Discurso durante a 189ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Discurso de despedida do Senado Federal.

Autor
Anibal Diniz (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
Nome completo: Anibal Diniz
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATIVIDADE POLITICA:
  • Discurso de despedida do Senado Federal.
Aparteantes
Ana Rita, Antonio Aureliano, Jorge Viana, Ruben Figueiró.
Publicação
Publicação no DSF de 19/12/2014 - Página 810
Assunto
Outros > ATIVIDADE POLITICA
Indexação
  • DESPEDIDA, MANDATO PARLAMENTAR, AGRADECIMENTO, FAMILIA, MEMBROS, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), ESTADO DO ACRE (AC), JORGE VIANA, SENADOR, TIÃO VIANA, GOVERNADOR, COMENTARIO, VIDA PUBLICA, ORADOR, ATUAÇÃO, EMENDA CONSTITUCIONAL, BENEFICIO, CIENCIA E TECNOLOGIA, BRASIL, DIREITOS, MULHER, PARTICIPAÇÃO, POLITICA, REGISTRO, MELHORIA, INCLUSÃO SOCIAL, AMBITO, EDUCAÇÃO, TRABALHO, MOTIVO, GESTÃO, GOVERNO FEDERAL, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, DILMA ROUSSEFF, ELOGIO, SERVIDOR, SENADO.

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco Apoio Governo/PT - AC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente...

            O Sr. Ruben Figueiró (Bloco Minoria/PSDB - MS) - Senador Anibal Diniz, permita-me...

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Senador Ruben Figueiró.

            O Sr. Ruben Figueiró (Bloco Minoria/PSDB - MS) - Eu tenho que me retirar, mas não poderia deixar de cumprimentá-lo também, V. Exª que, como eu, deixará o mandato dentro de alguns dias. Tenho muito respeito por V. Exª e pelo Estado que representa. Tive oportunidade de visitá-lo há alguns anos e vi a pujança daquele Estado, que se desponta hoje como um dos mais importantes da região extremo-oeste do nosso País. Minhas homenagens a V. Exª e que V. Exª continue jovem como é o Senador Mozarildo e que volte a servir ao seu Estado, pois, um dia, quero assistir da televisão às suas magníficas intervenções da tribuna em favor do Brasil e do seu Estado do Acre. Permita que eu me retire, com as minhas homenagens e um feliz Natal a V. Exª e a todos aqui, com o meu respeito e a minha profunda admiração! Muito obrigado.

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco Apoio Governo/PT - AC.) - Muito obrigado, Senador Ruben Figueiró, pela gentileza de V. Exª, pelo carinho com que V. Exª sempre nos tratou nesta Casa. É uma honra ter servido aqui, no Senado Federal, entre tantas pessoas interessantes, entre elas V. Exª, que me honrou muito estarmos juntos, debatendo temas e tratando de assuntos atinentes ao nosso querido Brasil.

            Sr. Presidente, Srs. Senadores, telespectadores da TV Senado, ouvintes da Rádio Senado, fiz aqui algumas anotações para uma despedida, mas tenho a impressão de que vou ter que seguir no improviso, vou ter que abandonar o texto, porque acho que o momento não é um momento de prestação de contas numérica ou de me ater a certos dados que estão contidos no decorrer desses quatro anos de trabalho, que nós procuramos executar da melhor maneira aqui, no Senado Federal.

            Acho que o primeiro momento é um momento de agradecimento: eu faço um agradecimento a Deus, porque eu sou uma pessoa de fé e sei que tudo que Deus faz na vida da gente é benfeito. A Bíblia diz que não cai um fio de cabelo da nossa cabeça sem a permissão de Deus. Portanto, eu, como uma pessoa de fé, sei que tudo na minha vida aconteceu no momento certo.

            Eu sou muito feliz por tudo o que me aconteceu até aqui, muito agradecido, porque também na Bíblia é dito que em tudo devemos dar graças. Devemos dar graças a Deus pelas nossas conquistas e também dar graças a Deus nos momentos de dificuldade, quando a gente encontra forças para resistir. Esse é o sentido do “em tudo dai graças!”, e eu tenho mantido essa prática. E, mesmo quando me deparo com uma situação difícil, eu me levanto e digo: “Graças a Deus!”, porque eu sei que, se estou passando por algo difícil, mais adiante teremos algo a comemorar.

            E devo dizer que fico muito feliz por ter tido a oportunidade de viver quatro anos como Senador da República Federativa do Brasil, aqui, na Casa do equilíbrio da Federação; ter podido participar dos debates de assuntos relevantes com as pessoas mais preparadas da política brasileira, porque, indiscutivelmente, esta é a Casa em que estão os mais preparados políticos, os Líderes com a maior soma de votos do Brasil, porque, em se tratando de uma Casa de mandatos majoritários, todos os que servem nesta Casa tiveram a maioria dos votos do seu Estado. E eu sou muito feliz, porque fui guindado à condição de Senador da República por força da minha história. Nunca pedi um voto pessoal nem para ser suplente, houve sempre quem tivesse feito essa defesa do meu nome e, no dia em que participei da reunião da Frente Popular, na condição de suplente, de candidato a suplente do então Senador Tião Viana, eu fui à reunião apenas para agradecer a decisão unânime pelo meu nome naquele momento.

