Discurso durante a 56ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Relato das obras na BR-364; e outro assunto.

Autor
Anibal Diniz (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Anibal Diniz
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESTADO DO ACRE (AC), GOVERNO ESTADUAL.:
  • Relato das obras na BR-364; e outro assunto.
Aparteantes
Sérgio Petecão.
Publicação
Publicação no DSF de 24/04/2013 - Página 20985
Assunto
Outros > ESTADO DO ACRE (AC), GOVERNO ESTADUAL.
Indexação
  • ATUAÇÃO PARLAMENTAR, ORADOR, ESTADO DO ACRE (AC), ENFASE, DEBATE, PROPOSTA, EMENDA CONSTITUCIONAL, EMPREGADO DOMESTICO, REGULAMENTAÇÃO, POLITICA, ESTUDANTE, CURSO SUPERIOR, DIREITO, UNIVERSIDADE, REGIÃO NORTE, VISITA, MUNICIPIO, CRUZEIRO DO SUL (AC), OBJETIVO, FISCALIZAÇÃO, SITUAÇÃO, RODOVIA, COMENTARIO, AUSENCIA, MATERIA-PRIMA, EXECUÇÃO, OBRAS, ELOGIO, GOVERNO ESTADUAL.

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, telespectadores da TV, ouvintes da Rádio Senado, como disse aqui da tribuna ontem, Senador Paim, trago hoje um pouco do que foi a nossa agenda no Estado do Acre no último final de semana, que foi marcada por um conjunto de atividades muito interessantes.

            Nós tivemos um debate, na Assembleia Legislativa do Acre, sobre a PEC das Domésticas, que agora já é a Lei das Domésticas, que está carecendo de regulamentação, mas já tem os direitos assegurados. Foi uma atividade muito interessante, convocada pela Assembleia Legislativa do Acre, a partir de uma proposição do Deputado Geraldo Pereira, do Partido dos Trabalhadores.

            Depois, tivemos um debate sobre a judicialização da política, para os alunos do curso de Direito da universidade Uninorte. Foi um debate muito interessante, que reuniu algo em torno de mil alunos, em que a gente pôde expressar um pouco do sentimento que vivem os representantes políticos brasileiros, tanto do Parlamento quanto do Executivo, em relação à presença, cada vez mais forte, das decisões judiciais se imiscuindo na vida pública, política, principalmente daqueles que têm que tomar decisões em relação à vida do povo. Foi um debate muito interessante, em que pudemos expressar alguns convencimentos e responder alguns questionamentos. Foi muito interessante. Eu considerei um debate muito elevado.

            Na sexta-feira pela manhã, fizemos o que considerei o mais importante nessa agenda, que foi uma viagem saindo de Rio Branco com destino a Cruzeiro do Sul, pela BR-364. Essa viagem tinha um único objetivo. Eu pretendia fazer todo o percurso dos quase 600 quilômetros entre Rio Branco e Cruzeiro do Sul vistoriando a situação da nossa BR-364, cada trecho executado ao longo dos governos do Governador Jorge Viana, do Governador Binho e também agora do Governador Tião Viana, justamente para poder fazer uma defesa desapaixonada, uma defesa tranquila, uma defesa serena dessa obra que é o sonho da integração do Vale do Acre ao Vale do Juruá.

            E eu, aqui presente na tribuna do Senado Federal, tenho que prestar esse testemunho. As obras da BR-364 se constituem numa saga. Uma saga porque construir estrada na Amazônia é algo muito difícil. Eu diria que é extremamente difícil. E, nos últimos 14 anos, tanto o Governador Jorge Viana, quanto o Governador Binho e agora o Governador Tião Viana têm dedicado sempre o melhor do seu tempo, o melhor das suas energias para garantir a execução dessa obra, para garantir plenamente o direito de ir e vir do povo do Vale do Juruá, numa interligação que precisa ser definitiva com o povo que vive no Vale do Acre, onde está nossa capital, Rio Branco.

