrica para a nossa região. São projetos muito importantes, mas a refinaria é uma espécie de sonho que está na nossa mão. Está na nossa mão. Ninguém pode pensar, imaginar, em retirar esse grande empreendimento das mãos do povo cearense. Nós estamos nessa expectativa e a nossa bancada no Congresso Nacional vai fazer coro junto à presidência da Petrobras e junto à Presidente Dilma para que ela não só mantenha, mas dê celeridade a esse grande empreendimento do povo cearense, conquistado, depois de um bom debate com o Presidente Lula, com a presença da Ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, hoje Presidenta da República.

            Por isso, Sr. Presidente, registro essa luta nossa, porque ficou no ar esta ideia de que, de repente, se podia retirar esse empreendimento do Ceará. Será inaceitável. Nem vamos pensar nisso, pelo amor de Deus. Nem pensemos nisso. Nós não vamos aceitar, no Ceará, em hipótese nenhuma, um recuo, um retrocesso, em relação à refinaria de petróleo do nosso Estado.

            Por último, Sr. Presidente, quero destacar essa determinação do PCdoB de lançar candidatos a prefeitos em algumas capitais brasileiras. No Rio Grande do Sul, nossa Manuela será candidata a Prefeita de Porto Alegre. Em Santa Catarina, lançamos o nome de Ângela Albino, uma Deputada Estadual destacada e muito querida pelo povo daquela terra; Florianópolis terá uma candidata com muita força, do PCdoB. Em Goiânia, vizinha de Brasília, vamos disputar eleição com a nossa candidata Deputada Isaura, que vai para o pleito também com muita força, muita energia, muita disposição. Lá em Salvador, vamos disputar com Alice Portugal, uma querida Deputada, envolvida intensamente com os problemas sociais da sua cidade de Salvador e do Brasil, porque todos nós que estamos aqui, Parlamentares, conhecemos a atitude firme e consequente da nossa querida Alice Portugal. Vamos disputar em Macapá; e vamos disputar a eleição em Fortaleza.Para nós é muito importante enfrentar a eleição nessa cidade onde nascemos, trabalhamos, estudamos vimos crescer, se desenvolver e agora vamos, uma vez mais, vamos disputar a eleição em nossa capital.

            É um projeto ousado de nosso Partido. Vamos disputar eleição em mais de 30 grandes cidades brasileiras, também de médio porte, nas regiões metropolitanas, no interior do Brasil. É a nova fase do nosso Partido, o Partido do socialismo, o PCdoB. É preciso disputar a eleição, porque o eleitor sempre nos pergunta - quando disputamos a eleição para Câmara de Vereadores, para a Câmara dos Deputados, para a Assembleia Legislativa: “Quando vamos disputar o governo? Quando é que vamos querer governar as cidades brasileiras? Em que horas faremos isso?” E nós estamos dizendo: “É agora! Agora é nossa hora e vez de entrarmos nessas disputas!”

            E é assim que nós estamos dispostos a enfrentar a eleição, mesmo com as desigualdades da campanha eleitoral. É assim mesmo. Eu me lembro de um cearense que resolveu disputar a Presidência da República, Chico Lopes, e não tinha tempo de TV e rádio. E todo mundo lhe perguntava: “E agora, Ciro Gomes, como você vai disputar a eleição?” Ele dizia: “Eu vou disputar andando pelo Brasil. Vou aos auditórios, vou aos debates.” E, olha, quase chega ao segundo turno. Quase chega ao segundo turno! Lindbergh, não tinha tempo de TV, não! Não tinha tempo de rádio, não! E quase chega ao segundo turno.

            Então, companheiros, é assim que nós vamos disputar a eleição em Fortaleza: vamos com nosso Partido, vamos com o Partido do socialismo, vamos com nossa militância, vamos com nossos amigos, vamos com gente boa e maravilhosa de nossa terra, que nos conhece e sabe da importância de estarmos presentes na disputa eleitoral e sabe do significado de nossa participação para fazer crescer, não só o debate da cidade, onde aprendemos vivendo com o povo, discutindo com o povo de nossa cidade, todos os dias, o Programa da Mobilidade, o Programa da Saúde Pública. Lembro-me que, quando Presidente da Federação de Associação de Bairros, fizemos um programa de prevenção de câncer de colo e de mama com as mulheres nas associações de moradores. As situações eram difíceis, mas, quando olho hoje a cidade, penso que, mesmo com aquelas dificuldades, fizemos um programa para disputar quase que com o poder público aquele serviço tão importante da comunidade.

            Caminhamos muito e discutimos muitos projetos naquela nossa cidade. Agora é a hora de enfrentar. Lembro-me de outro Senador da nossa terra, nosso irmão brasileiro, que resolveu disputar eleição no Rio de Janeiro e que também não tinha tempo de TV nem coligação nem nada: o Senador Crivella resolveu ser candidato à reeleição para Senador, numa situação difícil e foi eleito. Foi eleito andando na cidade, de casa em casa, de porta em porta, de rua em rua, de bairro em bairro. Como vamos disputar nessas condições, peço aos distintos candidatos que nos acompanhem nessa importante batalha eleitoral do ano de 2012.

            Então, Sr. Presidente, esse era o registro que gostaríamos de fazer sobre o projeto que o nosso Partido desenvolveu para a disputa eleitoral do ano de 2012. Entramos nesse projeto e, dentro dele, nas condições que a vida oferece, é que vamos enfrentar a eleição na cidade de Fortaleza.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/06/2012 - Página 28074