Fala da Presidência durante a 10ª Sessão Solene, no Congresso Nacional

Comemoração dos 190 anos do Parlamento Brasileiro.

Autor
Renan Calheiros (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AL)
Nome completo: José Renan Vasconcelos Calheiros
Casa
Congresso Nacional
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração dos 190 anos do Parlamento Brasileiro.
Publicação
Publicação no DCN de 08/05/2013 - Página 1185
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • CUMPRIMENTO, PRESIDENTE, CAMARA DOS DEPUTADOS, DEPUTADO FEDERAL, SENADOR, MINISTRO DE ESTADO, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, CONGRESSO NACIONAL, COMENTARIO, HISTORIA, INSTITUIÇÃO FEDERAL.

O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. PMDB-AL) - Exmo. Sr. Presidente da Câmara dos Deputados, Deputado Henrique Eduardo Alves; Exmo. Deputado Alessandro Molon, que apresentou o requerimento para que nós realizássemos hoje, aqui no Congresso Nacional, esta sessão histórica; Exmo. Sr. Ministro de Estado da Previdência Social, Senador Garibaldi Alves Filho; Exma. Ministra do Superior Tribunal de Justiça, Eliana Calmon, representando neste ato o Superior Tribunal de Justiça; Exma. Ministra Interina da Cultura, Jeanine Pires, representando neste ato a Ministra de Estado da Cultura, a Exma. Senadora Marta Suplicy.

     Eu aproveito a oportunidade para saudar o Chefe da Assessoria Parlamentar da Aeronáutica, Exmo. Brigadeiro do Ar Rui Chagas Mesquita. Muito obrigado pela sua presença.

      Cumprimento também o Assessor Parlamentar da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Sr. Artur Antônio dos Santos Araújo; a Diretora-Geral do Senado Federal, Sra. Doris Marize Romariz Peixoto; o Diretor da Secretaria de Transparência do Senado Federal; o Exmo. Ministro Carlos Fernando Mathias de Souza; as senhoras e os senhores convidados; os Senadores Anibal Diniz, Antonio Carlos Valadares, Casildo Maldaner, Mozarildo Cavalcanti e os Deputados Bonifácio de Andrada, Paes Landim, Roberto Freire e Vieira da Cunha.

     O Parlamento brasileiro, que completa, neste mês de maio, 190 anos de existência, foi criado 8 meses após a Independência do Brasíl. A sessão solene de instalação da Assembleia Geral Constituinte e Legislativa do Império foi realizada no dia 3 de maio de 1823. Em todo o período imperial, o trabalho de elaboração legislativa no Parlamento foi incessante, como demonstram a elaboração dos Códigos Penal e de Processo Penal, o Estatuto da Terra, o Código Comercial e o regime tributárïo, entre outros.

      De lá para cá, o Congresso Nacional percorreu uma longa trajetória de batalhas, algumas derrotas e muitas conquistas, que simbolizam a própria luta dos cidadãos brasileiros pela democracia. Na passsagem do Império para a República, a Constituinte de 1891 iniciou mudanças importantes no País, notadamente na questão eleitoral.

      Em 1945-1946, o Parlamento apareceu como ambiente para construção do novo pacto nacional pela restauração do regime democrático.

     Já experimentamos várias formas de governo, diversas Constituições, muitos sistemas eleitorais, para chegar, agora em 2013, a um Estado Democrático de Direito.

     Todas as instituições em pleno funcionamento e com um Congresso Nacional onde as mais divergentes posições políticas são respeitadas, ideias são debatidas e acordos, em prol da população brasileira, ajustados.

      Entretanto, e infelizmente, nem sempre tudo isso foi possível. Ainda temos gravado na memória terríveis episódios nos quais o Parlamento brasileiro se calou. Foram anos de chumbo em que o Congresso Nacional foi amordaçado e até fechado. Mas 1967, 1968 e 1977 já estão amarelando nas páginas da nossa história. Falemos, pois, da importância do Parlamento para a justiça social, para a cidadania e para a democracia.

      Aliás, nada mais simbólico na normalidade democrática de uma nação do que um Parlamento funcionando com liberdade e onde todos os partidos representativos dos mais diversos segmentos da sociedade têm voz ativa, tal como ocorre hoje no Congresso Nacional.

