Pela Liderança durante a 77ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários a respeito do projeto de lei, de autoria de S. Exª, que destina trinta por cento dos recursos arrecadados com a cobrança de multas de trânsito ao SUS; e outros assuntos.

Autor
Eduardo Amorim (PSC - Partido Social Cristão/SE)
Nome completo: Eduardo Alves do Amorim
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
SAUDE, GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Comentários a respeito do projeto de lei, de autoria de S. Exª, que destina trinta por cento dos recursos arrecadados com a cobrança de multas de trânsito ao SUS; e outros assuntos.
Publicação
Publicação no DSF de 22/05/2013 - Página 27910
Assunto
Outros > SAUDE, GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, FATO, EXCESSO, VIOLENCIA, TRANSITO, BRASIL, RESULTADO, AUMENTO, DESPESA, SISTEMA UNICO DE SAUDE (SUS), TRATAMENTO MEDICO, VITIMA, ACIDENTE DE TRANSITO, REGISTRO, APRESENTAÇÃO, PROJETO DE LEI, AUTORIA, ORADOR, REFERENCIA, DESTINAÇÃO, PARCELA, VALOR, ARRECADAÇÃO, MULTA, OBJETIVO, CONTRIBUIÇÃO, FINANCIAMENTO, SAUDE PUBLICA, CRITICA, GOVERNO FEDERAL, MOTIVO, CONTRATAÇÃO, MEDICO, NACIONALIDADE ESTRANGEIRA, PAIS ESTRANGEIRO, CUBA.

            O SR. EDUARDO AMORIM (Bloco/PSC - SE. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ouvintes da Rádio Senado, espectadores da TV Senado, como, por exemplo, o ex-Prefeito de Frei Paulo, José Arinaldo - o pai -, que neste momento, com certeza, está nos assistindo; todos que nos acompanham pelas redes sociais, quero registrar a presença do amigo e Prefeito José Arinaldo, que ali se encontra, da cidade de Frei Paulo, em Sergipe. No Diário Oficial de ontem, foi concedida a licença para exploração de ferro, foi autorizada a extração de ferro nos Municípios de Frei Paulo e de Ribeirópolis, em Sergipe, cidades pelas quais temos um carinho enorme, cidades muito próximas onde, com certeza, temos muitos amigos, como o Prefeito José Arinaldo, que aqui está neste momento.

            Sr. Presidente, comparado com outros países, principalmente com os que integram o Grupo dos 20, ou G-20, como é conhecido, o Brasil é um dos que mais sofre com a violência no trânsito. Ocupamos a quinta posição em relação ao total de mortes em acidentes dessa natureza, o que é lastimável. Ficamos atrás da Índia, da China, dos Estados Unidos e da Rússia.

            Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2010, o SUS registrou mais de 145 mil internações de vítimas de acidentes, ao custo que ultrapassa, com certeza, a casa dos R$200 milhões. Contudo, em 2011, o número de vítimas internadas subiu para quase 155 mil, o que gerou um custo adicional superior a R$200 milhões.

            Não podemos, ainda, deixar de levar em consideração que, em média, 30% dos leitos dos prontos-socorros são ocupados por esse tipo de paciente, Sr. Presidente, sendo que destes, 25% infelizmente vêm a óbito.

            Em virtude do quadro que se apresenta, dia a dia, aos nossos olhos, e que é de conhecimento de toda a Nação, sabemos que o Brasil se encontra em situação gravíssima, no que diz respeito à segurança no trânsito. Além dos milhares de vidas que se perdem em nossas vias a cada ano e a cada dia, não podemos deixar de considerar o enorme peso que recai, particularmente, sobre o nosso Sistema Único de Saúde (SUS), além de todo o sofrimento familiar que, com certeza, traz como consequência.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, uma das discussões mais importantes que temos tido, nos últimos tempos, é, sem sombra de dúvidas, o financiamento público e a alocação de recursos para a saúde. Não é gasto, Sr. Presidente, é investimento. O Governo precisa entender que saúde é investimento, tanto é verdade que foi instalada, aqui no Senado Federal, a CTS, Comissão Temporária destinada a propor soluções ao Financiamento do Sistema de Saúde do Brasil.

            O que sabemos é que os custos com despesas em serviços de saúde, além de caros, são crescentes. Segundo a Organização Mundial da Saúde, os serviços com saúde representaram, em 1997, por exemplo, 8% do PIB mundial. Já em 2009, representou 9,4%, e, em um estudo prospectivo, estima-se que em 2020, Sr. Presidente, ou seja, em sete anos, esse valor seja da ordem de 16% do PIB mundial.

            Nesse contexto de grande incremento das despesas mundiais com saúde, o Brasil, em termos de percentual do PIB, gasta uma quantia próxima à de países desenvolvidos que contam com sistemas universais de saúde - 8,9% do PIB em 2011. No Reino Unido e no Canadá, por exemplo, esse valor atinge 9,3% e 11,2% do PIB, respectivamente.

