A SR^a VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Sr^a Presidenta, Senadora Angela Portela, Srªs e Srs. Senadores, Presidente José Sarney, presente aqui no plenário, a quem cumprimento, poucas vezes eu venho a esta tribuna para falar de assuntos cujo interesse é exclusivo da minha cidade ou do meu Estado. Mas, em decorrência de alguns fatos, venho à tribuna, primeiro, para cumprimentar os estudantes, a juventude da minha cidade de Manaus pelo nível e pelo grau de mobilização. Jovens estudantes secundaristas e estudantes universitários, Senadora Lídice -- segundo todos os jornais da cidade de Manaus, aproximadamente 4 mil estudantes --, foram às ruas da cidade ontem, em uma manifestação pacífica, em uma manifestação ordeira e em uma manifestação preventiva, pedir à Prefeitura de Manaus que não aumente o preço da passagem do transporte coletivo, Senador Inácio Arruda.

            Estão aqui as fotografias estampadas em todos os jornais. E fico feliz de ver manifestações e fotografias como esta porque me recordo de alguns anos atrás, quando também, nos meus 17 anos de idade, eu ia às ruas não só para protestar contra o aumento das passagens de ônibus, mas para lutar pela democratização da educação, lutar pela melhor qualidade do ensino, lutar pela democracia. E é assim que a sociedade, não só brasileira, mas no mundo inteiro, se movimenta. Então, eu fico muito feliz de ver uma manifestação pacífica.

            Os estudantes saíram da Praça do Congresso, que fica bem no centro da cidade de Manaus; de lá, foram até a frente do Sinetram, que é o sindicato do transporte coletivo da cidade de Manaus e, de lá, se dirigiram até a Prefeitura Municipal de Manaus, que fica muito longe do centro da cidade, Sr^a Presidenta, tudo isso a pé, em uma manifestação -- repito -- ordeira, pacífica, bonita, como é bonito tudo aquilo que a juventude faz.

            Já relatei aqui o objetivo: é não permitir, é sensibilizar a administração municipal para que não aumente o valor da passagem de ônibus, pois o sindicato das empresas solicita o aumento para R$3,50 de uma passagem que custa R$2,75, que já é muito cara, de acordo com estudos da própria Câmara Municipal de Manaus, de acordo com a conclusão de várias CPIs que já foram instaladas na Câmara Municipal de Manaus.

            Srª Presidenta, diante disso, fiquei impressionada e até preocupada, muito mais do que impressionada, quando li uma matéria, no site oficial da Prefeitura de Manaus -- e, vejam, não é uma matéria de qualquer blog; é uma matéria postada no site oficial da Prefeitura Municipal de Manaus --, que diz o seguinte:

Aproximadamente 200 estudantes [200 estudantes!] estiveram na frente da sede da Prefeitura de Manaus, na tarde desta terça-feira, protestando contra um virtual aumento do preço da tarifa de ônibus na cidade. Os estudantes saíram do terminal 1, na Constantino Nery até a avenida Brasil, em carros de som de centrais e à pé [centrais, aqui, são as centrais sindicais] para se juntarem ao grupo que já estava em frente à Prefeitura [e lá ficaram] há aproximadamente 30 minutos.

Com muitas bandeiras [prestem atenção, senhoras e senhores] e camisetas de partidos políticos, centrais sindicais e juventudes partidárias, as lideranças do movimento se revezam ao microfone.

            E aí sai citando aqui: “O Sr. Yann Evanovick…

(Soa a campainha.)

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM) - … filiado ao PCdoB e candidato derrotado a vereador nas eleições do ano passado, puxava o movimento.”

            Vejam bem, é o site oficial de uma prefeitura.

            O Sr. Yann Evanovick, a que ele se refere, é ex-Presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, além de ter sido já Presidente da União de Estudantes Secundaristas do Estado do Amazonas. Repito: é ex-Presidente da União Brasileira de Estudantes Secundaristas. E a Prefeitura, aqui, critica o fato e diz, e aponta: estudantes que têm filiações partidárias. Como se fosse proibido, Senador Clésio, neste País, ter filiação partidária. Assim a juventude era tratada na época da ditadura militar, não agora, em tempos de democracia, Senadora Lídice. Qual é o crime em um estudante vestir uma camisa de uma juventude organizada, seja ela ligada a que partido político for? Qual é o crime em um estudante pedir apoio das centrais sindicais de trabalhadores para que as centrais…

(Soa a campainha.)

            A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM) - … emprestem os seus carros de som para que eles possam organizar as suas manifestações? Nenhum crime há nisso, nenhum, mas é isto: pessoas que posaram a vida inteira ou posam de democratas, colocam, num site oficial da Prefeitura, matéria assim, como se estivesse acusando pessoas pela sua filiação partidária ou se fosse proibido fazer manifestações.

            Nem comento o fato de que todos os jornais... E, quando os jornais falam de 4 mil, possível presença, é porque lá havia muito mais que 4 mil jovens, devia haver, aproximadamente, de 5 a 8 mil jovens. Estão aqui as fotografias. E a Prefeitura coloca, em seu site, 200 jovens, e, ainda, com bandeiras, com carros som de centrais, como se isso fosse crime.

            Lamento muito a posição da Prefeitura Municipal de Manaus, Srª Presidenta. Lamento muito…

(Soa a campainha.)

           A SRª VANESSA GRAZZIOTIN (Bloco/PCdoB - AM) - … a posição do atual Prefeito de Manaus, que, ao invés de mandar publicar matéria antidemocrática de desrespeito à juventude da minha querida cidade, devia ter recebido os estudantes, para conversar com os estudantes e para ouvi-los, porque, se hoje temos uma meia passagem de ônibus na cidade de Manaus, foi porque conseguimos assim, na rua. Eu, à época, era estudante também, Srª Presidente, apanhei muito da polícia. E Manaus foi a primeira cidade a adotar a meia passagem de ônibus.

           Então, diferentemente do que faz o titular da Prefeitura Municipal de Manaus, venho à tribuna não só para cumprimentar a juventude da minha cidade, mas para dizer que, como Senadora, estou à disposição dos jovens e dos trabalhadores para ajudar no que for preciso em seus movimentos organizados, ordeiros, pacíficos, para que, assim, de forma organizada, sigam lutando a favor dos seus direitos.