            A BR-364 é uma estrada que foi decidida no Governo de Juscelino Kubitschek, foi uma estrada que teve a sua decisão de acontecer no Governo Juscelino Kubitschek, o mesmo Governo ousado que decidiu pela construção de Brasília. Ela começou efetivamente na década de 60 e tem um longo percurso até os dias de hoje.

            E esse trecho Rio Branco-Cruzeiro do Sul é o último que precisa ser concluído. O trecho até Porto Velho foi concluído na década de 90, de Porto Velho a Rio Branco também foi concluído na década de 90, e esses trechos todos têm passado permanentemente por reparos. Essa obra que liga o trecho da BR-364 que liga Rio Branco a Cruzeiro do Sul é a parte provavelmente mais difícil de ser executada. Por quê? Porque não conta com os insumos, não tem, não dispõe da matéria-prima necessária para sua execução.

            Naquele trecho não há brita. Não temos como conseguir cimento, a não ser importando de Manaus, de Minas Gerais, de outros pontos do Brasil. A brita utilizada vem da divisa com Rondônia, do Abunã, e tem uma logística extremamente difícil. E, exatamente por essas dificuldades, essa obra ainda não foi concluída.

            Isso tudo, Senador Paim, levando em consideração que nós temos um inverno extremamente rigoroso. Trabalha-se, efetivamente, na construção de uma estrada, na Amazônia, cinco ou seis meses no máximo. O outro tempo, praticamente a metade do ano, é tomado pelo inverno; e é impossível fazer trabalhos que impliquem em remoção de terra, em grandes deslocamentos nesse período de inverno.

            Ainda assim, ao longo desses 14 anos, muitos trechos foram concluídos e todas as pontes - todas as pontes! - de Rio Branco a Cruzeiro do Sul foram construídas. Por uma determinação corajosa do Presidente Lula, todas as pontes - do Rio Caeté, Rio Purus, Rio Envira, Rio Tarauacá, Rio Juruá; são pontes de grande porte -, todas elas foram construídas e implicaram em grandes investimentos do Governo Federal para essa estrada. E as pontes estão todas muito bem posicionadas, recebem todo tipo de pressão de carga e, graças a Deus, estão dando plena trafegabilidade.

            Da estrada BR-364, os trechos todos pavimentados e os trechos que faltam para ser pavimentados precisam, permanentemente, de reparos. E o Governador Tião Viana, com sua equipe, não tem se descuidado disso. Não tem se descuidado. Ele tem atuado com precisão.

            Aliás, Senador Paim e telespectadores que nos acompanham pela TV Senado, o Governador Tião Viana tomou uma decisão super corajosa, no início do inverno de 2012, quando decidiu que a BR-364 não iria paralisar mais durante o inverno. Porque antes havia trafegabilidade no verão e quando chegava no inverno, tomava-se a decisão de suspender, exatamente para proteger a estrada e também para não permitir que aqueles trechos não pavimentados virassem grandes atoleiros. E assim foram vários anos abrindo durante o verão, mas fechando a BR-364 durante o inverno.

            Com o Governador Tião Viana, foi tomada uma decisão corajosa de fazer a BR-364 funcionar de inverno a verão, e, assim, nós concluímos já o segundo inverno com plena trafegabilidade de Rio Branco a Cruzeiro do Sul.

            Isso tem implicado uma mudança importante na qualidade de vida das pessoas. Os preços dos produtos alimentícios que são importados chegam a valores muito menores nas cidades de Feijó, de Tarauacá, de Cruzeiro do Sul e de outras próximas, com a funcionalidade da BR. Então, é algo muito importante. E o povo do Vale do Juruá tem demonstrado uma gratidão total e completa ao Governador Tião Viana pela coragem que ele teve de fazer a BR-364 funcionar de inverno a verão.

            É claro que com o inverno intenso que nós vivemos na virada do ano de 2012 para 2013, inverno que está terminando somente agora - o inverno termina efetivamente no início de maio -, houve muita pressão sobre a nossa BR e ela está requerendo reparos, mas isso porque obra de BR requer reparo permanente. Nas obras de BR, cada trecho que se faz requer um cuidado especial. Não há como ser diferente.

