Discurso durante a 75ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração dos quarenta anos da Universidade de Fortaleza (Unifor).

Autor
Inácio Arruda (PCdoB - Partido Comunista do Brasil/CE)
Nome completo: Inácio Francisco de Assis Nunes Arruda
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM, ENSINO SUPERIOR.:
  • Comemoração dos quarenta anos da Universidade de Fortaleza (Unifor).
Publicação
Publicação no DSF de 21/05/2013 - Página 27437
Assunto
Outros > HOMENAGEM, ENSINO SUPERIOR.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, UNIVERSIDADE, MUNICIPIO, FORTALEZA (CE), ESTADO DO CEARA (CE), COMENTARIO, IMPORTANCIA, INSTITUIÇÃO EDUCACIONAL, REFERENCIA, ELOGIO, HISTORIA, FUNDADOR, RECONHECIMENTO, RELEVANCIA, ATUAÇÃO, PESQUISA, CIENCIA E TECNOLOGIA, ENSINO SUPERIOR.

            O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB - CE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, nosso Senador Pimentel; Senador Eunício Oliveira; nosso ex-Presidente, Senador e hoje Deputado Federal; nossos convidados para esta homenagem; Ministro Valmir Campelo, também ex-Senador da República, cearense de Crateús, muito significativa também a sua ascensão nesta terra; Dª Yolanda Queiroz, matriarca de toda essa geração, digamos assim, que conduz a Universidade de Fortaleza; Chanceler Airton Queiroz; nosso representante da OAB, Ricardo Bacelar Paiva; e a nossa Reitora, que tem essa responsabilidade extraordinária de conduzir a Universidade de Fortaleza exatamente quando ela alcança quatro décadas de existência.

            Acho que é muito importante, Dra Fátima Veras, que você conduza uma universidade com esse grau de prestígio, mostrando também a força e o poder das mulheres, não só no comando de D. Yolanda, mas também no comando de Fátima Veras na Universidade de Fortaleza, uma reitora ligada a causas humanistas e à formação do povo do nosso Estado.

            Quero cumprimentar os nossos colegas Parlamentares Chico Lopes e Danilo Forte, que aqui está, o nosso colega Balma. Também quero cumprimentar o nosso ex-Reitor da Universidade Federal do Ceará Roberto Cláudio, que está aqui conosco, aqui ao lado - não sei se já está mais para cá, mas estava aqui ao nosso lado -; os nossos dirigentes empresariais João Porto Guimarães, que aqui está conosco, e o nosso Sólon Hormidas Caldas; o Gerson Menezes Rogerio, Presidente do Diretório Central dos Estudantes, que está aqui representando com um grupo grande de estudantes que vieram prestigiar esta solenidade em homenagem aos 40 anos da Unifor; o Presidente da Funcap, Haroldo, que aqui está entre nós; os nossos Pio Rodrigues - dirigentes empresariais que aqui estão - e Jorge Parente, que também está conosco e presidiu a Federação das Indústrias; jornalistas comandados aqui por Ibiapina, ele e os seus colegas, o Mesquita e tantos outros jornalistas que aqui estão, o Fernando, que acompanham a atividade do grupo inteiro aqui, no Congresso Nacional, e fora do Congresso Nacional, na cidade de Brasília, Capital do nosso Estado.

            Então, a gente sempre fica examinando. Bom, depois de tão prestigiadas falas, tão bem postas aqui entre nós, como avançar na descrição desse empreendimento que é a construção de uma universidade? Mas não é a construção de uma universidade em um lugar qualquer... Porque pode ser fácil construir em um espaço em amplo desenvolvimento, em uma região florescente, em que a riqueza está por todos os lados, mas construir uma universidade em uma região mais sofrida do mundo, numa região semiárida... Chegar a essa região e dizer que vai construir uma universidade ali, no meio do semiárido, numa das partes mais inóspitas do Brasil não é para qualquer um.

            Eu comparava ali com a nossa reitora, Airton e D. Yolanda. O que é isso? Existem essas figuras no meio do povo. Existe esse tipo de empreendedor, que não imagina que vai ganhar mais com aquele empreendimento, mas que sabe que aquele empreendimento vai fazer com que muitos possam ganhar mais, principalmente o conjunto da sociedade. Ousadia é isso, é enfrentar uma situação em um espaço muito inóspito, porque, num local fácil, em que as coisas estão dadas, realizar um grande empreendimento é tranquilo. Mas é mais complexo, num local mais difícil, tomar a iniciativa de dizer “Vamos fazer uma universidade, vamos construir um espaço de conhecimento, de saber!” E aí é que surgem, muitas vezes, figuras extraordinárias e que alguns olham assim meio de travessa: “Quem é ele? Como é que vai fazer isto? Aprendeu onde? Trouxe de onde essa disposição e essa vocação?” Isso acontece e, às vezes, olham de forma meio preconceituosa: “Ora, existe mesmo condição de fazer isso? Será que está bom da bola mesmo, do juízo? O que aconteceu?”

