Pela Liderança durante a 175ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com a possibilidade de estagnação econômica do País; e outro assunto.

Autor
Cyro Miranda (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/GO)
Nome completo: Cyro Miranda Gifford Júnior
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA. POLITICA PARTIDARIA.:
  • Preocupação com a possibilidade de estagnação econômica do País; e outro assunto.
Publicação
Publicação no DSF de 10/10/2013 - Página 70617
Assunto
Outros > POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA. POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • APREENSÃO, ECONOMIA NACIONAL, REDUÇÃO, CRESCIMENTO, PAIS, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA, INTERFERENCIA, GOVERNO FEDERAL, TENTATIVA, INFLAÇÃO, ANALISE, BAIXA, CRESCIMENTO ECONOMICO, FUNDO MONETARIO INTERNACIONAL (FMI).
  • CONGRATULAÇÕES, EX SENADOR, MARINA SILVA, INGRESSO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO SOCIALISTA BRASILEIRO (PSB), OPOSIÇÃO, GOVERNO, DISPUTA, ELEIÇÕES.

            O SR. CYRO MIRANDA (Bloco Minoria/PSDB - GO. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Presidente Ruben Figueiró.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, imprensa da TV Senado, Rádio Senado, Jornal Senado e todos que cobrem o Senado Federal, senhoras e senhores, a princípio, parabenizo a ex-Senadora Marina Silva pela corajosa decisão de ingressar no PSB e manter-se como forte oposição ao atual Governo.

            A democracia ganha com essa opção, que, juntamente com nosso querido Senador e Presidente do PSDB, Aécio Neves, demonstra que há propostas diferenciadas para levar o Brasil ao desenvolvimento sustentável e ao progresso duradouro.

            A alternância do poder é um dos requisitos indispensáveis à democracia, porque permite à sociedade experimentar diferentes propostas de condução do País.

            É evidente que, como cidadão e Senador, tenho visto com muita preocupação o quadro econômico que se desenha para os próximos anos, com nítida e inequívoca tendência para um processo de estagnação. Se o desejo for promover o desenvolvimento, será preciso reverter esse processo com a máxima urgência.

            A verdade é que a Presidente tem gerado uma grave desconfiança no setor produtivo, que se mantém em compasso de espera, temeroso pelo excesso de intervenção do Governo na economia.

            Não é por acaso que o FMI manteve, nesta terça-feira, a projeção de crescimento econômico para o Brasil, neste ano, em 2,5% e reduziu a estimativa, para o próximo ano, de 3,2% para 2,5%. Com isso, o Brasil ocupa a última colocação entre os países emergentes em 2014. Estamos muito abaixo do potencial produtivo do País. Segundo o FMI, a inflação mais alta reduziu a renda real dos brasileiros e pode pesar sobre o consumo, que vem segurando o crescimento da economia do País nos últimos anos.

            Já ressaltamos, desta tribuna, que o Governo da Presidente Dilma está preso numa armadilha: ou controla a inflação, equivocadamente, pelo aumento dos juros, o que refreia a economia, ou tenta alcançar um crescimento maior do PIB, mas perde o controle da inflação.

            As duas alternativas são ruins e mostram a vulnerabilidade do modelo proposto pelo Governo para a condução da economia.

            O Governo erra, o Ministério da Fazenda erra em não enxugar o tamanho da máquina pública e no modelo adotado na busca de parceiros para as obras tão necessárias de infraestrutura.

            É evidente que a ideologia de manter as parcerias com o setor privado sob o manto protetor do Estado não funciona e é uma forma primária de controle da economia, bem à moda do chavismo venezuelano.

            Esse pensamento antiquado provoca um atraso terrível no desenvolvimento econômico do Brasil, que não consegue dinamizar a economia e fazer as obras necessárias de forma ágil, como bem salienta matéria do Correio Braziliense, sob o título "Falta de confiança ameaça concessões":

            Ninguém quer o Governo como sócio nas obras relacionadas ao programa de concessões na área de infraestrutura. A aversão do investidor à presença do Estado é tamanha que mesmo ofertas aparentemente irrecusáveis, como a execução de parte dos projetos por órgãos públicos, são vistas com desconfiança.

            O leilão da BR-262, entre Minas Gerais e o Espírito Santo, exemplifica com perfeição o que tem ocorrido. Quem conhece essa rodovia, Sr. Presidente, sabe que é de trânsito intenso e teria, certamente, alta rentabilidade. Mas não apareceu ninguém para o leilão, ao ponto de o Palácio do Planalto ter montado um gabinete extraoficial de crise, chefiado pelo Ministro dos Transportes César Borges, para trabalhar em contato direto com a Presidente.

            A principal razão para o fracasso do leilão da 262 está no sapo que o Governo queria empurrar goela abaixo dos empresários. É que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) ficaria encarregado de executar parte da duplicação da estrada.

            Como diz o velho ditado: gato escaldado tem medo de água fria!

            DNIT como parceiro significa duas coisas: ineficiência na execução do projeto e provável superfaturamento em razão dos inúmeros escândalos de corrupção neste órgão. Aliás, escândalos de corrupção continuam a ser uma característica marcante do governo Dilma, assim como foi no do ex-Presidente Lula.

            Agora, imaginem a armadilha que o Governo queria montar para os empresários: se o DNIT não terminasse as obras a tempo, seriam os investidores que teriam quebrado as cláusulas contratuais.

            É difícil compreender a que ponto a Presidente Dilma chegou com a sua visão antiquada e ideológica de modelo econômico.

            Se ela continuar nesse ritmo vai causar um atraso medonho para o Brasil e prejudicar o futuro do País. Às vezes, nem é a Presidente que pensa assim, mas assessores a levam por esse caminho.

            As queixas contra a presença do Executivo nos consórcios vêm desde os primeiros leilões de aeroportos, quando as empresas interessadas nas concessões foram obrigadas a se associar à Infraero.

            Por isso é que o Governo acaba de joelhos pedindo parceiros, mas nenhum dos grandes grupos internacionais se apresenta.

            Quem vai querer como parceiro um Governo como o do PT, cheio de ranços estatais e de controle da iniciativa privada? Só quem não tiver muito a perder.

            Dá para imaginar as dificuldades para um conselho de gestão decidir com metade dos membros cheios de ideologias e manias de velhos companheiros? É fracasso na certa.

            Com os portos, não é diferente.

            Como é que o Governo vai encontrar parceiros sérios e competentes para ampliar os portos e torná-los mais competitivos se pretende manter a esfera decisória no âmbito da Secretaria de Portos?

            É uma privatização pela metade, que, no lugar de trazer agilidade ao setor produtivo, vai complicar tudo, criar uma verdadeira bagunça.

            Srªs e Srs. Senadores, o Governo não tem coragem nem ousadia. Mostra-se acanhado e tímido diante das demandas do Brasil contemporâneo.

            O PT está amarrado numa ideologia ultrapassada do velho controle estatal sobre a economia.

            Por isso é que nunca teve a humildade de reconhecer como foi importante para o desenvolvimento do Brasil a privatização realizada pelo Governo Fernando Henrique Cardoso.

            Aí vem o Governo da Presidente Dilma com esta miscelânea ideológica que tenta distinguir concessão de privatização.

            Enquanto isso, o Brasil fica parado e com uma economia muito aquém do potencial dos setores produtivos.

            Enquanto isso, o emprego na indústria começa a cair e a balança comercial está quase no vermelho.

            Com Dilma, o Brasil não anda, empaca.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 10/10/2013 - Página 70617