Discurso durante a 86ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Apoio à realização da Copa do Mundo no Brasil, destacando os investimentos e benefícios proporcionados pelo evento.

Autor
Inácio Arruda (PCdoB - Partido Comunista do Brasil/CE)
Nome completo: Inácio Francisco de Assis Nunes Arruda
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESPORTE, POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • Apoio à realização da Copa do Mundo no Brasil, destacando os investimentos e benefícios proporcionados pelo evento.
Publicação
Publicação no DSF de 03/06/2014 - Página 205
Assunto
Outros > ESPORTE, POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • APOIO, REALIZAÇÃO, CAMPEONATO MUNDIAL, FUTEBOL, LOCAL, BRASIL, COMENTARIO, INVESTIMENTO, OBRAS, INFRAESTRUTURA, TRANSPORTE COLETIVO, AEROPORTO, BENEFICIO, POPULAÇÃO, PAIS.

            O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco Apoio Governo/PCdoB - CE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Senador Anibal, Senador Walter Pinheiro, Paim, nossos companheiros do Aerus, grande luta e resistência brava no Brasil inteiro, uma luta a que nós temos a obrigação de estar aqui prestando nosso apoio. O Paim é o nosso comandante nessa questão, e nós temos sempre respaldado a sua posição porque é a mais justa e correta nessa luta.

            Hoje, tivemos há pouco uma cerimônia muito importante no Palácio do Planalto. A Presidente da República recebeu a taça da competição esportiva mais importante do mundo, que é o Campeonato Mundial de Futebol organizado pela FIFA - uma cerimônia breve mas cheia de significados. E é muito importante que a gente trate desta questão.

            O Jornalista Nelson Rodrigues escreveu um texto espetacular. Aliás, uma coletânea de textos de Nelson Rodrigues recebeu o título de "A Pátria de Chuteiras". Ali, ele vai descrevendo o que são verdadeiros embates da política travados no campo de futebol. E travados no campo de futebol por quê? Porque o Brasil, reconhecido como um país amante do futebol, para desenvolvê-lo, sempre buscou não só ampliar esse espaço do futebol, no meio do povo, que o tomou como questão muito importante, sendo a atividade esportiva mais ligada ao sentimento de país, de Brasil.

            Outros países têm outras modalidades esportivas, que eles abraçam quase como sendo suas exclusivamente, e alguns setores brasileiros, inclusive, admiram: tal país, tal esporte é o esporte deles, eles adoram aquilo, eles se bastam com aquilo, mas, quando chega no futebol, o futebol é essa paixão nossa também, paixão dos brasileiros, deste país continental, gigantesco, um país em que ainda há muita coisa para ser feita.

            A luta das conquistas na área esportiva vai ganhando, digamos assim, caminhos e contornos parecidos com a luta que o País desenvolve para também ascender do ponto de vista econômico, melhorar a qualidade de vida do povo, ter um desenvolvimento capaz de oferecer mais qualidade de vida ao povo brasileiro.

            Ora, ocorre que tantos jogadores de futebol, mesmo os que atuam nos campos estrangeiros, são oriundos das camadas mais sofridas do povo, alguns vieram dos morros, das favelas, buscando, no futebol e no esporte, o seu lugar, o seu espaço, para ascender, inclusive socialmente. Tem sido assim o nosso futebol, e tem sido essa a luta do povo brasileiro em relação ao projeto de desenvolvimento da nossa Pátria.

            Hoje, pela manhã - começamos às 11 da manhã -, houve uma homenagem a duas figuras extraordinárias, dois nordestinos, mas pensadores do Brasil: Rômulo de Almeida e Ignácio Rangel. Eles pensavam o nosso País, eles pensavam o nosso desenvolvimento e, ao pensar o projeto de nação, eles levaram o nosso governo à época a construir instrumentos de intervenção econômica capazes de ajudar o País inteiro no seu desenvolvimento.

            É do pensamento deles a criação do BNDE; a criação do Banco do Nordeste; a criação da Sudene; do Etene, que foi para dentro do Banco do Nordeste; a Eletrobrás é cria deles; a Capes é cria deles; o CNPq é cria deles. São instrumentos de intervenção do Estado brasileiro que deram força à constituição de um aparato econômico capaz de responder às necessidades do processo de industrialização do nosso País.

