Pela Liderança durante a 35ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Indignação com a inação do Governo Federal em iniciar obra de adutora em Currais Novos-RN, conforme pactuado em dezembro de 2014; e outros assuntos.

Autor
José Agripino (DEM - Democratas/RN)
Nome completo: José Agripino Maia
Casa
Senado Federal
Tipo
Pela Liderança
Resumo por assunto
IMPRENSA:
  • Indignação com a inação do Governo Federal em iniciar obra de adutora em Currais Novos-RN, conforme pactuado em dezembro de 2014; e outros assuntos.
GOVERNO FEDERAL:
Publicação
Publicação no DSF de 24/03/2015 - Página 294
Assuntos
Outros > IMPRENSA
Outros > GOVERNO FEDERAL
Indexação
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FINANCIAL TIMES, ASSUNTO, POPULAÇÃO, REALIZAÇÃO, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, RESULTADO, PREJUIZO, IMAGEM VISUAL, BRASIL, LOCAL, PAIS ESTRANGEIRO.
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, MOTIVO, NEGLIGENCIA, COMBATE, SECA, LOCAL, REGIÃO NORTE, APREENSÃO, ATRASO, OBRA DE ENGENHARIA, ADUTORA, LOCALIDADE, MUNICIPIO, CURRAIS NOVOS (RN), ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (RN), RESULTADO, FALTA, AGUA, PEDIDO, EXECUÇÃO, PROMESSA.

            O SR. JOSÉ AGRIPINO (Bloco Oposição/DEM - RN. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, eu quero fazer minhas as palavras de V. Exª, Srª Presidente, Senadora Lídice, e acrescentar um pouquinho. Eu tenho o maior respeito pelas colegas Senadoras, mas a Senadora Ana Amélia, que convive conosco há quatro anos, na minha opinião, é uma lady, é uma mulher de grande categoria pessoal e política, e merece a estima, o respeito e a amizade de todos nós. Por esta razão, pelo respeito que pessoalmente eu tenho por V. Exª, pela sua categoria como cidadã, como gaúcha, é que eu quero me manifestar da tribuna, com relação ao seu aniversário, com um beijo muito carinhoso e os votos de muita saúde daqui para frente, como sempre teve.

            Srª Presidente, Srs. Senadores, eu, como brasileiro, ando constrangido, porque virou moda, ultimamente, nos órgãos de imprensa de grande prestígio internacional, fazer gracejos com o Governo do Brasil. Neste fim de semana, o Wall Street Journal, talvez seja o mais importante jornal - com absoluta certeza, no campo da economia, sem dúvida - dos Estados Unidos. Ele tem, nos finais de semana, uma coluna chamada News Quiz, que significa enquetes sobre as novidades do mundo. E, nesse fim de semana, na enquete, havia a fotografia da Presidente Dilma, e perguntava-se às pessoas qual era o escândalo associado ao Governo do Brasil: se era isso, isso, isso, isso ou se era o scandal Car Wash.

            Durante a semana que passou, Senador Cássio Cunha Lima, o Brasil foi motivo de chacota internacional. Num talk show comandado pelo Sr. John Oliver, que é apresentador do programa Last Week Tonight, um programa da HBO, mostraram-se cenas da fala da Presidente; das falas e alusões aos escândalos a que o Brasil assiste; das manifestações nos prédios, nas ruas, enquanto a Presidente falava, por meio do panelaço e das manifestações ruidosas das ruas, em diversas capitais do Brasil. E, ao final, o próprio apresentador pegou duas panelas e começou a bater, numa atitude jocosa muito mais do que com a Presidente, com a imagem do Brasil - eu me senti, como brasileiro, diminuído, meio humilhado.

            Hoje é o Financial Times, seguramente o mais importante jornal inglês, que, em manchete, diz: “Crise no Brasil é culpa do próprio Brasil e vai piorar. O Brasil está em meio a uma crise causada pelo próprio País, e, antes de melhorar, a situação, ainda vai piorar.” Esse é o resumo do principal editorial publicado na edição desta segunda-feira, do jornal britânico Financial Times.

