Pela Liderança durante a 221ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Apelos em favor do Nordeste brasileiro, que passa por estiagem.

Autor
Inácio Arruda (PC DO B - Partido Comunista do Brasil/CE)
Nome completo: Inácio Francisco de Assis Nunes Arruda
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
CALAMIDADE PUBLICA.:
  • Apelos em favor do Nordeste brasileiro, que passa por estiagem.
Publicação
Publicação no DSF de 30/11/2012 - Página 64814
Assunto
Outros > CALAMIDADE PUBLICA.
Indexação
  • COMENTARIO, PROBLEMA, SECA, REGIÃO NORDESTE, DIFICULDADE, OBTENÇÃO, AGUA, POPULAÇÃO, ANIMAL, NECESSIDADE, URGENCIA, PROVIDENCIA, GOVERNO FEDERAL.

            O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB - CE. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, desde o início da semana que colegas se revezam, na tribuna do Senado, destacando esta calamidade que atinge o Nordeste brasileiro: um período de longa estiagem, com precipitações pluviométricas mínimas, em algumas regiões inteiras do Nordeste Setentrional, especialmente essa região do Nordeste.

            Alguns brasileiros, pela mídia, muito concentrada nas mãos de poucas famílias no País e basicamente em uma região só, têm notícia e compreendem que uma estiagem de curto prazo é uma estiagem de 3, 4, 5, 6 meses, na Região Sul ou na Região Sudeste, e já é um espanto enorme para esses senhores; contudo, as estiagens que atingem a Região Nordeste, nessa área a que nos referimos, a do Nordeste Setentrional, chegam a alcançar mais de 2 anos. E, quando um período tão longo se materializa, Sr. Presidente, os prejuízos são de grande monta. Antes, corríamos em direção ao norte, desesperadamente atrás de água, para os rios da Bacia Amazônica, o que nos rendeu essa saga extraordinária de ocupar vastas regiões do Brasil, a nós cearenses, nordestinos paraibanos também, potiguares, que também se estenderam pelo interior do Brasil, procurando a água. E depois em direção ao Sudeste, atrás dos empregos, fomos ajudar a erguer a economia gigantesca de São Paulo especialmente, mas o Sudeste inteiro recebeu a mão de obra farta e barata do povo nordestino para construir a sua riqueza.

            Agora nos deparamos com uma obra que teve que enfrentar um debate sem tamanho no Congresso Nacional, que foi a obra da transposição, que foi assim chamada, mas se trata de uma interligação de bacias, da Bacia do São Francisco com as bacias dos rios intermitentes do Nordeste Setentrional. Foi uma saga, um debate enorme! Basta olhar agora, olhar o que está acontecendo na nossa região, e recebi ontem o prefeito de Salitre e conversamos, diretamente aqui do Senado Federal, com a população, através da Rádio Canta Galo, de Salitre, com o jornalista Ferreira Junior, e dialogávamos sobre a realidade.

            O povo antes ia para as ruas atrás de comida, porque a fome se abatia sobre essas populações; hoje, com os programas sociais desde o período do governo Lula até agora no Governo Dilma, não há um contingente de flagelados da seca em busca de comida. Esse mínimo tem ali para as pessoas poderem comer. As pessoas estavam nas ruas, antes de ontem e ontem, na cidade de Salitre, buscando uma lata d’água, querendo um copo d’água para tomar, junto com os animais, porque a insolação nos açudes nesse período se avoluma, é grande e crescente, e causa desperdício da pouca água que têm, de forma muito rápida e acelerada.

            Portanto, Sr. Presidente, ao me associar ao debate aceso da realidade nordestina, quero fazer duas solicitações: primeiro, o problema da emergência, garantindo os meios, de toda maneira, de qualquer forma, para garantirmos água para a população cearense e do Nordeste brasileiro.

            Dou um exemplo simples: um poço abandonado na Serra do Araripe, furado pela Petrobras há alguns anos, foi acionado há 10 anos, num período também de estiagem mais prolongado, Sr. Presidente - a quem peço que me dê mais um minuto e meio para tratarmos desse tema. Esse poço está ali, na Serra do Araripe, na cidade de Araripe e pode abastecer três ou quatro cidades pequenas daquela região e precisa ser acionado imediatamente. Não importa quanto se vai gastar com energia, qual é o custo de se consertar uma bomba. Isso tudo tem que ser resolvido de forma rápida para garantir o acesso à água daquele poço importante, um poço perfurado pela Petrobrás, com uma vazão que pode chegar a 600 litros/hora, uma necessidade imediata para aquela população. Então, é preciso você imediatamente acionar aquele poço para garantir o abastecimento de 600 mil litros de água, que podem ser retirados daquele poço. É preciso acioná-lo imediatamente, porque é uma necessidade básica. E não é só para Salitre: é para Campos Sales, para a cidade do Araripe, é para a cidade de Potengi. É aquela região do Estado do Ceará que está nessa faixa do Nordeste chamada Setentrional.

            Segundo, é preciso acelerar as obras de interligação de bacias. É preciso dar velocidade. É preciso entendimento dos órgãos públicos, do Ibama, do Ministério Público, de todas essas instituições que têm a responsabilidade do controle, mas que têm que compreender a necessidade de acelerar a realização dessas obras para não deixar a população chegar a esse ponto. O prejuízo é muito grande para a economia desses Estados e suas populações. É preciso compreender essa realidade.

            E, associado à integração de bacias, alargar o empreendimento das chamadas cisternas de placas, que é um procedimento que reúne o Governo, associações da sociedade civil, o movimento sindical da região, que pode trabalhar em uma velocidade muito maior para garantir o acesso à água a essas populações.

            Registro - e aqui isso foi feito um pouco antes pelo Senador Eunício -, que é importante frisar o papel do Governador do Estado do Ceará, da própria Presidente da República. Mas é preciso também sublinhar que é pouco o que está sendo feito, diante da realidade que se apresenta aos nossos olhos.

            Por isso, fica a nossa posição aqui de reforçar a reclamação justa do povo do meu Estado e do Nordeste brasileiro.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/11/2012 - Página 64814