            Então, cheguei ao Senado Federal sem ter precisado pedir um voto e exatamente por reconhecimento da minha história, porque eu sou um militante de base do Partido dos Trabalhadores. Aliás, sou um dos poucos que, na condição de militante, acaba ocupando um mandato. Não tive mandato anterior nenhum, nem de Vereador, nem de Deputado, apenas tive a minha militância e atuei nos nossos Governos: da Prefeitura de Rio Branco, de 1993 a 1996, com o então Prefeito Jorge Viana; depois nos governos de 1999 a 2010, dois governos consecutivos do então Governador Jorge Viana e um governo do Governador Binho; e depois vim para o Senado. E tive a minha vida profissional como jornalista. Sempre atuei e, exatamente por isso, ocupei a área de comunicação dos governos que nós conquistamos no Acre.

            Nesses agradecimentos todos que faço, quero agradecer muito aos meus familiares, aos meus irmãos. Gostaria de agradecer aos meus pais, que não acompanharam em vida essa minha chegada ao Senado Federal. Sei que eles ficariam muito orgulhosos, minha mãe, meu pai, mas eles faleceram antes de eu chegar a essa condição.

            Meus irmãos acompanham essa minha história. Tenho vários sobrinhos e as minhas filhas, a Ana Beatriz e a Janaína, e a minha esposa Elisângela, que compartilham comigo todos os momentos. Então, eu também faço um agradecimento especial a essas pessoas, porque são elas que verdadeiramente seguram o rojão, são as pessoas que dão o suporte para enfrentarmos os momentos mais difíceis e são as pessoas que, todas as vezes quando tendemos a nos desesperar com alguma situação, elas também contribuem par falar: “Olhe, fique firme, você é uma pessoa de fé, as situações vão se resolver bem!” Então, eu tenho sempre uma palavra de agradecimento também para os meus irmãos, meus quatro irmãos - nós éramos dez irmãos, cinco homens e cinco mulheres; um irmão morreu acidentado, então, restam três irmãos além de mim e mais cinco irmãs, todas muito carinhosas.

            Todas as vezes que vou ao Acre, faço questão de visitar, uma vez, a casa de um, outra vez, a casa de outro. Sempre, para não dar ciúme, e sempre para tomar um bom café, comer um pão caseiro e usufruir daquele momento agradável de estar com a família. E, todas as vezes, quando recebo um abraço, um beijo de uma irmã, principalmente, ouço: “estou rezando por você”, “Deus está no comando”. Fico absolutamente feliz por isso e me sinto um gigante, porque, quando a gente recebe um abraço de uma familiar com palavras fortes, a gente se sente absolutamente preparado.

            Faço esse agradecimento à minha família, família que muito amo. Acho que o centro definidor de um projeto de sucesso tem que passar por uma constituição familiar. Se a gente não consegue o respeito nem da família, como vai tentar pleitear ao respeito da sociedade? Então, se alguém quer conquistar alguma coisa na vida, uma sugestão que dou: primeiro, conquiste a sua família, seja respeitoso com sua esposa, seja respeitoso com seus filhos, seja respeitoso com seus pais, com seus irmãos. Porque, se a gente consegue construir um ponto de partida, um suporte forte na família, com certeza, os outros passos a gente vai conseguir dar com muito maior segurança.

            O terceiro agradecimento que eu queria fazer é exatamente aos companheiros do Partido dos Trabalhadores do Acre. Os companheiros do Partido dos Trabalhadores do Acre têm tido uma solidariedade para comigo que eu não posso omitir em momento algum.

            Os companheiros do PT sempre me deram voz e vez, em todos os momentos. Antes de eu ser Senador, eu, como militante de base, nunca me foi negada voz em reunião nenhuma. Sempre que levantei a mão para dar uma opinião, eu não precisei de mandato para dizer aos meus companheiros o que pensava e as opiniões que eu tinha sobre as coisas que estavam sendo discutidas. Então, meus companheiros do Partido dos Trabalhados do Acre sempre me deram voz e vez, e por isso tenho muito respeito por cada um dos meus companheiros, em todos os Municípios.

            Agora mesmo, no finalzinho, início de 2014, quando estávamos naquelas definições de candidatura, eu pude fazer reunião em 20 dos 22 diretórios do Partido dos Trabalhadores do Acre. E fiquei muito feliz, porque, desses 20 diretórios com os quais eu me reuni, tive o apoiamento de 18 deles, e eu estaria absolutamente em condição de disputar o Senado. Mas, como houve uma composição acertada para garantir a reeleição do Governador Tião Viana - que, indiscutivelmente, era o projeto mais importante -, chegamos ao entendimento de que deveríamos apoiar a candidatura da companheira Perpétua, do PCdoB, pela unidade da Frente Popular, pelo fortalecimento do nosso projeto.

            Chegamos a esse entendimento, e eu fiz questão de, depois, me comunicar com todos os companheiros dos diretórios, fazendo ligações para cada uma das pessoas que tinha defendido o meu nome, para dizer que precisávamos apoiar a companheira Perpétua, para que pudéssemos garantir a unidade da Frente Popular e garantir a vitória do Governador Tião Viana.

            Graças a Deus, fizemos a opção certa, fizemos a opção acertada. O Governador Tião Viana foi reeleito numa campanha dificílima, em que, se tivéssemos cometido um erro sequer, isso teria nos causado a derrota. Graças a Deus, estivemos presente nesse processo, construindo passo a passo, e hoje o Governador Tião Viana está reeleito para mais quatro anos de mandato, para dar continuidade a esse projeto fantástico, que é o único do Brasil que tem cinco vitórias consecutivas para o Governo - foram duas vitórias com o governador Jorge Viana, uma vitória com o governador Binho e, agora, duas vitórias com o Governador Tião Viana.

            Alguém pode ainda perguntar, como aconteceu comigo há poucos dias; uma pessoa chegou para mim e falou: “Mas, Senador Anibal, por que você não foi candidato à reeleição?” Falei: “Porque o nosso projeto é um projeto vitorioso e não pode dar lugar a vaidades, a vontades pessoais. Temos que cuidar do tamanho do projeto, que exige total grandiosidade dos seus integrantes”.