            O Brasil está em crise: no início deste mês, mais de 1 milhão de manifestantes foram às ruas para expressar seu descontentamento; grande parte do País sofre racionamento de água, após o longo período de seca; a Petrobras está envolvida em um escândalo de corrupção épico, que viu até US$10 bilhões desviados; a economia deverá encolher este ano e, talvez, também no próximo ano, o que seria o pior desempenho desde 1931. E por aí vai.

            Eu digo isso, porque, como brasileiro, eu digo a V. Exªs, eu me sinto diminuído, pelo fato de a imprensa estrangeira estar retratando aquilo que nós, internamente, estamos sentindo: uma inflação que vai chegar aos 8%, eu não tenho nenhuma dúvida; o preço dos combustíveis lá em cima; a energia elétrica infernizando a vida das pessoas; o dólar nas alturas; um País inquieto com o desemprego, que é o que mais preocupa as pessoas, a perda do emprego na próxima semana; e tudo isso criando um clima de inquietação diante da inação do Governo. E é aí onde eu quero chegar.

            Sr. Presidente, eu estive, neste final de semana, no meu Estado. E aí eu quero - deixando de lado uma imagem em que os grandes jornais de circulação internacional estão colocando o Brasil - voltar-me é para dentro do nosso País e dizer que os caminhos da Pátria passam pela terra de cada um de nós. E eu estou imensamente preocupado com o que vem ocorrendo.

            Eu estive neste final de semana - quinta, sexta e sábado - no meu Estado. A seca está braba. Neste final de semana, domingo, choveu em algumas cidades. Eu estive com o Prefeito de Angicos, por exemplo, no sábado pela manhã, e ele estava com as mãos na cabeça; mas, no domingo, caiu uma chuva que encheu os açudes de Angicos e garantiu a água daqui até o final do ano - graças a Deus!

            Em muitas cidades, a situação de água está melhorando. Mas é aí onde eu quero chegar: há inação do Governo; há tomada de compromissos irresponsável. Presidente, eu fui governador de 1991 a 1994, pela segunda vez; eu fui governador de 1982 a 1986; e, depois, de 1991 a 1994.

            Em 1993, a cidade de Santa Cruz, que é o município-polo da Região do Trairi, entrou em colapso absoluto de água, não havia um pingo d’água em açude nenhum! Eu mudei o governo para Santa Cruz e, nas áreas em que poderia haver perspectiva de água em poço, transformei-as em um paliteiro. Eu mudei o governo para lá, porque eu entendia o que era uma cidade-polo sem água; não poderia abastecer uma cidade-polo com carro-pipa.

            Eu tinha que encontrar uma saída, e a encontrei. Aquilo me custou o estresse do mundo todo, mas consegui resolver: a perfuração dos poços gerou água de boa qualidade; dei água de beber, como governador, ao povo da cidade de Santa Cruz; e a cidade atravessou a crise, e aguardou o inverno que veio, e encheu os açudes de novo. Mas mudei o governo para lá.

            Quero me referir ao encontro que tive com o ex-prefeito de Currais Novos, Geraldo Gomes, um homem já de certa idade, e que me trouxe - ele e o filho Carlson Gomes - a aflição pela palavra empenhada pelo Governo, pela palavra não cumprida pelo Governo e pelo o que estava acontecendo no Estado, em matéria de promessas novas, sem que as promessas antigas tivessem sido cumpridas.

            Currais Novos tem 50 mil habitantes, é a cidade-polo da região do Seridó Ocidental. A cidade tem três fontes de água: a mais importante é o Açude Gargalheiras, um açude grande e tradicional; a segunda é o Açude Dourado; e a terceira é o Açude Totoró. O Dourado e o Totoró não têm um pingo d’água, estão totalmente zerados, e as chuvas que caíram, neste final de semana, não caíram na região de Currais Novos.

            O Açude Gargalheiras tem 2% de água, não tem praticamente nada. O último investimento em abastecimento de água na cidade ocorreu quando eu fui governador, e fiz uma remontagem da adutora do Gargalheiras até Currais Novos. De lá para cá, nada mais foi feito.

