Fala da Presidência durante a 11ª Sessão Solene, no Congresso Nacional

Abertura da sessão conjunta do Congresso Nacional destinada a comemorar os 70 anos de vida artística do pintor gaúcho Glênio Bianchetti.

Autor
Cristovam Buarque (PDT - Partido Democrático Trabalhista/DF)
Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Casa
Congresso Nacional
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Abertura da sessão conjunta do Congresso Nacional destinada a comemorar os 70 anos de vida artística do pintor gaúcho Glênio Bianchetti.
Publicação
Publicação no DCN de 07/05/2014 - Página 4
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO, CARREIRA, NATUREZA ARTISTICA, HOMENAGEM POSTUMA, PINTOR, ORIGEM, MUNICIPIO, BAGE (RS), ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), LEITURA, HOMENAGEM, TOMAS BALDUINO, BISPO, ESTADO DE GOIAS (GO), AUTOR, PEDRO TIERRA.

O SR. PRESIDENTE (Cristovam Buarque. Bloco/PDT-DF) - Eu quero convidar o Ministro Ayres Britto, que nos acompanha também nessa solenidade. (Palmas.)

      Pelo protocolo, o Presidente da Mesa inicia a sessão fazendo o seu pronunciamento. Eu vou deixar para fazer o meu pronunciamento no final. Mas usando da prerrogativa de Presidente, eu quero ler um texto. Um texto em homenagem a uma pessoa que Bianchetti gostaria muito de homenagear aqui, que é Dom Tomás Balduíno, que nos deixou faz poucos dias.

      Eu leio uma poesia sobre Dom Tomás Balduíno que me chegou às mãos nesses dias.

      Calou-se a voz de Tomás Balduíno,

     nessa noite de 2 de maio. (Mesmo dia da morte de Paulo Freire)

Uma voz que nunca quis ser sozinha,

sabia, desde os anos de chumbo:

uma voz solitária não suspende a manhã.

Quis ser uma voz entre vozes,

ergueu sua voz dentro do vasto coro dos oprimidos:

os índios, os posseiros, os lavradores,

os retirantes da seca e da cerca

e os que se levantam contra elas,

as mulheres, os negros, os migrantes, os peregrinos

para forçar claridades, para ensinar amanhecer. 

Tomás é palavra.

A palavra que banha como bálsamo.

A palavra que fustiga.

Incendeia.

A palavra que perdoa

mas aponta -- sempre -- o caminho da Justiça.

E o que somos na vida?

Somos os ossos das palavras

que povoam o caminho de pedra ou flores

que sangram os pés dos nossos filhos.

Tomás é sertão.

O sertão e suas armadilhas.

O sertão e suas infinitas contradições.

Tomás é sertão

onde se dobram os ventos de Goiás e Minas,

onde nascem águas

nessa infinita geografia

que alimenta nossas esperanças.

Calou-se a voz de Tomás Balduíno.

Permanecerá sua palavra.

Tomás é sertão:

gesto de fé nessa gente que não se dobra.

      Essa poesia é do nosso companheiro de Mesa, Pedro Tierra. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DCN de 07/05/2014 - Página 4