            Isso ocorre. Ou isso não ocorreu quando um operário quis ser Presidente? Não é verdade?! Todo mundo disse: “O que é isso? Esse operário deve estar ficando maluco! Quer presidir um país capitalista do tamanho do Brasil, de dimensões continentais?!” Mas não estava, não. Queria tocar o País para frente.

            Creio que esse empreendimento Universidade de Fortaleza não é o empreendimento Universidade de Fortaleza, mas é o empreendimento daqueles que pensam o nosso País, que pensam que é possível desenvolver todas as regiões e que nós podemos conectar todas essas regiões, gerando conhecimento, gerando saber, fazendo investimento, quando fazer investimento numa área como essa, uma área de formação acadêmica, era visto como negócio de prejuízo. E todo mundo ficar pensando assim: eu quero é ver a queda. Mas dá certo. E deu certo!

            Eu tenho aqui um conjunto de citações, que eu busquei examinar, das palavras. Como é que o cabra acreditou no negócio, não é verdade? Talvez fosse bom a gente poder lembrar. Esta sessão solene aqui no Senado da República, eu digo, primeiro, que faz justiça à perseverança, ao pioneirismo, à ousadia e à saga do povo cearense, que é simbolizada no fundador, Edson Queiroz. Ele citou: “educação é gênero de primeira necessidade e investimento prioritário”. Foram as palavras do criador da Unifor, Chanceler Edson Queiroz, por ocasião do discurso de inauguração da Universidade em 1973, e representa a mais viva expressão de responsabilidade e compromisso para com a sua terra e sua gente.

            A ideia da criação da Universidade de Fortaleza, concebida pelo industrial, não foi motivada meramente por estudo de mercado -se fosse, estaria falida - que revelavam a carência do sistema educacional. Edson Queiroz, seu primeiro Chanceler, planejava uma instituição “viva” atuando decisivamente no processo de desenvolvimento da região. Ele a queria para provocar a mudança do status social e econômico de seus estudantes, com efeitos positivos para suas famílias e para a comunidade. Para Edson Queiroz, “a Universidade de Fortaleza não pertence à Fundação Edson Queiroz, pertence a todos. A obra é de cunho nacional e todos os que aqui se formarem serão úteis à Nação”. E hoje, além disso, muitos estão fora, ajudando o mundo a se desenvolver.

            Ao comemorarmos os 40 anos da Unifor, é preciso registrar que o ideal de Edson Queiroz se materializou nos mais de 70 mil profissionais graduados e mais de 7 mil pós-graduados pela Unifor. Dos 1.270 alunos iniciais, hoje, cerca de 25 mil compõem a população do atual corpo discente em seus 31 cursos de graduação.

            A universidade está instalada em um campus de 720 mil metros quadrados, onde se encontram uma megaestrutura com cerca de 300 salas de aula e mais de 230 laboratórios especializados. O campus também é composto por auditórios, salas de vídeo, biblioteca, centro de convivência, núcleo de atenção médica, clínica odontológica, parque desportivo, teatro, espaço cultural, escritório para prática jurídica, empresa juniores, TV universitária, escola de ensino infantil e fundamental e diversos outros núcleos de prática acadêmica e pesquisa.

            É bom citar as empresas encubadas, que estão transformando a universidade em uma universidade de pesquisa ao mesmo tempo básica, mas de pesquisa aplicada. Há poucos dias, acompanhando a nossa reitora Fátima Veras, ao lado, também, de Edson Neto, que aqui está, esteve a Diretora-Geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis. Dali, já pegou um cavalo de pau da Unifor pra sair em um cavalo de pau para a Bahia. Não é verdade, Macedo? Diz-se que o cavalo de pau vai ser transformado... Não sei se o Menescau vai, também, em cima do cavalo de pau. Mas é a empresa encubada no laboratório vivo, que, ao mesmo tempo, faz a pesquisa básica e a aplicada, que vai vender serviços, que vai transformar em negócio e vai ajudar a gerar riqueza no País.