            Assim, não fui candidato, mas, graças a Deus, comemoramos uma grande vitória, que foi a vitória do Governador Tião Viana. E, assim, vamos ter a continuidade do nosso projeto, realizando muito mais, promovendo muito mais justiça social, realizando tantas outras possibilidades, de sonhos que foram construídos lá atrás, por Chico Mendes, muito antes de sermos Governo, e depois foram transformados em políticas públicas, com o governo do Jorge Viana, com o governo do Binho, e que, agora, tem continuidade com o Governador Tião Viana, de tal maneira que me sinto absolutamente feliz. E retomo a minha fala inicial: Deus está no comando, e tudo que ele decide a respeito da minha vida é bem decidido, e tenho que dar graças a Deus por isso.

            Estou vendo o Senador Jorge Viana aqui, pedindo um aparte. Muito provavelmente terá que sair às pressas para ver a diplomação da Presidenta Dilma, então, tenho que conceder um aparte a ele. Logo em seguida, prossigo o meu pronunciamento.

            O Sr. Jorge Viana (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Eu queria, primeiro, agradecer ao Senador Mozarildo, que está nos ajudando sempre a conduzir aqui o Plenário do Senado. Eu não poderia deixar - fiquei aqui, mas são tantos, inclusive o Senador Mozarildo, se despedindo, a minha querida colega Ana Rita, o Rodrigo Rollemberg, o Cícero Lucena, o Jayme Campos, o Presidente Sarney, a Senadora Ivonete Dantas, tantos que vieram aqui -, nessa hora em que o Senador Anibal faz esse discurso de despedida aqui no Senado Federal, de pedir licença para, de alguma maneira, tentar deixar algumas palavras para o Senador Anibal e para a minha querida amiga Elisângela, que está nos dando a honra de estar no plenário. A convivência contigo, Anibal - eu esqueço o Regimento -, é muito longa, e é um privilégio para mim ter podido ser seu amigo, seu colega de trabalho, trabalhando quatro anos na prefeitura; depois, irmos para um escritório tentar a sobrevivência, trabalhando honestamente para seguir organizando um movimento político no Acre chamado Frente Popular. Depois da batalha de 1990, anterior à prefeitura, conseguimos passar oito anos governando o Acre e, felizmente, sem falsa modéstia, nós conseguimos promover mudanças que, entendemos, fazem parte hoje do nosso registro de que a boa política, a política feita com honestidade, com bons propósitos pode melhorar a vida das pessoas, sim, pode transformar a vida de um Estado, de uma sociedade, sim, e o Senador Anibal esteve conosco nessa jornada toda, sendo sujeito dela, atuando nos momentos de extrema dificuldade e celebrando também as conquistas junto conosco. Foram quatro anos na prefeitura trabalhando, enfrentando todo tipo de problema, e o resultado foi que nós resgatamos a autoestima, elevamos a autoestima do povo de Rio Branco. Depois, oito anos no Governo do Estado do Acre, o Senador Anibal dentro do gabinete, por oito anos, trabalhando como secretário de Estado, e o resultado foi que nós elevamos e resgatamos a autoestima do povo acriano. Talvez esta seja a melhor consequência que a boa política pode trazer: mexer no sentimento das pessoas, porque nós não governamos Rio Branco, nem administramos Rio Branco; nós não governamos o Acre nem administramos o Acre; nós cuidamos. Nós cuidamos, é diferente. V. Exª é médico, Senador, e sabe que o cuidado é algo muito mais amplo, muito mais forte. Depois, o Senador Anibal seguiu trabalhando com o governador Binho mais quatro anos; foi escolhido pelo Senador Tião Viana, pelo então candidato, como primeiro suplente; e, quando o Senador Tião Viana, em 2010, foi eleito governador, o Senador Anibal assumiu definitivamente este mandato, de que hoje, com esse discurso, ele presta conta e se despede. Foi Vice-Presidente desta Casa, ganhou respeito aqui no Senado, como ganhou na prefeitura e no Governo do Estado. Posso dizer que o Senador Anibal é um patrimônio de integridade, de honestidade, de honradez e um exemplo, também, de como se deve portar um militante político: com disciplina, mas também com opinião; com cautela, mas com ousadia. E eu, Anibal, estou falando essas palavras porque sei que elas ficarão nos Anais do Senado Federal. Se hoje estou aqui na condição de 1º Vice-Presidente, devo muito a você. Se fui prefeito, devo muito a você. Se fui governador, devo muito a você. O projeto da Frente Popular, se chegou até aqui, deve muito a você. Não é pouca coisa, Senador Mozarildo. Imagine um Estado da nossa Amazônia - o de V. Exª é parecido com o nosso - onde idealistas, pessoas sonhando com um mundo melhor, com a vida melhor para todos, com a política nova, ganham quatro vezes a prefeitura da capital, cinco vezes o Governo do Estado, ganham seis mandatos no Senado Federal, isso num período de 24 anos. Então, eu penso que nós somos uma geração que teve a confiança da nossa população para ocuparmos cargos públicos. E fico feliz, Anibal, de, no seu currículo, você poder escrever que teve a honra de ser Senador do Brasil, representando o povo do Acre. E eu posso afirmar que, depois desse registro, também conquistou o respeito do Senado Federal, dos Senadores dos diferentes partidos. Senador Aloysio Nunes, quantas vezes Senadores dos mais diferentes partidos, inclusive que tiveram embates com V. Exª, fazem sempre questão de deixar claro o reconhecimento da sua postura, que engrandeceu o Senado e o nome do Acre aqui nesta Casa, que tem uma história de Tião Viana, de Marina Silva, de Nabor Júnior e tantos outros grandes Senadores que já passaram por aqui? Fica aqui o meu abraço. Fica aqui o meu registro de que vou sentir falta da sua presença ao meu lado, batalhando comigo em defesa do Acre e do Brasil. Vou sentir muita falta, mas a nossa amizade extrapola os cargos que ocupamos. Espero seguir tendo o privilégio da sua amizade, da Elisângela e das meninas - Ana Beatriz e Janaína -, pessoas que considero como parte da minha família. Quero desejar-lhe... Pedir desculpas até por falhas que a gente comete, pelos desencontros, mas de minha parte tenho muito orgulho de ter sido colega, durante quatro anos, aqui no Senado, do Senador Anibal Diniz. Obrigado.

