Discurso durante a 44ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas ao Governador de Pernambuco, Eduardo Campos, por suposta campanha eleitoral antecipada.

Autor
Humberto Costa (PT - Partido dos Trabalhadores/PE)
Nome completo: Humberto Sérgio Costa Lima
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES, PARTIDO POLITICO.:
  • Críticas ao Governador de Pernambuco, Eduardo Campos, por suposta campanha eleitoral antecipada.
Publicação
Publicação no DSF de 03/04/2014 - Página 27
Assunto
Outros > ELEIÇÕES, PARTIDO POLITICO.
Indexação
  • ELOGIO, GOVERNO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, DILMA ROUSSEFF, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), ENFASE, MELHORIA, PROGRAMA DE GOVERNO, ECONOMIA, DIREITOS SOCIAIS, ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), DESAPROVAÇÃO, ATUAÇÃO, EDUARDO CAMPOS, GOVERNADOR, CANDIDATURA, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, INAUGURAÇÃO, OBRAS, OMISSÃO, CREDITOS, AUTORIA, AUSENCIA, PRESTAÇÃO DE CONTAS, INJUSTIÇA, ANTECIPAÇÃO, CAMPANHA ELEITORAL.

            O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Apoio Governo/PT - PE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, telespectadores da TV Senado, ouvintes que nos acompanham pela Rádio Senado, desde que o nosso Partido, o PT, chegou à Presidência da República, em 2003, o Brasil tem crescido de uma forma muito equilibrada em todos os Estados da Federação.

            O Presidente Lula e a Presidenta Dilma buscaram uma estratégia inteligente para distribuir, de maneira mais justa, as nossas riquezas, os nossos investimentos, e fomentar um desenvolvimento em que uma região não fosse mais contemplada do que outras.

            O diálogo político elevado e o espírito republicano de Lula e de Dilma levaram o Governo Federal a não observar posicionamentos ideológicos e bandeiras partidárias, estabelecendo um novo pacto em favor do País, distanciado da velha prática de favorecer apenas os aliados.

            Nesse sentido, quero aqui ressaltar o imenso bem que essa forma responsável e altiva de fazer política fez a todos os Estados brasileiros, mas muito especialmente ao Estado de Pernambuco;

            Sem dúvida alguma, os investimentos federais foram decisivos para dinamizar a economia pernambucana e levá-la a crescer mais do que a média do Nordeste e do Brasil, assim como melhorar a vida da nossa população.

            Apenas para destacar alguns programas sociais, temos mais de um milhão de famílias beneficiadas em Pernambuco pelo programa Brasil sem Miséria.

            No Programa Mais Médicos, o Governo da Presidenta Dilma está assegurando que, até o fim deste ano, nós tenhamos atendida a demanda de todos os 529 médicos que foram solicitados pelos Municípios do Estado. Fecharemos 2014 garantindo a dois milhões de pernambucanos o direito à atenção básica de saúde.

            No que diz respeito aos investimentos federais diretos, existem lá quase três mil empreendimentos em execução somente pelo PAC 2.

            Nos últimos anos, foram aplicados, pelo menos, R$100 bilhões em Pernambuco nas áreas de transporte, energia, saneamento, mobilidade urbana, habitação e recursos hídricos. Enfim, há ações de toda natureza que têm recuperado a economia do Estado e oferecido melhor condição de vida aos pernambucanos.

            Em rodovias, ferrovias e portos, são mais de R$10 bilhões para recuperação, conclusão e ampliação da nossa capacidade de transporte. São obras fundamentais, como a Transnordestina e o Arco Metropolitano do Recife, que darão ao Estado um avanço inestimável em sua infraestrutura.

            Outros R$8,5 bilhões estão transformando a face do Sertão com a transposição do Rio São Francisco, cujos trabalhos estão em ritmo avançado e devem levar, ainda este ano, 100 quilômetros de água pelos dois eixos, o Leste e o Norte. É uma das maiores obras hídricas do mundo, que vai beneficiar 12 milhões de brasileiros.

            Com o Minha Casa, Minha Vida, o Governo da Presidenta Dilma já destinou mais de R$2 bilhões em financiamento de habitações, dando casa às famílias mais pobres de Pernambuco, retirando muitas delas de áreas de risco e resgatando outras de uma vida em moradias precárias.

            Pois bem, em que pese essa relação política de alto nível conduzida pela Presidenta Dilma, não tem havido uma contrapartida justa, ultimamente, por parte do Governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que é pré-candidato à Presidência da República. Especificamente, nessa reta final, em que o Governador prepara-se para deixar o comando do Estado - o que deve acontecer na próxima sexta-feira.

            Nessa corrida em favor da própria candidatura, o Governador deu início a uma maratona torta de inaugurações, muitas delas de obras ainda inacabadas, onde não têm tido lugar a delicadeza e a justiça.

