Pela Liderança durante a 193ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários sobre reunião, realizada hoje na CE, em que educadores discutiram soluções para melhorar a qualidade da educação brasileira.

Autor
Osvaldo Sobrinho (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/MT)
Nome completo: Osvaldo Roberto Sobrinho
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
EDUCAÇÃO.:
  • Comentários sobre reunião, realizada hoje na CE, em que educadores discutiram soluções para melhorar a qualidade da educação brasileira.
Publicação
Publicação no DSF de 01/11/2013 - Página 78248
Assunto
Outros > EDUCAÇÃO.
Indexação
  • REGISTRO, PARTICIPAÇÃO, REUNIÃO, COMISSÃO DE EDUCAÇÃO, DEBATE, MELHORIA, EDUCAÇÃO, BRASIL, PLANO, DECENIO, APOIO, POSSIBILIDADE, ESTUDANTE, REALIZAÇÃO, CURSO DE FORMAÇÃO, DISTANCIA, VALORIZAÇÃO, ESTUDO, FORMAÇÃO PROFISSIONAL.

            O SR. OSVALDO SOBRINHO (Bloco União e Força/PTB - MT. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores da República, quero dizer da satisfação de ocupar a tribuna nesta tarde, aqui no Senado da República, para trazer a palavra do povo mato-grossense ou do povo brasileiro que reside em Mato Grosso.

            Hoje na parte da manhã tive a feliz satisfação de frequentar uma rica reunião da Comissão de Educação do Senado da República, de que faço parte como membro efetivo.

            O Plano Decenal da Educação tem sido discutido de uma forma muito inteligente, muito competente, muito altaneira aqui no Senado da República, e já assisti, por várias vezes, a várias reuniões, a vários conclaves, a vários depoimentos, a várias instituições e associações falando sobre educação no Brasil. Todas elas com razões definidas, todas elas defendendo pontos de vista sérios, todas elas trazendo as suas convicções sobre aquilo que conhecem, muito embora saibamos que a educação, no seu todo, tenha várias particularidades.

            Uns defendem a educação pública e gratuita de boa qualidade, outros defendem a educação privada, que faz um bom trabalho, mas, evidentemente, tem que tirar dali o seu sustento, empresarial e individual, mas todos trazendo razões plausíveis para a educação de um país que tem dimensões continentais, um país que tem 200 milhões de habitantes, um país que, há menos de 30 anos, tinha mais analfabetos do que pessoas que sabiam ler e escrever, e hoje ainda os tem, e tem um bocado também de analfabetos políticos, funcionais, mas já evoluiu bastante em termos da construção da sua educação.

            Naquela Comissão, vários estudiosos de vários recantos do Brasil, deste Brasil dividido em brasis de peculiaridades diferentes, trouxeram as suas razões. E hoje foi o dia da educação privada. Vimos ali vários educadores do Paraná, do Sul do País - Rio Grande do Sul, Santa Catarina -, de Mato Grosso, meu Estado; todos eles trazendo o seu relato daquilo em que acreditam, daquilo que professam, daquilo que realmente acham que é melhor para o País.

            Vimos ali uma palestra especial, de grande contextura teórica, que foi a palestra de um professor que veio falar sobre a educação a distância. A educação a distância, até hoje, é estigmatizada neste País, porque é uma educação em que poucos acreditam, até porque somos um país de bacharéis, um país que só acredita na educação superior - quem tem o canudo de uma universidade é uma pessoa estudada; quem tem qualquer outro curso abaixo disso é uma pessoa que não teve oportunidade. É assim que pensam.

            Até então, tínhamos, há até menos de 20 anos, só educação presenciada: em sala de aula, com um professor lecionando para 30, 40, 50 alunos, fazendo um sacrifício danado, mas às vezes não atingindo o seu objetivo. De 1970 a 1980 para cá, pensou-se no mundo em uma educação de massas, mas que pudesse colocar para a massa o melhor professor que houvesse naquele país. Isso se chama educação a distância.

(Soa a campainha.)

            O SR. OSVALDO SOBRINHO (Bloco União e Força/PTB - MT) - Lembro que eu era delegado de educação na capital do Estado de Mato Grosso; depois, fui vice-governador, acumulando a função de secretário de Estado da educação.

            E ali tive oportunidade de saber que poderia buscar uma tecnologia diferenciada da que eu tinha em salas de aula, salas precárias, em um Estado em expansão demográfica, em um Estado que recebia população de toda a parte do Brasil, mas que, quando lá chegava, nada encontrava que pudesse dar achego à família que queria educar seus filhos - regiões de penetração, de pioneirismo, de abertura, a que chegavam para ali criar sua família.

            Saíam do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, lá eram arrendatários ou pessoas que trabalhavam para outros, meeiros, e aqui conseguiam um pouquinho e comprava um sitiozinho de 5, 10, 15 hectares de terra e começavam a fazer sua fortuna. Para ele, aquilo já era fortuna, porque nada tinham adquirido na vida, mas chegavam lá nem a educação para seus filhos conseguiam, e a educação tradicional não conseguia dar a eles esse alento necessário para que pudessem sentir...

(Soa a campainha.)

            O SR. OSVALDO SOBRINHO (Bloco União e Força/PTB - MT) - ...que valia a pena estar ali, aguentando a malária, as doenças tropicais com um todo, e ficar trabalhando.

            E pensamos na educação a distância. E descobrimos que, no Canadá, na cidade de Quebec, já faziam a educação a distância, para atender também a regiões inóspitas, como as nossas aqui do Brasil, regiões que dificilmente teriam acesso a pessoas que fossem para lá com tranquilidade, para trabalhar, nas regiões geladas do Norte, divisa de modo geral do país. Ali colocaram a educação a distância, e foi um sucesso absoluto.