            O Sr. Sérgio Petecão (Bloco/PSD - AC) - Senador Anibal, V. Exª me concede um aparte?

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT - AC) - Com certeza, Senador Petecão, vou conceder um aparte a V. Exª.

            Eu comparo a obra da BR à obra de uma casa. Uma pessoa constrói uma casa e a partir do momento que o construtor a conclui, ele tem que entregar a chave ao dono; e a responsabilidade pela manutenção dessa casa passa a ser do dono. Nós estamos falando de uma rodovia federal, cuja execução foi delegada ao Governo do Acre e dessa forma tem sido feita.

            Eu acompanhei, em 2003, a entrega do trecho Feijó-Tarauacá, um trecho de 45km, que, na época, contou com a presença do Ministro Anderson Adauto. No momento em que ele ouviu a saga que era a forma de construção daquela BR, de onde vinha o cimento, de onde vinha a areia, de onde vinha a brita, de onde vinha todo o material betuminoso, o CAP, o asfalto, ele disse que se não levasse aquele vídeo contando a história para os seus assessores, dificilmente eles acreditariam no relato dele, porque é uma saga construir uma BR na Amazônia e no Acre, principalmente.

            Então, nós tivemos o Governador... A gente pode pegar a partir de Orleir Cameli. O Governador Orleir Cameli construiu do Riozinho até Sena Madureira; depois veio o Governador Jorge Viana, que fez o trecho Feijó-Tarauacá, o trecho Cruzeiro do Sul ao Rio Liberdade; refez trecho - que já havia sido feito - de Tarauacá ao Rio Liberdade. Então, vários trechos foram feitos. Com o Governador Binho, fez-se o trecho Sena Madureira-Manoel Urbano; refizeram-se trechos também depois de Tarauacá; Tarauacá e Feijó também receberam reparos. Então, ao longo desses anos todos, a cada momento se tem que fazer um trecho e refazer outros, que são naturalmente danificados, até por força da pressão que recebem do transporte de todo o material para dar continuidade a essa obra.

            Hoje, terminado esse inverno, eu fiz essa viagem, saindo de Rio Branco às 9 horas da manhã. Demoramos cerca de uma hora em Tarauacá, uma hora e meia, e, às 8 horas da noite, conseguimos chegar a Cruzeiro do Sul. É uma viagem, nesse momento, desconfortável, mas, ainda assim, a população está muito agradecida pela coragem que o Governo teve de manter a estrada funcionando de inverno a verão.

            O desafio nosso é tremendo. Nós precisamos envidar todos os esforços para garantir os recursos para a BR, para essa obra não parar. A gente precisa continuar trabalhando permanentemente na conclusão dos trechos que ainda não foram feitos e na necessidade de reparo dos trechos que foram feitos, que precisam receber manutenção permanente, sob pena de essa BR paralisar de vez, como aconteceu com a BR-319 ligando Porto Velho a Manaus, que não recebeu a devida manutenção e acabou sumindo do mapa. A BR-319, de Porto Velho a Manaus, que muitas pessoas testemunham porque já passaram pela estrada fazendo essa viagem, deixou de existir justamente porque faltou manutenção.

            O Sr. Sérgio Petecão (Bloco/PSD - AC) - V. Exª me concede um aparte?

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT - AC) - Então, nesse aspecto nós temos que reforçar a necessidade de se fazer um trabalho coordenado, solidarizando-se completamente com a ação do Governo do Estado, tentando sensibilizar o nosso Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e o Ministério dos Transportes, porque a realidade do Acre é diferente e exige, além dos nossos esforços, que também tenhamos solidariedade plena das autoridades Federais, porque se não tivermos uma determinação como a do Presidente Lula, como está tendo a determinação da Presidenta Dilma, corremos o risco de ter essa obra comprometida. E isso vai ser um grande prejuízo para o povo de Juruá, se Deus o livre vier a acontecer.