            Mexeram com o conhecimento, porque Capes e CNPq eram exatamente essa busca. A Capes nasceu antes, como instrumento de formação, de preparação de mestres, doutores e pesquisadores brasileiros, e o CNPq veio depois, sendo também um instrumento de fortalecimento da pesquisa em nosso País. Eu faço esse paralelo de buscar juntar essa causa nacional, de ter o progresso, de ter o desenvolvimento, também com a luta do Brasil de trazer para si grandes competições internacionais.

            Eu assisti às manifestações populares: muitas bandeiras corretíssimas, justas, como o problema da mobilidade urbana em nosso País. É claro, corretíssimo o povo levantar a sua voz em relação à tarifa de transporte público, ao preço das passagens, ao metrô, ao ônibus. Tudo isso está corretíssimo, mas, de repente, criou-se a ideia de que a luta e a conquista brasileira para fazer o torneio mundial de futebol e fazer as Olimpíadas tinham uma contradição frontal com aquilo que ainda falta fazer em nosso País.

            E ainda falta muita coisa para ser feita - é verdade -, mas o fato é que estão sendo feitas muitas coisas no Brasil. E as coisas que estão sendo feitas, uma parte delas tem ajudado a elevar a renda do povo, e talvez essa seja a contradição maior: elevar a renda do povo mais simples, elevar a renda do assalariado, elevar a renda daquele que ganha o salário mínimo, melhorar o salário mínimo.

            Veja, agora, a cantilena do combate ao salário mínimo dizendo que o este está causando déficit público porque aumenta os gastos da Previdência Social, porque, ao ter aumento real, também aumenta o valor da aposentadoria daqueles que ganham o salário mínimo, como aposentados. Então, vamos fazer esse paralelo. O nosso projeto de desenvolvimento está colado também com a ideia de nós trazermos para o nosso País grandes eventos.

            Eu assisto a algumas manifestações em relação à Copa do Mundo. Não vi nenhuma em relação ao Rock in Rio ou aos Rock in Rio que passaram por aí. Uma grande manifestação musical, grande parte estrangeira, um grande investimento, e é importante que venha para o Brasil e seja feito no Brasil. Fecham quase que bairros inteiros para realizar aquele evento musical, que considero importante e acho bom que aconteça no Brasil, mas ninguém se manifestou, ninguém disse nada.

            Agora, em relação à Copa do Mundo, tem uma questão que está ligada a ela: é que, ao patrocinar a vinda da Copa do Mundo, o Governo buscou acelerar investimentos importantes na área da mobilidade, permitiu que obras que poderiam levar décadas para serem realizadas fossem realizadas num tempo mais curto. Criaram-se as condições, os meios, os recursos, mobilizaram-se grandes empresas, médias e pequenas para que todos pudessem se envolver na garantia de que nós poderíamos fazer obras importantes num prazo mais curto de tempo e usar, então, o instrumento Copa do Mundo para melhorar a mobilidade em nosso País.

            Isto é certo, isto está correto e é importante que aconteça, porque é aqui que nós temos um problema central: nós estamos utilizando esse instrumento Copa do Mundo como um fator de mobilização de outros setores que precisam de resposta mais rápida do Estado brasileiro.

            O meu Estado do Ceará ganhou um VLT que passa longe do estádio de futebol e que é muito importante para a mobilidade do povo de Fortaleza e da região metropolitana. Nós estamos ganhando mais uma linha de metrô de 12km. Só o investimento na linha de metrô de 12km é de R$3,34 bilhões! São R$3,34 bilhões na nova linha de metrô de Fortaleza, muito importante para a vida dos trabalhadores, para os que se locomovem da sua casa ao local de trabalho.

            Nós estamos recebendo essa linha com uma intervenção do Governo Federal que garante praticamente dois terços dos recursos destinados à construção dessa linha de metrô, com a devida contrapartida do nosso Estado, o Estado do Ceará. Ora, isso é muito importante para nós. No Ceará, é muito importante ter essa linha de metrô.

            Também estamos recebendo um terminal de transporte de passageiros no Porto do Mucuripe. E, embora a empresa que recebeu a obra do aeroporto tenha praticamente abandonado a obra, nós vamos ganhar também a ampliação do aeroporto de Fortaleza, que vai se acelerando. Isso tem acontecido com Brasília, com o Rio de Janeiro, com o Estado de Minas Gerais, com São Paulo.

