Discurso durante a 70ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro sobre a visita a diversas cidades nordestinas para acompanhamento das obras de interligação das bacias do Nordeste Setentrional com o rio São Francisco; e outros assuntos.

Autor
Inácio Arruda (PCdoB - Partido Comunista do Brasil/CE)
Nome completo: Inácio Francisco de Assis Nunes Arruda
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM, DISCRIMINAÇÃO RACIAL, POLITICA SOCIAL. IGREJA CATOLICA. ATUAÇÃO PARLAMENTAR, POLITICA DE DESENVOLVIMENTO.:
  • Registro sobre a visita a diversas cidades nordestinas para acompanhamento das obras de interligação das bacias do Nordeste Setentrional com o rio São Francisco; e outros assuntos.
Publicação
Publicação no DSF de 14/05/2014 - Página 162
Assunto
Outros > HOMENAGEM, DISCRIMINAÇÃO RACIAL, POLITICA SOCIAL. IGREJA CATOLICA. ATUAÇÃO PARLAMENTAR, POLITICA DE DESENVOLVIMENTO.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO, ABOLIÇÃO, ESCRAVATURA, LOCAL, BRASIL, COMENTARIO, IMPORTANCIA, POLITICA SOCIAL, RESERVA, VAGA, COTA, UNIVERSIDADE, BENEFICIO, NEGRO.
  • REGISTRO, PARTICIPAÇÃO, FESTA, IGREJA CATOLICA, LOCAL, FORTALEZA (CE), ESTADO DO CEARA (CE).
  • REGISTRO, VISITA, ORADOR, LOCAL, REGIÃO NORDESTE, OBJETIVO, ACOMPANHAMENTO, OBRAS, TRANSPOSIÇÃO, RIO SÃO FRANCISCO, IMPORTANCIA, MELHORIA, INFRAESTRUTURA, CAPTAÇÃO, AGUA, ABASTECIMENTO, INTERIOR, ESTADO DA PARAIBA (PB).

            O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco Apoio Governo/PCdoB - CE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Senadora Lídice da Mata, as minhas primeiras palavras são para registrar esse fato histórico, este dia do nosso País, o Treze de Maio. Ele é fruto de muita luta dos negros, dos abolicionistas, que reagiram à escravidão, lutaram e conquistaram a liberdade, fruto de muita luta.

            Essa luta, evidentemente, teve sequência, porque as mazelas da escravidão, que deixaram sequelas até hoje no nosso País, precisam ser corrigidas. Aos poucos isso vem sendo feito com alguma resistência de setores muito conservadores, que não compreendem o papel importantíssimo das conquistas que temos alcançado com as quotas nas universidades, que agora se estendem para o serviço público. São passos para mitigar o efeito das sequelas deixadas pelo regime brutal de escravidão, promovido pelos senhores de escravos brasileiros.

            Mas é bom que se diga que os escravos eram comercializados em grandes companhias estrangeiras, sob o domínio de ingleses, de franceses, de holandeses, gente muito fina, muito grã-fina, de lordes e senhores, que hoje pousam de defensores dos direitos humanos. Foram eles que fizeram a escravidão. E somos nós que temos que resolver o problema das sequelas, oferecendo o espaço e a oportunidade para corrigir tantos anos de descaso e discriminação.

            Sr. Presidente, também faço o registro de que, exatamente nesta data, na minha cidade de Fortaleza, as ruas estão praticamente ocupadas de milhares de pessoas, que estão também comemorando uma festa católica da Nossa Senhora de Fátima, que é uma santa muito reverenciada no meu Município de Fortaleza. E a população praticamente da cidade inteira participa dessa manifestação, que já é também uma expressão cultural da nossa cidade.

            Então, cumprimento os católicos da minha cidade, da cidade de Fortaleza por essa manifestação sempre pacífica e, muitas vezes, uma manifestação que traduz bandeiras políticas importantes do povo brasileiro, entre elas a luta pela paz entre nós brasileiros frente a um recrudescimento da violência e da criminalidade que assola também o meu Município, o meu Estado e muitas regiões do nosso País.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, cumpri missão oficial externa hoje, com o Senador Vital do Rêgo, que preside uma subcomissão que trata da questão da interligação de bacias do Nordeste Setentrional com o Rio São Francisco. Acompanhamos a Senhora Presidente, juntamente com o Deputado Wilson Santiago Filho e o Deputado Aguinaldo Ribeiro, os dois da Paraíba, e o Deputado Arnon Bezerra, que nos recebeu na cidade de Juazeiro do Norte. Nós fizemos uma visita a três Estados, com a Presidente da República, mais o Ministro da Integração, Francisco Teixeira, e o Ministro da Comunicação. Nós visitamos o Túnel Cuncas II, que fica na cidade de São José de Piranhas, no Estado da Paraíba. Ali fomos recebidos pelo prefeito da cidade e também pelo governador do Estado, o Governador Ricardo Coutinho. Essa obra, que é o Túnel Cuncas II, está concluída.

            É uma importante obra, porque ela recebe águas que vêm do Túnel Cuncas I. Esse Túnel Cuncas II tem quatro quilômetros de extensão completamente em rocha. Ele vai receber as águas que vêm do Túnel Cuncas I, que começa no Município de Mauriti, no Estado do Ceará, até encontrar Cuncas II, já no Município de São José de Piranhas, no Estado da Paraíba.

            Essa obra já pronta é uma parte significativa do Projeto de Integração de Bacias, são os canais que vão integrando as bacias do Nordeste Setentrional. Esse eixo é o Eixo Norte, o eixo que vai abastecer, ou receber, ou oferecer águas ao Estado da Paraíba. Começando pelo Ceará, entra na Paraíba por esses túneis, daí vai ao Rio Grande do Norte. Então, é uma obra de grande fôlego, que está em andamento acelerado.