            Tenho certeza de que a determinação do Governador Tião Viana e também o comprometimento da equipe do Governo Federal não vai permitir que a obra seja paralisada.

            Ouço com atenção o Senador Sérgio Petecão.

            O Sr. Sérgio Petecão (Bloco/PSD - AC) - Senador Anibal, primeiramente, quero agradecer pelo aparte. Ouvi atentamente seu pronunciamento e também quero parabenizá-lo pela sua coragem de ter ido de carro de Rio Branco a Cruzeiro do Sul. É verdade que lá no Estado tivemos uma estiagem de quase dez dias no verão e a estrada deu uma melhorada grande. V. Exª teve muita sorte de ter pegado a estrada enxuta. Eu fiz esse trecho agora no inverno e realmente temos que elogiar os avanços que aconteceram no Estado. São verdadeiros, quando V. Exª fala que a estrada está dando tráfego, por mais que seja precária. É um gesto de humildade reconhecer que a estrada está em situação precária. A estrada ficou praticamente intrafegável nesse inverno. Eu pago um preço muito alto, Senador Anibal, V. Exª sabe disso, porque nessa sua viagem o vice-governador me acusou de ser uma das pessoas que tem trabalhado contra a estrada, que eu tenho trabalhado para que seja prejudicado o andamento da estrada. Eu não poderia perder essa oportunidade, por conta da audiência da TV Senado, por conta da audiência da Rádio Senado. E lá no Estado não tenho essa oportunidade de dialogar com o povo do Acre, eu não tenho oportunidade de usar os meios de comunicação - V. Exª sabe disso - para repor a verdade. E a minha preocupação, quando me expresso a respeito da situação da BR, não é no sentido de prejudicar a BR. Todas as vezes que chego lá no Vale do Juruá, em Cruzeiro do Sul, sou questionado. Todos nós sabemos o tanto de recurso que já foi investido naquela BR. Tenho certeza. Já fiz esse pedido ao General Fraxe, quando ele esteve aqui na Comissão de Infaestrutura, para que nos dissesse quanto já foi gasto naquela estrada, quanto custou cada quilômetro daquela estrada, porque não se admite, Senador Anibal, por mais que tenha sido feito... Quero concordar com V. Exª que temos de reconhecer o trabalho do Presidente Lula, o empenho do Presidente Lula e da Presidente Dilma no sentido de mandar recursos para aquela estrada. V. Exª fala da saga. É verdade, é difícil fazer estradas na Amazônia. Mas não foi só essa estrada. Temos lá na Amazônia também, do lado peruano, uma estrada que foi construída com muitas dificuldades. O Senador Wilder esteve visitando o Acre e eu fiz questão de levá-lo até Assis Brasil para que ele conhecesse nosso Estado. Agora, o que não pode é tentarem responsabilizar algumas pessoas, que seja o Petecão, o Márcio Bittar, o Gladson, o pessoal da Oposição, dizendo que proibiram que a estrada fosse concluída. Isso não é verdadeiro. O Senador Jorge Viana disse que há parasitas. V. Exª também tem dito isso, bem como o pessoal do Governo. Dizem que há parasitas que estão atrapalhando a conclusão da estrada. É preciso que se dê nome a esses parasitas, para que nós possamos ajudar o Governo do Estado. Ora, os parasitas...

(Soa a campainha.)

