Discussão durante a 104ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Referente ao PLS n. 204/2011.

Autor
Mário Couto (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
Nome completo: Mário Couto Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discussão
Resumo por assunto
Outros:
  • Referente ao PLS n. 204/2011.
Publicação
Publicação no DSF de 27/06/2013 - Página 40014

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA. Para discutir. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Presidente.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a matéria que se vota hoje é uma matéria das mais relevantes que vou votar durante minha vida pública.

            A revista Veja, uma das mais lidas neste País, traz na sua capa: “Edição Histórica”. Embaixo, ela diz: “Os sete dias que mudaram o Brasil”. Uma jovem de mais ou menos 25 anos de idade, com uma Bandeira brasileira cobrindo seu corpo e as palavras que sempre emocionam qualquer cidadão brasileiro na Bandeira do Brasil: “Ordem e Progresso”. Exatamente o que falta neste País no momento por que passamos: a ordem e o progresso.

            Quando folheio a revista, há uma série de números pesquisados pela própria revista, e o que chama a atenção, Pátria amada, são exatamente os das principais bandeiras das manifestações, meu caro e eterno Presidente José Sarney. A maior reivindicação da população brasileira nas ruas é preciso ser dita aqui nesta tribuna. Corrupção: 53% - é a primeira, meu grande Líder, Pedro Simon; não canso de dizer que sou seu fã -; depois, vem a PEC nº 37, que tentaram empurrar. E, se esta manifestação não está nas ruas, esta PEC provavelmente seria aprovada porque o Governo tem a maioria tanto na Câmara quanto no Senado, e seria uma aberração histórica para esta Pátria. Melhoria na educação: 45%; saúde: 38%; e, por fim, a prisão dos políticos envolvidos por corrupção.

            Brasil, o problema, Brasil, não é aprovar uma lei que determine uma condenação mais forte para os corruptos; o problema é o cumprimento desta lei, Brasil. Eu, ainda ontem, aqui no meu pronunciamento, falei da diferença entre um pecador corrupto privilegiado, rico, político, e falei de uma pessoa pobre. Aí está a grande diferença. É que o político rico, com prestígio e com o Governo, pode ter a lei que tiver, não vai preso neste País. Essa é a grande realidade, Brasil. As provas estão aí. As provas estão aí, meu querido Renan Calheiros. Quantos políticos corruptos, condenados pela Justiça, estão presos nesta Pátria hoje? Citem um! Prenderam o Arruda, porque não era do PT; prenderam o Maluf, porque não era do PT. Citem-me um do PT que esteja preso, só um. Esse é o grande diferencial. Não adianta chegar aqui nesta tribuna e querer tapar o sol com a peneira. A realidade tem que ser dita. A realidade é essa. Essa é a grande realidade desta Pátria!

            Aquela senhora, que foi a uma padaria com a filha, meu querido Pedro Taques, que foi à padaria com a filha, e a filha com fome, Pedro Taques, pediu um pão para a mãe. A mãe não tinha dinheiro, Sarney, e resolveu roubar um pão. Foi presa, Sarney. Precisamos de um advogado para tirá-la porque já está há quase um ano presa. Há quase um ano presa! Onde estão os corruptos que roubaram a Pátria? Onde estão? Esta é a grande diferença, Brasil: é o apadrinhamento. Esse apadrinhamento é que faz a grande diferença.

            Nós vamos votar esta lei. Esta lei vai vigorar para o corrupto, mas, pobre e sem prestígio, esse é que vai para a cadeia aqui no Brasil. Mas, os mais ricos e poderosos, eu duvido.

            Nos meus 67 anos de idade, eu nunca vi, esses olhos nunca viram isso nesta Pátria. Imaginem agora, porque a corrupção da Pátria depende muito do seu governante. A população não aguentou; a população veio pedindo que baixassem as passagens, mas o que ela queria dizer mesmo é o que a revista diz hoje: “Basta de corrupção!” O que ela quer mesmo não é esse projeto de lei. Ela quer ver os corruptos na cadeia, mas ela quer ver ricos e pobres. Ela não quer ver só ricos. Essa é a grande realidade da Pátria.

            Ah! Como seria bom! Ah! Que sonho! Eu queria sonhar e ser realidade que um dia as pessoas tivessem o mesmo direito nesta Pátria. Eu queria sonhar...

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA) - ... que esse projeto que vamos aprovar fosse para todos neste Brasil, para ricos e pobres. Mas ele será só aplicado para os desfavorecidos.

            Onde estão os mensaleiros que foram condenados pela Justiça?

            Paulo Paim, querido Paulo Paim, onde estão os mensaleiros, Paulo Paim? Cadê os mensaleiros? Um ministro chegou a dizer agora, na semana passada - já vou descer, Presidente - que, talvez, daqui a dois anos...

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA) - ... talvez, daqui a dois anos, eles sejam chamados para talvez serem presos. Quem sabe?

            Mas desço desta tribuna lendo a frase da revista Veja, uma frase que vou guardar para a vida, uma frase que eu vou pôr na gaveta da minha cabeceira, porque eu não acreditava que isso fosse acontecer agora. Eu pensei que fosse morrer e não ia ver uma frase como a que tenho aqui na mão e vou ler.

(Soa a campainha.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA) - É quase impossível, mas, Pedro, Deus é grande, Pedro. Deus está acima de tudo, Pedro. A minha querida Nazaré, a padroeira dos paraenses, não vai deixar eternamente o povo brasileiro e o povo paraense sofrerem. Eles estão vendo a nossa Pátria como está. Desço lendo a frase, Presidente. Revista Veja desta semana. A frase, para mim, é histórica. A frase, para mim, vou guardar. A frase, para mim, será guardada e repassada ao meu filho e à minha filha...

(Interrupção do som.)

            O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB - PA) - ... para que eles jamais esqueçam o que aconteceu neste País, para que eles jamais esqueçam o que está acontecendo neste País. Eis a frase: “Os petistas apanharam da multidão e tiveram suas bandeiras queimadas, foram escorraçados e xingados de ‘oportunistas’”. O PT perdeu as ruas do Brasil.

            Muito obrigado, Sr. Presidente (Fora do microfone.).


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/06/2013 - Página 40014