O SR. EDUARDO AMORIM (Bloco/PSC - SE. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, agradeço à Senadora Ana Rita, pela gentileza de ter cedido a vez dela; também à Senadora Lídice da Mata; ao meu amigo aqui presente, com muita honra, o Pastor Antônio, uma referência para todos nós na política do nosso Estado e na política brasileira. Obrigado, Pastor, pela sua presença entre nós.

            Ouvintes da Rádio Senado, espectadores da TV Senado, todos que nos acompanham pelas redes sociais, Sr. Presidente, o Brasil vive um novo momento, um momento marcante na nossa história, um momento, eu diria, de redescobrimento. Basta, chega!

            Há mais de três meses, temos advertido os governantes, em particular os governantes do meu Estado, o Estado de Sergipe, dos sinais de insatisfação, do clamor e da indignação vindos das ruas, protestando com veemência contra os serviços públicos, de qualidade que deixa muito a desejar. Muitas vezes, Sr. Presidente, de péssima qualidade, especialmente em áreas tão importantes, tão estratégicas para a vida de cada um de nós, principalmente daqueles mais necessitados, na área da saúde, da segurança e da educação. O distanciamento dos governantes do povo, o descaso com salários e direitos dos trabalhadores, principalmente de servidores públicos, atos de corrupção e de desperdício do dinheiro publico, a falta de qualidade do gasto público, a impunidade, o aumento de passagens do transporte - portanto, não é só o aumento das passagens do transporte urbano, a meu ver, a razão desse clamor, dessa ida às ruas dos jovens, adolescentes e de toda a sociedade brasileira, em todos os cantos deste País -, taxa e impostos pesadíssimos, descontrole da economia, a volta da inflação, enfim, desmandos e mazelas de todos os tipos, tudo isso já vinha sendo detectado nas ruas, nas nossas cidades e, claro, era uma simples questão de tempo, logo esse vulcão social teria mesmo que explodir, e a população iria para as ruas, como estamos assistindo.

            Em nossos discursos e entrevistas, inclusive em nossa propaganda partidária na TV e no rádio, temos dito que esse modelo político que aí está fracassou, comprova-se ineficaz - é preciso renová-lo - e muitas vezes ultrapassado, e sem representatividade legítima do sentimento popular, em muitos cantos deste País.

            Entendemos também que novas práticas políticas concretamente marcadas por transparência, participação popular, políticas públicas modernas e inovadoras, prioridades verdadeiramente sociais presentes na ação de governo e, principalmente, gestão pública correta e eficiente precisam ser implementadas imediatamente, em todos níveis de governo. Já não dá mais para esperar, Sr. Presidente. Já não dá mais para ficar calado, já não dá mais para ver tanto sofrimento, embora pisemos o melhor solo do Planeta, com toda a convicção. Se Deus não é brasileiro, com certeza, Ele é extremamente generoso com os brasileiros, ao nos colocar sobre o melhor solo deste Planeta.

            É isso que o povo quer, é essa resposta que todos nós, líderes e dirigentes políticos deste País, precisamos dar ao nosso povo e à nossa gente. O que é público é sagrado, é coisa de não apenas um dono, mas de milhões e milhões de donos, que é toda a Nação brasileira.

            Atentos à voz forte das ruas e sabedores da importância da juventude em todo o processo de renovação política e transformação social, lançamos, com as lideranças do PSC Jovem no nosso Estado, o programa Pra Seu Governo, um movimento que nem imaginaríamos que fôssemos ver nas ruas, Pastor Antônio, um movimento de mobilização da juventude sergipana para consultar diretamente a população, ouvindo seus anseios mais profundos, registrando fielmente suas reivindicações, e, em seguida, com o apoio acadêmico de especialistas nas diversas matérias, e o conhecimento, o comprometimento do socialismo cristão da nossa base política para formularmos, juntos, um novo conjunto de políticas públicas e de métodos de governação que funcionem de verdade e atendam à realidade desses novos tempos.

            Por tudo isso, compreendemos e apoiamos firmemente as manifestações da juventude, de todas as idades, nas ruas das cidades do nosso País, desde que democráticas, sempre ordeiras, repito, sempre ordeiras, e pacíficas, sem atos de violência da parte dos promotores dos eventos e dos setores de segurança do Estado.

            Longe de gerar instabilidade na ordem política e social do País, essas manifestações da juventude, juventude de todas as idades, daqueles que não suportam mais, sejam os congestionamentos das cidades, sejam os preços altíssimos do transportes coletivos, seja a ineficiência desses transportes coletivos, seja pelas pessoas que saem de suas casas e muitas vezes perdem três, quatro horas para irem ao trabalho e ganhar um salário mínimo, digo, que dispensam só no transporte um terço ou um quarto do tempo diário.

            É preciso repensar tudo isso, Sr. Presidente. É preciso captar essa acessibilidade e refletirmos que estamos vivendo um novo momento, quem sabe, vivendo um novo redescobrimento.

            Este País tem jeito! A dor social é grande; a dor social é enorme e, como especialista na dor física, como médico que sou, acredito também na cura da dor social deste País.

            Do que precisamos? Qual o remédio? Atitude, atitude que passa pelo princípio da sinceridade, do zelo público e da inovação de um olhar para o presente e, com certeza, para um futuro muito melhor.

            A juventude, que fortalece a democracia, testa positivamente o valor e a solidez das nossas instituições e - retiradas as cenas episódicas de puro e condenável vandalismo - dá a este País, ao nosso querido Brasil, ao povo brasileiro, ao mundo inteiro lições de amor à Pátria, lição de amor a esse solo, a esse povo e a essa gente de exercício pleno da nossa renovada cidadania.

            Este País tem jeito, Sr. Presidente! Este País tem jeito, e o jeito, com certeza, passa pelas atitudes de cada um de nós, em qualquer nível, em qualquer função, em qualquer missão. Eu acredito muito nisso, eu sonho muito com isso, vejo essas manifestações e fico feliz com elas, mas volto a repetir, têm que ser ordeiras, têm que ser pacíficas e, com certeza, têm que ter o propósito de dizer: “Basta, é hora de mudarmos para melhor o rumo deste País, desta Nação.”

            Muito obrigado, Sr. Presidente, pela compreensão.

            Mais uma vez agradeço à Senadora Ana Rita pela compreensão de ter cedido a sua vez.