            O Sr. Sérgio Petecão (Bloco/PSD - AC) - Presidente Paim, só para concluir. Precisamos saber se esses parasitas estão no Ministério Público Federal, no Ministério Público Estadual, se os parasitas estão lá no DNIT, se estão lá no DER/AC que tocou essas obras, se esses parasitas estão no Governo do Estado. O que nós não podemos - e aí concordo com V. Exª cem por cento - é penalizar aquele povo. Criamos a expectativa de que iríamos ter uma estrada de inverno a verão. Aqueles comerciantes que tinham toda uma estrutura de transporte marítimo, através de suas balsas, desfizeram essa estrutura. Hoje, as pessoas estão reféns da estrada. Nesse inverno, os caminhões que passaram pela estrada foram apenas os de seis toneladas. Então, eu gostaria, Senador Anibal, que fosse colocada a verdade. Não é justo que a estrada não saia por conta do Senador Petecão. Não é justo que a estrada não saia por conta do Deputado Federal Marcio Bittar, por conta do Deputado Federal Gladson. Nós temos de saber - e é aí que eu quero me colocar à sua disposição, como coordenador da Bancada hoje, para que nós possamos ir até o DNIT. O senhor disse, o senhor reconhece que a estrada foi sub-rogada para o Estado, o Estado é que concluiu. E ouvi do General Fraxe que o DNIT não vai receber a obra nas condições em que está. Nós precisamos ajudar, é verdade, e eu me coloco à sua disposição, à disposição do Governador. Agora, o que não podemos, Senador Anibal, é deixar a Presidenta Dilma pague o preço das condições em que se encontra aquela estrada. Isso não é justo, porque o recurso foi. Agora, nós precisamos saber onde estão esses recursos, porque a estrada que está lá o DNIT não vai receber, e alguém precisa ser responsabilizado. Nós precisamos saber quem são os parasitas que realmente deixaram a estrada naquela condição. No mais, quero agradece e dizer a V. Exª que eu estou para ajudar. Eu não estou de forma alguma... As pessoas me conhecem. Nasci e me criei no Acre. Como Deputado Estadual, ajudei. Vai ter que explicar. Quando se fala muito que os insumos vieram da Colômbia, que as pedras vieram da Venezuela, é preciso se justificar isso. Quando eu perguntei para o Diretor-Geral do DNIT... Ele só falou de uma casa. Lá no Acre, nós começamos a estrada, Presidente Paim, de trás para frente. Ora, se havia uma estrada aqui, nós tínhamos que dar sequência na estrada, levamos os insumos e construímos a estrada. Lá, a estrada parou aqui e nós viemos com a estrada de Cruzeiro do Sul para cá. É como se você fosse começar uma casa do telhado para os barrotes. É possível fazer a casa. É verdade! É possível, mas é muito mais difícil. Então, não adianta agora querer responsabilizar as pessoas que fazem oposição lá no Estado. Aqui, temos elogiado e parabenizado tanto o Presidente Lula quanto a Presidenta Dilma, porque os recursos são verdadeiros. Os recursos foram abundantes, dava para ter feito a estrada. Agora, se a estrada não saiu não adianta agora vir nos responsabilizar, nós que fazemos parte da Oposição lá no Estado. Obrigado, Senador Anibal. Muito obrigado.

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT - AC) - Senador Sérgio Petecão, eu o ouvi com muita atenção. Pode ter certeza de que esse debate nós vamos fazer com muita tranquilidade, porque eu venho acompanhando esses governos do Jorge Viana, do Binho Marques e do Governador Tião Viana e sei o quanto eles têm se dedicado a essa obra da BR-364, e sei o quanto de suor e lágrimas tem sido derramado para garantir essa obra.

            Quando V. Exª coloca sob suspeita, dizendo “onde está o recurso”, V. Exª sabe, e, quando o Senador Jorge Viana se referiu a parasitas, é porque, na realidade, todas as pessoas que trafegam pela BR-364 sabem que há trechos que são feitos, são trechos que são devidamente finalizados, mas, com o passar de um ano, dois anos, três anos, eles se danificam, como toda obra. Imagine só que o trecho Sena Madureira-Rio Branco, que foi concluído há mais de 17 anos, até agora não teve uma intervenção do Governo Federal para reparo, todos os reparos, todos anos, são bancados pelo Governo do Estado, e são de uma rodovia federal. A mesma coisa acontece em relação à BR-317, todos os reparos...

(Soa a campainha.)

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT - AC) - ... toda a manutenção são bancados pelo Governo do Estado, e ali se trata de uma rodovia federal.