            Há muito tempo que a classe política adverte - desde aquilo que fiz, quando fui governador de Santa Cruz - as autoridades sobre o que está para acontecer, agora, com Currais Novos, que é uma cidade com 50 mil habitantes, que está sem fonte d’água, está faltando água da noite para o dia, porque, quem tem 2% do último reservatório não tem nada mais. O reservatório de Gargalheiras está no fundo do poço, literalmente. E, se acabar a água - que vai acabar, dentro de 15 ou 20 dias -, não há carro-pipa que resolva a situação de Currais Novos.

            E o que se pactuou? Em dezembro do ano passado, o Governo Federal, através de uma gestão da então governadora da classe política, Deputados e Senadores, moveu-se e anunciou a contratação de uma adutora de engate rápido, para trazer água de uma fonte segura, que é da Barragem do Açu, até a cidade de Currais Novos, com obras que foram anunciadas, nos dias 24, 25 e 26 de dezembro, a serem iniciadas no dia 5 de janeiro de 2015. O DNOCS tomaria a iniciativa.

            Estamos hoje no dia 23 de março, e não há um único movimento de máquina nenhuma, nem de providência nenhuma, por parte do Governo, que se comprometeu a fazer a adutora de engate rápido, para socorrer uma cidade de 50 mil habitantes. Não estou falando de uma cidade de 3 mil habitantes, que você abastece com carro-pipa. Nada aconteceu!

            E, neste final de semana, na sexta-feira, esteve no meu Estado...

(Soa a campainha.)

            O SR. JOSÉ AGRIPINO (Bloco Oposição/DEM - RN) - ... o Ministro do Governo, que anunciou 2 bilhões e tantos milhões para obras de saneamento, e aventou a possibilidade de uma - Ah! Como eu gostaria que isto acontecesse! -terceira ponte, dentro da cidade de Natal, ligando a zona norte ao resto da cidade de Natal, criando expectativa, como se criou, perversamente, com a adutora de engate rápido, prometida em dezembro para começar em 5 de janeiro, e até hoje neca, nada! E a cidade está a um passo da seca total, e aí vai ser o caos. Eu passei por essa experiência, eu sei o que administrar uma cidade-polo com carro-pipa - impossível!

            E ainda chega o Ministro para prometer atender ao pleito da terceira ponte, afirmando que há 2 bilhões e tantos de recursos para saneamento. Deus queira que isso tudo vá! Mas eu tenho o direito de duvidar.

            Aquilo que foi prometido para uma catástrofe, para uma calamidade, até hoje nada. E o que se dirá dessas coisas que estão ocorrendo de repente, não mais do que de repente? Gostaria muito que acontecessem, mas não tenho o direito de acreditar.

            Eu quero fazer esse alerta, colocando o meu mandato à disposição das autoridades federais, estaduais, para que acordem e tomem consciência do compromisso que foi feito - estamos diante da perspectiva e colapso completo. Deus queira que chova em cima do Gargalheira, em cima do Totoró, em cima do Dourado, e que Currais Novos tenha água! Mas eu tenho medo; não existe água nenhuma; e essa cidade não pode ser abastecida com carro-pipa; será uma calamidade!

            E quero aqui trazer a minha palavra de advertência, de preocupação e de indignação em relação à tomada de compromissos irresponsáveis, que são tomados, e não são cumpridos, pelo Governo Federal, pelos dirigentes do DNOCS, e quanto aos compromissos que se repetem, como se aquilo que foi prometido, e não aconteceu, não servisse de referência para a cobrança daquilo que está sendo prometido agora e que tenho certeza de que, lamentavelmente, são conversas para boi dormir. E, com essas palavras, quero deixar clara aqui a minha indignação, a minha manifestação e a minha preocupação com o bem-estar e com a tranquilidade de milhares de potiguares que, neste momento, no meu Estado, passam pela perplexidade da perspectiva de, em 20 dias, não terem água nenhuma de beber, na cidade querida de Currais Novos, no meu Estado, do Rio Grande do Norte.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/03/2015 - Página 294