Discurso durante a 37ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Autor
Wellington Dias (PT - Partido dos Trabalhadores/PI)
Nome completo: José Wellington Barroso de Araujo Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Publicação
Publicação no DSF de 27/03/2013 - Página 13039

            O SR. WELLINGTON DIAS (Bloco/PT - PI. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, eu não posso deixar de aproveitar este instante para tratar deste tema: eu fiquei muito honrado aqui em ouvir o Senador Cyro Miranda citar o Município de Cocal dos Alves, onde estive cerca de dez dias atrás, pois temos muito orgulho do trabalho feito e da qualidade da educação naquele Município.

            Sr. Presidente, no meu Estado, nós tínhamos 42% dos alunos que não conseguiam ter a alfabetização adequada aos seis anos de idade. Nós conseguimos reduzir, nessa última década, para 28%, o que é um feito muito grande. Para o que eu chamo a atenção - e quero apenas colocar esse depoimento, pois aqui há vários que foram governadores, prefeitos, secretários? A política, nessa fase, é com o Município; com o Município.

            Ainda hoje eu estava com um prefeito de uma cidade do meu Estado. Ele dizia que a cidade tem 1.100 alunos e 18 escolas. Há escolas com 9 alunos; escolas com 20 alunos. E eu perguntava para ele: qual é a maior escola que você tem? Ela tem quantos alunos? “Tem 400”. Eu lhe disse: Pois olha, você não precisa nem me dizer que essa é a que tem o melhor Ideb. Ele me disse: “Como é que você sabe?” Porque, na verdade, as escolas precisam ser reestruturadas para ter o tamanho adequado. Em uma escola com 400 alunos, você pode ir lá que ela tem biblioteca, tem quadra poliesportiva - aliás, o próprio programa está priorizando isso -, tem condições de ter reforço, educação física, artes, enfim, de ter tudo aquilo que é essencial para a qualidade e também para a idade certa.

            Fizemos um esforço muito grande nessa direção, mas eu quero mostrar aqui, como muitos já repetiram, qual é a situação do Brasil. Nós comemoramos aqui - e parabenizamos - Estados, como Paraná e Santa Catarina, que já atingiram a alfabetização na idade certa, abaixo de seis anos, mas os demais Estados brasileiros ainda não conseguiram esse feito.

            O que foi proposto aqui, com o Relator, para que possamos ter uma meta - podem até achar que não é usada, mas eu acho que é -, é sairmos dos atuais 15,2%, em cinco anos, para algo em torno de oito e, em seguida, darmos conta para algo em torno de seis anos. Por que isso é importante? Porque é muito fácil eu dizer: “Ah, mas é uma nova geração. São novos alunos.” O problema é que a estrutura é a velha estrutura, é a velha estrutura. A máquina é que precisa ser alterada, e não se fazem mudanças substanciais como essa tão rapidamente.

            Eu queria com isso dizer que eu gostaria muito de aqui estarmos, quem sabe, trabalhando a alfabetização até com menos de seis anos, mas essa é a realidade do Brasil. Acho que tivemos avanços, conseguimos reduzir. Citei o exemplo do meu Estado, que reduziu quase à metade do que era, mas é uma média ainda muito elevada.

            Então, é por essa razão que estamos aqui defendendo uma proposta. Parabenizamos o Relator e todos os Partidos que compreendem a necessidade de termos uma meta real e que considere essa realidade brasileira.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/03/2013 - Página 13039