            Então, o que nós temos? Nós temos que cerrar a fileira no sentido de mostrar essa dificuldade para que a gente possa ter a garantia dos recursos. Agora, se V. Exª coloca sob suspeição um Governo honesto, um Governo que tem se dedicado permanentemente a fazer o melhor pelo Acre, é claro que o Governo vai reagir com toda a justeza, no sentido de mostrar que as consequências de sua posição podem vir a nos levar a uma paralisação da obra.

            Imagine só, se V. Exª ouve o General Fraxe dizer que não vai receber a obra, ele tem que saber que essa obra foi feita, os trechos que foram feitos foram feitos; infelizmente, houve, naquele momento, um entendimento equivocado de o DNIT não receber trecho a trecho, e, agora, não se fez a obra integralmente.

            Agora, para fazer entrega, ter-se-ia que fazer um reparo total, mas disso o Governo Federal está ciente, porque, a todo momento, têm sido apresentados os relatórios, e, a cada trecho concluído, tem sido apresentado relatório. Nenhum pagamento é feito, Senador Petecão, se não for com base nas medições realizadas. Todo pagamento é feito com base em medição, as pontes todas, cada um dos trechos executados.

            E, dessa forma, é que eu faço um apelo a V. Exª, que é coordenador da Bancada do Acre e que vai fazer essa interlocução, inclusive, tanto na Comissão de Orçamento, quanto na busca de emendas coletivas para 2014, porque nós vamos ter que ter consciência plena: o Governador é o Governador Tião Viana e ele vai ter que continuar esse trabalho permanente. O futuro governador também vai ter que continuar esse trabalho.

            E tememos por essa sua visão, Senador Petecão, porque, se um dia a oposição chegar a governar o Acre, vai paralisar tudo, pois ela acha que manutenção não pode acontecer. Que o recurso foi para executar a obra foi, e foi executado. Mas precisamos ter um permanente trabalho de reparo, de manutenção dessa obra.

            Para concluir, Senador Paim, que preside esta sessão, eu gostaria de ler aqui alguns depoimentos de pessoas do Vale do Juruá, que nós representamos e que têm se manifestado a respeito do esforço do Governo, do esforço legítimo e que conta com o total respeito da sociedade do Acre.

(Soa a campainha.)

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT - AC) - Podemos ler aqui o depoimento de Marcos Vinícius, ex-Presidente da Associação Comercial do Vale do Juruá. Ele diz:

Nós cruzeirenses não imaginamos mais nossa região sem a BR-364, [sem] trafegabilidade. Sempre foi o nosso sonho [e hoje, apesar das dificuldades], é uma realidade. [A gente pode sair de Rio Branco e chegar a Cruzeiro do Sul.]

            O Padre Nilson, que é pároco geral de Cruzeiro do Sul, diz:

É um sonho de todo cruzeirense sair do isolamento e até mesmo melhorar as condições do povo mais sofrido, que não têm condições de pagar uma passagem aérea e fica muito mais acessível por meio da estrada. Os governantes são a voz do povo. O povo quer que a BR-364 continue aberta e bem conservada.

            E esse esforço nós reconhecemos que o Governo do Estado tem empreendido. E quem não pode ajudar, também não pode estar contra essa obra da BR.

O Sr. Rinaldi Cardinal, empresário do Supermercado Econômico, diz:

Nós não saberíamos mais trabalhar com transporte fluvial, hoje, dependemos 100% da estrada. É surreal saber que alguém se volte contra a vontade de todo povo dessa região que quer a BR liberada e bem conservada de inverno a verão.

            O Sr. José Marinho Souza Neto, professor e empresário do ramo hoteleiro, disse:

A nossa cidade melhorou muito em vários aspectos. Antigamente os hotéis só tinham movimento intenso no verão. Depois que a BR ficou aberta direto, o movimento é outro, triplicou. [São reacionários os que agem de outra forma.]

(Soa a campainha.)

