Discurso durante a 82ª Sessão de Premiações e Condecorações, no Senado Federal

Destaque para a importância do Prêmio José Ermírio de Moraes como estímulo ao desenvolvimento industrial do país; e outro assunto.

Autor
Inácio Arruda (PCdoB - Partido Comunista do Brasil/CE)
Nome completo: Inácio Francisco de Assis Nunes Arruda
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
CONCESSÃO HONORIFICA. POLITICA CULTURAL.:
  • Destaque para a importância do Prêmio José Ermírio de Moraes como estímulo ao desenvolvimento industrial do país; e outro assunto.
Publicação
Publicação no DSF de 29/05/2013 - Página 30756
Assunto
Outros > CONCESSÃO HONORIFICA. POLITICA CULTURAL.
Indexação
  • IMPORTANCIA, PREMIO, DESENVOLVIMENTO, INDUSTRIA NACIONAL, CONCESSÃO HONORIFICA, EMPRESARIO, ESTADO DO CEARA (CE), NECESSIDADE, AUMENTO, INVESTIMENTO, SETOR.
  • REGISTRO, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, POSSE, CARGO, DIRETOR, INSTITUTO HISTORICO E GEOGRAFICO, ESTADO DO CEARA (CE).

            O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB - CE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Armando Monteiro, mestre desta cerimônia, presidindo os nossos trabalhos, nossos agraciados, nosso conterrâneo Francisco Ivens de Sá Dias Branco, Sr. Alexandre dos Santos, Robson Braga de Andrade, todos irmanados em um prêmio que leva o nome também de um homem do Nordeste, nordestino. E os três agraciados - posso assim dizer - são nordestinos, porque Minas Gerais também entra no polígono das secas e está ligado à SUDENE. Portanto, também está vinculado diretamente à nossa região.

            Quero cumprimentar os nossos Senadores Fernando Collor, José Pimentel, Eunício Oliveira e tantos que nos acompanham nessa Comissão Especial que trata de examinar quais lideranças do País no meio empresarial, industrial têm contribuído para fazer avançar a economia brasileira.

            Cumprimento também todas as senhoras dos nossos ilustres convidados, na pessoa da nossa primeira dama, do nosso companheiro Ivens Dias Branco, D. Consuelo, e assim também cumprimento todas as mulheres do nosso plenário.

            E registro aqui os nossos colegas Parlamentares. Aqui já esteve no plenário Ariosto, do Estado do Ceará, Edson Silva, também cearense, e Gorete Pereira, também do Estado do Ceará. Em nome deles, quero cumprimentar todos os Deputados Federais que estão acompanhando esta cerimônia.

            Mas eu quero fazer, Sr. Presidente, um registro, digamos assim, breve, a importância do Prêmio José Ermírio de Moraes, como ele foi aprovado pelo Senado. É a ideia nossa, no Senado Federal, de privilegiar um debate sobre o desenvolvimento do País.

            Eu sublinho a expressão usada pelo artista, digamos assim, desta cerimônia e mesmo deste Prêmio Ermírio de Moraes, o nosso Senador Armando Monteiro: “Sem indústria não tem desenvolvimento; sem indústria não tem projeto de desenvolvimento do País; sem indústria um país continental como o Brasil não tem para onde ir”. Essa é uma questão chave.

            Por isso, nós temos tratado tão ardorosamente da nossa indústria, do cuidado com o nosso setor. Isso aqui é base da formação, da geração de emprego de qualidade do País. É a indústria que estimula e pode e deve estimular a academia a fazer pesquisas que permitam aperfeiçoar. Nós temos aqui o debate sobre a inovação. A inovação é uma exigência da indústria à academia. É a sua ligação. É como ligar a academia ao desenvolvimento de equipamentos de qualidade, de produtos de qualidade, de refinar com qualidade. E digo refinar para ir direto ao assunto do nosso conterrâneo, porque o nosso conterrâneo é fino no refino. Trata-se de Ivens Dias Branco.

            E quero cumprimentar todos os nossos homenageados. Robson Andrade, com quem esteve a nossa bancada - a Bancada, Armando, do Partido Comunista do Brasil sentou com Robson Andrade para discutirmos um modelo de debate que ajudasse o nosso País a sair, digamos assim, dessa marcha, às vezes, com dificuldade, que enfrentamos, durante um longo período, no setor industrial brasileiro -; o nosso homenageado José Alexandre, do Coringa. Nós vamos olhando e vendo como esses homens começaram a sua trajetória: lá, às vezes, no setor primário, para chegar ao setor secundário, à indústria.

            O nosso homenageado, meu conterrâneo, cearense, Ivens Dias Branco, começou ali. Era uma pequena padaria, de um português, que veio ter seus filhos aqui no Brasil, no Estado do Ceará. Começou ali uma pequena unidade, que foi avançando, transformou-se numa fábrica de bolacha, ainda próxima do centro de Fortaleza. E, daqui a pouco, como que desafiado pela importância de produzir alimentos para o nosso povo, desafiado, o Ivens Dias Branco topou transformar a sua pequena unidade fabril num grande negócio do nosso Estado, o Ceará, e num grande negócio do País. E de se multiplicar: sair do pão para outros segmentos industriais; da construção civil para o porto. E é também, digamos assim, um pioneiro em relação à nova lei dos portos, porque o Ivens colocou um porto em Aratu e esse porto de Aratu talvez tenha começado como uma parte, um negócio secundário do grupo e tenha se transformado também em um grande negócio do grupo. Vejam a importância.