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Obrigado, Senador Jorge Viana. Jorge Viana...

(Soa a campainha.)

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - ... é um irmão de causa. Dividimos todos os momentos, todas as conquistas e todas as batalhas ao longo desses 24 anos de formação da Frente Popular e mais o período no Partido dos Trabalhadores. Então, temos uma longa história juntos. V. Exª, com seu aparte, me deixa muito sensibilizado e com a certeza de que estaremos juntos para fazer os enfrentamentos que se fizerem necessários no sentido de construir um Acre cada vez melhor e um Brasil cada vez melhor para todos.

            Eu gostaria também de fazer este agradecimento especial ao Senador Jorge Viana e ao Governador Tião Viana, que me aceitou como suplente em 2006. Nas eleições de 2006, fomos eleitos, e em 2010 foi que efetivamente eu assumi como Senador. Então, tenho um agradecimento especial também ao Senador, hoje Governador Tião Viana, reeleito, que teve a confiança de me convidar, juntamente com os partidos da Frente Popular, para ser seu suplente. A nossa relação sempre foi de muito respeito, de muita consideração e solidariedade.

            Quando assumi aqui, no dia 21 de dezembro de 2010, eu fiz uma referência a um texto que eu gostaria de repetir. É um texto muito profundo para mim, porque ele diz:

Você sabe por que o mar é tão grande?

Tão imenso?

Tão poderoso?

É porque teve a humildade de colocar-se alguns centímetros

abaixo de todos os rios.

Sabendo receber, tornou-se grande.

Se quisesse ser o primeiro, centímetros acima de todos os rios,

não seria mar, mas sim uma ilha.

Toda sua água iria para os outros e estaria isolado.

            Esse texto faz parte de um poema de Paulo Roberto Gaefke, “A Grandeza do Mar”.

            Inspirei-me nesse texto no meu primeiro pronunciamento aqui desta tribuna porque sei que posso aprender muito mais e chegar muito mais longe se eu tiver a humildade de me colocar na condição de receptáculo, de ouvinte, de viver a beleza de ser um eterno aprendiz, como nos cantou magistralmente o saudoso Gonzaguinha. Viver a beleza de ser um eterno aprendiz.

            Procurei me colocar exatamente nessa condição aqui nesta Casa. Procurei aprender com todos, sendo Senador da oposição, sendo Senadores aliados, sendo Senadores mais experientes, ex-Governadores, ex-Presidentes da República, como o Presidente Sarney, o Presidente Itamar Franco, que esteve conosco no início desta legislatura, depois se foi, depois de concluída a sua missão, o Senador Collor, que também foi Presidente da República, ex-Ministros, tantos experientes desta Casa. E eu procurei aprender com todos e entendo que a política fica muito melhor quando a gente se coloca sempre na condição de aprendiz, porque a gente só consegue tomar uma decisão sábia se a gente tiver a capacidade de ouvir, de entender qual é a dimensão daquele problema e tentar dar um rumo com sabedoria para encontrar a melhor solução.

            E, juntamente com esse texto, eu disse, no meu pronunciamento inaugural aqui, uma frase do meu mestre inicial, quando eu estava no seminário, Padre Paolino Baldassari, nosso amigo, que provavelmente deve estar lá assistindo, em Sena Madureira, no Acre, este pronunciamento. O Padre Paolino Baldassari, quando eu era ainda um seminarista, me disse certa feita que, para ser um bom seminarista, eu precisava ter costa de burro, estômago de porco e espírito de anjo. Ele disse que eu tinha que estar pronto para fazer o trabalho que sobrasse para eu fazer. E ele disse que, todas as vezes que sentasse à mesa, eu tinha que comer o que estivesse posto sem nunca reclamar porque no mundo há muitas pessoas com fome e a gente não pode se dar o luxo de dizer: “Eu como isso, não como aquilo”. A gente tem que comer de tudo porque ninguém sabe o dia de amanhã, ninguém sabe o que está reservado para a nossa vida. Portanto, temos que estar preparados para comer de tudo.

            E, por último, ele disse que nós tínhamos que ter espírito de anjo...

(Soa a campainha.)

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - ... porque os anjos pacificam os ambientes e, tendo espírito de anjo, a gente consegue encontrar soluções fantásticas, soluções fantásticas como a que tivemos ontem aqui na aprovação da PEC da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil. Um pleito de toda comunidade científica nacional, e Deus sabe qual foi o tamanho da mobilização, Senador Antonio Aureliano, que estava aqui e nos ajudou na mobilização enquanto o Senador Suplicy ficou ali no púlpito falando por quase quatro horas.

