Pela Liderança durante a 47ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com a possibilidade de aumento dos juros para controlar a inflação.

Autor
Inácio Arruda (PCdoB - Partido Comunista do Brasil/CE)
Nome completo: Inácio Francisco de Assis Nunes Arruda
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.:
  • Preocupação com a possibilidade de aumento dos juros para controlar a inflação.
Publicação
Publicação no DSF de 11/04/2013 - Página 16947
Assunto
Outros > POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA.
Indexação
  • CRITICA, TENTATIVA, EMPRESARIO, AUMENTO, TAXAS, JUROS, OBJETIVO, CONTROLE, INFLAÇÃO, RESULTADO, CRESCIMENTO, DIVIDA, PAIS.
  • SOLICITAÇÃO, AGRICULTOR, REFERENCIA, AUMENTO, PRODUÇÃO, ALIMENTOS, HORTICULTURA, OBJETIVO, REDUÇÃO, INFLAÇÃO, SUGESTÃO, CONVITE, PRESIDENTE DA REPUBLICA, REUNIÃO, MOTIVO, MELHORIA, POLITICA, TAXAS, JUROS.

            O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB - CE. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, infelizmente, não tive a oportunidade de apartear o nosso colega Cyro Miranda, que levanta a questão, o tema do processo de desenvolvimento econômico do Brasil, porque eu vejo sob esse ponto de vista.

            Quero considerar o seguinte: há, Senador, Srªs e Srs. Senadores, uma verdadeira campanha na mídia para aumentar os juros. Sinceramente, Senador Jayme, é assalto, roubo, ladroagem contra o povo brasileiro! É isso que se está tentando fazer. Não há nada mais grave.

            Imaginem a dívida interna brasileira: 0,25% de juros, que é o que desejam; 0,5% de juros, que é o que desejam. Isso significa aumento de bilhões e bilhões de reais na dívida interna brasileira, que vai ser paga por todos nós e que não aparece na imagem da inflação, não, porque os juros escamoteiam, escondem essa verdade no nosso País. Como remédio, para combater a inflação do tomate, do feijão, do milho, da hortaliça, pedem juros altos.

            Que escárnio contra o povo brasileiro! Pelo amor de Deus! Isto não é mais aceitável: arguir a independência de Banco Central. Sinceramente, o Banco Central é independente e não pode ficar submetido a uma campanha atroz.

            Todo dia é uma dezena de consultores das agências bancárias, dos rentistas, desses que não põem um prego numa barra de sabão no Brasil, que vivem da ganância, que vivem dos juros, que clamam todo dia por juros, juros e juros!

            Sinceramente, o que é isso no Brasil? Não se pode viver desse jeito. O Brasil já tem um dos maiores juros pagos no mundo. Um dos maiores juros pagos no mundo! Isso é um assalto descarado ao bolso do povo brasileiro.

            Será que algum empresário honrado, honesto, que produz tomate, hortaliça, que produz peça de caminhão, que produz trator, que produz peça de avião, está pedindo juros mais altos? Será que está? Será que alguma central sindical, seja de que corrente for, está pedindo juros mais altos? Há algum movimento da sociedade, do povo, da periferia, que precisa de uma casa, que precisa de emprego para melhorar a renda, pedindo juros mais altos? Sinceramente! Pelo amor de Deus!

            Banco Central independente é aquele que aumenta juros? Eu não sabia que isso é que era Banco Central independente, o que cobra juros altos do Estado nacional e transporta-os para toda a economia. É isso que é a independência do Banco Central? Se for isso, sinceramente, não dá para ter Banco Central independente. Se ele tem como matriz, base, manter a política de juros, para permitir que a ganância, o rentismo, o parasitismo se mantenha como mestre da economia, aí não dá.

(Soa a campainha.)

            O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB - CE) - Juros são instrumentos. Não podem ser o centro do debate da economia em nosso País, se não vai ser um desastre.