            Teremos ampliadas as áreas importantes para o povo, porque é o povo que está usando o aeroporto. É o povo da rodoviária que passou a ter a oportunidade de chegar ao aeroporto e de sair de São Paulo para visitar os seus parentes em Fortaleza e tomar uma cervejinha, que o Anibal falou aqui há pouco, à beira-mar na cidade de Fortaleza; ou de sair de Fortaleza e visitar seus filhos, pois muitos correram para São Paulo para sobreviver na época em que aquele era o único local em que havia emprego no nosso País.

            Hoje, nós espalhamos essa geração de empregos pelo Brasil. Há uma situação nova no nosso País, querendo ou não, gostando ou não. Gostando ou não gostando de Lula, gostando ou não gostando de Dilma, são esses dois, Lula e Dilma, que buscaram soerguer a economia brasileira e colocaram o Brasil em um novo patamar.

            Dizia-nos, há pouco, Anibal sobre a expansão da rede federal de educação pública superior. Havia uma universidade federal, e agora são três federais no Estado do Ceará. Havia uma única estrutura do que é hoje o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, onde estudei, na cidade de Fortaleza. Hoje, nós estamos em 26 Municípios e vamos chegar, até o final deste ano, em 33 Municípios no Estado do Ceará com campi do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, uma coisa espetacular, no interior do nosso Estado, o Estado do Ceará.

            Na sexta-feira passada, foi inaugurada a 102ª escola técnica estadual. Há oito anos não havia nenhuma escola técnica estadual no Ceará; agora, nós inauguramos a 102ª escola técnica na cidade de Araripe, que vai, digamos assim, recepcionar os estudantes de Araripe e de Potengi, uma cidade com aproximadamente 22, 23 mil habitantes, e a outra com 10, 11 mil habitantes; juntas recebem uma escola técnica, que era um verdadeiro sonho para aquela região, que foi agora consagrado com a inauguração da escola técnica da cidade de Araripe, diga-se de passagem, terra onde nasceu Miguel Arraes, recebeu essa nova escola técnica estadual, feita pelo Estado do Ceará em parceria com o Governo Federal.

            Então, acho que talvez o que está incomodando mais é exatamente isto: é saber que o nosso País encontrou uma vereda que vai se alargando com mais força de desenvolvimento, que vai abrindo mais espaço para o crescimento econômico com distribuição de riqueza, de que o salário mínimo vai ter aumentos reais de forma mais sistemática.

            Há pouco, perguntei ao Senador Paim, que é Relator de um projeto de recuperação do salário mínimo, se nós tínhamos condições de votar ainda neste mês. E o Paim, como Relator, disse que, na quarta-feira, vai estar pronto para ser votado na Comissão de Assuntos Econômicos o projeto de lei que garante que a política de aumentos reais de salário mínimo vai até o ano de 2019, recuperação permanente, melhorando um pouco mais.

            Agora há pouco, votamos a questão da regulamentação da atividade das empregadas domésticas e vamos regulamentá-la aqui, no plenário do Senado e da Câmara Federal, para virar essa página quase de escravidão que ainda se mantinha no nosso País. São essas conquistas novas do povo brasileiro, porque é uma forma de distribuir a riqueza, de distribuir a renda, é garantir escola melhor, de mais qualidade.

            Falta muito para fazer? Claro! Ainda é pequeno o salário dos professores. O piso salarial ainda é baixo. Talvez tivéssemos que colocar uma meta. Assim como colocamos meta de inflação, deveríamos colocar uma meta.

            Aliás, há uma certa turma que adora fazer chantagem com a inflação. Dizem: “A inflação vai voltar, a inflação vai voltar. Não faça isso. Não faça aquilo. Cuidado com a inflação!”, para tentar criar um terror no meio do povo. Mas deixemos a inflação de lado e vamos apostar numa recuperação mais forte do salário, do piso salarial dos professores no nosso País.

            Por que não colocar uma meta? Quem sabe uma meta de dobrar esse piso salarial, com uma presença mais forte do Governo Federal. A maneira mais adequada de federalizar a educação infantil e o ensino fundamental no nosso País é haver uma injeção mais forte de recursos do Governo Federal que garanta duplicar o piso de salário daqueles que têm a responsabilidade de ensinar as crianças brasileiras para que elas possam sustentar, de forma consequente, o projeto que está em curso de desenvolvimento do nosso País.