            Nós ficamos aqui mobilizando um Senador, de um a um, conseguimos 49 votos no primeiro turno e 50 votos no segundo turno, depois de uma batalha do Senador Jorge Viana para fazer uma agenda com o Presidente da Casa, reunindo toda a comunidade científica com o Presidente Renan e obtendo do Presidente Renan a garantia de que a matéria iria ser colocada em pauta; depois de o Deputado Sibá Machado ter feito varias reuniões com a comunidade científica para provar que aquela era uma matéria que tinha o consenso da comunidade científica. Daí eu vi o quanto é importante a gente ter boas relações, a gente chegar no Senador Aloysio Nunes e falar: “Senador, precisamos de mais um voto. Há algum Senador na sua lista de telefone que a gente possa chamar?” E o Senador Aloysio conseguir trazer o Senador Cícero Lucena, conseguir o Senador Eduardo Braga. Nos últimos momentos, trazer o Senador Ricardo Ferraço e, assim, a gente teve os votos necessários para aprovar uma PEC da maior importância para a ciência e tecnologia no Brasil.

            Aí eu já traduzo um pouco do meu espírito. Em nenhum momento aqui, eu quis disputar estatística, apresentar indicação disso, indicação daquilo, proposição disso, proposição daquilo. Eu quero ajudar o Brasil e imagino que ajudar o Brasil é fazer o que nós fizemos ontem, independentemente de quem seja o autor da PEC, mas era um apelo da sociedade e nos mobilizamos e aprovamos essa matéria, como foi aprovada também ontem a matéria que criminaliza o feminicídio, uma conquista das mulheres brasileiras, fruto do valoroso trabalho da Senadora Ana Rita e de outras Senadoras que se mobilizaram para ter essa matéria aprovada ontem.

            Então, isso me dá satisfação e me dá a total certeza do dever cumprido porque o dever cumprido não significa a gente ganhar sempre, significa saber que onde houve a vitória teve a nossa participação e se, porventura, a vitória não veio a gente fez a nossa parte. E aí falo do meu projeto que prevê que, nas eleições com duas vagas para o Senado, haja equilíbrio de gênero: uma vaga seja destinada às mulheres e outra vaga seja destinada aos homens. Essa matéria está sob vista coletiva na Comissão de Constituição e Justiça. Nós não tivemos condição, nessas últimas reuniões daquela comissão, de votar essa matéria exatamente por ausência de quórum qualificado. A gente não conseguiu reunir o quórum terminativo.

            Não tivemos a vitória, mas a semente está plantada. Eu tenho certeza de que essa matéria vai continuar em discussão na próxima legislatura, Senadora Ana Rita. Eu tenho certeza de que outros padrinhos aparecerão para defender essa matéria, porque o Brasil exige que essa matéria seja discutida. O Brasil está hoje na 158ª posição no ranking mundial da participação feminina no Parlamento. E nós temos na mão um instrumento, um instrumento proposto por mim, mas que já conseguiu adesão de todas as mulheres desta Casa e de boa parte dos homens, porque o Relator desta matéria é o Senador Paim, que assumiu com total fidalguia e total coragem a defesa dessa matéria. E tenho certeza de que nós vamos reunir muitos outros Senadores para defendê-la nesta legislatura que começa no dia 2 de fevereiro de 2015 e vai até 31 de janeiro de 2019, e nós temos quatro anos aí para fazer uma boa reflexão, um bom debate e, quem sabe, até termos o Brasil mudado para as eleições futuras. Porque hoje nós temos apenas 13 Senadoras mulheres nesta Casa, mas temos a possibilidade, com a aprovação do meu projeto, de nunca ter menos do que 27 mulheres aqui representando o Brasil na Casa do equilíbrio da Federação.

            Isso é muito importante, porque asseguraria 27 vagas para as mulheres, 27 vagas para os homens e as outras 27 vagas seriam disputadas entre homens e mulheres, que estabeleceriam um equilíbrio. Isso é fazer justiça, isso é olhar com um olhar solidário numa Casa em que se deve estabelecer o equilíbrio de gênero, porque esta é a Casa do equilíbrio da Federação. E, para ser a Casa do equilíbrio entre os Estados, é preciso também que haja o equilíbrio entre gêneros, porque nós somos homens e mulheres, nós somos uma sociedade de homens e mulheres, com 52% da sociedade sendo mulheres. Por que o Senado Federal tem que continuar sendo uma Casa em que, dos 81 Senadores, quase 70 são homens? É possível que a gente faça uma Casa com um maior equilíbrio de gênero e com uma participação mais justa das mulheres.

            Então, essa matéria a que fiz questão de me referir aqui, é um exemplo de como eu penso a minha contribuição na política. A minha contribuição na política só faz sentido se ela vier verdadeiramente para tornar o nosso Brasil um pouco melhor. Eu não vou apresentar proposição para apenas ter holofote e imagino que esse seja o propósito de todos os Senadores, de todas as pessoas que contribuem para a construção de um Brasil melhor e de um mundo melhor. A gente procura identificar onde há algo que pode ser aperfeiçoado para a vida ficar melhor, porque esse é o sentido de fazer política. Qual é a razão de ser da política se não é buscar os mecanismos possíveis para tornar as nossas sociedades melhores, para tornar a nossa vida melhor? Esse é o sentido da nossa batalha, e é exatamente por isso que eu sou tão feliz, porque a minha geração é uma geração vencedora.

            Nós fomos oposição com o Presidente Lula e depois tivemos a oportunidade de vê-lo, por dois mandatos consecutivos, sendo Presidente e fazendo o governo que marcou profundamente a história da inclusão social no Brasil, inclusão de negros, inclusão de pobres, com os negros, por exemplo, nas faculdades, com os pobres tendo Fies, tendo o ProUni, tendo a oportunidade de estudar em faculdades particulares bancados pelo governo. Nós temos essa realidade posta hoje no Brasil, com os institutos tecnológicos espalhados por todos os Estados brasileiros, e milhões de jovens tendo oportunidade de fazer um curso tecnológico e se tornarem profissionais, terem uma vida melhor a partir do seu próprio trabalho.