            O corpo docente altamente qualificado, composto de 1.200 professores, com mais de 80% de mestres e doutores, é responsável pela supervisão de centenas de projetos de pesquisa no domínio científico, tecnológico, artístico e cultural.

            Interligada por diversos acessos de alta velocidade à Internet, todos os processos acadêmicos e administrativos da Instituição estão integrados, possibilitando à comunidade acompanhar, virtualmente, em um mesmo ambiente, procedimentos didático-pedagógicos, acessar avançadas bases de dados para pesquisa e utilizar os recursos da educação à distância. Além disso, o campus da Unifor oferece cobertura de Internet gratuita em toda a sua extensão.

            É bom dizer que oferece cobertura de Internet e uma ampla cobertura vegetal. Em uma das visitas, alguém me falou que até o microclima da região - não sei se foi o Airton ou se foi outro - foi alterado positivamente. Acho que é importante ressaltar isto.

            Sobre a Unifor, o Chanceler Edson Queiroz declarou: "Não quero que falem agora da Universidade, mas, sim, daqui a 10, 20 anos, quando talvez eu não esteja mais aqui". Passados, agora, 40 anos, muito pode ser dito sobre a Instituição. No entanto, o que mais concretamente deve ser considerado é o incontestável valor que, hoje, representa a Universidade de Fortaleza no cenário da educação brasileira. A Unifor contribui para a formação da inteligência nacional, por meio da produção e difusão dos saberes necessários à construção do País justo e soberano.

            Às vezes, não é fácil falar “soberano”, como país, como nação. Soberano a gente só conhecia como monarca, como imperador. Mas falamos “soberano” no sentido da nação; do povo; do conhecimento, da capacidade e do preparo de alguém que trabalha para fazer com que sua nação esteja de pé, de cabeça erguida, caminhando e sabendo onde está efetivamente pisando. Acho que é esse o sentido do País soberano, proposto pela Universidade de Fortaleza.

            Em todas as áreas do conhecimento, seja no campo jurídico, no campo tecnológico, nas ciências econômicas, na área das humanidades, nas ciências sociais, na ciência da saúde, na engenharia, na robótica e na microeletrônica, a Universidade de Fortaleza tem formado uma geração de profissionais capacitados, que muito têm contribuído para o desenvolvimento do Ceará e do Brasil.

            O reconhecimento da instituição e sua maturidade acadêmica não vieram por acaso, mas são fruto do trabalho de profissionais que lutam e desejam que, pela educação, pelo ensinar e pelo aprender diários, se construa uma sociedade justa, solidária e humana no mundo melhor que queremos.

            Cumprimento o atual Chanceler da Unifor, Sr. Airton Queiroz; a Dona Yolanda Queiroz; a nossa Reitora, a querida Fátima Veras; e todos os professores, funcionários e estudantes da Unifor. A todos e a todas, nosso reconhecimento! Esta é uma homenagem merecida que, hoje, o Senado da República presta à Universidade de Fortaleza.

            Faremos aqui uma retrospectiva histórica, reportando-nos ao dia 26 de março de 1971, quando foi autorizada a instalação da Fundação Edson Queiroz. No mês seguinte, em plena fase de reforma do ensino universitário, a Universidade de Fortaleza recebe do Conselho Federal de Educação, por votação unânime e pela primeira vez na história das instituições de ensino superior particulares brasileiras, a autorização para funcionar já como universidade, sem que antes tivesse sido uma escola isolada. E, já em 17 de fevereiro de 1973, tem início o 1º Concurso Vestibular da Universidade de Fortaleza.

            A Unifor tem como missão promover a produção e difusão do saber, por meio do ensino, da pesquisa e da extensão, articulados, visando à formação integral do cidadão e à sua qualificação para o exercício profissional.

            No ato do lançamento da pedra fundamental da Universidade de Fortaleza, em 14 de setembro de 1971, afirmava Edson Queiroz:

Há momentos que constituem um marco na existência das pessoas. Temos vivido e experimentado alguns de relevância, com a concretização de empreendimentos comerciais e industriais ou de iniciativas outras que projetam a vida cearense. Mas nenhum daqueles eventos se nos afigura tão importante como o que ora vivemos, ao ensejo do lançamento da pedra fundamental da Universidade de Fortaleza. Iniciamos a obra que todos testemunham, dentro de uma filosofia de servir com os melhores propósitos. A Universidade não pertence à Fundação; pertence a todos vós, a quem concito juntar esforços em prol do desenvolvimento educacional do nosso Estado.

