O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco Apoio Governo/PDT - DF. Sem revisão do orador.) - Senador Paim, apenas uma questão de ordem, para apresentar requerimento de voto de pesar e apresentação de condolências à família do grande e importante arquiteto e urbanista Jorge Wilheim.

            Jorge Wilheim, amigo de muitos e que foi um dos nomes mais expressivos que a gente teve no urbanismo no Brasil, faleceu na sexta-feira. Em meu nome e em nome do Senador Aloysio Nunes, eu gostaria de apresentar este meu requerimento. Falarei apenas duas ou três, um pouquinho de palavras sobre ele.

            Eu lembro que Wilheim nasceu em Trieste, na Itália, em 1928. Mudou-se com a família para o Brasil em 1940. Formou-se pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e, ainda nos anos 50, foi incumbido de projetar uma nova cidade em Mato Grosso.

            Ao longo da carreira, desenvolveu planos urbanísticos para diversas cidades, entre as quais São Paulo, Curitiba, Natal e Campinas, além do primeiro plano da macrometrópole paulista. Idealizou a figura do plano diretor de cidades, sendo também um dos mais importantes defensores no Brasil do conceito de “planejamento estratégico”. Essa ideia dele tomou conta do Brasil. Partiu dele tanto os planos diretores de cidade como o planejamento estratégico no Brasil.

            A influência de Wilheim em diversas capitais brasileiras pode ser medida pelo exemplo de Curitiba, Senador. O arquiteto foi um dos idealizadores do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba, o IPPUC, que é uma grande instituição daquele Estado. Depois venceu um concurso, em 1984, para elaborar o plano preliminar de urbanismo da cidade.

            Entre seus inúmeros projetos estão marcos da capital paulistana, como a reurbanização do Vale do Anhangabaú e do Pátio do Colégio, e obras marcantes, como os prédios do Jóquei Clube de São Paulo e do Serviço Social das Indústrias de Vila Leopoldina, a sede da Fapesp e o Centro de Diagnóstico do Hospital Albert Einstein.

            Como homem público, teve um grande papel: foi Secretário de Economia e Planejamento do Estado de São Paulo (1975-1979) e duas vezes Secretário de Planejamento da capital paulistana, nas gestões de Mário Covas e Marta Suplicy.

            Ao longo de sua carreira, publicou diversos livros em três idiomas, entre os principais, destaco: Cidade: o Substantivo e o Adjetivo; O Caminho de Istambul - Memórias de uma Conferência da ONU; e, finalmente, São Paulo, uma Interpretação.

            Wilheim morreu na manhã desta sexta-feira, aos 85 anos, no Hospital Israelista Albert Einstein. Deixa esposa, dois filhos e netos. Ele estava internado desde que sofreu um acidente de carro, ainda no ano passado.

            Eu quero, finalmente, dizer uma frase do Wilheim, que me parece muito importante, tirada de uma das suas diversas entrevistas. Ele disse: “Sou otimista. Vivo fantasiando futuros bons. Sou das utopias. Não estou preparado para ir-me para sempre. Acho essa ameaça de finalização da vida muito injusta. É muito cedo. Viver é bom demais.”

            Esse foi um dos muitos depoimentos que ele fez e que mostra a sua personalidade e a falta que nos vai fazer.