            Então, quando a gente fala de tudo isso, a gente respira fundo e aliviado e pensa assim: vale a pena fazer política, fazer política é fantástico, fazer política é muito bom, fazer política pode ser e é, com certeza, o caminho para construir as novas possibilidades na vida das pessoas. Nesse sentido, eu sou tão feliz por pertencer à política.

            Disse hoje no aparte ao Senador Sarney e repito aqui para os Senadores que me honram, ouvindo este meu pronunciamento: a política é tão interessante que as pessoas se formam em Medicina, se formam em Engenharia, se formam em Pedagogia, se formam em Eletrônica, nas mais diferentes áreas, mas, com um pouco, elas praticamente abdicam da sua vida profissional, para a qual dedicaram uma vida toda de aprendizado, de sacrifício e de estudo, para vir se dedicar à política.

            Como é que eu posso entender que uma atividade como essa não é uma atividade completamente abençoada, que tem um ímã, que tem uma atratividade especial? A política tem que ser tratada com muito respeito.

            Eu não posso aceitar veículos de comunicação que ficam colocando a política como se fosse o próprio, digamos assim, protótipo do inferno, como se a política fosse o lugar de tudo que não presta. Não, pelo contrário.

            Eu entendo que a política é o caminho para nós fazermos as boas coisas para a vida de um país. E é exatamente por isso que eu estufo o peito e digo, com todo orgulho, que sou da política, gosto da política e vou permanecer na política, disputando ou não disputando, ou só colaborando no anonimato, mas pertencendo à política. Não fui eu quem escolheu a política, foi a política quem me escolheu e eu vou ter que atender a este chamado, porque foi uma vocação que aconteceu naturalmente.

            Eu ouço, por ordem, o Senador Antonio Aureliano e depois a Senadora Ana Rita.

            O Sr. Antonio Aureliano (Bloco Minoria/PSDB - MG) - Exmo Senador Anibal Diniz, extraordinário representante do Estado do Acre.

(Soa a campainha.)

            O Sr. Antonio Aureliano (Bloco Minoria/PSDB - MG) - Quero dizer a V. Exª que, graças a Deus, nós temos políticos como V. Exª, porque V. Exª - pela sua história, pela forma com que conduziu sua vida pública e pela forma com que está narrando aqui - nos estimula cada vez mais a fazer política, mesmo em partidos opostos. Porque o respeito entre cidadãos não está só em função das ideias, mas sim dos ideais e da forma com que se conduzem as ideias. Fiquei muito feliz ao escutar V. Exª falar de Deus, mesmo vivendo num Estado laico. Eu acho que é muito importante, na vida de cada um de nós, termos Deus no nosso coração, porque é Ele que nos conduz. E fiquei mais feliz ainda ao escutar V. Exª falar que “nem um fio de cabelo cai da nossa cabeça se Deus assim não permitir”. Eu estou absolutamente de acordo com V. Exª e sinto que o Estado do Acre está muito feliz com a participação de V. Exª aqui no Senado da República. V. Exª lembrou-se do Gonzaguinha, que é um cantor e compositor já falecido, mas extraordinário, o que dá uma demonstração clara da sensibilidade de V. Exª quanto aos temas que caem no coração da gente no dia a dia. E V.Exª colocou sempre procurar ser um aprendiz, como nessa mesma música que V. Exª lembrou, “viver e não ter a vergonha de ser feliz”, e também querer “ser um eterno aprendiz”. Mas V. Exª é um eterno aprendiz do bem. Por isso, V. Exª pode dizer: ter a honra de ser feliz. Não vai ter a vergonha de ser feliz, vai ter a honra de ser feliz, porque a felicidade está no bem-fazer, no bem conduzir a sua vida e ter a capacidade de olhar no espelho diariamente e dizer: “Eu sou feliz porque cumpro com o meu dever, faço o bem para a coletividade e exerço a plenitude da vocação que Deus me deu” - deu a V. Exª. Parabéns, Senador Anibal Diniz. V. Exª pode olhar-se no espelho, perante a sua mulher, seus filhos e o Estado que V. Exª representa, e dizer o seguinte: “Eu cumpro a minha missão com muita honra!”. Parabéns!

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Muito obrigado, Senador Antonio Aureliano. Imagine a felicidade de poder ouvir um aparte de V. Exª, sendo filho do ex-Presidente Aureliano Chaves, aqui conosco nesse final de legislatura e emitindo essa sua opinião a meu respeito. Muito obrigado por suas palavras e muito obrigado pela grandiosidade também com que V. Exª conduz o seu mandato.

            Fiz questão de citar a sua participação na aprovação da PEC nº 12, de 2014, a PEC da Ciência, Tecnologia e Inovação, ontem, porque minutos antes, ou horas antes, eu estava distribuindo castanha do Acre, castanha do Brasil, produzida pela nossa Cooperativa Extrativista do Acre (Cooperacre). E eu disse: que bom que eu entreguei essa castanha, porque te deu energia para voltar e fazer esse voto. E esse voto foi salvador, porque no primeiro turno foram 49 votos. Se houvesse um voto a menos, nós perderíamos a PEC. Então, V. Exª salvou a PEC também, e isso é muito bom porque todo mundo que votou pode dizer: eu salvei! E é assim mesmo, o sucesso é assim. Quando a gente consegue um resultado bom, é a gente batendo no peito e falar: eu garanti esse resultado. V. Exª garantiu, o Senador Jorge Viana garantiu, a Senadora Ana Rita garantiu e cada um que votou garantiu a PEC da Ciência, Tecnologia e Inovação. É assim que eu imagino que a gente constrói os bons resultados.