            No entanto, diferentemente do que ocorre naqueles países, onde a parte das despesas com saúde é paga com recursos públicos, estima-se que, no Brasil, mais da metade dos gastos são suportados por empresas, famílias e indivíduos. Não é o financiamento público a principal fonte de receita para a nossa saúde, infelizmente, Sr. Presidente.

            De fato, o percentual de gasto público com saúde no Brasil (45,7%) nos aproxima do modelo liberal adotado por países como Estados Unidos da América (45,9%) e Chile, por exemplo.

            Entretanto, tal valor é bem inferior ao da maioria dos países desenvolvidos, como a Holanda (85,7%), da Noruega (85,6%), da Dinamarca (85,2%), do Reino Unido (82,7%), da Suécia (80,9%), da Itália (77,2%), da França (76,7), da Alemanha (75,9%) e do Canadá (70,4%), bem como de outros países da América Latina e Caribe, como a Colômbia (74,8%), Costa Rica (70,1%), Bolívia (70,8%), Argentina (60,6%) e Peru (56,1).

            E essa estrutura de financiamento de saúde no País, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, não condiz com um modelo de sistema público de saúde que se pretende universal e gratuito.

            Em função de tudo aqui exposto, acreditamos que nada mais justo, como contribuição permanente ao financiamento da saúde, que uma parte da arrecadação com multas de trânsito venha a suprir, ainda que parcialmente, tão urgente necessidade.

            Por isso, o PLS nº 426, de 2012, por nós encaminhado a esta Casa, destina 30% dos recursos arrecadados com a cobrança de multas de trânsito diretamente ao Sistema Único de Saúde. Entretanto, com uma emenda apresentada pelo ilustre Relator, Senador Sérgio Petecão, o Projeto, aprovado na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), passa a transferir os recursos propostos, não só ao SUS, mas ao Fundo Nacional de Saúde.

            O jornal Folha de S.Paulo publicou uma matéria, que diz que - abre aspas: "É um marco da primeira década do século XXI a explosão da arrecadação municipal, estadual e federal com multas de trânsito" - fecha aspas, Sr. Presidente. E, de fato, este ano, a previsão é de uma arrecadação superior a R$200 milhões no Rio de Janeiro e mais de R$1 bilhão em São Paulo. Isso só para citar essas duas capitais, que concentram a maior frota de veículos do País.

            Reafirmo aqui, da tribuna desta Casa, a defesa de que parte dessa arrecadação seja destinada, com toda justiça, ao Sistema Único de Saúde. E é, sobretudo, importante ressaltar que, em boa parte dos casos, a assistência às vítimas envolve procedimentos de alta complexidade e, desta maneira, indiscutivelmente, com altos custos.

            Srªs Senadoras, Srs. Senadores, gostaria de ratificar a importância do PLS nº 426, de 2012, e contar com o apoio dos membros da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, onde tramita agora o referido projeto.

            Sr. Presidente, sabemos do esforço do Ministério da Saúde, e temos a consciência de que o Brasil é o único País com mais de cem milhões de habitantes que assumiu o grande desafio de ter um sistema universal, público e gratuito de saúde. Temos ciência dos avanços nas áreas de saúde básica, da diminuição de doenças como a malária, tuberculose e hanseníase, sem falar na diminuição de mortalidade pelo vírus da AIDS.

            Outra ação de grande importância é, incontestavelmente, o Provab - Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica, criado pelo Ministério da Saúde em parceria com o MEC, pelo qual, a partir deste ano, segundo dados do próprio Ministério da Saúde, 4,3 mil médicos estão atuando nas periferias e nas cidades do interior do nosso País.

            Não obstante, Sr. Presidente, o déficit de financiamento para o setor é tema recorrente nas agendas dos governos e dos gestores, sendo apontado como o principal ponto de estrangulamento do SUS. Não é o único, Sr. Presidente, mas com certeza o principal. Temos consciência da necessidade de um maior financiamento para a saúde.

            Contudo, precisamos de uma fiscalização mais eficiente, de qualidade nos gastos e de uma fiscalização rígida que coíba desvios e o mau uso do dinheiro público, bem como de mais investimentos em recursos humanos. Precisamos de uma política de recursos humanos, Sr. Presidente, que o Ministério da Saúde adote uma política de recursos humanos para as 14 categorias que compõem a área da saúde.

            Todos os dias surgem denúncias das mais diversas naturezas e nos mais diversos lugares do País. Isso sem falar na falta de médicos e de profissionais de saúde em hospitais públicos, nas universidades, nos prontos-socorros, nas UPAs e em postos de saúde.

            Sr. Presidente, colegas Senadores, colegas Senadoras, finalizo deixando um questionamento, uma reflexão: será que realmente precisamos importar médicos? Será que médicos importados não necessitam passar pelo Revalida, como passa qualquer outro profissional? Bastaria uma política de recursos humanos eficiente, capaz, que espalhasse e disponibilizasse profissionais por todos os cantos deste País para que o SUS fosse muito, muito melhor. Que o nosso Sistema Único de Saúde valorize todos aqueles profissionais que dedicam horas do seu dia ao atendimento de milhares e milhares de brasileiros por todos os cantos desta nação.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/05/2013 - Página 27910