            Temos problemas? É claro que temos problemas, mas nós avançamos e não podemos dar passos para trás. Devemos ir adiante. E ir adiante no nosso País é ampliar as conquistas que alcançamos com Lula e com o primeiro Governo de Dilma. Ir adiante é fazer com que esse projeto seja vitorioso agora, no mês de outubro, reelegendo a Presidente Dilma Rousseff para mais um mandato a fim de fazer avançar ainda mais o processo que se iniciou com o Presidente Lula e que teve continuidade com a Presidente Dilma Rousseff.

            Acho que essa é a forma mais ousada, é a forma mais certeira de dar continuidade às conquistas importantes que nós alcançamos e ampliá-las, porque é isso que nós desejamos. E, além de ampliar as conquistas em nosso País, reafirmar com força a integração sul-americana, porque esse é o espaço mais privilegiado que nós temos para fazer desenvolver o nosso País e a nossa região.

            Por isso, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero me congratular com a nossa Presidente e com o Ministro Aldo Rebelo pela tranquilidade com que têm enfrentado os problemas. São assim mesmo. Quando abrimos vias novas, quando topamos reformar o que está estragado no nosso País, recuperar aquilo que foi deixado para trás e que nós precisamos retomar, com muita força, em nossas mãos, isso significa oferecer...

(Soa a campainha.)

            O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco Apoio Governo/PCdoB - CE) - ... mais infraestrutura, ampliar a logística do nosso País. Tudo isso está se abrindo como um caminho novo para a nossa Pátria, para a nossa Nação. Tudo isso também causa incômodos, recebe oposição daqueles que queriam sempre os privilégios só para meia dúzia, queriam os aeroportos só para meia dúzia, os portos só para meia dúzia, as vantagens, as benesses e as conquistas daquele que hoje precisa ter uma geladeira, um fogão, uma máquina de lavar, uma televisão.

            E o povo não tem direito a isso? Claro que tem. Não se incomodem com isso. Por favor, deixem que o povo amplie suas conquistas, porque isso fortalece o Brasil e, evidentemente, até os setores que se opuseram à política desenvolvida por Lula e Dilma.

            Há mudanças a serem feitas? Sim, Sr. Presidente, claro, graves e grandes mudanças.

(Soa a campainha.)

            O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco Apoio Governo/PCdoB - CE) - Não vi nenhuma grande faixa dizendo “queda aos juros”, que é o instrumento, ainda, que vai impedindo que o Brasil dê um salto mais vigoroso no seu desenvolvimento. É o preço que pagamos pelo dinheiro no Brasil. São mais de 250 bilhões por ano, que estamos pagando assim, em moeda corrente no dia. Duzentos e cinquenta bilhões por ano à banca, só de juros.

            Os títulos do Governo continuam sendo os que mais atraem. Então, é preciso alterar essa política, sim. É preciso mexer nessa política, sim. E precisa-se de uma forte coalizão corajosa, para respaldar governos que tenham esse compromisso. E digo: dos candidatos que estão na disputa hoje...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

            O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco Apoio Governo/PCdoB - CE) - ... o que tem mais compromisso com esse caminho é a (Fora do microfone.) Presidente Dilma Rousseff.

            Por isso, Sr. Presidente, que nós colocamos na mesa, para a Presidente, as reformas que consideramos - o nosso Partido - as mais importantes. E, entre elas, está a batalha para que possa haver juros decentes, juros que não sejam essa imoralidade que ainda se mantém no Brasil. Esses são os verdadeiros escândalos. Eles são essa farra de ganhos fáceis com o dinheiro brasileiro, através dos títulos que o Governo banca, paga e se obriga a garantir. É aí que está o nosso problema e temos de enfrentá-lo.

            Por isso, Sr. Presidente, quero reafirmar o nosso apoio à Copa no Brasil. Vai haver Copa. E vai ser uma Copa bonita. Vai ser uma Copa participativa.

            O povo, na minha cidade, está enfeitando as ruas de verde e amarelo, por todo lugar; está colocando a bandeira no carro, está colocando a bandeira no peito.

(Soa a campainha.)

            O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco Apoio Governo/PCdoB - CE) - Está dizendo: “A Copa é no Brasil”. E nós já ganhamos! Não o “caneco” da Copa, não o campeonato, mas nós ganhamos em investimentos que têm ajudado a economia brasileira a crescer um pouco mais. Isso já é uma grande conquista e uma grande vitória que nós vamos fazer, quem sabe, ainda maior conquistando também o “caneco” de ouro para o Brasil.

            Um abraço. Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/06/2014 - Página 205