      Coube ao filósofo Montesquieu definir, na obra O Espírito das Leis, a separação dos Poderes de Governo em Executivo, Legislativo e Judiciário, cada um com sua função, que se complementam e fiscalizam um ao outro, evitando abusos e arbitrariedades. É o que comumente chamamos de sistema de freios e contrapesos.

      É esse sistema o adotado na maioria absoluta das nações democráticas do mundo, entre as quais o nosso País. É preciso que este conceito, irretocavel, esteja presente nas mentes de todos os dirigentes públicos. O Senado Federal, com todos os recursos existentes na democracia, irá zelar por suas funções constitucionais e sempre resistirá à tentação de se imiscuir em competêndas alheias.

      O Congresso Nacional tem se esforçado para corresponder aos anseios da população brasileira e para se manter como uma cidadela em defesa da soberania nacional, da cidadania e da democracia.

      Expressão máxima deste empenho veio com a Constituição Cidadã, que este ano completa 25 anos de existência. Com ela reinserimos direitos coletivos e individuais, reconquistamos prerrogativas, restabelecemos a liberdade e consumamos a transição democrática.

     Aqui exercemos um trabalho diuturno, nem sempre visível ou bem compreendido. A nossa responsabilidade é grande, e as nossas atividades, múltiplas. Além dos trabalhos no plenário, o mandato exige a participação em Comissões, audiência pública, nos Estados, frentes parlamentares, a fim de elaborar projetos de lei, propostas de emenda constitucional, votações do orçamento, além de fiscalizar a aplicação do dinheiro público. A supressão do direito de exercermos tais funções constitui uma grave ameaça à democracia e é sempre um dos primeiros atos dos regimes autoritários. 

      Na nossa memória ainda ecoam vários desses tristes episódios. Entre os mais dolorosos, além dos anos de fechamento total do Parlamento, durante a ditadura que imperou no País de 1937 a 45, temos ainda a lembrança dos Atos Institucionais de 1966, quando o regime militar fechou o Congresso, cassou mandatos parlamentares, censurou os meios de comunicação e eliminou partidos políticos. São experiências pelas quais já passamos e que nunca mais, acredito, teremos que enfrentar.

      Que essa breve rememoração sobre as vicissitudes do nosso Congresso Nacional sirva para refletirmos sobre a sua importância para a vida do  
País, para ressaltarmos quão nobre é a sua missão e para, enfim, parabenizar todos os que dele fazem parte e ainda reverenciar aqueles que aqui não mais estão, mas que por aqui passaram, dedicando os melhores anos de sua vida  
à lide política, enfrentando o casuísmo e o arbítrio, a fim de preservar a democracia por meio do diálogo, por meio do consenso.

      Apesar de imperfeições que estamos corrigindo de maneira permanente -- e tenho dito isso. Hoje mesmo, com o Presidente da Câmara dos Deputados, tivemos a oportunidade de repetir esses nossos compromissos --, sem o pleno funcionamento do Congresso Nacional haveria muito mais injustiça social.

     O Congresso sempre refletiu o clamor pela justiça como fez, por exemplo, recentemente, com a aprovação da lei que igualou os direitos trabalhistas para os trabalhadores e trabalhadoras domésticas, corrigindo uma injustiça secular.

      Por isso, congratulo-me, neste dia, pela instituição do Congresso Nacional brasileiro, a quem todos os cidadãos devem valorizar como a mais legítima Casa do povo desta Nação, pela pluralidade de seus representantes escolhidos e eleitos pela população brasileira direta e livremente. Por isso, aqui estamos e, para honrar os nossos mandatos, trabalhamos pelo bem de todos.

      Aproveito o ensejo para anunciar que, a partir de hoje, o Senado Federal está disponibilizando um aplicativo para celulares e tablets, contendo os mais importantes discursos históricos do Congresso Nacional.

      Inicialmente serão disponibilizados 40 pronunciamentos, a partir da seleção feita em 1998 e divulgada sob o título Grandes Momentos do Parlamento Brasileiro. Basta procurar, nas lojas virtuais, por Discursos Históricos, para poder baixar e instalar gratuitamente o programa ou o livro digital, se os senhores e as senhoras preferirem.

      Estamos prontos e ávidos a colaborar ativamente para a superação dos grandes problemas nacionais.

      Este Congresso, por mais dificuldade que enfrente, nunca faltou e nunca faltará à Nação brasileira.

      Muito obrigado a todos. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DCN de 08/05/2013 - Página 1185