            Parabéns a V. Exª. Foi um prazer imenso conhecê-lo e quero levar essa lembrança por toda a vida. Fico muito feliz com o aparte de V. Exª e com a generosidade das palavras a meu respeito.

            Ouço, com muita atenção, a Senadora Ana Rita.

            A Srª Ana Rita (Bloco Apoio Governo/PT - ES) - Senador Anibal, eu estava aqui ouvindo todo o seu pronunciamento e fiquei disposta a expressar este meu sentimento: V. Exª, desses quatro anos, chegou como eu cheguei, vindo de uma suplência de Senador, e, de fato, tornou-se um grande Senador aqui, um grande amigo e companheiro, companheiro do Partido dos Trabalhadores. V. Exª sempre foi um Senador extremamente partidário, solidário, atuante, presidindo diversas vezes e, na maioria das vezes, também, a Comissão de Constituição e Justiça. Tive a alegria de ter a presença do senhor na Comissão de Direitos Humanos, na Comissão de Meio Ambiente. V. Exª teve um papel fundamental na defesa de políticas públicas importantes para o nosso País, para o nosso povo brasileiro, sempre disposto a defender aquilo que é de interesse da maioria da nossa população, de interesse, particularmente, dos trabalhadores. Então, eu quero aqui, Senador Anibal, manifestar esta minha alegria de poder ter convivido com o senhor durante esses quatro anos - hoje, acompanhado aqui da sua esposa, da sua filha. Tivemos diversas oportunidades de estarmos juntos, famílias juntas, nesse período, celebrando as conquistas e discutindo os nossos procedimentos aqui, na Casa. Então, foi muito bom poder conviver com o senhor. Eu espero que, um dia, possa visitá-lo no Acre. Vai ser uma alegria para mim poder ter essa oportunidade. Parece-me que é um Estado muito bonito, um Estado muito aconchegante. Não conheço de perto, mas pelas informações que vocês trazem...

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - É só o melhor lugar do mundo!

            A Srª Ana Rita (Bloco Apoio Governo/PT - ES) - Também existe uma coisa muito boa entre vocês, Senador Anibal e Senador Jorge. Há uma harmonia e uma convivência muito boa entre vocês, companheiros lá no Acre, nossos companheiros do Partido dos Trabalhadores, juntamente com o Governador Tião Viana. Vocês fazem um trabalho bonito, um trabalho que engrandece o povo acriano e o Brasil. Quero parabenizar V. Exª, Senador Anibal, pela sua passagem aqui, pelo Senado, pela convivência que nós tivemos nesse período e pelo trabalho, pela competência e pela dedicação que V. Exª teve durante esse período. Então, parabéns. Desejo, também, ao Senador Jorge todo o nosso carinho também. Espero, Senador Jorge, nesse período que não estarei aqui, ter a oportunidade de retornar, de poder voltar a ter com vocês essa convivência que muito me animou, que muito me alegrou durante esse período. Então, parabéns pelo trabalho. Boa sorte. Um feliz Natal. Um bom Ano-Novo. Muitas energias positivas. Que Deus sempre abençoe o trabalho de vocês lá, no Acre.

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Amém, Senadora Ana Rita. Muito obrigado pelo aparte de V. Exª. É muito bom ouvir o carinho e o respeito que V. Exª tem para comigo e para com a forma como temos nos portado no Acre, quando V. Exª se refere a essa harmonia entre mim e o Senador Jorge Viana. Na realidade, temos procurado fazer com que as coisas aconteçam espontaneamente nas nossas vidas e, de vez em quando, quando divergimos sobre determinado assunto, é muito comum conversar, aprofundar e até chegar a um entendimento, que pode ser mais próximo daquilo que eu defendo, pode ser mais próximo daquilo que ele defende, mas sempre procurando a melhor saída possível para aquelas situações. E é exatamente por isso...

            A Srª Ana Rita (Bloco Apoio Governo/PT - ES. Fora do microfone.) - Permita-me apenas, Senador.

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Por favor, Senadora.

            A Srª Ana Rita (Bloco Apoio Governo/PT - ES) - Permita-me fazer uma complementação de que acabei não me lembrando, mas que é altamente relevante: V. Exª foi um dos Senadores que abraçou a causa das mulheres, que fez brilhantes defesas, desta tribuna, para assegurar espaços na política para as mulheres. Então, Senador Anibal, V. Exª comprou a nossa luta, apropriou-se, na verdade, dela com tanta disposição e com tanta vontade. Então, muito obrigada também pela parceria, pelas defesas que V. Exª fez aqui no sentido de ampliar os espaços da participação das mulheres nos espaços de poder. Muito obrigada, em nome das mulheres Parlamentares, em nome das mulheres brasileiras, pela sua dedicação. Isso é muito importante para nós porque faz com que outros Parlamentares possam também, cada vez mais, fortalecer essa luta que não é só das mulheres, mas também é uma luta de todas as pessoas que querem ver esses espaços cada vez mais de igualdade, democráticos, defendendo os interesses da maioria do nosso povo.

            O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco Apoio Governo/PT - AC) - Obrigado, Senadora Ana Rita. O segundo aparte de V. Exª me inspira a concluir o meu pronunciamento porque V. Exª buscou algo que é fundamental.

            Eu convivo num mundo de mulheres. Sou pai da Ana Beatriz, que está aqui presente, e da Janaína, que, neste momento, deve estar no TSE como atuante do escritório em que estagia. Muito provavelmente, como ela acompanha todas as sessões, deve estar lá acompanhando a diplomação e, por isso, não está aqui presente.

