Pronunciamento de Cyro Miranda em 20/08/2014
Comunicação inadiável durante a 122ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Exaltação da trajetória política do ex-Governador de Pernambuco e candidato à Presidência da República Eduardo Campos e manifestação de pesar pelo seu falecimento.
- Autor
- Cyro Miranda (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/GO)
- Nome completo: Cyro Miranda Gifford Júnior
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Comunicação inadiável
- Resumo por assunto
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HOMENAGEM, POLITICA NACIONAL.:
- Exaltação da trajetória política do ex-Governador de Pernambuco e candidato à Presidência da República Eduardo Campos e manifestação de pesar pelo seu falecimento.
- Publicação
- Publicação no DSF de 21/08/2014 - Página 15
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM, POLITICA NACIONAL.
- Indexação
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- HOMENAGEM POSTUMA, EDUARDO CAMPOS, EX GOVERNADOR, ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), CANDIDATO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, COMENTARIO, ATUAÇÃO, POLITICA, ELOGIO, VIDA PUBLICA.
O SR. CYRO MIRANDA (Bloco Minoria/PSDB - GO. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Senador Presidente desta sessão, Jorge Viana, Srªs e Srs. Senadores, TV Senado, Rádio, Jornal e Agência Senado, senhoras e senhores, falo hoje em nome do meu Partido, o PSDB.
A ordem natural da vida ensina-nos que os mais velhos costumam partir para a grande jornada antes dos mais jovens. A morte de Eduardo Campos altera essa ordem e, além da comoção nacional, deixa um sentimento de frustração para todos os que se preocupam com os destinos do Brasil.
Independentemente da coloração ou ideologia partidária, quem se preocupa com a construção de um país mais justo e com oportunidades para todos não pode ignorar as propostas desse pernambucano nascido em 10 de agosto de 1965.
Eduardo Henrique Accioly Campos lança-se à política ainda na universidade, quando foi eleito Presidente do Diretório Acadêmico da Faculdade de Economia.
Em 1986, abre mão de fazer de mestrado nos Estados Unidos para se engajar na campanha de seu avô, Miguel Arraes, a governador de Pernambuco. Eduardo Campos já mostrava então que as causas coletivas precisavam estar acima das prioridades individuais.
Com a eleição de Arraes, em 1987, Eduardo Campos torna-se o principal responsável pela Secretaria de Ciência e Tecnologia do Nordeste e pela Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco.
A política, como qualquer outro ramo do conhecimento ou uma empresa, precisa reoxigenar-se para fazer frente às novas demandas da sociedade. Reinventar de forma permanente é o mais importante pilar da democracia como instrumento de cidadania. Esse é o papel das novas gerações que chegam ao poder, esse era o papel de Eduardo Campos, chamado para si no plano não só da retórica, mas também das ações do Governo.
Campos tinha convicção sobre suas propostas, tanto que, na eleição de 2006 para o Governo de Pernambuco, vira o jogo: sai da terceira posição, chega ao segundo turno e se elege com 60% dos votos.
Na eleição de 2010, Eduardo consegue um triunfo alcançado por poucos governantes: é reeleito para um segundo mandato no primeiro turno, com 80% dos votos.
Esse valoroso político do PSB não fugia ao debate de qualquer tema, mesmo os mais polêmicos. Era favorável à expansão do Programa Bolsa Família para alcançar 15 milhões de pessoas não beneficiadas. Entendia a necessidade de um Estado mais enxuto e mais ágil para atender às demandas da sociedade.
Eduardo Campos, ao lado de Aécio Neves, Antônio Carlos Magalhães Neto e Beto Richa, entre outros expoentes da nova geração, trazia consigo a política nas veias. Nasceu e cresceu em meio às grandes transformações que marcaram o Brasil desde a ditadura até a redemocratização, simbolizada pela promulgação da Carta de 1988. Como neto de Miguel Arraes, um dos poucos governadores que tiveram a coragem de resistir ao Golpe Militar de 64, sabia como era fundamental a luta por um Brasil mais cidadão.
Para Campos, o Estado precisava de serviços públicos de qualidade e administração compatível com o atual desenvolvimento da sociedade e do mercado. A prosperidade do Brasil precisava ser construída por um Estado moderno, voltado à gestão de resultados, sem intervencionismos equivocados e preocupado em estimular o empreendedorismo como mola propulsora do progresso e do desenvolvimento.
Nesse contexto, Eduardo Campos estava preparado para ser um candidato, pois já havia demonstrado ser um bom gestor. Para desejar ser Presidente da República, o candidato necessita ter experiência, assim como ter sido testado em um cargo no Executivo.
Quando um país perde um jovem político tão promissor como Eduardo Campos, perde também uma voz altiva em favor de propostas alternativas e inovadoras, fundamentais para o debate político. Quem deseja estabelecer os caminhos para o desenvolvimento sustentável do Brasil sabe que a democracia se constrói e se consolida pelo confronto de propostas, e não pela monotonia do consenso.
Como o próprio Eduardo costumava dizer, aspas: "O Brasil não começou ontem. Não começou com o partido A, B ou C". Essa é uma lição que precisa ser aprendida por todos, porque não se pode querer iludir o eleitor com a ideia de que nada foi feito antes deste ou daquele governante. A história se constrói com sucessivos episódios e decisões tomadas em conjunturas que fazem cada governo acertar e errar. Mas o mais importante é que o governante não perca a capacidade de fazer autocrítica e procurar os caminhos melhores para o Brasil. Como bem dizia Eduardo Campos: “Dá para ser melhor”. “E não é uma ofensa para quem está no governo alguém dizer que dá para ser melhor”.
Querer mais e o melhor para o Brasil, Srªs e Srs. Senadores, deve ser o desejo de todos os políticos compromissados com o progresso no mais amplo sentido. Querer mais é acreditar que sempre poderemos aperfeiçoar o que já é bom e reconstruir o que não funciona ou é inoperante.
É lamentável que a vida de Eduardo tenha sido ceifada tão prematuramente, sem que todos os brasileiros tivessem desfrutado da oportunidade de ouvir-lhe as propostas.
Campos sonhava com um Brasil mais justo, onde fosse dado a cada brasileiro o direito de se desenvolver intelectualmente como indivíduo e cidadão. Mas não pôde sequer usufruir do horário eleitoral.
O Brasil perdeu um político nobre nos propósitos, que foi aclamado pelo povo pernambucano exatamente pelas concepções inovadoras de governo. O Brasil despediu-se de um expoente da nova geração de gestores públicos com compromissos em favor do desenvolvimento e do progresso. Mas as ideias fincadas em nome dos grandes propósitos são perenes; permanecem como legado para as futuras gerações.
Eduardo Campos continuará entre nós como símbolo de uma geração de políticos que desejam sintonizar cada vez mais as ações do Estado com os anseios e as demandas do cidadão.
Muito obrigado, Sr. Presidente.