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT - AC) - O Sr. Rosalvo Moura, funcionário público, cruzeirense, diz que:

Depois da BR [364] funcionando de verão a verão, passei a visitar minha família pelo menos umas três vezes ao ano, antes passei até de cinco anos sem visitar meus parentes. Hoje o fechamento da BR [364] seria uma tragédia para milhares de cruzeirenses. Será que existe algum político acriano que não esteja querendo que a BR continue aberta e sendo melhorada para dar mais condições a esse povo tão sofrido?

            A Sr. Valdete Alves da Silva, de 40 anos, viúva, mãe de dois filhos e moradora da rodovia BR-364, em Manoel Urbano, diz:

Sou uma pessoa muito feliz, graças a Deus e à estrada. Hoje essa rodovia garante minha renda. Através da BR tenho acesso de inverno a verão para vender minha produção, o que permite sustentar minha família. Não imagino esta rodovia fechada ou sem acesso. A minha família depende de mim e do que eu vendo e sem a estrada tudo fica mais difícil. Através dela posso até ter uma melhor condição de vida.

(Soa a campainha.)

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT - AC) - O Francisco, morador do Rio Purus diz:

Ficou muito bom com a rodovia nova por causa da mercadoria que a gente pode comprar agora mais barato. E também porque a gente pode ir até Rio Branco bem rapidinho. Antes a gente não tinha como sair daqui, não tinha estrada e tudo era feito através de barco, tudo era mais caro.

            Esses depoimentos todos atestam o quanto a população, ao longo da BR-364, aprova a ação do Governo no sentido de trabalhar de inverno a verão para manter a estrada permanentemente funcionando. E se alguns trechos requerem reparo e o Governo está trabalhando nisso, nós podemos dizer que o esforço não tem faltado...

(Soa a campainha.)

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT - AC) - ... e o exemplo disso - faço questão de dar esse exemplo na presença do Senador Petecão - é a ponte sobre o Rio Madeira. Tão antiga quanto a preocupação da BR-364 é a ponte sobre o Rio Madeira, e é uma obra de responsabilidade do Governo Federal. E a gente se reúne, faz pressão, conseguimos até o comprometimento da Presidenta Dilma, e essa ponte, até agora, não teve início.

            Ao passo que, nos últimos 14 anos, nós fizemos todas as pontes grandes, médias e pequenas de Rio Branco até Cruzeiro do Sul. São mais de 20 pontes entre as pequenas, médias e grandes pontes. Ora, 20 pontes. Com toda certeza, cinco pontes, seis pontes são as grandes pontes, mas pequenas são dezenas delas. Então, é fácil, por que o Governo Federal não executou até agora a ponte sobre o Rio Madeira?

(Soa a campainha.)

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT - AC) - A mesma coisa eu digo no trecho na rodovia 317 - a rodovia 317 é a Interoceânica, a rodovia do Pacífico no Peru - todo o trecho no Acre foi concluído até a divisa com o Amazonas. A parte que vai da divisa do Acre até Boca do Acre não recebeu 1km de asfalto. Então, se fosse fácil... O Estado do Amazonas é infinitamente mais rico do que o Estado do Acre, mas, ainda assim, não conseguiu dar um passo na rodovia BR-317.

            O que quero reafirmar aqui para todas as pessoas que nos acompanham é que temos um governo sério, honesto e dedicado, que enfrenta o desafio de realizar uma obra difícil, numa região extremamente inóspita...

(Soa a campainha.)

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT - AC) - ...numa região extremamente frágil do ponto de vista geológico, porque temos um regime de chuvas muito forte, muito intenso. Exatamente por isso se discute, quando o Governo Federal fala de uma ferrovia transcontinental. No futuro vamos ter que pensar em ferrovia para aquela região, para podermos dar uma resposta mais efetiva, porque a experiência tem demonstrado que fazer estrada naquela região implica permanentemente cuidar da sua manutenção, gerando custos tão elevados quanto a execução da própria obra.

            Era isso que tinha a dizer, Sr. Presidente.

            Agradeço muito pela atenção e pela tolerância no tempo, para permitir este debate, que é fundamental para o povo do Acre, principalmente para o povo do Juruá.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/04/2013 - Página 20985