Discurso durante a 67ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Autor
Cristovam Buarque (PDT - Partido Democrático Trabalhista/DF)
Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Publicação
Publicação no DSF de 10/05/2013 - Página 24687

            O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco/PDT - DF. Sem revisão do orador.) - Senador Renan, eu fiz parte, como o senhor sabe e outros, do grupo que votou no Senador Pedro Taques para Presidente do Senado, no seu lugar. Mas eu não posso deixar de reconhecer aqui que, nesses cem dias, o senhor tem nos surpreendido positivamente. E já tive oportunidade de conversar sobre diversos assuntos, e eu quero aqui manifestar o meu reconhecimento por esses cem dias, do ponto de vista, sobretudo, de eficiência financeira.

            E quero dizer que o senhor pode contar comigo e, tenho certeza, com alguns daqueles que não votaram no senhor, para nós avançarmos essas mudanças no funcionamento do Senado, porque eficiência financeira é fundamental.

            Mas há uma outra eficiência que é a de funcionar bem no trabalho que a gente faz, gastando menos, como o senhor está procurando. E a gente precisa fazer algumas reformas. Eu mesmo não sei quais exatamente, mas sei o que incomoda. A quantidade, Senador Jucá, de comissões ao mesmo tempo. Não sei como resolver. Agora, na comissão, o Senador Blairo decidiu - e me consultou, e eu fui favorável - que a gente vai se reunir a partir das 8h da manhã, porque, se não, não consegue. Eu acho corretíssimo, até porque 8h da manhã é o horário normal dos trabalhadores, embora os outros trabalhadores, às 18h, vão para casa, e a gente fica por aí trabalhando e batalhando, sem nunca saber a que horas termina.

            Então, eu gostaria de ver a gente trabalhando outras coisas. O Senador Eduardo Braga falou sobre a necessidade de mais instrumentos de modernização, e eu me lembro de que o Senador Sarney, já faz alguns anos, aqui nesta mesa, neste lugar, me dizia que, se nós não tomarmos cuidado com os novos meios de comunicação - Twitter, blogs, sites -, nós vamos ficar, de repente, superados, porque o povo vai querer uma democracia direta - o que não funciona, porque é preciso ter uma Casa que filtre as aspirações imediatistas de cada cidadão. Mas, de repente, da mesma maneira como eu fui consultado e apoiei a substituição do clipping impresso pelo clipping eletrônico, que vai reduzir gastos, - embora não seja a minha preferência, talvez, de como ler jornal, mas eu acho formidável -, de repente poderia haver um clipping da opinião pública manifestada por meio de tuítes, por meio de blogs. Quem quisesse falar bem ou mal do Senado mandasse uma mensagem, e a gente receberia aqui uma lista da opinião pública em relação a nós próprios, porque nós só temos a opinião pública pelos jornais, e os jornais filtram, ou a favor ou contra.

            Então, são algumas medidas que eu creio que, se está no programa do senhor continuar esse trabalho de modernização também na eficiência do trabalho, não só na redução de gastos, pode contar conosco. E eu gostaria de, daqui a cem dias, ver o senhor comemorando duzentos dias, trazendo uma porção de outros avanços.

            Um deles, para concluir, é nós conseguirmos encher o plenário mais facilmente. Um discurso como esse seu - e saiu no jornal que o senhor iria fazê-lo, por isso, aliás, eu estou aqui - merecia ter esta Casa cheia. Mas nós - e, quando digo “nós”, digo “eu” também; não existe esse “eu e os outros”, mas eu também -, eu dedico mais tempo ao meu gabinete e às minhas bases, que, no meu caso, é aqui mesmo no DF. Talvez até por isso eu esteja aqui, e não tenha viajado ainda. Se eu fosse de outro Estado, já deveria ter viajado. Isso depende da organização que nós fizermos. Se tivermos sessões de segunda a sexta e uma semana inteira para ficar com as bases, pode resolver.

            Talvez não se precise desse picadinho, que é muito desgastante. Eu tenho pena... Ficaria mais barato e também reduziria o custo.

            Eu tenho pena quando eu vejo os Senadores, aqui o Senador Jucá, não sei nem quantas horas faz de voo toda semana, com fuso horário e tudo... Então uma maneira de encher mais esta Casa. Eu não vou propor aquilo que me disseram que é o que fez o esvaziamento.

            Tem gente que me diz que o que esvaziou foi a TV. Com a transmissão ao vivo, a gente não precisa estar aqui assistindo o discurso de ninguém, porque a gente ou assiste pela televisão, ou fala sozinho, porque sabe que o Brasil está ouvindo. Não, não vou propor desligar a TV, mas deve haver alguma maneira de a gente conseguir que eu não fique no meu gabinete, venha para cá mais tempo do dia e os outros Senadores também.

            Tudo isso são algumas ideias que eu gostaria que nós trabalhássemos, para que o senhor, daqui a um ano, possa dizer que cumpriu plenamente o seu dever e para quem não votou no senhor, como eu, tenha que vir aqui tirar o chapéu e reconhecer o seu trabalho.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/05/2013 - Página 24687