            E digo: há muita controvérsia sobre os fatos, mas, sinceramente, os investimentos que têm sido feitos, mesmo na logística, embora haja muitos gargalos, muitos problemas que foram acumulados no tempo... Nós temos muitos problemas que foram e que são frutos da legislação que nós produzimos aqui no Congresso Nacional, na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, sobre o processo licitatório, as instâncias que discutem a questão ambiental, variadas, porque há instância federal, instância estadual, instância municipal...

(Interrupção do som.)

            O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB - CE) - Sr. Presidente, o tema é deveras controverso.

            Agradeço os dois minutos que V. Exª nos oferece para manter este debate acesso, que considero muito rico, muito importante, para o nosso País.

            Mas clamo pela produção, eu clamo aos produtores de tomate do Brasil: vamos plantar mais tomates; ao setor de hortaliças nacional: vamos produzir mais hortaliças. Tudo para impedirmos que o povo inteiro seja punido com taxas de juros elevada, porque isso é assalto, isso é roubo contra o povo, isso é ladroagem contra o povo brasileiro. Nós não podemos aceitar isso. Nós não podemos aceitar essa cantilena de consultores de agências financeiras, rentistas, anunciando o desespero no País, que há uma crise monumental, que o País vai se acabar se não aumentarmos as taxas de juros. Isso não! Taxas de juros podem ser aumentadas, podem ser reduzidas, mas não podem ser a cantilena diária que se ouve no nosso País, que já é o país das taxas de juros mais altas do Planeta.

            Vamos produzir!

            Nunca se investiu tanto em infraestrutura no País, no setor de logística, inclusive! Transporte ferroviário, metrô, estradas, construção de navios que tinha acabado; tudo isso está sendo retomado, sendo reconstruído, sendo reanimado na economia brasileira, pela graça da ação da nossa Presidenta e que já vem desde o Presidente Lula.

            É verdade, todos nós somos temerosos; não queremos uma inflação a mais, não queremos um índice a mais, mas, pelo amor de Deus, não nos dê como remédio veneno puro. Não me dê como remédio veneno. É isso que querem dar à economia brasileira. Querem nos dar veneno! É isso que querem nos ...

            O SR. PRESDIENTE (Jayme Campos. Bloco/DEM - MT) - Senador Inácio, mais dois minutos a V. Exª.

(Interrupção do som.)

            O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB - CE) - Não posso aceitar que o veneno seja oferecido ao povo brasileiro como saída e como alternativa única; não pode ser. Topo e acho que temos clamado aqui por esse debate. Vamos discutir. Vamos fazer um fórum. Há um fórum de Lideranças da Base do Governo com a Presidenta Dilma. Vamos chamar a própria Presidenta e discutir com ela alternativas que variem dos juros, que não seja essa a única alternativa para nós. Essa alternativa levou o País à estagnação, em muitos momentos. Os juros levaram o nosso País à bancarrota em muitas horas. A política elevada de juros nunca nos tirou de situação desfavorável. Ao contrário, aumentou o fosso do Brasil. Em todas as épocas que os juros foram elevados à estratosfera, nós tivemos um fosso econômico, tivemos uma crise maior. Não nos deem como única saída o veneno. Isso não é bom para o nosso País!

            Quero chamar a atenção dos nossos colegas Senadores. Há uma campanha, gente, pelo amor de Deus! É uma campanha de pequenos setores - um grupo pequeno do País - que clamam por juros altos. Nós vamos aceitar isso placidamente? Acho que não devemos. Convidemos a nossa Presidente para reunir o seu conselho político para dialogar sobre a inflação que corrói, sim, o Bolsa Família, o salário, corrói tudo. Vamos buscar alternativas boas. Há alternativas melhores para nós do que a política de taxa de juros elevada. Essa, sim, mata qualquer nação. Não vi nenhuma sair por esse caminho.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/04/2013 - Página 16947