            São mais de 10 mil trabalhadores entre operários, engenheiros, engenheiras, profissionais que estão trabalhando com a área de paleontologia, arqueologia, que estão tratando de todos os fósseis, tratando de todas as áreas da fauna e da flora da região.

            E também, ao longo dessa obra, você vai ter os trabalhos de mitigação do processo, com a recomposição de mata ciliar tanto do Rio São Francisco como na área dos Eixos Leste e Norte da interligação da bacia, que ficou conhecida no Brasil, por uma espécie de teima negativa, como transposição.

            Da Paraíba, voltamos ao Ceará, para o Município de Jati, onde, acompanhado do Governador do Estado, Cid Gomes, de secretários de Estado, de prefeitos, vereadores, nós fomos até a Barragem de Jati.

            A Barragem de Jati recebe as águas que vêm cortando os sertões de Pernambuco, saindo de Cabrobó, até chegar ali em Jati, no Estado do Ceará. E de Jati em diante, dessa Barragem de Jati, a água vai descer em gravidade. Ao Estado do Ceará inteiro ela vai por gravidade, para a Paraíba vai por gravidade, e segue para o Rio Grande do Norte também no mesmo processo, por gravidade. É um êxito da engenharia do nosso País, uma grande conquista.

            Ali, a Presidente da República fez pronunciamento mostrando o papel e a importância do significado da obra. Tivemos também o depoimento emocionado da Prefeita Neta, da cidade de Jati, que não estava prevista para falar, mas que foi surpreendida pela Presidente da República, que lhe ofereceu a palavra. Ela, muito emocionada, mostrou o significado, a importância e o papel dessa obra, que é a garantia de que você não deixará o Ceará, a Paraíba e, muito menos, o Rio Grande do Norte, que são os trechos que nós visitamos, porque não há água para beber para os seres humanos nem tampouco para os animais.

            Então, eu quero registrar também esse depoimento emocionado, com uma fala muito simples da Prefeita Neta, do Município de Jati, do meu Estado do Ceará. Ali no vertedouro da Barragem de Jati, nós tivemos condições de ver a dimensão e o impacto da obra. São mais de 10 mil trabalhadores nesse instante na obra da interligação de bacias do Rio São Francisco.

            Na sequência dessa solenidade, fomos a Cabrobó, já em Pernambuco, praticamente na fronteira com o Estado da Bahia, onde é feita a captação das águas. Ali fomos recebidos pelo Governador João Lyra, do Estado de Pernambuco, por prefeitos, vereadores e muitos operários que nos acompanharam para fazer uma visita à primeira estação de bombeamento, também outra obra fantástica de engenharia. As bombas, todas elas, de toda área da interligação de bacia, são fabricadas no Brasil pela indústria brasileira; os motores, também todos construídos no Brasil. É um prédio de, mais ou menos, onze andares de altura ou pouco mais que recebe um conjunto de bombas que vai fazer a tomada d’água e levá-la para que possa começar a descer, por gravidade, no Estado de Pernambuco e dar a garantia de que a população de Recife e região metropolitana não terão de fazer racionamento de água para viverem naquela bela região do Nordeste brasileiro, muito menos em Campina Grande nem em João Pessoa. Evidentemente, o mesmo ocorrerá com a região metropolitana de Fortaleza, que hoje tem um pouco mais da metade da população do Estado do Ceará, que está próxima dos nove milhões de habitantes.

            Natal e sua região metropolitana, que também estão em processo de crescimento largo, também têm esta garantia: não precisam deixar sua região para terem a água de beber. E, pelo contrário, aqueles que nos deixaram por essas razões podem voltar para o Nordeste para trabalhar, para viver e para estudar, porque as condições hoje são muito mais dignas do que as que tínhamos há dez, quinze anos em nosso País.

            Então, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu não poderia deixar de fazer este registro, mostrando o papel, o significado dessa obra extraordinária de interligação de bacias. Isso mostra a importância e a necessidade de planejar, de fazer bons projetos e de executá-los a tempo e a hora.

            É evidente que essa obra está muito atrasada no tempo, na história do nosso País. Ela já foi pensada no século XIX, mas só começou a ser construída por um operário metalúrgico, torneiro mecânico e retirante nordestino. Talvez não fosse isso, e esse sentimento novo que temos no Brasil de planejar, projetar, executar é importante para os interesses não só econômicos, mas, sobretudo, para os interesses sociais do nosso País, que é atender à população brasileira.

            Alguns repórteres indagaram os presentes ali sobre a situação crítica no Estado de São Paulo, e, hoje, ouvi pronunciamento aqui do Senador Suplicy, mostrando a situação gravíssima do Estado de São Paulo. E ouvi do nosso Ministro da Integração, um homem ligado à questão hídrica, já há muitos anos, no nosso Estado, no Ceará, e em muitos empreendimentos fora do nosso Estado, que a situação é crítica no Estado de São Paulo há mais de 15 anos. São os técnicos do Estado de São Paulo que advertiam o Governo do Estado de que a cidade poderia entrar em colapso de abastecimento. Então, chegamos a uma situação grave como essa. É preciso, talvez, olhar para a realidade nordestina. Nós, que temos tantos períodos largos de estiagem, buscamos planejar, especialmente no meu Estado do Ceará, para que possamos conviver adequadamente com a estiagem, porque é um fenômeno comum na nossa região.

            Então, Sr. Presidente, faço este registro porque considero muito importante essa obra que visitamos no Estado do Ceará, no Estado da Paraíba e também no Estado de Pernambuco. Daqui a pouco, a água do Rio São Francisco não correrá somente para o mar; ela vai banhar também os sertões do Ceará.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/05/2014 - Página 162