O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco Apoio Governo/PDT - DF. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Presidente. Não seja demasiado tolerante no tempo, porque, quando a gente fala muito, termina repetindo demais.

            Sr. Presidente, eu gostaria, aliás, de repetir não esse mesmo discurso, mas esse mesmo tema. O tema, Senador, de como escolher o melhor candidato a Presidente do Brasil nas eleições de outubro. Estão tão parecidos - salvo o passado de cada um - nas concepções, nas propostas que entregaram ao TSE, que a gente precisa pensar como é que vai escolher.

            Eu acho que uma das coisas que eu mais vou procurar num candidato é que ele venha e diga, com clareza, como vai barrar, Senador Diniz, as perdas que este País tem todos os dias, por omissões nossas, daqui, e do Governo Federal também.

            Nós temos, por exemplo, uma perda vergonhosa, trágica, de 2,060 milhões de crianças que nascem neste País, todos os anos, e que não vão ser aproveitadas por falta de uma educação de qualidade. É uma perda que alguém tem que dizer que vai barrar, que vai parar a perda de cérebros que este País tem, vai parar de incinerar os cérebros dos brasileiros! É uma perda. Raramente a gente se lembra que a não educação é uma perda. A gente esquece isso. A gente vê a educação como fato em si, não vê como fato contra si, sem si, sem sua existência.

            Nós temos perdas trágicas. Das duas milhões de crianças que nascerão este ano, no máximo 500 mil terão educação razoável. Um milhão e meio nós vamos perder para a economia do conhecimento do mundo moderno.

            Temos uma perda de duas a três horas por dia em engarrafamento de trânsito ou em espera para tomar o ônibus. Qual é o candidato que vai propor, vai dizer como este País vai parar essa perda? Parar, estancar essa hemorragia de vida que é passar duas ou três horas por dia prisioneiro do trânsito?! Quero saber qual é o candidato que vai dizer que vai parar essa perda brutal da sociedade brasileira.

            Qual é o candidato que vai falar que vai parar a perda da violência, da violência que mata por homicídio 54 mil brasileiros por ano, mais do que qualquer guerra contemporânea? A quantidade total de norte-americanos mortos na Guerra do Vietnã, ao longo de mais de dez anos, a gente mata por ano! Essa é uma perda. Não é apenas um sofrimento para a família, é uma perda para o País. Qual é o candidato a Presidente que vai dizer: eu vou parar essa perda, eu vou estancar essa hemorragia de seres humanos brasileiros que são destruídos por uma violência que poderia, sim, ser evitada?

            E a outra violência: a violência do trânsito. São 50 mil mortos. Gente, 50 mil mortos por ano! Cinquenta mil mortos não é uma coisinha qualquer! Se cai um avião com 250 mil pessoas, é claro, é óbvio, é certo que seja um grande escândalo. Mas, no Brasil, estamos perdendo 100 mil pessoas por ano.

(Soa a campainha.)

            O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco Apoio Governo/PDT - DF) - Dividam por 250 e vejam quantos Boeings estão caindo todos os dias, e a gente não faz o dever de casa para evitar isso! Se cair um só, um só Boeing, nós nos mobilizamos para consertar o aeroporto, para mudar as tripulações, para fazer mais fortes as regras que administram o sistema de transporte aéreo. Mas 50 mil morrem no trânsito na terra, e nenhum candidato a Presidente está dizendo como vai parar essa perda.

            Quem é que vai dizer como vai parar a perda da corrupção? Dos bilhões, centenas de bilhões de reais que saem, se esvaem, caem no esgoto e no bolso dos corruptos? Quem é que vai dizer como vai parar essa perda que temos?

            E a perda decorrente da falta de investimento na saúde preventiva? O Governo da Presidenta Dilma fez um grande projeto, que é o Mais Médicos.

(Soa a campainha.)

            O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco Apoio Governo/PDT - DF) - Não há dúvida de que é um grande projeto. Mas 60% da população continua sem água e sem esgoto. E, sem esgoto, a gente vai precisar botar muito, mas muito, mas muito mais médicos que não seriam necessários, se as pessoas não pisassem na sujeira, se não houvesse esgoto aberto. Essa é uma perda, perda de dias de trabalho, perda de dias de escola, perda de saúde. Qual é o candidato que está falando que vai parar essa perda brutal?

            E a perda do meio ambiente? Qual é o candidato que vai dizer “eu vou parar a perda de recursos naturais que o Brasil vem, há cinco séculos, sofrendo, parar a perda das florestas, a perda das águas que estão podres, por falta de cuidados como a gente deveria”?

            Eu, Sr. Presidente, vou me limitar no tempo, porque vou repetir muito isso. Eu quero um candidato que me traga duas coisas: vai parar a perda e vai melhorar a qualidade de vida. Só isso, só isso. Como fazer isso é uma série de medidas que precisam ser tomadas, que podemos discutir. Mas eu quero a concepção, a filosofia, a base, o propósito desses candidatos. Duas coisas: parar as perdas e melhorar a qualidade de vida.

            Nessa semana, tivemos uma perda que nos despertou: tivemos 7x1 da Alemanha contra nós. Essa é uma perda circunstancial, efêmera.

(Soa a campainha.)

            O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco Apoio Governo/PDT - DF) - Essa é uma perda que passa. As outras perdas é que mexem na qualidade de vida do povo brasileiro. E eu não vi ainda nenhum dos candidatos dizendo, com clareza, o que vai fazer para parar as perdas e melhorar a qualidade de vida no Brasil.

            É isso, Sr. Presidente.