            Mas eu gostaria de dizer mais. Além das mulheres da minha vida que me inspiram - minha esposa Elisângela e as minhas irmãs - e das pessoas que estão à minha volta, eu queria falar aqui a respeito da minha mãe, para concluir o meu pronunciamento.

            A minha mãe ensinou-me, muito cedo, que as mulheres fazem milagre muito antes de se imaginarem santas. Numa família com dez filhos - cinco homens e cinco mulheres -, eu vi muitas vezes minha mãe fazer uma galinha e conseguir alimentar esses dez, com um detalhe: todo mundo se servia, e ela sempre se servia por último. Imagino que, em muitas famílias brasileiras, seja assim. Ela sempre se servia por último, e acontecia um fenômeno naquele momento: quase sempre os filhos faziam fila para ir tirar um bocadinho do prato dela, porque era o prato mais gostoso. Um dia, eu fiz um comentário sobre essa história com uma Deputada que foi candidata a Vice na chapa do Requião no Paraná, e ela disse assim: “A sua mãe fazia milagre mesmo, e vocês não percebiam que ela simplesmente comia por último porque ela sabia que ia faltar para alguém e, se faltasse para alguém, que fosse para ela”. Essa mulher, a minha mãe...

            Eu tenho certeza de que alguns dos meus irmãos estão assistindo e podem testemunhar essa história, e os meus parentes que ficaram no Paraná também podem testemunhar, porque certamente viram - é assim com aquelas famílias numerosas -, o milagre da sobrevivência é diário. O milagre da sobrevivência é diário!

            Então, eu aprendi dessa forma e, hoje, aos 52 anos de idade que completei na semana passada, posso dizer, com muita maturidade, que, se há uma forma de fazer política com mais justiça e com mais decência, é atribuindo mais poder às mulheres. Se as mulheres tiverem o poder de decisão, com a capacidade que elas têm de fazer a partilha para garantir a alimentação dos seus filhos, como fazia a minha mãe, eu tenho certeza de que vamos construir uma sociedade muito melhor.

            Graças a Deus, nós temos hoje a Presidenta Dilma, eleita e reeleita. Mas ainda podemos dar passos muito mais importantes, fazendo com que a Câmara e o Senado tenham uma representação feminina maior, e fazendo com as assembleias legislativas, as câmaras de vereadores e os ambientes todos de decisões tenham maior participação das mulheres.

            E nós temos que estar permanentemente pensando em fazer política como sendo fazer algo para o bem de todos. Assim como a minha mãe conseguia dividir uma galinha entre dez filhos - às vezes até apareciam convidados -, é possível fazer política com distribuição de renda, com garantia do mínimo necessário para todas as pessoas que precisam sobreviver com dignidade.

            Já avançamos muito no Brasil nos últimos 12 anos, mas temos muitos bons desafios pela frente. E vamos continuar firmes e fortes, fazendo a boa batalha, fazendo a boa defesa de que o Brasil é um País maravilhoso, é um Brasil com potencialidades infinitas, e nós podemos, sim, fazer com que o Brasil tenha uma agenda positiva, uma agenda boa, uma agenda de boas coisas acontecendo para o bem de todos os brasileiros. E a política tem que estar a serviço da boa agenda.

            É para isto que eu me coloco à disposição: para a gente construir boas histórias que engrandeçam o Brasil, que engrandeçam todos os Estados brasileiros, porque todos os Estados são cheios de histórias. Quantas histórias de Minas Gerais, quantas histórias do Espírito Santo, quantas histórias do Amapá! De todos os lugares surgem histórias fantásticas, e a gente tem que aproveitar esta Casa do equilíbrio da Federação para dizer que o Brasil é um País lindo, é um País fantástico. O povo brasileiro é o melhor que há neste Brasil, porque o melhor do Brasil é o povo brasileiro, assim como o melhor do Acre é o povo acriano.

            Termino fazendo esse agradecimento e também fazendo um agradecimento especial à minha equipe, que trabalhou comigo - a minha equipe que está lá no Acre e a minha equipe que está aqui, no Senado Federal. A gente, por força da correria, não para sempre para agradecer, mas todo mundo teve um papel importante. A cada reunião que realizei, as pessoas estavam ali para contribuir, para construir o melhor ambiente. E também as pessoas que ajudaram intelectualmente na produção das nossas proposições, que foram poucas, mas foram muito consistentes e de muita qualidade.

            A Consultoria do Senado é uma consultoria ultraqualificada. Todas as vezes em que tive dificuldade em relação a algum tema, acionava o chefe de gabinete com um telefonema, com uma solicitação, e estava sempre lá uma equipe da Consultoria para tratar daquele tema. Não sei se existe algum órgão no Brasil com tanta capacidade instalada quanto o Senado Federal, em termos de equipe técnica.

            Portanto, agradeço a todos que contribuíram e, exatamente porque me coloquei na condição de aprendiz, e pretendo me colocar nessa condição, é que estou ciente de que acabei absorvendo aspectos importantes que me fizeram mudar, e mudar para melhor. Sinto-me, hoje, um pouco melhor do que quando entrei. Sei que tenho muitos defeitos e tenho que continuar lutando para ser um pouco melhor a cada dia.

            Que Deus nos abençoe a todos, e muito obrigado pelo prazer da convivência nesta Casa fantástica de aprendizado, essa escola da melhor política brasileira, que é o Senado da República Federativa do Brasil.

            Muito obrigado.

            Que Deus abençoe a todos nós! (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/12/2014 - Página 810