            E registro que ontem tive a felicidade de participar da posse da Diretoria do Instituto Histórico e Geográfico do Estado do Ceará. E o nosso amigo que tomava posse e também o que deixava, tanto o José Augusto Bezerra quanto o empossado, Edmilson Soares, faziam referência ao trabalho social, mas ao trabalho de apoio à cultura e à arte, no Estado do Ceará e no Brasil, do Grupo Ivens Dias Branco, mostrando que aquela academia, aquele instituto histórico trata da inteligência do povo de uma região, trata do conhecimento do povo de uma região. E, às vezes, você olha e diz assim: “Mas eu vou colocar meus recursos aqui por quê?” Porque isso não dá pontos, digamos assim, nos medidores de opinião, do ponto de vista imediato. Isso é um investimento para manter aqueles homens do conhecimento, da cultura, da arte e do saber, ativos e produtivos, porque são eles, em última instância, que instigam a inovação da ciência, da tecnologia, da cultura e das artes.

            E o nosso homenageado teve e tem essa perspicácia. Ele sabe que, ao contribuir para manter uma instituição daquele porte, seja a Academia Cearense de Letras, seja o Instituto Histórico e Geográfico do Estado do Ceará, está contribuindo para a inovação da ciência, do conhecimento, da tecnologia e da produção de alta qualidade do nosso País.

            Eu vejo dessa maneira. E, por isso, cumprimento todos os homenageados, Ivens, exatamente ao cumprimentá-lo, porque nós o conhecemos muito proximamente e como se deu a trajetória do Grupo Ivens Dias Branco, especialmente no setor industrial, que é um setor muito importante para a economia do nosso País, mais ainda nesses tempos em que enfrentamos um mundo em que determinadas nações desaceleram o seu crescimento e entram em grande crise, alguns em crise profunda.

            Uma Europa numa crise sem dimensões, que, até agora, não se compreendeu aonde vai chegar, nações poderosas economicamente também em crise, que ainda não saíram totalmente da crise, como os Estados Unidos da América, e um Brasil continental com um potencial, com uma riqueza extraordinária, precisando que tenhamos a capacidade de realizar uma grande unidade do nosso País em torno de um projeto arrojado de desenvolvimento, corajoso. Porque não é fácil enfrentar campanhas, às vezes, insanas, em que pedem que tratemos, por exemplo, a inflação com um único remédio, que é aumentar o preço do dinheiro, do dinheiro que o Governo toma. E este é que o problema central: ele não só influi no dinheiro que cada um dos senhores vai tomar, mas também no dinheiro que o Governo toma todo dia no sistema financeiro para poder se financiar. Esse custo é transportado gigantescamente para a sociedade e impede que o Brasil possa investir mais em produção de alimento de qualidade mais barata, para que não tenhamos essa crise do tomate - pelo amor de Deus! -, ou a crise do chuchu, daqui a pouco, porque todos têm direito a um tomate e a um chuchu. Ninguém vai impedir ou criar condições para que o povo não possa consumir esses produtos de altíssimo valor vitamínico e também de proteínas etc.

            Então, quer dizer, você precisa enfrentar determinados gargalos, e isso exige muita unidade. E os senhores, mais do que ninguém, sabem disso, sabem o que é esta realidade de ter crédito barato para produzir no nosso País, recurso barato para produzir o chamado mundo desenvolvido. E o mundo em ascensão econômica está oferecendo, em todos os setores, recursos com juros negativos, e os países tomam recursos com juro negativo. A taxa básica desse países, todas, todas são negativas. O mundo chamado desenvolvido e em crescimento, em ascensão, está baixando as taxas de juros. Pois, aqui, a cantilena no Brasil, pasmem, é aumentar os juros para conter o consumo da população, através dos juros e, com isso, frear a produção industrial, diminuir a capacidade de produção do nosso País.

            Cumprimento todos, mas levantando esta questão fundamental nossa: temos que criar uma unidade que é de natureza, sobretudo, política, de enfrentar gargalos que, às vezes, a peneira consegue tapar.

            É impressionante como a peneira consegue tapar essa batalha em torno dos juros e também em torno câmbio, que dificulta que produtos nossos possam chegar aos outros mercados também com alguma vantagem.

            Agora mesmo, tivemos uma derrama de mais de quatro trilhões de dólares americanos. Os europeus derramaram quase igual quantia em euros e, agora, os japoneses vão fazer também a sua derrama. Para inflamar, no sentido patológico, a economia mundial. E nós temos - não é no sentido de defesa, é no sentido de garantir que a nossa inteligência, a nossa capacidade, feita com gente que teve coragem, teve ousadia de enfrentar todos os obstáculos para chegar aonde os senhores chegaram e merecer a nossa homenagem, que é também a homenagem do povo brasileiro.

            Muito obrigado e parabéns a todos, no nome do nosso colega Ivens Dias Branco.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/05/2013 - Página 30756