            Edson Queiroz destacava ainda em seu discurso visionário:

A ciência a serviço do homem poderá servir às necessidades do homem, melhorar a sociedade humana e até mesmo o próprio homem... Não é necessário que à pobreza da terra se alie a pobreza cultural do homem para que se eternize a pobreza material do povo.

            Sua preocupação, desde o início, voltou-se para o objetivo maior de proporcionar ao nosso povo a possibilidade de superar, por meio do conhecimento, as dificuldades de sua condição de vida, agravadas pela hostilidade do ambiente natural. Ainda no discurso de lançamento da pedra fundamental da Unifor, ele destaca:

É possível explicar e até justificar nossa deficiência em ação através da pobreza do povo. Mas a pobreza da terra hostil jamais permite tolerar que nela continue indefinidamente a sobreviver um povo insuficientemente preparado para o trabalho racional e a tecnologia moderna. A pobreza da terra impõe ser compensada pela riqueza cultural do povo, se se quiser preservar a dignidade da condição humana... A região que mais necessita da pesquisa e da técnica, para poder melhorar a triste situação econômica de seu povo, que vive em terra hostil, é a que quantitativamente menos chance dá à nova geração, que não pode emigrar por carência de meios financeiros, de se beneficiar a si e a seu Estado de uma educação superior.

            O Chanceler Edson Queiroz acreditava que a educação é uma atividade das mais relevantes e, mais que isso, uma tarefa que se impõe como prioritária, uma das bases necessárias para alavancar o progresso e o desenvolvimento não só do Estado, mas de toda a Região Nordeste.

            Segundo ele, “somente a técnica e o trabalhador educado podem melhorar a produtividade de nosso solo hostil, aumentar a nossa produção industrial e os nossos bens de serviço. Eu acredito que para nós do Nordeste educação é problema de subsistência, é artigo de primeira necessidade”.

            Em discurso na solenidade de inauguração da Biblioteca Central, em 21 de março de 1974, afirmou categoricamente: “Não existe desenvolvimento sem educação”.

            A Universidade de Fortaleza nasce, assim, da vontade de um cearense que colocou o seu caráter empreendedor a serviço de uma das mais nobres causas: legar às gerações futuras a possibilidade de construir, por meio do conhecimento, uma nova realidade, a ampliação de horizontes, em um processo que visa ao pleno desenvolvimento de suas capacidades, seja pelo domínio de novas tecnologias, da preservação de nossa riqueza cultural, contribuindo para superar as desigualdades regionais que tanto penalizavam o Nordeste brasileiro e o Ceará, em particular.

            A criação da Unifor evidencia um projeto audacioso desde o seu início.

            Atualmente, não há dúvida de que o investimento em educação superior, além dos óbvios benefícios sociais e culturais, apresenta reduzido risco em termos de atividade empreendedora. Não era assim no início dos anos 70. Com certeza, se fosse movido apenas pelos interesses inerentes à atividade empresarial, onde o risco deve ser sempre bem calculado, certamente o Chanceler Edson Queiroz não teria sequer cogitado enveredar por tão incerto caminho. Além disso, a audácia também estava presente no porte da instituição que desejava construir, não apenas do ponto de vista de sua estrutura física, mas também de sua proposta acadêmica, sempre voltada para, em primeiro lugar, suprir as enormes lacunas então existentes na educação superior em nosso Estado.

            Esse espírito audacioso pode ser confirmado nesta fala do Chanceler Edson Queiroz:

Há alguns anos, formulamos um desejo de criar uma universidade em Fortaleza. Desde os primeiros momentos, essa vontade transformou-se em uma determinação que comandava toda a nossa capacidade de ação e devoção. Urgia a mobilização de todas as forças para modificar o processo que estava ampliando o fosso existente entre o Nordeste e os centros sulistas. Assim nasceu a Universidade de Fortaleza, não como um sonho em si, mas como uma iniciativa que viesse ajudar a compatibilizar o Nordeste com as demais regiões do País; a de ver a nossa matéria-prima transformada, aqui mesmo, em produtos de exportação; a de criar tecnologia adequada para o aproveitamento das nossas riquezas agrícolas; a de ver erradicado o subdesenvolvimento estampado na face das nossas crianças.

            Quando da solenidade da 10ª Colação de Grau da Unifor, em 14 de setembro de 1980, o Chanceler Edson Queiroz já explicitava o êxito da iniciativa: “Recompensada está a Unifor com os serviços que vem prestando ao País, suprindo de recursos humanos de qualidade seu mercado de trabalho”.