            São obras feitas com o dinheiro do povo brasileiro - inclusive do povo pernambucano -, repassado a Pernambuco pela União, que o Governador tem inaugurado como se fossem obras exclusivamente suas.

            Não tem havido convite às autoridades federais ou acertos de agenda com autoridades federais ou com a bancada federal para a prestação de contas pública à população.

            Antes de mais nada, esses eventos têm servido à promoção da candidatura do Governador e do seu candidato à sucessão estadual e servido também à campanha eleitoral antecipada de ambos.

            Na melhor das avaliações, é de se classificar como injusta essa forma de conduzir o processo político.

            Esconder a participação do Governo Federal, que tem investido mais de R$100 bilhões em Pernambuco, é um ato que não faz justiça à história do Governador Eduardo Campos.

            Hoje mesmo, a agenda do Governador dá conta de que ele estará esta tarde em Vicência, na Mata Norte do Estado, inaugurando a primeira etapa do sistema adutor do Siriji, onde a União investiu R$30 milhões para beneficiar a população de sete Municípios da região. Mas não houve qualquer comunicação ou convite ao Governo Federal. Essa agenda não foi construída com o Ministério da Integração Nacional, responsável pelo financiamento da obra.

            Igualmente - e essa é mais grave -, está anunciada para esta semana a inauguração do Museu Cais do Sertão, que custou cerca de R$97 milhões, a maior parte recursos da União.

            Foi um projeto nascido do carinho e do empenho do Presidente Lula para homenagear o grande artista pernambucano Luiz Gonzaga, e que teve os recursos garantidos pelo governo Lula e pelo governo da Presidenta Dilma.

            Mas, também, nesse caso, a memória do Governador Eduardo Campos não foi capaz de lhe reavivar o humilde gesto de gratidão pelo apoio federal decisivo à execução dessa grandiosa obra cultural para Pernambuco. E olhe que o Presidente Lula, por mais de uma vez, transmitiu ao Governador, disse à imprensa, e a Presidenta Dilma também, que gostariam muito de estar presentes à inauguração do Museu Cais do Sertão, o museu Luiz Gonzaga. No entanto, sequer a Ministra da Cultura lá estará, porque não houve um entendimento, e o Governo Federal estará lá representado por um funcionário, com todo o respeito, de segundo escalão, quando, na verdade, deveria estar lá o Presidente Lula e deveria estar lá a Presidenta Dilma.

            Nesse mesmo movimento, comenta-se que, amanhã, será inaugurado o Hospital Mestre Vitalino, em Caruaru, que será essencial para a rede de saúde do Agreste do Estado. Somente em emendas parlamentares, eu, como Senador, tive a possibilidade de aplicar mais de R$35 milhões para viabilizar o hospital. Porém, no âmbito do Governo Federal ou da nossa Bancada, não há informações...

(Interrupção do som.)

            O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Apoio Governo/PT - PE) - ... a inauguração distribuídas aos veículos de comunicação. No entanto, diz que haverá essa inauguração. Espero que o bom senso, assim, não leve o Governo de Pernambuco a fazê-lo.

            Esses atos não engrandecem as relações políticas. A utilização da máquina pública para promoção eleitoral é uma prática que diminui o agente público e que não deve ser conservada na nossa democracia. Aliada a isso, a falta de reconhecimento de todos os atores envolvidos para a execução de um empreendimento, do ponto de vista administrativo, também não é um ato de justiça.

            Aqui não estamos querendo tirar os méritos do Governo do Estado, mas não podemos aceitar que os méritos do Governo Federal não venham igualmente...

(Interrupção do som.)

            O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Apoio Governo/PT - PE) - ... Sr. Presidente.

            Com o cidadão, a omissão de informações dessa natureza não contribui para o efetivo controle social.

            De maneira que quero aqui registrar minha desaprovação, minha respeitosa desaprovação a essa forma de condução política e dizer da certeza que tenho de que o povo brasileiro, especialmente o povo pernambucano - um povo grato, um povo que sabe reconhecer, um povo que sabe do papel e da importância de Lula e de Dilma para que Pernambuco chegasse ao que é hoje -, não concorda com esse tipo de posicionamento e, especialmente, não é admirador da ingratidão.

(Soa a campainha.)

            O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Apoio Governo/PT - PE) - Portanto, Sr. Presidente, espero que, ao menos, nessa inauguração que acontecerá amanhã, do Museu Cais do Sertão, museu do Luiz Gonzaga, S. Exª faça uma referência para dizer quanto de recursos do Governo Federal estão sendo aplicados naquela obra e dizer e agradecer ao Presidente Lula, à Presidenta Dilma e ao povo brasileiro por essa obra tão relevante para o nosso Estado.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/04/2014 - Página 27