            Em 1992, no governo Jayme Campos - que é titular dessa cadeira aqui no Senado da República - eu, como Secretário de Educação e Vice-Governador, juntamente com o Reitor da Universidade Federal e da Universidade Estadual, fomos lá para trazer esse exemplo para Mato Grosso. E começamos num núcleo de 336 professores, na cidade de...

(Interrupção de som.)

            O SR. OSVALDO SOBRINHO (Bloco União e Força/PTB - MT) - ...no Estado do Mato Grosso, e até então ninguém acreditava (Fora do microfone.) que vai se pensar em tirar um aluno da universidade, lá na presença do professor, para colocar aqui, através da televisão ou de um vídeo, e querer dar a ele um diploma de curso superior. “Estão brincando com a educação superior” - é o que pensavam os tradicionalistas.

            Mas foi a salvação. Conseguimos nesse primeiro núcleo trazer a oportunidade para mais de mil professores no primeiro ano, e a educação a distância conseguiu extrapolar para todo o Brasil e para o Cone Sul da América. Hoje, é uma realidade, e o futuro da educação no Brasil não será somente a educação presencial, mas será a educação a distância, em que confio, acredito, e tenho certeza que é o futuro da educação no País, com professores de altíssima qualidade, não lecionando apenas para 40 alunos, mas...

(Soa a campainha.)

            O SR. OSVALDO SOBRINHO (Bloco União e Força/PTB - MT) - ... lecionando para dez mil, quinze mil, trinta mil numa aula só, divididos por todos os Estados do Brasil, lá no Acre, Rondônia, Roraima, Rio Grande do Sul, Nordeste. Em qualquer parte haverá os alunos em sala ouvindo televisão, vendo seus manuscritos, estudando e, daqui a pouco, prestando exames, com condições de serem grandes profissionais.

            Portanto, essa Comissão de Educação de hoje me deixou feliz, me deixou alegre, porque um sonho que eu tive lá atrás, que eu sonhei, talvez, sozinho naquela época, virou uma realidade. Um sonho que valeu à pena sonhar.

            Eu estive no Senado da República da Argentina, em Buenos Aires, representando o Senado da República do Brasil, há três anos. Lá se falava em educação a distância. Passaram um vídeo. O Ministério da Educação, inclusive, levou lá a sua divulgação sobre a educação a distância. E lá ouvi...

(Interrupção do som.)

            O SR. OSVALDO SOBRINHO (Bloco União e Força/PTB - MT) - que havia começado em 1992, em Mato Grosso, (Fora do microfone.) o primeiro curso do Brasil. Eu estava lá presente, como estudante da Universidade Austral, como estudante da Universidade Católica do curso de Doutorado. Eu estava lá presenciando e vendo ali a história sendo contada por outros, mas eu sabia que tinha sido o protagonista dela.

            Sr. Presidente, é necessário sonhar; é necessário ter esperanças; é necessário ter utopias; é necessário acreditar no futuro; é necessário acreditar em suas próprias ideias; é necessário ouvir, meditar, pensar e sentir. Só não pode ficar calado; só não pode se omitir; só não pode deixar de tomar decisões. O que tem que fazer é ousar. A palavra de crescer, de vencer chama-se “ousadia”...

(Soa a campainha.)

            O SR. OSVALDO SOBRINHO (Bloco União e Força/PTB - MT) - ... para que as coisas aconteçam.

            Portanto, a Comissão de Educação hoje, no Senado da República, foi muito feliz por ter trazido vários palestrantes. Alguns da iniciativa privada, alguns da iniciativa pública, mas todos falando em educação de qualidade; boa educação; educação para todos, e não para poucos; educação de qualidade para o filho de trabalhador, mas também para o filho do industrial; educação a que o meu filho tem alcance, mas a que seu filho também tem alcance.

            Estou feliz. Valeu à pena esta semana aqui no Senado da República, porque na Comissão de Educação hoje, Senador Requião, Senador Simon, tivemos pessoas que, na verdade, pensam em educação, sem pensar, exatamente, naquilo que só beneficia a eles. 

            Portanto, quero aqui deixar, Sr. Presidente - sabendo que estou abusando da confiança de V. Exa e que há vários companheiros Senadores que querem falar -, para deixar aqui a minha confiança num futuro melhor. 

            Se todos...

(Soa a campainha.)

            O SR. OSVALDO SOBRINHO (Bloco União e Força/PTB - MT) - ... acreditarem na educação como um processo redentor (Fora do microfone.) teremos um Brasil diferente, e a nossa salvação será quebrar esses grilhões de aço que fazem com que o analfabetismo se aproxime da gente, mas, quebrando-os, vamos quebrar paradigmas também e fazer com que a educação chegue a todos e o Brasil possa viver melhores momentos e adentrar a constelação de países desenvolvidos, de países que realmente querem usar de tudo aquilo que o homem, através da sua inteligência, conseguiu construir.

            Sr. Presidente, muito obrigado pela oportunidade e deixo aqui o meu estímulo, a minha esperança, as minhas utopias renovadas para que possamos vencer. E a utopia é boa, sabe por quê, Presidente? Porque ela nos faz caminhar, caminhar para frente e, sempre que chegamos perto daquilo que queremos, está um pouco adiante, um pouco mais adiante, mas, se ela não serve para nada, diz o poeta: “Serve pelo menos para nos fazer caminhar”, caminhar sempre em todo aquilo que gostamos, queremos e acreditamos.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/11/2013 - Página 78248