            E, aos que, anos antes, duvidaram de que tal êxito fosse possível, dirigiu esta frase lapidar: “Se algum dia vocês forem surpreendidos pela injustiça ou pela ingratidão, não deixem de crer na vida, de engrandecê-la pela decência, de construí-la pelo trabalho”.

            Hoje, ao comemorarmos os 40 anos de sua existência, temos a grata satisfação de ter na Unifor um dos patrimônios de nosso Estado. A Unifor é cotada entre as melhores universidades privadas no Brasil, e sua importância tem alcance internacional. Prova disso é a concessão, pela Universidade de Havre, na França, do título de Doutor Honoris Causa ao Sr. Airton Queiroz, Presidente da Fundação e Chanceler da Unifor, em reconhecimento pelo seu trabalho à frente dessa Universidade.

            Sendo uma das mais conceituadas instituições de ensino superior da Europa, a Universidade do Havre homenageia, a cada dois anos, personalidades de todo o mundo cujas atividades sejam voltadas para a promoção da arte e da educação, aliando o trabalho à responsabilidade social.

            Nesse sentido, cabe aqui destacar todo o compromisso incansável do Sr. Airton Queiroz com a continuidade dos ideais que orientaram a criação da Unifor, compromisso esse que, associado a uma notável visão social e humanística, fez da Unifor essa instituição que tanto nos orgulha.

            Com efeito, não bastasse a preocupação constante com a excelência da formação dos estudantes em seus diversos cursos, com a reconhecida competência técnica e ética de sua pesquisa e de suas atividades de extensão, a Universidade de Fortaleza, expressando a verdadeira essência da instituição universitária como espaço de produção, propagação e preservação da cultura e das artes, articulando seu alcance universal e sua realidade regional, é detentora de um dos mais significativos acervos artísticos, tanto pelo número, como pela qualidade e raridade de suas obras.

            Segundo Paulo Herkenhoff, um dos mais reconhecidos críticos de arte do Brasil, atualmente à frente da curadoria do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, o acervo artístico da Unifor só é superado pelo do Museu D. João VI, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e pelo do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo.

            Esse extraordinário acervo conta com obras de Rembrandt, de Rubens, de Miró, entre outros grandes expoentes da expressão artística universal. O acervo da Unifor contém o melhor da arte brasileira, com obras de Antônio Bandeira, de Iberê Camargo, de Portinari, de Anita Malfatti, de Burle Marx, dos cearenses Chico da Silva, Heloísa Juaçaba, Aldemir Martins e Raimundo Cela e do fotógrafo Chico Albuquerque, entre outros não menos importantes, contemplando de 120 a 150 anos da trajetória da arte brasileira. É um acervo cuja existência, por si só, já engrandece todos nós cearenses, mas que, em uma prova da compreensão de seus dirigentes da importância da arte para a formação das mentalidades e para a emancipação de um povo, torna-se acessível por meio das inúmeras exposições com as quais a Unifor nos brinda frequentemente.

            Não é possível encerrar sem estabelecer nesta homenagem que a Unifor foi construída por Edson Queiroz. Nós teríamos que afirmar que se tratava de uma pessoa simples, com capacidade de ouvir, de aprender permanentemente e de compreender a realidade no seu entorno. E, compreendendo isso, sabendo pisar bem o chão, teve a capacidade de enfrentar a adversidade, de enfrentar o preconceito e de dizer: vamos construir uma universidade. Não é qualquer coisa; trata-se de construir uma universidade.

            Assim, senhoras e senhores, gostaríamos de, mais uma vez, dar os nossos parabéns a todos que fazem essa instituição, a Universidade de Fortaleza, desejando a continuidade do seu sucesso, pois sempre contribuiu e, com certeza, continuará a contribuir para acelerar e alargar o passo do desenvolvimento em curso no nosso País e no Ceará, desenvolvimento este que é uma das condições básicas para pôr fim às desigualdades existentes entre nós cearenses e entre nós nordestinos e às desigualdades existentes em nosso País.

            Parabéns! Parabéns, Airton! Parabéns, D. Yolanda! Parabéns, Drª Fátima Veras! Parabéns a todos vocês que conduzem essa grande Universidade!

            Parabéns ao nosso colega José Pimentel, aos Senadores desta Casa, aos Deputados Federais que aqui estão e que, com sua presença, alargam esta sessão, não apenas para que ela seja uma sessão do Senado brasileiro, mas também para que ela se transforme em uma sessão do Congresso Nacional, que homenageia os 40 anos bem vividos da Universidade de Fortaleza.

            Um abraço!

            Muito obrigado. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/05/2013 - Página 27437